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13 de setembro de 2011

O silêncio que pronuncia o fim.





 
O início de tudo é uma simples idéia. Foi assim da outra vez que eu decidi que você devia ir embora de vez. Você estava pela metade numa metade de um dia, de uma hora. Nunca me contentei com pouco, ainda mais quando se trata de amor. Tenho para mim que amor mesmo, não esses gostares que se encontram em muitas esquinas, só existe em pacote completo. Essa coisa de amor em doses de conta gotas não é amor, é engano. E foi a partir da idéia que talvez você estivesse enganado que surgiu o nosso fim. No primeiro momento estávamos próximos de tal forma que não se encontrava espaço para o ar entre nossos lábios. Entretanto não foi necessário muitas voltas no relógio para que nossos olhos obtivessem maior campo de visão sobre o outro, que em seguida os dedos entrelaçados deixassem espaços ocupados apenas por lembranças, até que por fim sua ausência me acompanhasse por toda parte. Eu já obtinha conhecimento da desmedida dor que me afligiria diante de um adeus, parte dela já ofuscava o brilho dos olhos nesses dias nos quais seu amor se fazia escasso feito água no deserto. Então defini que molhar o travesseiro um pouco a cada noite era mais doído que encharcá-lo inteiramente de uma só vez. E sem que você esteja por perto para afastar tal idéia, aos poucos ela vai se enraizando e sendo alimentada pelas gotas do seu aparente equívoco de amor mais uma vez. Talvez tenha sido um erro insistir em nós, uma vez que o fiz sozinha. Presta atenção. Você está ouvindo? É, o telefone continua mudo e o pulsar do esquerdo, que antes zunia acelerado, vai se equiparando ao silêncio.

Não me deixe ir, posso nunca mais voltar. (Clarisse Lispector)

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