Todos os textos deste blog são de minha autoria, quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.

26 de dezembro de 2010

Falta.

Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim,
mas guardada em você.
(Caio Fernando Abreu)

Transbordou-me um mar ao ver aquela primeira foto nossa. Ela estava guardando o seu sorriso bobo de quem odeia fotos e aqueles mil momentos de quando você fugia da minha câmera. Nada mais é o mesmo. E soa estranho dizer isso em voz alta. Faz-me sentir saudades das nossas tardes conversando sobre tudo e sobre nada. Dos nossos abraços de despedidas onde nossos braços tentavam evitar que o outro fosse embora. Dos nossos planos para daqui a muitos anos. E os bilhetes, que ainda tenho guardado no peito, que diziam que sempre estaríamos ali, um para o outro. E é ainda mais estranho sentir essas saudades. Pois eu nunca imaginei que escapariam do presente essas coisas tão nossas. Por tanto tempo fomos nós que ser eu e você agora, dói, dilacera as promessas, os planos, o futuro. A verdade é que me sinto perdida sem os seus braços me impedindo de ir. Eu não sei para onde ir. Por tanto tempo fomos nós que agora, sendo somente eu, é como se faltasse uma parte de mim.
Falta você.

E depois?.


Encarava as nuvens que lentamente iam mudando de forma enquanto delicadamente passava o dedo pela cicatriz no lado esquerdo do peito. Imaginava se ele seria tão inconstante como esses algodões-doces que enfeitavam o céu, capaz de mudar de forma com leves assopros do vento. E se fosse, se ela também seria capaz de ser, reconstruir-se após uma tempestade, como se não tivesse sido destruída. Trazia mais uma vez à mente as três palavras que ele guardou no fundo dos olhos dela, as oito letras banhadas em voz-veludo e timbre-canção e se perguntava se estas seriam mutáveis, inexistentes além de lembranças no amanhã. Se aquele sorriso doce que ele embrulhou com luz e deu de presente a ela poderia amargar em contato com fatores externos. E até mesmo se a corrente elétrica que percorrera o corpo dos dois naquele beijo que fugiu ao conceito do tempo, poderia se dissipar com o passar dos segundos inquietos. Embora a alma se agarrasse a cada resquício de amor, se via difícil a total entrega. A cicatriz lembrava a fácil confusão entre ilusão e realidade. E a dúvida sobre vida após outra queda se mantinha inalterável ainda que sobrevivência fosse garantida. Sobreviver é fácil. Manter o oxigênio entrando e saindo do pulmão. O difícil é sustentar vida. Pulsar do peito depois de uma parada cardíaca.

24 de dezembro de 2010

Quando você não vem.

“Porque se você não vem é como se o tempo fosse passado em branco, como se as coisas não chegassem a se cumprir porque você não soube delas. (...) E se você vem. fica tudo maior, mais amplo, sei lá mas é como se eu existisse dum jeito mais completo, compreende?” (Caio F. Abreu)


O dia torna-se sem graça, o sol se esquece de aquecer e a noite, banhada por lembranças nossas, mantém o sono distante impedindo que mesmo em sonhos possa te encontrar. Minhas ações seguem uma rotina automática interrompida apenas pelo pulsar desigual do peito a cada SMS da operadora ao destruir a ilusão de ser um ‘eu te amo’ seu. O desejo de te ter ao meu lado, com aquele abraço do tamanho exato, o sorriso que me rouba o ar, as palavras ao pé do ouvido e os seus olhos desvendando os meus, vai se tornando saudades que não cabem, que transbordam. Pelos cantos eu vou me encontrando com suspiros muitos e sorrisos bobos ao lembrar você. E em cada música com palavras românticas o peito vai comprimindo, ouvindo em memória o seu timbre a cada palavra de amor. Vou seguindo os dias assim, sem encontrar palavras para expressar esse sentimento urgente que te busca em cada parte do dia e lembrando você em segundos tantos que só posso acreditar que durante o dia todo não houve nenhum momento que minha mente tenha se perdido de ti. Resumo-me, então, em um desejo único de estar envolvida no seu abraço, outra vez, te sussurrando: ‘quantas saudades, amor’.

22 de dezembro de 2010

Mais um ano.






Sentaram-se na areia perto do mar conforme anos atrás. Ele envolveu a mão dela em carícias que não perderam o calor singular com o passar do tempo e em resposta ao arrepio que surgiu nos dedos e percorreu o corpo inteiro, ela sorriu. Os cabelos dele, outrora cor-de-sol, estavam ganhando tom grisalho e a face refletia os anos em marcas da vida, entretanto os olhos porfundo-mar, há tanto desvendado por ela, mantinham a mesma luz que vinha iluminando a vida dela. Por outro lado, ela possuía ossos menos fortes e sorrisos que marcavam os cantos dos lábios e olhos, entretanto guardava em similar batida o pulsar do peito, que há muito vinha sendo a trilha sonora da vida dele. Anos haviam se passado desde a primeira noite que fora deles, mas a magia que os envolvera e os unira naquela época não. Olhavam-se com o mesmo amor que os enfeitara a face há tanto, enquanto deixavam-se dominar pela felicidade de compartilhar a companhia um do outro na noite que marcava mais um ano de muitos.

Não mais.


- Você não vai voltar?
- Não.
- Por quê?
- Não tem mais vida lá.
- Como assim?
- Brilho nos olhos, sorriso nos lábios, madrugada clara, palavras no silêncio, toque quente, arrepio frio e o pulsar do coração. O coração não pulsa. Não mais.
- Então antes ele pulsava?
- De tal forma que o peito parecia explodir.
- E não há como recuperar isso?
- Acho que não. Eu ainda lembro, mas não consigo resgatar o que vive na memória, o que eu não sinto mais.

21 de dezembro de 2010

Agora.

"Eu não quero pensar no que virá: quero pensar no que é agora. No que está sendo."
Caio Fernando Abreu


As palavras me fogem quando tento falar de você, os detalhes muitos do seu sorriso e do seu olhar me roubam a mente em frações de segundos e me perco em lembranças acesas, esqueço-me da existência do mundo além de você, de nós. Nos últimos dias tem sido dias assim, dias de você, aqui ao lado ou em memórias que te trazem a todo o momento. Mantenho um sorriso delicioso nos lábios sem perceber e vou me perdendo e me encontrando entre momentos nossos. Após tanto tempo evitando tal entrega, ocultando sentimentos gritantes, que agora a intensidade vivida se encontra sendo singular. E embora ainda sinta aquela cicatriz no lado esquerdo do peito, que vez enquanto na sua ausência ainda queima, e o medo dormindo ao lado, tudo se encontra de forma mais amena, quase, se não totalmente, inexistentes quando encontro o seu olhar. Já não vejo as coisas da mesma forma, dou espaço para razão sem anular o pulsar do peito. Hoje eu me entrego, deixo o tal amor dominar-me sem resistir. Entretanto amanhã é outro dia, qualquer sinal de queda das nuvens os olhos vão se abrir. E vai estar tudo bem se for somente outro sonho. Mas agora... Agora eu não quero acordar.

"Deixa eu mimar você, adorar você
Agora, só agora
Porque um dia eu sei
Vou ter que deixá-lo ir" (Pitty)

17 de dezembro de 2010

Caminhos.

Há tantos, mais tantos, sentimentos aqui dentro, palavras, devaneios, questionamentos, desejos, e um rio que me faz perguntar como eu ainda não transbordei, como ainda mantenho esse sorriso está-tudo-bem do lado de fora enquanto cá dentro aos poucos eu desmorono e me perco nessa confusão. Uma contradição infinita guerreando para ver quem vai sobressair, quem vai pulsar mais forte o peito e impulsionar o corpo, que de tão impulsivo se encontra com marcas incontáveis. Caminhos distintos se oferecem e oferecem aquela felicidade inalcançável, com a condição da escolha de trilhar somente um, já que a trilha se faz oposta. E se a direção é contrária questiono-me como se encontra possível o mesmo resultado. Felicidade ilusória logo concluo. E então fica martelando a mente, transtornando os pensamentos: qual dos caminhos traz a felicidade real?

“— Que caminho devo seguir? — perguntou Alice.
— Depende aonde você quer chegar — respondeu o gato.”

16 de dezembro de 2010

Não me lembro mais.

Eu já não me lembro mais do gosto, se era doce, se me fazia querer mais. Se ficava dançando em meus lábios, mesmo depois do fim do beijo. Não me lembro do toque, se havia calor, formigamento, se me arrepiava a espinha ou se levava agitação ao estômago despreparado. Se me trazia saudades, vontades. Não recordo se havia palavras no olhar, em forma de brilho-sorriso ou lágrimas guardadas. Eu já não me lembro do perfume, se o aroma ficava registrado em minha pele, em minhas roupas. Se quando sentido despertava lembranças. Não encontro em memória a sensação do abraço. Se este trazia segurança, conforto ou se encaixava de forma singular. Não me lembro da cor dos dias com sua presença, com sua ausência. Não rememoro as promessas, os sonhos. Eu não recordo a reação dos meus sentidos ao ouvir seu nome, se havia saudade, compressão do peito. Eu já não me lembro mais de quando deixei de lembrar. Eu já não me lembro mais. E quase sem resquícios de que você existiu, quase posso afirmar que me esqueci de ti. Mas logo passo o dedo pela cicatriz.

15 de dezembro de 2010

Sinal.

‘’Você não sabe, mas quando eu chego em casa eu repasso cada palavra que você disse,
cada gesto que você fez, cada beijo seu e me pergunto se vale mesmo a pena.” (Tati Bernardi)

Eu venho pedido tanto um sinal, tanto e tanto. Pois meu corpo e alma se vestem de medo quando eu penso, apenas imagino, em outra vez me entregar. Os segredos do teu peito são tão ocultos que me encontro cega quando tento trilhar nesse labirinto nomeado amor. Sabe, na outra vez eu me perdi e caí tão feio que as marcas, com finalidade única de relembrar, ainda se encontram em mim, feito cicatriz. Ainda assim o desejo as ignora ao encontrar com o mar dos teus olhos, leva a minha mente nestas suposições de como seria se houvesse uma nova chance, se meus lábios encontrassem os seus mais uma vez. O coração pulsa forte querendo fugir daqui de dentro e a pele se arrepia com as lembranças que nunca se deixaram esquecer. E no final eu fico me perguntando: Meus Deus, será que esse aperto no peito, essa reviravolta no estômago e esses pensamentos que me traz ele a todo instante não são o bendito sinal?

Decifrar-te.


Trago seus detalhes à mente, seus atos e palavras em lembranças que dançam entre meus pensamentos, não há outra conclusão. Você me é tão indecifrável. Em certos dias me trás rosas em palavras, sorriso na voz e aquele sentimento similar ao que abriga meu peito no timbre que me envolve, eleva. Em outros me trás palavras que se limitam as mesmas, meio gélidas, meio duras, sem mais. Encontro-me tantas vezes no meio de tal bipolaridade, perdida entre tentativas de entender, de decifrar-te e ler as entrelinhas. E quando minha mente se convence de que tenha começado a desvendar-te, você surge com novos traços e características singulares, que unicamente trabalham para confundir-me os sentidos, os sentimentos. Toda essa confusão e busca por meios de ler seus reais desejos levam-me ao cansaço, a exaustão. Eu me encontro aqui, toda sua, em linhas e entrelinhas, enquanto te vejo coberto por mistérios e enigmas indecifráveis que acompanham reticências ao invés do ponto que tanto procuro. Eu só queria mesmo saber o que você quer. Se você vem ou se você vai. Se você quer ficar.

14 de dezembro de 2010

Quase enlouquecendo.


Há muito eu perdi a razão, digo, apenas metade dela, entretanto já fora mais que o suficiente para desandar tudo aqui dentro e tremer as paredes do meu estômago, feito terremoto. Anda tudo desorganizado, embora eu tenha me esforçado para arrumar tal confusão. Para cada coisa que eu ponho no lugar, são duas, três, quatro que viram de ponta cabeça, se misturam e se perdem nesse infinito confuso que se tornou meu peito. E fica assim, metade da razão que eu ainda tenho quase enlouquecendo, buscando a saída, mantendo um dos pés no chão, enquanto a outra que se perdeu sorri para a destruição como se esta fosse fantástica, mantendo o outro pé na nuvem e puxando o que ainda se agarra a realidade. Eu nunca imaginei que fosse este conflito interrupto, essa loucura que vai tomando a gente aos poucos. Pensei que fosse exagero dos poetas quando qualificavam o que era se apaixonar.

“Amor? Não sei. É meio paranóico.
Parece uma coisa para enlouquecer a gente devagar.”
(Caio F. Abreu)

13 de dezembro de 2010

Questiono.

‘And I wonder if I ever cross your mind
For me it happens all the time

O vento frio da noite me trouxe você, em saudades. Arrepiou-me sem prévio aviso, assim como seus toques, fazendo-me sorrir com lábios e olhos ao me lembrar de você. Segurei o celular entre as mãos mirando teu nome, a última ligação, desejando ouvir sua voz. Entretanto no fim coloquei-o ao meu lado, fingindo não ligar. Encarei o nada por um tempo que desconheço, enquanto lembranças nossas me roubavam a mente e o peito. Sempre tão fácil me tornar alheia ao mundo ao pensar em ti que constantemente me flagro perdida no tempo, com seu sorriso rondando meus pensamentos, meus desejos. E me pergunto se alguma vez, hoje, eu tenha lhe roubado a mente. Se alguma música, perfume ou palavra me levou até você, assim como invariavelmente te trazem para mim. Se o teu peito apertou de saudades ao ouvir meu nome, similar ao meu desde quando você atravessou a porta. Ou se teu dia fica meio cinza quando não me encontro nele. Questiono-me se o teu peito sente esse vazio como o meu sempre que o pulsar do seu fica muito longe para ser sentido.

12 de dezembro de 2010

Continuo viva.


Eu continuo viva. Embora cada parte de mim doa e a cicatriz no peito queime. Minha respiração não cessou. Embora o ar que invade o pulmão corroa e o sangue que corre pela veia seja similar a veneno. Os meus olhos ainda se abrem pela manhã. Ainda que não aja luz e como na noite me encontre perdida. As palavras atravessam os lábios. Mesmo que o nó na minha garganta pareça me sufocar. Os pés ainda caminham. Embora o caminho circular não me leva a lugar algum e permaneça tudo igual. O automático abandonou os movimentos. Mesmo que reinventar novas ações não altere as antigas. O coração ainda pulsa. Ainda que fira levar o sentimento incessante a todo o corpo. E eu continuo viva, embora a dor aparente me matar. Eu continuo viva.

"Não importa o quão ruim eu me sinta,
meu coração não para de bater e meus olhos se abrem pela manhã."
(Preciosa)

11 de dezembro de 2010

Quando bate a saudade.


Tocou uma música no rádio e eu me lembrei de você. Talvez seja imaginação minha, mas cada palavra traduziu você e seus detalhes. Tentei aliviar com distrações da TV, mas te encontrei naquele ator que só não se torna igual por não ter o seu brilho singular. Então eu me lembrei da sua luz, que enfeita seus sorrisos únicos, que me rouba o ar. E se tornou impossível impedir que invadisses os meus pensamentos outra vez. E bateu saudade daquele seu abraço único, que do tamanho exato, me acolhe e permite que meu coração converse com o seu. E dos seus carinhos entre meus cabelos. Da sua respiração no meu ouvido nos intervalos de palavras doces. Do seu beijo na ponta do meu nariz. Do seu olhar no meu, dizendo tudo que minhas palavras não conseguiam dizer. Do seu sorriso no canto dos lábios. Os sentimentos impetuosos se tornaram nó na minha garganta, e eu desejei te ter aqui outra vez, para traduzir em um beijo o quanto eu amo você.

“Tô com saudades de você, na varanda em noite quente
E o arrepio frio que dá na gente”

10 de dezembro de 2010

Por amar.


Ela via sua alma e encontrava sinceridade em cada palavra, em todo o arrependimento. Mas a doía muito mais que uma mentira, esta nunca tão desejada. Seria tantas vezes mais fácil se ele tentasse enganá-la, quebrasse o encanto. Seria tantas vezes menos dolorido abandonar o sentimento.

- Olhe para mim. Me perdoa. Eu errei, mas se eu pudesse voltar atrás...

- Você não pode. – ela o interrompeu, curta, ainda encarando o nada.

- Olha para mim, por favor.

- Eu já olhei, mas me dói. – ela sussurrou com lágrimas na voz.

- Por quê? Estou te dizendo a verdade, Evy. Eu te amo.

- Eu sei. Eu acredito em você. Mas..

- Mas o que então? Por que você não me dá outra chance? Você não me ama mais? – a dor envolveu a voz dele.

- Seria mais fácil se assim fosse. A todos os outros, tão menos importantes, eu dei uma segunda chance, um recomeço. Entretanto a você eu não vou dar. Eu te amo, e isso te dá o poder de me magoar. E eu sinceramente não agüento essa dor mais uma vez.

E assim ela foi embora, com chuva nos olhos e coração na mão.

7 de dezembro de 2010

Sobre ausências e saudades.

“Yo tan cerca de ti
Tú tan lejos de aquí” (Thalía)

Você estava lá ao meu lado, segurando a minha mão, e então eu percebi que saudade não é física. Tantas vezes eu desejei sua presença, seu abraço, e não era o ato físico que se fazia necessário. E ali, enquanto você estava ao meu lado e eu olhava para nossos dedos entrelaçados, eu percebi. A ausência que me corroia na extensão de tempo que ficamos sem nos ver era a mesma que me corroia naquele exato momento em que você estava do meu lado. Embora fosse inegável fisicamente que você estivesse ali, eu não te sentia. Como se você tivesse passado comigo muitos dias de muitos anos e aquele fosse apenas mais um, já vazio, não necessário. Enquanto eu buscava em você algum detalhe, uma expressão, que se assemelhasse a toda aquela saudade que estava me corroendo. Saudade esta, que não buscava seus braços em um abraço, e sim a sua alma envolvendo a minha, que buscava carinho e mimos em resposta ao tempo em que estes foram ausentes. Entretanto eu só encontrei você distante, alheio. Você estava ali, mas mesmo assim não estava.

E eu permaneço aqui, com a saudade.

3 de dezembro de 2010

O que é o amor?



Eu nunca conheci melhor forma ou qualquer outra que não fosse senti-lo para enfim entendê-lo. Não há uma expressão matemática, explicação literária ou formula química, pois para cada um ele assume uma forma, embora, sempre, possua a característica ímpar de tocar nossas almas.

"O amor é como andar nos espinhos, você pode se furar, mas se vier comigo te dou minhas pantufas, me furo por você."
- Jason, 7 anos, declaração para July, 5 anos

“Amor é como uma velhinha e um velhinho que ainda são muito amigos, mesmo conhecendo há muito tempo”
- Tommy, 6 anos

“Quando alguém te ama, a forma de falar seu nome é diferente”
- Billy, 4 anos

“Amor foi quando meu namorado disse: Eu vou enfrentar seu papai.”
- July, 4 anos

“Amor é quando você sai para comer e oferece suas batatinhas fritas, sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela”
- Chrissy, 6 anos

“Amor é quando minha mãe faz café para o meu pai e toma um gole antes, para ter certeza que está do gosto dele”
- Danny, 6 anos

“Amor é o que está com a gente no natal, quando você pára de abrir os presentes e o escuta”
-Bobby, 5 anos

“Amor é quando seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você deixa ele sozinho o dia inteiro”
- Mary Ann, 4 anos

“Deus poderia ter dito palavras mágicas para que os pregos caíssem do crucifixo, mas ele não disse isso. Isso é amor”
- Max, 5 anos”.

30 de novembro de 2010

Precipitado.


Eu queria te falar sobre as músicas que eu ouço e me lembram você, sobre a noite que me remete à momentos nossos, sobre o meu desejo ainda não realizado de uma foto contigo, sobre o nosso futuro que vez enquanto me pego fantasiando e sobre, mesmo que repetitivamente, o meu amor imenso por você. Mas ultimamente sempre que falo de você, o sofrer, ainda que precipitado, envolve minhas palavras com rapidez sem igual. E eu não sei explicar, só sei que me dói saber que você não vai estar mais aqui do lado quando eu precisar, quando sentir vontade de conversar ou quando a saudade bater. Que você não vai vir aqui no meu portão com aquele sorriso lindo, que não vai tomar açaí comigo só porque eu te disse que estava com desejo e ficar sem graça quando eu ri de você todo sujo, que não vai me dar aquele abraço ou o beijo espoleta que eu gosto tanto. Por mais que eu saiba que a sua ausência em meus dias será por pouco tempo, me dói. Pode ser bobeira minha, mas eu já me faço de saudades apenas em pensar em não te ter aqui. Mais uma prova do quão essencial você é na minha vida.

26 de novembro de 2010

Platônico.

Ás vezes eu apenas queria poder tirar você de mim. Todo esse amor que de forma inexplicável me ocupa o corpo, a alma, os desejos. Que me invade o peito e percorre sem passaporte minhas veias. Que me rouba o fôlego, traz suspiros, me faz respirar pela metade. E que não me conta sua origem ou seu destino, apenas vai submergindo-me e virando de ponta cabeça o controle que sempre lutei para ter nas mãos. Desespera-me por fazer-me caminhar em estradas escuras onde a intuição, sempre tão falha, se torna a única capaz de me guiar. Rouba-me qualquer rastro de paz ao me tornar tão dependente de ter seus sorrisos, já que em qualquer contrariedade a essa luz única, resumo-me em maneiras diversas para aceder sua face e conseqüentemente meus dias. E cessa meu respirar enquanto faz-me contar os segundos a cada ausência sua, que tantas vezes se resume em saudade incolor, enlouquecedora, onde tento através de distrações, vãs, desligar-me de você. Que agonia incessante esse amar-te. Uma urgência em ter-te que não cabe, que não se ausenta. Um amor que mesmo ocupando já todos os possíveis locais, aumenta, transborda. Faço-me, então, em desejos de arrancá-lo de mim. Mas só às vezes, até ver você sorrir.

Eu já deveria ter me curado da minha ridícula obsessão pelo amor.
(Chico Buarque – 1977)

25 de novembro de 2010

Sem título.


E eu procurei em cada palavra sua já dita, em cada dança de olhar e sorrisos ocultos. Revivi lembranças nossas em detalhes, cada pequeno toque, movimento. Trouxe ao pé do meu ouvido a memória do timbre de sua voz que mudava a cada letra, vírgula, ponto. Senti outra vez a intensidade de cada abraço, cada beijo, cada olhar. Reli as entrelinhas. Investiguei os sentimentos. Procurei, procurei, procurei. E nada. Por mais que eu buscasse em cada momento nomeado nosso, em cada sentimento dito por ti meu, em cada linha oculta vista no encontro das almas já perdidas entre minha e sua, eu não encontrei vestígio que me levasse a um nome. Não descobri organização para as letras que diriam o que temos. Inominável ficou, então, o sentimento invisível que nos envolvia. E, por fim, achei melhor assim ficar. Seria somente meu e seu, somente nosso, enquanto não houvesse nome, sendo assim impossível o conhecimento do mesmo por outra via que não fosse o sentir.

“E poderia simplesmente não se chamar
Para não significar nada e dar sentido a tudo”
(Paulinho Moska)

O que importa.

E o que vai importar no final? Se não esse nosso começo torto, que de tão torto se entrelaçou e nos levou a um enredo, a um meio? Se não esse nosso meio que travesso nos roubou o coração, que nos levou a um fim? Se não o nosso fim avesso, que contrariou as lágrimas e as palavras amargas com sorrisos e lábios doces? E o que vai importar no final, se não o nosso amor?

E depois da felicidade?

Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois?
(Clarice Lispector)


“E até quando tudo vai ser assim?” Ela se perguntava enquanto sentia o sorriso lhe roubar os lábios, percorrer o corpo e adormecer as pontas dos dedos. Fechou os olhos abandonando o resto do mundo e permitindo-se sentir inteiramente a energia que corria nas veias, a mesma nomeada felicidade. Respirava através de logos suspiros com os dedos entrelaçados nos dele, que ao seu lado, também com os olhos fechados, partilhava o momento, a sensação, o sentimento. Entregue, os dois, ali, naquele momento único, a um sentimento proporcionado pelo dividir da presença, pelo ouvir do pulsar alheio, pelo sentir dos arrepios incessantes, descobriam juntos, verdadeiramente, o sabor doce do que era ser feliz. E mais, o sabor único de proporcionar em igual intensidade tal felicidade. E se perguntavam: “Até quando tudo vai ser assim?”.


Que tal contrariar o fim e dar continuidade a felicidade?

18 de novembro de 2010

Quando há ao lado a amizade.


O mundo às vezes resolve ser avesso ou sou eu que fico o contrário do mundo sem perceber, mas a dor que o oposto causa é de intensidade que não se explica, que mal se consegue sentir. Um dia de sol seguido por um de chuva a gente agüenta, o vôo seguido pelo tombo também. Mas como se sobrevive, mantém os cacos, recém criados, unidos, depois que o antagônico à vida inesperadamente te empurra em um abismo? Eu não sabia e dividia com ele tal ausência de saber. Entretanto ele continuava ali, do meu lado. Ficamos calados. Eu com um nó de sentimentos mal-entrelaçados na garganta e um rio que ia me afogando, que mal cabia em mim. Ele do meu lado, segurando a minha mão enquanto eu me fazia represa, prendia tudo. Perdíamos nossos olhos no horizonte até que os dele me encontraram. Eu permaneci com o olhar perdido, sem forças para encontrar. Prender o que fazia tempestade para sair consumia-me ao todo. Então ele me disse:

- Tudo bem se você chorar, sabe?! Teus olhos ainda que tristes não vão perder esse brilho só teu.

E eu desagüei, por fim, nos braços salva-vidas dele, que me impediam de me afogar.

A dor que se faz imensa já não me engole mais, pois ele está ao meu lado,
dividindo-a comigo, roubando-a aos pouco de mim.
Bastam sete letras e tudo aos poucos vai ficando bem.

a-m-i-z-a-d-e

15 de novembro de 2010

Era você.


No início eu não entendia muito bem. O frio, o cinza, a ausência de sorrisos, o desinteresse nas pessoas. Tudo havia mudado de forma singular e eu não encontrava, ou não queria encontrar, o porquê. Vaguei pelas ruas em passos automáticos, percorri os olhos com desespero em tudo e qualquer coisa que pudesse prender minha atenção e por fim me sentei na calçada enquanto um grupo de crianças brincava em ria no fim da rua. Estranhei o movimento dos lábios em contrações-sorrisos e tentei imitar, mas não encontrei brilho e purpurina não caía bem. Desisti. Voltei para casa ainda sem entender. Deitei no sofá da sala e permaneci ali até o cair da noite, passando pelos mesmos canais da TV em segundos, sem parar, como se o botão do controle-remoto pudesse me dar o que eu procurei o dia inteiro, mesmo sem saber o que era. Com o relógio já avisando que a hora de dormir havia se passado há muito, resolvi buscar o sono que não me encontrava. Deitei na cama. Virei para um lado e depois para o outro. Deitei de ponta cabeça, de bruços. Abracei um travesseiro, dois. E então, no meio da madrugada, eu entendi. Desagüei. O que eu tanto procurei o dia inteiro, e que nenhum travesseiro conseguia substituir, era você.

Virava pra lá, e pra cá na cama, estava impaciente, até me senti no escuro,
pensei: Não era uma posição o que eu procurava. Era você.
(Caio Fernando Abreu)

Por trás das minhas palavras. II


- O que foi?

Enquanto minha face ia ganhando cor rosa - timidez, eu te sorri. A luz dos seus olhos estavam me invadindo com aquela sua forma ímpar, inaceitável. Desviei o olhar tentando evitar que lesse minha alma e encontrasse em cada parte de mim você, seus detalhes, amor. As borboletas agitavam-se de forma incontrolável ao cogitar que descobrisse a intensidade de todo esses sentimentos que há tanto vêm sendo pulsado para todo o corpo. Era medo da entrega, mesmo já estando entregue sem saber.

- Nada. E que quando você me olha assim... Eu fico com vergonha.

- Vergonha de mim?

(Não, mas é claro que não. Você já me conhece há tanto. Minhas lágrimas e sorrisos já foram seus tantas vezes. Seus sonhos já foram meus outras tantas. Como poderia ter vergonha de você? O que eu sinto mesmo é receio de te contar os segredos do meu peito, os que se ligam diretamente a ti, pois os outros, você já conhece, já acolheu. O que eu sinto mesmo é amor que não sei explicar, que em silêncio me torna tua e em voz alta se esconde nas entrelinhas, na minha timidez.)

- Ah, sei lá.

- Não precisa ter vergonha de mim, você sabe né?!

E você me puxou para um abraço e ali todo o amor foi entregue, mesmo sem querer.

12 de novembro de 2010

Cedo ou tarde ele sempre vem.



Hoje você me trouxe o primeiro. Cedo ou tarde ele sempre vem, segundo o que dizem. Entretanto eu ainda assim me surpreendi. Não esperava, de verdade, que pudesse ocorrer, ou pelo menos não agora. Mas talvez seja culpa minha. Por viver nesse mundo de ilusões e sonhos, sofro um choque surpreso sempre que toco os pés no chão. E as minhas expectativas talvez tenham sido demais. Acreditar e esperar que fosses diferente, que correspondesses ao que eu esperava, que lesses em meus olhos os sentimentos gritantes e que de forma gentil me confortasse com reciprocidade, um abraço ou um beijo. Mas eu não pude evitar o desejo de que fosses o tal príncipe que há tanto espero. Afinal os muitos sinais apontavam para você. Ou era somente eu que via assim? Mas de nada vale agora. Cedo ou tarde o primeiro sorriso inverso sempre vem. E você me trouxe o primeiro hoje.

Quando é a pessoa certa.


E basta eu encontrar o seu olhar parar eu me perder entre todos aqueles sentimentos antigos que renascem a cada toque seu. Não há saída. Como se desde o primeiro dia fossemos destinados, de forma singular, a pertencer um ao outro. E não importa quanto tempo passe, quanta dor surja, a sintonia permanece a mesma: envolvendo um abraço, atraindo um beijo e unindo o que nunca deveria ter se separado. Desfaço-me assim em cada sorriso seu, a cada palavra que sua voz traz aos meus ouvidos e de forma mágica tudo parece nunca ter mudado. E foi o que ocorreu, permaneceu intacta a essência dos sentimentos. Mas agora a cautela ronda qualquer e todo momento. Mesmo sendo impossível eu não me render á tudo que nos envolve, hoje há uma linha que alerta, que relembra o passado e se faz quase impossível de atravessar. E talvez eu acabe me arrependendo de cada detalhe que meus medos e receios têm evitado, mas os tombos trouxeram a razão para frente do coração e a lembrança dolorida sempre freia qualquer impulso. Então embora cada parte do meu corpo queira mergulhar nos seus olhos e se perder em cada momento nosso, eu paro a um centímetro e recuo. Não por não te amar, pois este fato se concretizou e se eternizou, sem consentimento algum, há muito. Mas porque eu não posso, não consigo arriscar perder você outra vez.

"Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa."
(Carlos Drummond de Andrade)

10 de novembro de 2010

Direção oposta.


Entre pensamentos sobre você eu desagüei. Não que você me traga sorrisos inversos ou molhados, mas pela luz convidativa dos seus olhos que contraria o medo de te olhar tanto e me perder em você. Cada detalhe seu tem completado as lacunas em mim, os cacos perdidos pelo caminho, a contração dos lábios que se ausentou. E é exatamente isso que traz chuva. O medo de me envolver com tal perfeição. O medo de me tornar dependente dos seus sorrisos e um dia perde-los. Então vêm as dúvidas. As inseguranças. E eu recuo. Dou um passo para traz, embora certa parte do corpo insista em ir para frente. Como conseqüência meu peito parece explodir com essas batidas frenéticas, que em oposição aos meus pés, buscam outra direção. Buscam você.

Quatro letras.



Depois de uma noite inteira de você em lembranças eu percebi que seu olhar havia ficado gravado em mim. Seu perfume, suas caras, sua voz, suas manias e tudo aquilo pertencente, de forma singular, a você. E através de buscas, sem sucesso, de encontrar outro pensamento, te encontrei em cada parte de mim. Então a respiração abandonou-me por segundos enquanto o resto do corpo entendia o que há muito o coração já havia sentido. Uma palavra, quatro letras e um sentimento. Um sorriso nos lábios e uma lágrima nos olhos. Simplicidade complexa. Paz conturbada. A-M-O-R.

8 de novembro de 2010

Eu não sei.

Eu não sei por que eu não consigo tirar os meus olhos de você.


Você tem um brilho no olhar que reflete felicidade, encanta. E o buquê de sorrisos em sua face faz florescer grandes botões em mim. Você possui uma energia gostosa que irradia luz. E uma voz aveludada que canta para os meus ouvidos. Seus lábios soam ternas palavras que há tanto só possuíam significado no papel, entretanto ganham essência ao atravessarem as linhas suaves que me atraem inevitavelmente. Suas lágrimas, embora mar, trazem sonhos doces, que em cacos ou não, ainda carregam vida. Você espelha vida. A mesma que, há tanto, eu abandonei.




E eu não sei por que eu não consigo tirar os meus olhos de você.



6 de novembro de 2010

Sem querer.

Ela fechou os olhos, respirou fundo, contou até dez e nada.

- Não está passando, o que eu faço? – perguntou incrédula. Como isso havia acontecido se ela tinha tomado todos os cuidados, todas as precauções.
- Não vai passar, já era, já aconteceu. – a amiga respondeu rindo.
- Por que você está rindo? Como assim não vai passar? – perguntou com os olhos arregalados.
- Você se preocupa demais, isso é normal. Uma hora acontece.
- Por quê? Se eu não deixei, se eu não queria... – fechou os olhos e sacudiu a cabeça.
- Mas quem foi que disse que precisa de permissão ou querer para que aconteça?
- Meu peito vai explodir. Sério, eu vou morrer.
- Deixa de drama, é só amor.

Então ela deitou na cama, suspirou e sem entender procurou na memória quando aconteceu.

“Foi só um sorriso e um olhar. Ou a maneira de falar. Nem sei dizer. Fui pensando mais em você. (...)
Sem querer. Fui pensar em você. Sem querer. Já queria te ter. Sem querer. Veio ao meu coração. Sem querer. Foi assim (...)
E já era tarde para voltar. Você já tinha em mim seu lugar. E eu me apaixonei. Quando dei por mim .Já gostava de você.”

5 de novembro de 2010

“Você me salvou.”


A música trazida pelos fones de ouvido, em um tom ensurdecedor, aos poucos ia anulando os meus sentidos, adormecendo toda a dor. Embora eu soubesse que junto ao fim da música o buraco negro que roubara meu coração voltaria a me sugar, continuava tolamente tentando entorpecer-me. O tempo nublado trazia forte brisa ao meu rosto e agitava o mar enquanto eu me perguntava em quantos estilhaços meu coração havia sido quebrado para que parasse de bater, e por que com o fim do pulsar a dor não havia cessado também. Mas além da música que se tornara barulho, só havia silêncio, não havia resposta. Cessei a música e permitir que o inevitável percorresse o meu corpo. Procurei na imensidão azul qualquer conforto, mas as batidas das ondas apenas me remetiam às lágrimas que guardadas me afogavam, me inundavam. E numa irônica surpresa avistei uma mulher se perdendo entre as águas e voltando a superfície em breves segundos. Fui ao seu encontro e trouxe-a para a areia. Tudo parou. Enquanto ela abria os olhos e recuperava os sentidos, sussurrou: “você me salvou”. E a sua voz doce foi o suficiente para ausentar à dor que há tanto era apenas anulada temporariamente. Os meus olhos fitaram os dela e eu permaneci estático, sem saber o que sentir, até que seus braços me envolveram e o calor devolveu pulsar ao coração adormecido. Permanecemos abraçados, com as nossas almas entrelaçadas no olhar. Ela repetiu em um sussurro: “você me salvou”, enquanto eu pensava que ela não fazia idéia de que fora ela quem havia me salvado.

4 de novembro de 2010

Sobre as formas de amar. II

Em cada linha que as palavras iam formando ela encontrava-o. Como feitiço todas as letras o resumiam, o descreviam. Não importava o rumo que resolvesse dar aos versos, o número de linhas que fosse escrever, antes do ponto era ele que o alfabeto organizado registrava. O sorriso, o olhar, o beijo. Era sempre algo sobre ele revelado pela caneta. E encontrando-o em cada canto do papel percebeu que por excesso dele, transbordava.

E assim, com as palavras, ela o amava.

Grande micro-reflexão.

Há pessoas que gastam a vida fugindo do amor, tentando se salvar, embora fosse o amor que devesse fazê-lo. Fugir das pessoas e se salvar da forma que elas distorcem, danificam, matam o amor. Da forma que elas têm de amar.

1 de novembro de 2010

Sobre as formas de amar.

Ele fitava cada detalhe dela, enquanto ela, distraída, lia um romance com um sorriso no canto dos lábios. Ele admirava aquele sorriso ímpar que fazia reflexo nos olhos dele, se perdia entre as felicidades muitas que em festa fazia pular o coração. Desviando a atenção do livro ela notou o olhar fixo dele e corou.

- O que está olhando? – disse em um quase sussurro, enquanto as bochechas ganhavam tom de timidez.

- Sua perfeição. – disse ele com felicidade nos lábios.

E assim, com os olhos, ele a amava.

31 de outubro de 2010

Sobre o fim.

Ele a olhava nos olhos, procurando qualquer rastro, qualquer sombra daquele tal amor. Embora os lábios dela declarassem ao mundo que o amor que o dedicava não havia maior, suas atitudes se faziam antagônicas de forma gritante, devastadora. E ele olhava aquela face doce de sorrisos encantadores e sentia a felicidade de tempos atrás ali, se oferecendo gentilmente. Mas o peito doía, sufocava. Então ela quebrou o silêncio:

''Ela: Eu pensei que seria para sempre.

Ele: E eu pensei que você nunca me trairia.

Ela: Eu sei que errei, mas eu queria o seu perdão.

Ele: O meu perdão você já tem, só não tem mais o meu amor.''

Dói demais.

Eu tenho sentido falta de você nos meus dias, mesmo te tendo em parte. Depois de tanta mudança, depois do tempo, dos erros e mágoas, e do suposto perdão, eu não te sinto mais. Cerco-me por milhares de sentimentos e ainda assim você se ausenta. Como se eu te buscasse sempre e nunca te alcançasse. Não mais. E você diria que é o meu drama envolvendo minhas palavras, exagero. E até pode ser drama sim, mas exagero: nunca. É que eu estou exausta. Exausta de sentir saudade, exausta de procurar o passado no presente, exausta de tentar consertar, exausta de não conseguir. E eu descobri a pouco que não importa quanta cola eu use, os cacos nunca serão reconstruídos, nunca ficarão como antes, porque muitos já se perderam pelo caminho. E dói demais saber que ficaremos quebrados, para sempre. E dói demais saber que eu não terei mais o você de antes, que talvez este não exista mais (para mim). E dói demais a ausência do que antes fora amizade. E dói demais não saber o que fazer. E dói demais o perder. E dói, e dói...

“Perco tempo
E faço coisas que você parece nem notar
Tantos planos e outra vez eu vou embora sem saber o que falar”

30 de outubro de 2010

Marcas da luz.

Embora o sol da manhã invadisse as janelas do meu quarto, ele nunca conseguia me invadir. E os dias se passavam tão escuros quanto à noite que me envolvia em solidão fria, que já amiga não doía mais. Entretanto entre as esquinas negras eu encontrei tua luz. Mas fechei os olhos por medo. Já fazia tempo que a luz se ausentara que o medo de tê-la me corroia o peito. Pois se a tivesse poderia perdê-la outra vez, e tão dilacerado o meu peito não agüentaria outra queda, outra marca. Segui com as pálpebras deitadas, sem permitir que meus olhos buscassem a ti. Mas você já havia feito morada entre os abismos que ocupavam o meu peito e mesmo com os olhos fechados vi luz. A tua que sem permissão havia me invadido. E sempre que me encontrava ao seu lado as marcas no meu peito desapareciam e a entrega era quase impossível de não se concretizar. Então a razão me perguntou se não foi assim que as marcas haviam aparecido.

29 de outubro de 2010

Conversa sobre o tal amor.

- Dê que morreu essa linda mulher que estampa os jornais?

- Dê amor. Suicidou-se por sofrer por ele.

- Então não era amor, era doença.

- E o amor não é uma doença? Daquelas que só a morte cura?

- Não acredito. Doença te rouba à vida aos poucos, corrói o corpo, às vezes a alma. E para mim o amor é esta vida, daquelas que se propagam mesmo depois da morte.

(...)

Das brigas II.

- Você pode, por favor, parar de mexer nesse celular e me dar um pouco de atenção? – disse ela irritada.

- Mas eu estou te dando atenção. – disse ele com um sorriso no canto dos lábios, sem olhar para ela.

- *Humpf. – bufou ela revirando os olhos, impaciente e ainda mais irritada.

E então o celular dela vibrou, era uma mensagem.

“Minha atenção, assim como meus pensamentos, estão sempre focados em você, sua boba. Eu te amo!”

Um sorriso enorme a tomou a face e mil beijos foram poucos perto dos tantos que ele recebeu.

28 de outubro de 2010

Quando o amor se divide em dois caminhos.

Ela: Eu o encontrei ao acaso na rua. Ele estava tão lindo como minhas lembranças o guardavam. Mentira. Estava ainda mais. Ele tinha um brilho no olhar. Com certeza devia estar feliz agora. Perguntei como ia a vida dele e ele sorriu. Eu não sorri em resposta, embora os olhos já estivessem sorrindo desde que o avistei. Ele perguntou como eu estava e respondi que bem. Então ele perguntou se eu guardava lembranças e eu dei de ombros. Falei para ele que tinha um compromisso e voltei para casa. Eu chorei. Compulsivamente, eu chorei. Por mais que as mentiras tivessem invertido minhas palavras a partir do momento em que disse que estava bem, elas não conseguiam inverter o que eu sentia cá dentro do peito. Eu não estava bem, estava vazia, sem pulsar desde quando ele se foi. E as lembranças... estas o traziam para mim a cada segundo. Meu Deus, como eu ainda o amava.


Ele: Dessa vez eu a encontrei na rua. Na milésima vez que passava por esta torcendo para a encontrar. Ela estava mais bela que nunca. Meus olhos brilharam, como se eu estivesse diante de estrelas, diante da vida. Ela era vida. Ela perguntou algo que eu não ouvi. Meus pensamentos se focavam unicamente nela, na felicidade que sua presença trazia. Eu sorri inevitavelmente. Perguntei como estava e ela respondeu que bem. Fiquei feliz por ela, embora morresse vendo que longe de mim ela ainda ficasse bem ao contrário do caos que minha vida havia se tornado. Perguntei sobre as lembranças, com esperança tênue dela me ter em pensamentos mesmo que vez enquanto. Ela deu de ombros, disse que tinha compromisso e se foi. Mais uma vez. Voltei para casa e chorei. Compulsivamente, eu chorei. Eu a havia perdido. E meu Deus, como eu ainda a amava.

27 de outubro de 2010

Das brigas.

Eu o olho do outro lado do quarto tentando prender a feição de raiva em meu rosto, mas sinto tudo desmanchar-se em um sorriso quando aquele olhar doce de desculpas, com um brilho que somente ele tem, vem ao meu encontro. A razão pela raiva, da qual eu nem me lembro mais, e por estarmos em lados opostos do quarto, se esvai em um abraço de congelar o tempo. O meu mundo pára similar às outras vezes quando os braços dele me embalam e apagam tudo externo a aquele momento.

- Você fica linda brava. – ele sussurra no meu ouvindo, arrepiando minha nuca.

- Você não vai se safar tão fácil dessa. – digo mesmo sem lembrar o motivo de ter estado brava e com a certeza que tudo já foi perdoado há muito tempo.

- Tem certeza? – ele pergunta um segundo antes de roubar-me um beijo junto ao fôlego. Perdemo-nos ali, um no outro, por um tempo que não sei qual foi, mas sendo curto demais em oposição ao meu desejo de eternidade.

- Eu amo você. – ele sussurra no meu ouvido, arrepiando-me à pele que nunca se acostuma à eletricidade que vem dele e percorre-me toda.

- Eu amo você. – digo olhando-o nos olhos, guardando em sua alma todo esse amor.

26 de outubro de 2010

Querida K,

Há treze anos nasceu uma amizade pequena em nós, que com o tempo foi ganhando traços de amor e cumplicidade. E a cada dia você foi me mostrando que os laços afetivos de amizade são correntes inquebráveis, são alicerces, fortaleza. E fora exatamente assim que eu me senti com você ao meu lado, impedindo que eu caísse em momentos de fraqueza e transformando minhas alegrias em felicidades em momentos de sorrisos. Sendo assim não haveria como eu me sentir bem quando vejo uma lágrima no seu olhar ou um sorriso inverso roubando a beleza do teu rosto, acabo por sentir suas tristezas em meu peito como se fossem minhas e doem em dobro por te atingirem tanto assim. E então busco mil maneiras para te trazer aquela gargalhada que contagia a todos e ilumina qualquer dia nublado. Porque afinal somos como metades, só vejo minha felicidade completa quando estás feliz junto a mim e sinto que acontece o mesmo com você. A verdade é que irmãs têm disso, dividem desde palavras até sentimentos. E hoje eu quero dividir uma felicidade imensa com você, por estar completando mais um ano de vida. Quero vibrar por todos os momentos do último ano e todos os que estão por vir no próximo. Que hoje o sol brilhe mais forte dentro de você e que este brilho se prolongue por outros dias e nunca se acabe. Também quero traduzir todos esses desejos de realizações, saúde, felicidade e amor que trago no peito e dedico totalmente a você, que merece tanto e muito mais. Você é muito importante na minha vida e sinto que não saberia viver sem seus sorrisos enormes em cada manhã. Eu jamais poderia descrever o quanto há de você dentro de mim, pois realmente é inexplicável. É carinho imenso, amor que se renova a cada amanhecer. E hoje te digo que você é muito além de amiga, é minha irmã. Daquelas que não estão presentes apenas no dia-a-dia e sim na alma. Eu amo você, sempre e para sempre!

Feliz aniversário!

25 de outubro de 2010

Em cada parte de mim.

Incontáveis. Foram as vezes que me peguei sorrindo sozinha olhando para a nossa foto. Você tem disso, me traz felicidade até distante. Viajei entre mil lembranças de momentos nossos e o peito reclamou sua ausência. É que o que eu sinto não tem nome, não se explica. Isso talvez nem exista. É felicidade, é dor, é desejo, insegurança, amor, que brigam por um espaço do qual a saudade fez-se dona há muito, sem pedir. E então eu tento dizer, traduzir os segredos nas estrelinhas dos meus gestos, o sentimento que me consome, mas não há voz que leve a teus ouvidos a imensidão que tudo se tornou ou o quão me trazem sorrisos constantes. A verdade é que tudo cresceu além das linhas que eu tinha imposto no começo e agora eu te encontro em cada parte de mim.
“Eu e você / Não é assim tão complicado / Não é difícil perceber
Quem de nós dois / Vai dizer que é impossível / O amor acontecer”

23 de outubro de 2010

Feliz, o estar em paz.



 

Enquanto a tempestade gritava lá fora o silêncio dominava-me por dentro. Calmaria depois de férias se acomodou entre os sentimentos de guerra em meu peito e trouxe paz. O nó na garganta havia se desfeito, mesmo assim as palavras se recusavam fazer som, encontravam saída pelo olhar e ali faziam morada. A explosão do coração transformou-se em êxtase que entorpece, ao invés de debater as tais borboletas descobertas a pouco, as faziam flutuar. E o sentimento que me afogava em sal, agora transbordava doce em gestos, momentos. E enquanto o tempo se distraía prolongando o ápice do que tão perfeito eu não encontrava nome, me perguntei se tal distração não era a velha felicidade.

Morte em vida



E a escuridão da noite se fazia luz diante do abismo que habitava seu peito. Já não havia mais felicidade, amor, saudade, raiva ou dor. Esvaiu-se a muito dos mesmos, de tudo. O que restara fora a ausência. Via-se vazia, oca. Sem lágrimas, sem sorrisos. Sem sentir. E quando não se sente o que resta? Era morte em vida, segundos eternos num sentir ausente que consome, que mata aos poucos o que a muito já se encontra morto.

20 de outubro de 2010

A beleza, o tempo levou.

Ele não é de todo belo. Ele sabe ferir depois de um sorriso que entorpece, que eleva. E nas entrelinhas da felicidade ele traz lágrimas ácidas. E tão bem quanto trazer vida, ele sabe fazer morrer. Nas nuvens de ilusão ele te rouba as asas e o que restam são cacos na solidão fria. Mas ele sempre volta, reconstrói os estilhaços, te traz brilho aos olhos e te faz voar mais uma vez. Re-começa o ciclo até que você prefira os pés no chão aos sentimentos irracionais que correm pelo corpo em ritmo incomum. O brilho no olhar não se faz mais tão necessário e a alma se adapta à chuva que afoga por dentro. E tudo passa de busca incansável e inalcançável por medo do encontro. É que o amor é belo, mas dói tanto que depois de certo tempo
as lágrimas te impedem de ver a beleza.

18 de outubro de 2010

E se?


Se o seu sorriso em resposta ao dele for um sinal? Se o abraço dele for realmente do tamanho exato? Se os dias não fizerem sentido sem ele? Se você ocupasse os pensamentos dele assim como ele ocupa os seus? Se o beijo dele for o mais doce como você achou? Se cada momento se tornasse incrível como cada detalhe dele? Se seus sonhos se completarem? Se ele ausentasse o sofrer do teu peito já há tanto ferido? Se ele comemorasse um mês de namoro como 50 anos de casados? Se dessa vez verdadeiramente valesse apena arriscar? Se ele for a realização dos seus sonhos de contos de fadas? Se ele dissesse sim no altar? Se o para sempre se renovasse a cada dia para o amor? Se a felicidade se fizesse presente mesmo após tantos anos? E se as estrelas trouxessem o eterno para vocês?

Não valeria a pena tentar?

My Bloglist