Todos os textos deste blog são de minha autoria, quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.

30 de novembro de 2010

Precipitado.


Eu queria te falar sobre as músicas que eu ouço e me lembram você, sobre a noite que me remete à momentos nossos, sobre o meu desejo ainda não realizado de uma foto contigo, sobre o nosso futuro que vez enquanto me pego fantasiando e sobre, mesmo que repetitivamente, o meu amor imenso por você. Mas ultimamente sempre que falo de você, o sofrer, ainda que precipitado, envolve minhas palavras com rapidez sem igual. E eu não sei explicar, só sei que me dói saber que você não vai estar mais aqui do lado quando eu precisar, quando sentir vontade de conversar ou quando a saudade bater. Que você não vai vir aqui no meu portão com aquele sorriso lindo, que não vai tomar açaí comigo só porque eu te disse que estava com desejo e ficar sem graça quando eu ri de você todo sujo, que não vai me dar aquele abraço ou o beijo espoleta que eu gosto tanto. Por mais que eu saiba que a sua ausência em meus dias será por pouco tempo, me dói. Pode ser bobeira minha, mas eu já me faço de saudades apenas em pensar em não te ter aqui. Mais uma prova do quão essencial você é na minha vida.

26 de novembro de 2010

Platônico.

Ás vezes eu apenas queria poder tirar você de mim. Todo esse amor que de forma inexplicável me ocupa o corpo, a alma, os desejos. Que me invade o peito e percorre sem passaporte minhas veias. Que me rouba o fôlego, traz suspiros, me faz respirar pela metade. E que não me conta sua origem ou seu destino, apenas vai submergindo-me e virando de ponta cabeça o controle que sempre lutei para ter nas mãos. Desespera-me por fazer-me caminhar em estradas escuras onde a intuição, sempre tão falha, se torna a única capaz de me guiar. Rouba-me qualquer rastro de paz ao me tornar tão dependente de ter seus sorrisos, já que em qualquer contrariedade a essa luz única, resumo-me em maneiras diversas para aceder sua face e conseqüentemente meus dias. E cessa meu respirar enquanto faz-me contar os segundos a cada ausência sua, que tantas vezes se resume em saudade incolor, enlouquecedora, onde tento através de distrações, vãs, desligar-me de você. Que agonia incessante esse amar-te. Uma urgência em ter-te que não cabe, que não se ausenta. Um amor que mesmo ocupando já todos os possíveis locais, aumenta, transborda. Faço-me, então, em desejos de arrancá-lo de mim. Mas só às vezes, até ver você sorrir.

Eu já deveria ter me curado da minha ridícula obsessão pelo amor.
(Chico Buarque – 1977)

25 de novembro de 2010

Sem título.


E eu procurei em cada palavra sua já dita, em cada dança de olhar e sorrisos ocultos. Revivi lembranças nossas em detalhes, cada pequeno toque, movimento. Trouxe ao pé do meu ouvido a memória do timbre de sua voz que mudava a cada letra, vírgula, ponto. Senti outra vez a intensidade de cada abraço, cada beijo, cada olhar. Reli as entrelinhas. Investiguei os sentimentos. Procurei, procurei, procurei. E nada. Por mais que eu buscasse em cada momento nomeado nosso, em cada sentimento dito por ti meu, em cada linha oculta vista no encontro das almas já perdidas entre minha e sua, eu não encontrei vestígio que me levasse a um nome. Não descobri organização para as letras que diriam o que temos. Inominável ficou, então, o sentimento invisível que nos envolvia. E, por fim, achei melhor assim ficar. Seria somente meu e seu, somente nosso, enquanto não houvesse nome, sendo assim impossível o conhecimento do mesmo por outra via que não fosse o sentir.

“E poderia simplesmente não se chamar
Para não significar nada e dar sentido a tudo”
(Paulinho Moska)

O que importa.

E o que vai importar no final? Se não esse nosso começo torto, que de tão torto se entrelaçou e nos levou a um enredo, a um meio? Se não esse nosso meio que travesso nos roubou o coração, que nos levou a um fim? Se não o nosso fim avesso, que contrariou as lágrimas e as palavras amargas com sorrisos e lábios doces? E o que vai importar no final, se não o nosso amor?

E depois da felicidade?

Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois?
(Clarice Lispector)


“E até quando tudo vai ser assim?” Ela se perguntava enquanto sentia o sorriso lhe roubar os lábios, percorrer o corpo e adormecer as pontas dos dedos. Fechou os olhos abandonando o resto do mundo e permitindo-se sentir inteiramente a energia que corria nas veias, a mesma nomeada felicidade. Respirava através de logos suspiros com os dedos entrelaçados nos dele, que ao seu lado, também com os olhos fechados, partilhava o momento, a sensação, o sentimento. Entregue, os dois, ali, naquele momento único, a um sentimento proporcionado pelo dividir da presença, pelo ouvir do pulsar alheio, pelo sentir dos arrepios incessantes, descobriam juntos, verdadeiramente, o sabor doce do que era ser feliz. E mais, o sabor único de proporcionar em igual intensidade tal felicidade. E se perguntavam: “Até quando tudo vai ser assim?”.


Que tal contrariar o fim e dar continuidade a felicidade?

18 de novembro de 2010

Quando há ao lado a amizade.


O mundo às vezes resolve ser avesso ou sou eu que fico o contrário do mundo sem perceber, mas a dor que o oposto causa é de intensidade que não se explica, que mal se consegue sentir. Um dia de sol seguido por um de chuva a gente agüenta, o vôo seguido pelo tombo também. Mas como se sobrevive, mantém os cacos, recém criados, unidos, depois que o antagônico à vida inesperadamente te empurra em um abismo? Eu não sabia e dividia com ele tal ausência de saber. Entretanto ele continuava ali, do meu lado. Ficamos calados. Eu com um nó de sentimentos mal-entrelaçados na garganta e um rio que ia me afogando, que mal cabia em mim. Ele do meu lado, segurando a minha mão enquanto eu me fazia represa, prendia tudo. Perdíamos nossos olhos no horizonte até que os dele me encontraram. Eu permaneci com o olhar perdido, sem forças para encontrar. Prender o que fazia tempestade para sair consumia-me ao todo. Então ele me disse:

- Tudo bem se você chorar, sabe?! Teus olhos ainda que tristes não vão perder esse brilho só teu.

E eu desagüei, por fim, nos braços salva-vidas dele, que me impediam de me afogar.

A dor que se faz imensa já não me engole mais, pois ele está ao meu lado,
dividindo-a comigo, roubando-a aos pouco de mim.
Bastam sete letras e tudo aos poucos vai ficando bem.

a-m-i-z-a-d-e

15 de novembro de 2010

Era você.


No início eu não entendia muito bem. O frio, o cinza, a ausência de sorrisos, o desinteresse nas pessoas. Tudo havia mudado de forma singular e eu não encontrava, ou não queria encontrar, o porquê. Vaguei pelas ruas em passos automáticos, percorri os olhos com desespero em tudo e qualquer coisa que pudesse prender minha atenção e por fim me sentei na calçada enquanto um grupo de crianças brincava em ria no fim da rua. Estranhei o movimento dos lábios em contrações-sorrisos e tentei imitar, mas não encontrei brilho e purpurina não caía bem. Desisti. Voltei para casa ainda sem entender. Deitei no sofá da sala e permaneci ali até o cair da noite, passando pelos mesmos canais da TV em segundos, sem parar, como se o botão do controle-remoto pudesse me dar o que eu procurei o dia inteiro, mesmo sem saber o que era. Com o relógio já avisando que a hora de dormir havia se passado há muito, resolvi buscar o sono que não me encontrava. Deitei na cama. Virei para um lado e depois para o outro. Deitei de ponta cabeça, de bruços. Abracei um travesseiro, dois. E então, no meio da madrugada, eu entendi. Desagüei. O que eu tanto procurei o dia inteiro, e que nenhum travesseiro conseguia substituir, era você.

Virava pra lá, e pra cá na cama, estava impaciente, até me senti no escuro,
pensei: Não era uma posição o que eu procurava. Era você.
(Caio Fernando Abreu)

Por trás das minhas palavras. II


- O que foi?

Enquanto minha face ia ganhando cor rosa - timidez, eu te sorri. A luz dos seus olhos estavam me invadindo com aquela sua forma ímpar, inaceitável. Desviei o olhar tentando evitar que lesse minha alma e encontrasse em cada parte de mim você, seus detalhes, amor. As borboletas agitavam-se de forma incontrolável ao cogitar que descobrisse a intensidade de todo esses sentimentos que há tanto vêm sendo pulsado para todo o corpo. Era medo da entrega, mesmo já estando entregue sem saber.

- Nada. E que quando você me olha assim... Eu fico com vergonha.

- Vergonha de mim?

(Não, mas é claro que não. Você já me conhece há tanto. Minhas lágrimas e sorrisos já foram seus tantas vezes. Seus sonhos já foram meus outras tantas. Como poderia ter vergonha de você? O que eu sinto mesmo é receio de te contar os segredos do meu peito, os que se ligam diretamente a ti, pois os outros, você já conhece, já acolheu. O que eu sinto mesmo é amor que não sei explicar, que em silêncio me torna tua e em voz alta se esconde nas entrelinhas, na minha timidez.)

- Ah, sei lá.

- Não precisa ter vergonha de mim, você sabe né?!

E você me puxou para um abraço e ali todo o amor foi entregue, mesmo sem querer.

12 de novembro de 2010

Cedo ou tarde ele sempre vem.



Hoje você me trouxe o primeiro. Cedo ou tarde ele sempre vem, segundo o que dizem. Entretanto eu ainda assim me surpreendi. Não esperava, de verdade, que pudesse ocorrer, ou pelo menos não agora. Mas talvez seja culpa minha. Por viver nesse mundo de ilusões e sonhos, sofro um choque surpreso sempre que toco os pés no chão. E as minhas expectativas talvez tenham sido demais. Acreditar e esperar que fosses diferente, que correspondesses ao que eu esperava, que lesses em meus olhos os sentimentos gritantes e que de forma gentil me confortasse com reciprocidade, um abraço ou um beijo. Mas eu não pude evitar o desejo de que fosses o tal príncipe que há tanto espero. Afinal os muitos sinais apontavam para você. Ou era somente eu que via assim? Mas de nada vale agora. Cedo ou tarde o primeiro sorriso inverso sempre vem. E você me trouxe o primeiro hoje.

Quando é a pessoa certa.


E basta eu encontrar o seu olhar parar eu me perder entre todos aqueles sentimentos antigos que renascem a cada toque seu. Não há saída. Como se desde o primeiro dia fossemos destinados, de forma singular, a pertencer um ao outro. E não importa quanto tempo passe, quanta dor surja, a sintonia permanece a mesma: envolvendo um abraço, atraindo um beijo e unindo o que nunca deveria ter se separado. Desfaço-me assim em cada sorriso seu, a cada palavra que sua voz traz aos meus ouvidos e de forma mágica tudo parece nunca ter mudado. E foi o que ocorreu, permaneceu intacta a essência dos sentimentos. Mas agora a cautela ronda qualquer e todo momento. Mesmo sendo impossível eu não me render á tudo que nos envolve, hoje há uma linha que alerta, que relembra o passado e se faz quase impossível de atravessar. E talvez eu acabe me arrependendo de cada detalhe que meus medos e receios têm evitado, mas os tombos trouxeram a razão para frente do coração e a lembrança dolorida sempre freia qualquer impulso. Então embora cada parte do meu corpo queira mergulhar nos seus olhos e se perder em cada momento nosso, eu paro a um centímetro e recuo. Não por não te amar, pois este fato se concretizou e se eternizou, sem consentimento algum, há muito. Mas porque eu não posso, não consigo arriscar perder você outra vez.

"Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa."
(Carlos Drummond de Andrade)

10 de novembro de 2010

Direção oposta.


Entre pensamentos sobre você eu desagüei. Não que você me traga sorrisos inversos ou molhados, mas pela luz convidativa dos seus olhos que contraria o medo de te olhar tanto e me perder em você. Cada detalhe seu tem completado as lacunas em mim, os cacos perdidos pelo caminho, a contração dos lábios que se ausentou. E é exatamente isso que traz chuva. O medo de me envolver com tal perfeição. O medo de me tornar dependente dos seus sorrisos e um dia perde-los. Então vêm as dúvidas. As inseguranças. E eu recuo. Dou um passo para traz, embora certa parte do corpo insista em ir para frente. Como conseqüência meu peito parece explodir com essas batidas frenéticas, que em oposição aos meus pés, buscam outra direção. Buscam você.

Quatro letras.



Depois de uma noite inteira de você em lembranças eu percebi que seu olhar havia ficado gravado em mim. Seu perfume, suas caras, sua voz, suas manias e tudo aquilo pertencente, de forma singular, a você. E através de buscas, sem sucesso, de encontrar outro pensamento, te encontrei em cada parte de mim. Então a respiração abandonou-me por segundos enquanto o resto do corpo entendia o que há muito o coração já havia sentido. Uma palavra, quatro letras e um sentimento. Um sorriso nos lábios e uma lágrima nos olhos. Simplicidade complexa. Paz conturbada. A-M-O-R.

8 de novembro de 2010

Eu não sei.

Eu não sei por que eu não consigo tirar os meus olhos de você.


Você tem um brilho no olhar que reflete felicidade, encanta. E o buquê de sorrisos em sua face faz florescer grandes botões em mim. Você possui uma energia gostosa que irradia luz. E uma voz aveludada que canta para os meus ouvidos. Seus lábios soam ternas palavras que há tanto só possuíam significado no papel, entretanto ganham essência ao atravessarem as linhas suaves que me atraem inevitavelmente. Suas lágrimas, embora mar, trazem sonhos doces, que em cacos ou não, ainda carregam vida. Você espelha vida. A mesma que, há tanto, eu abandonei.




E eu não sei por que eu não consigo tirar os meus olhos de você.



6 de novembro de 2010

Sem querer.

Ela fechou os olhos, respirou fundo, contou até dez e nada.

- Não está passando, o que eu faço? – perguntou incrédula. Como isso havia acontecido se ela tinha tomado todos os cuidados, todas as precauções.
- Não vai passar, já era, já aconteceu. – a amiga respondeu rindo.
- Por que você está rindo? Como assim não vai passar? – perguntou com os olhos arregalados.
- Você se preocupa demais, isso é normal. Uma hora acontece.
- Por quê? Se eu não deixei, se eu não queria... – fechou os olhos e sacudiu a cabeça.
- Mas quem foi que disse que precisa de permissão ou querer para que aconteça?
- Meu peito vai explodir. Sério, eu vou morrer.
- Deixa de drama, é só amor.

Então ela deitou na cama, suspirou e sem entender procurou na memória quando aconteceu.

“Foi só um sorriso e um olhar. Ou a maneira de falar. Nem sei dizer. Fui pensando mais em você. (...)
Sem querer. Fui pensar em você. Sem querer. Já queria te ter. Sem querer. Veio ao meu coração. Sem querer. Foi assim (...)
E já era tarde para voltar. Você já tinha em mim seu lugar. E eu me apaixonei. Quando dei por mim .Já gostava de você.”

5 de novembro de 2010

“Você me salvou.”


A música trazida pelos fones de ouvido, em um tom ensurdecedor, aos poucos ia anulando os meus sentidos, adormecendo toda a dor. Embora eu soubesse que junto ao fim da música o buraco negro que roubara meu coração voltaria a me sugar, continuava tolamente tentando entorpecer-me. O tempo nublado trazia forte brisa ao meu rosto e agitava o mar enquanto eu me perguntava em quantos estilhaços meu coração havia sido quebrado para que parasse de bater, e por que com o fim do pulsar a dor não havia cessado também. Mas além da música que se tornara barulho, só havia silêncio, não havia resposta. Cessei a música e permitir que o inevitável percorresse o meu corpo. Procurei na imensidão azul qualquer conforto, mas as batidas das ondas apenas me remetiam às lágrimas que guardadas me afogavam, me inundavam. E numa irônica surpresa avistei uma mulher se perdendo entre as águas e voltando a superfície em breves segundos. Fui ao seu encontro e trouxe-a para a areia. Tudo parou. Enquanto ela abria os olhos e recuperava os sentidos, sussurrou: “você me salvou”. E a sua voz doce foi o suficiente para ausentar à dor que há tanto era apenas anulada temporariamente. Os meus olhos fitaram os dela e eu permaneci estático, sem saber o que sentir, até que seus braços me envolveram e o calor devolveu pulsar ao coração adormecido. Permanecemos abraçados, com as nossas almas entrelaçadas no olhar. Ela repetiu em um sussurro: “você me salvou”, enquanto eu pensava que ela não fazia idéia de que fora ela quem havia me salvado.

4 de novembro de 2010

Sobre as formas de amar. II

Em cada linha que as palavras iam formando ela encontrava-o. Como feitiço todas as letras o resumiam, o descreviam. Não importava o rumo que resolvesse dar aos versos, o número de linhas que fosse escrever, antes do ponto era ele que o alfabeto organizado registrava. O sorriso, o olhar, o beijo. Era sempre algo sobre ele revelado pela caneta. E encontrando-o em cada canto do papel percebeu que por excesso dele, transbordava.

E assim, com as palavras, ela o amava.

Grande micro-reflexão.

Há pessoas que gastam a vida fugindo do amor, tentando se salvar, embora fosse o amor que devesse fazê-lo. Fugir das pessoas e se salvar da forma que elas distorcem, danificam, matam o amor. Da forma que elas têm de amar.

1 de novembro de 2010

Sobre as formas de amar.

Ele fitava cada detalhe dela, enquanto ela, distraída, lia um romance com um sorriso no canto dos lábios. Ele admirava aquele sorriso ímpar que fazia reflexo nos olhos dele, se perdia entre as felicidades muitas que em festa fazia pular o coração. Desviando a atenção do livro ela notou o olhar fixo dele e corou.

- O que está olhando? – disse em um quase sussurro, enquanto as bochechas ganhavam tom de timidez.

- Sua perfeição. – disse ele com felicidade nos lábios.

E assim, com os olhos, ele a amava.

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