Todos os textos deste blog são de minha autoria, quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.

13 de setembro de 2011

O silêncio que pronuncia o fim.





 
O início de tudo é uma simples idéia. Foi assim da outra vez que eu decidi que você devia ir embora de vez. Você estava pela metade numa metade de um dia, de uma hora. Nunca me contentei com pouco, ainda mais quando se trata de amor. Tenho para mim que amor mesmo, não esses gostares que se encontram em muitas esquinas, só existe em pacote completo. Essa coisa de amor em doses de conta gotas não é amor, é engano. E foi a partir da idéia que talvez você estivesse enganado que surgiu o nosso fim. No primeiro momento estávamos próximos de tal forma que não se encontrava espaço para o ar entre nossos lábios. Entretanto não foi necessário muitas voltas no relógio para que nossos olhos obtivessem maior campo de visão sobre o outro, que em seguida os dedos entrelaçados deixassem espaços ocupados apenas por lembranças, até que por fim sua ausência me acompanhasse por toda parte. Eu já obtinha conhecimento da desmedida dor que me afligiria diante de um adeus, parte dela já ofuscava o brilho dos olhos nesses dias nos quais seu amor se fazia escasso feito água no deserto. Então defini que molhar o travesseiro um pouco a cada noite era mais doído que encharcá-lo inteiramente de uma só vez. E sem que você esteja por perto para afastar tal idéia, aos poucos ela vai se enraizando e sendo alimentada pelas gotas do seu aparente equívoco de amor mais uma vez. Talvez tenha sido um erro insistir em nós, uma vez que o fiz sozinha. Presta atenção. Você está ouvindo? É, o telefone continua mudo e o pulsar do esquerdo, que antes zunia acelerado, vai se equiparando ao silêncio.

Não me deixe ir, posso nunca mais voltar. (Clarisse Lispector)

8 de setembro de 2011

Entre lacunas, está tudo bem.




 
Tudo está bem, sabe? Olhando assim: para fora da janela. Não tenho ficado até muito tarde no trabalho, o meu vizinho não me acorda mais às sete da manhã de todos os sábados com o barulho que ele chama de música e eu até voltei a freqüentar as aulas de francês. Mas quando chega a noite e inevitavelmente minhas pálpebras cansadas se fecham, eu vejo a bagunça que está cá dentro. Sem você as coisas não funcionam. Bom, não é isso exatamente. Antes de você as coisas iam bem, mas depois de sua chegada o funcionamento destas se adaptou a sua presença e agora precisa encontrar uma nova organização. É questão de tempo, você sabe. Eu estou querendo saber também. Eu troquei os lençóis da cama impregnados com o seu cheiro, passei a tomar o café mais forte para anular a lembrança do seu gosto e nunca mais olhei as estrelas, porque contá-las sozinha não é a mesma coisa. Ocupei todas as horas dos meus dias, mas ainda encontro tempo para sentir saudade de você. Olhei-me no espelho esses dias e o reflexo me mostrou a cabeça, os braços, as pernas e o tronco, tudo em seu devido lugar. Mas ainda assim tenho aquela sensação de que falta alguma coisa. Falta você. Então eu compreendi que o seu sorriso desarmado de bom dia e o tom da sua voz que diminuía com o avançar da madrugada, me completava de alguma forma. Não que eu seja metade, mas que depois de você eu pude ser mais que completa. Eu fui além dos limites dos nossos corpos, desvendei seu íntimo de tal forma que seus detalhes se misturaram com os meus. Agora que você se foi e levou as suas minúcias que foram tão minhas, ficou um monte de lacunas em mim. E por mais que eu tente preenche-las com novos amigos ou outros amores que contraem os cantos dos meus lábios de novas formas, eles nunca saberão me fazer sorrir como você. Então eu vou seguindo assim mesmo, com sorrisos de uma quase felicidade. E tudo bem se não está nada tão bem assim, vai ficar. Ou pelo menos passarei os dias tentando me convencer de.

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