Todos os textos deste blog são de minha autoria, quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.

31 de julho de 2010

Anulação da razão.

Suas palavras me trouxeram cócegas aos lábios e sem sucesso tentei prender um riso. A conversa era séria, mas se tornava impossível não sorrir ao ver tamanha beleza. Então, me perdi naqueles olhos cor de mar e as palavras ecoaram ao longe como um zumbido, tudo se desfez. Era amor, não era? As borboletas faziam festa dentro de mim tirando meus pés do chão. Eu perdi a razão. Senti a felicidade percorrer minhas veias em velocidade sem igual, pelo simples fato de sentir a respiração dele. O coração acelerou sem razão aparente enquanto ele sorria para mim. Minha mente partiu em mil direções e se focou inteiramente nele. Os meus lábios eram atraídos com intensidade incomparável. Era como se o resto do mundo jamais tivesse existido. Passado e futuro se perdiam ao encontrar com o presente. Já não se tratava mais de razão, palavras ou momentos. Era sentimento incoerente, voraz. Era amor.

Sobre amor, sobre amar.

Você fica de fora e observa. Guarda cada detalhe e então diz. Fala sobre a benção e a maldição que ele traz. Afirma que a felicidade causada é mísera perto da dor, do sofrimento vindo do mesmo. Crítica aqueles que admiram, que desejam ele e os chamam de loucos. Fala sobre o estrago que ele trouxe a sociedade, sobre o buraco negro que ele criou dentro do homem. Chama-o de irracional através de uma filosofia externa. Afirma que a sua verdade é absoluta, já que nunca o viveu apenas presenciou, com uma visão exterior, captando os detalhes sem se envolver. Mas então se entrega em suas palavras. Se você não se envolveu, não sentiu. E definitivamente não há como descrever sentimentos jamais sentidos. Você não pode afirmar sentenças sobre pular de um precipício estando apenas na beira dele.

Maquiavélico destino.

O destino por vezes é cruel. Da mesma forma que uni caminhos e embeleza vidas, separa e re-colore trocando azul felicidade por cinza tristeza. E assim como em tantas vidas criou os caminhos da vida dela. E por mais que ela lutasse e corresse permanecia presa á linha da história triste que o tal destino escreveu. Traçou o caminho dela de forma oposta ao do seu amor. Digo ‘seu’ pois na alma já pertenciam um ao outro com veracidade de sentimentos. Era amor, platônico até me arrisco a dizer. Pois ela permanecia viva na esperança dele também estar. E então o destino cruzou o caminho dela com outros novos, trouxe-a pitadas de alegria passageira e no fim a fazia trilhar só, esperando que a esperança morresse. Entretanto por mais que os olhos se fizessem triste e o coração lento, nas noites mais frias ela mantinha aquecida a esperança de reencontrá-lo. Olhava sempre para as estrela, sonhando que ele também estivesse. E ele estava.

Inconstante.

Tão imprevisível você me tira a certeza que por tanto tempo me rodeou. Perco-me, como se nunca mais fosse me encontrar, nesses sentimentos irregulares que você fez nascer em mim. Uma constante montanha russa se tornou minha morada, me roubando a segurança que tudo vai dar certo, me empurrando do penhasco quando menos espero e me ensinando a voar quando as esperanças se tornaram lendas. Você me roubou o ar. Tirou-me o equilíbrio num toque inusitado, calou-me a boca e trouxe-me palavras à alma num beijo que desmoronou o mundo. Sua voracidade me invadiu, roubou o espaço das verdades imutáveis e trouxe dúvidas, incertezas e inseguranças. Corda bamba, aventura sem fim. Eu nunca imaginei que tal loucura fosse aquela comum inconstante paixão.

Ensina-me.

Ensina-me a sonhar. A idealizar um amor e acreditar em sua existência. Ensina-me a voar, por favor. Os pés no chão prendem o meu coração e o impedem de ir além das nuvens. E é exatamente isso que eu quero, que eu preciso: ir além. Respirar presa a uma corrente é sobreviver e não viver. Ensina-me a viver, então. Pois faz tempo que não experimento essa loucura e desaprendi. O mundo se reinventou, a música mudou, os passos são outros, o ritmo acelerou e eu continuo aqui estagnada numa calçada incolor. Ensina-me a mudar. Ensina-me a ganhar cores. Ensina-me amar, meu amor. Quero sorrir com os olhos, sentir com o corpo inteiro, chorar pela felicidade e dizer que te amo sem palavras. Eu quero vida.

29 de julho de 2010

Sedutor amor.

Ele vem calmo, belo e com o semblante gentil lhe dizendo que não lhe fará mal. Envolve-lhe com palavras sedutoras e num ritmo acelerado muda sua vida. Você acredita na beleza que vê, se rende as promessas e entrega o coração. Então ele te faz caminhar numa corda bamba de felicidade e dor. Traz-lhe lágrimas e sorrisos. Rosas com espinhos. Faz-lhe perder o equilíbrio e cair em um precipício sem fim. Você se perde, então, em uma solidão asfixiante e o coração se rompe em mil fragmentos. Você sente a esperança escapar por entre os dedos. Vê-se em um túnel escuro. Mas de repente surge uma luz vinda de olhos cheios de novas antigas promessas e num surto de esperança você esquece a dor e acredita que os fragmentos perdidos podem ser encontrados. Nasce aquele desejo insaciável por mais e mais amor. E você mergulha mais uma vez no sedutor sentimento acreditando que não vai mais se afogar. Contudo o amor é uma gota que pode fazer uma tempestade.

“E o que eu sinto é o tal do amor. Aquele surrado, mal-falado, desacreditado e raro amor, que eu achava que não existia mais. Pois existe. E arrebata, atropela, derruba, o violento surto de felicidade causado pelo simples vislumbre do teu rosto.”

26 de julho de 2010

Com silêncio, diga-me.

Talvez você me veja agora repleta de loucura da cabeça aos pés. Mas não me importa que seja três da madrugada e que não faça sentido. Eu precisava te ver. E para completar esta insanidade que me roubou a razão, eu não sei o que falar. As palavras não me fugiram, elas estão no mesmo lugar, eu apenas não sei o que te dizer. Eu precisava te olhar nos olhos com uma urgência que não cabia em mim. Era o amor a flor da pele precisando ter certeza que você correspondia com toda reciprocidade possível. Ver o mesmo amor que encontro no espelho em seus olhos. Sem mencionar a saudade que me rouba o sono diariamente com a desculpa de precisar ouvir a sua voz, sentir o seu abraço. Então me envolve em seus braços e diz que está tudo bem. Que o amor continua no mesmo lugar, apenas em proporção maior e que ele não vai embora. Que toda essa loucura que eu estou sentindo também acontece com você. E diz com silêncio de palavras e gritaria de sentimentos.

“E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.” (Ana Jácomo)

É loucura.

Entre pessoas desertas eu encontrei você. Tão repleto de felicidade que à alma me trouxe vida. Entreguei-me sem hesitar e me apaixonei. Hoje desaprendo a respirar quando você me sorri assim. Rouba-me o chão e a gravidade, e eu me sinto assim: flutuando no meio de sentimentos distintos, intensos e intermináveis. E mesmo com a possibilidade de cair, de quebrar o coração e me perder na solidão, eu continuo buscando formas de te trazer alegria aos olhos e sorrisos aos lábios. É loucura, eu sei. Mas dizem que amar é assim mesmo. Uma linha tensionada entre vida e morte. Um desejo destemido por amar mais cada vez mais. Pular do penhasco sem medo de voar.

Não temos.

O que temos não é amor, são perguntas. Não funcionamos porque somos dois indivíduos repletos de vazios buscando nos completar. E esta aí a resposta. Somos incompletos. Devemos seguir caminho solo e encontrar em nós próprios o que preencha essas lacunas e não um no outro. Somente depois que o vazio se fizer ausente poderemos proporcionar felicidade a nós mesmos e conseqüentemente um ao outro. Somente assim poderemos amar. Pois amar não é completar, é exceder felicidade até que os lábios se contraiam e um sorriso diga o que palavras não conseguem descrever. E isso meu bem, nós ainda não temos.

24 de julho de 2010

Free.

Os meus olhos se recusaram se fechar quando os seus lábios encontraram os meus. Foi tão inédito que me assustei. Por tanto tempo me afoguei em amor, tempo além de datas, que quando por fim pude respirar eu recuei. Essa sensação é tão nova que me trouxe medo. Medo do diferente, do inesperado. Do não saber como seria acordar sem procurar-te e dormir sem pensar em ti. E os sonhos, como seriam agora sem você? Sem você. Minha vida girando em torno de mim, novamente talvez. Eu não posso afirmar que seria de novo se não consigo me lembrar de uma vida antes de você como sol. Entretanto agora você se torna mais uma entre tantas mil estrelas nesse céu. O amor se desfez. Meu peito deixou o ar entrar. E sem chorar eu deixei a vida me envolver em seus braços e me mostrar que há muito eu deveria respirar, viver assim.

Well open up your mind and see like me
Open up your plans and damn you're free. (Jason Mraz)

22 de julho de 2010

Num momento breve e eterno.

Como se não existisse tempo eu me perco nesse instante de prazer infinito ao sentir o calor do seu abraço. Os olhos se fecham a fim de sentir com maior intensidade essa corrente elétrica que toma conta do meu corpo e faz a pele arrepiar. Os perfumes se misturam, as essências se completam, o chão deixa de existir. E na ausência de palavras nos entendemos, nos conhecemos. Por fim nos tornamos um do outro num momento breve e eterno. Essa paz, felicidade, atração, encaixe, união, encontro, (...) chamam de amor e este o peito gravou como tatuagem, que dura para sempre como tal.

“O melhor do abraço é o charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos.
A mágica de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante."(Ana Jácomo)

Caminhada.

Ela sentia o peito doído, as pernas cansadas, a alma pesada. Fugir do escuro e buscar luz se fazia rotina, mas seus pés não agüentavam mais correr. Seguia apenas com passos cansados, lentos, buscando, agora, descanso. Trazia no rosto o mesmo sorriso nos lábios, mas nos olhos uma lágrima oculta declarando não agüentar. Apoiava-se em algumas árvores ao decorrer da caminhada, mas o acalmo era breve, sempre breve demais. Obrigava os pés a voltar a trilhar. Nas curvas da estrada quase sempre caía, com aqueles tombos feios de ralar o coração, entretanto de vez enquanto tinha quem a ajudasse a se reerguer. Entre uma curva e outra, um tombo leve e um grave, perdeu a esperança. O cansaço era grande, preencheu-se, então, de desilusão. E foi quando surgiu alguém que lhe trouxe de volta o que havia se perdido, deu lhe muito mais do que ajuda para se levantar. Sem que ela pedisse, lhe deu abrigo em seus braços calorosos, sem data marcada, sem pressa para que voltasse a caminhar. Tantas vezes o que precisamos é apenas isso: colo, um lugar onde repousar a alma e renascer.
"Dá-me beijos, dá-me tantos
Que, enleado nos teus encantos, Preso nos abraços teus,
Eu não sinta a própria vida, Nem minha alma, ave perdida
No azul-amor dos teus céus." (Fernando Pessoa)

21 de julho de 2010

Preto&Branco.

Eu me perco nesse espaço imenso que sobra em minha cama e me deparo com sua ausência em mais uma manhã. Não que a noite você extinga esse espaço, mas me encontro com embriagues até a alma que não noto ou finjo não notar. As manhãs então se tornam mais difíceis, mais frias, mais cinzas e não há ressaca que doa mais que essa falta de cor. De vez enquanto me permito lembrar em um breve instante de como havia colorido, tons vermelhos que aqueciam e azuis que faziam sonhar. Entretanto nos últimos dias tenho sido mais rígida com as lembranças, uma vez a caixa aberta faz-me desmoronar e dias se passam até que eu consiga me conformar com a variação do branco ao preto. Então tento viver um segundo de cada vez, ignorando lembranças, ignorando a dor, e aspirando encontrar nas esquinas dessas ruas nubladas um raio de sol, de preferência bem amarelo, que traga mesmo que um só tom que ultrapasse as linhas do preto e branco.

Nosso.

Você foi encaixe-perfeito, pois estávamos em momentos que se completavam, naquela sintonia que se atraía e fazia-nos bem. Nós tínhamos sorrisos constantes, aqueles sem piada, causados inteiramente pela felicidade da companhia. E eu respirava de forma tão única que eu me sentia leve, sem obrigações. Atrevo-me até dizer que fomos o céu um do outro com a ausência do medo de cair. Encontrávamos segurança no olhar e bastava. Ganhávamos horas e horas conversando sobre detalhes, pois tudo se fazia detalhes diante do grande momento que estávamos vivendo. Foi mágico. Porque eu ganhei borboletas no estomago sem saber como elas foram parar lá. E foi inesquecível. Porque o coração guardou aquele momento que foi nosso, somente nosso e de ninguém mais.

20 de julho de 2010

Como pôde?.

Ela não queria vê-lo, já era fato concretizado, pelo menos por enquanto. As palavras já a queimavam, arfavam, arvoravam a garganta sem que os olhares se encontrassem, seria bem capaz que se fosse feito elas cruzariam incontrolavelmente os lábios dela. E ela sabia que estas não deveriam ser proferidas diante de tal situação. Não lhe pertencia a culpa, na verdade seria a melhor hora para culpar o destino, o carma e coisas do gênero. Ela não pediu, ninguém pede algo assim, entretanto acontece e sem ter ao menos aquele fio tênue de esperança que no fim ficará tudo bem. Então não faltaram motivos para que ela amaldiçoasse o amor, e o fez. Maldito, sem que uma parte se ausentasse de tal maldição, fazia-a sofrer maquiavelicamente por amar com o coração, com o corpo e com a alma e não poder amar além, limitando-se à pele que se corroia aos poucos por não poder tocar ou ser tocada. Ela gritava em silêncio, fechava os olhos com força, estremecia o corpo. Permitia sempre que as lágrimas viessem, lavassem a alma. Mas o amor era puro em toda a essência e permanecia quase intacto, mais voraz. Incrédula se pôs a perguntar ao coração: - Como pôde, imperdoavelmente, se apaixonar pelo namorado da minha melhor amiga?

18 de julho de 2010

Um argumento.

Então surgiram cores quando vi você sorri. Mais belo sorriso eu nunca havia visto. Trazia aquela felicidade imensa que nos faz sorri em resposta. Eu te sorri. E quanto tempo se passou desde o último sorriso meu? Se é que eu já havia sorrido. Mas o passado tão pouco importa diante desse presente radiante que consigo você trouxe. Nasce já grande uma vontade interminável de vivê-lo e esta permanece ao lado do sorriso bobo que se congelou em minha face. Não me olhe assim desconfiado. Já me entreguei antes mesmo de querer ser entregue. É que o coração que habita meu peito se apaixonou no momento em que ouviu a batida do seu. Eles pulsão em igual melodia, você não sente? Sendo assim o que posso fazer se a mente já se rende quando o coração ameaça fugir pela boca? Eu seria tola ao tentar discutir já que um argumento dele de uma só vez varre mil meus. Ele ama e ponto.
As palavras proferidas pelo coração não tem língua que as articule,
retém-nas um nó na garganta e só nos olhos é que se podem ler. (José Saramago)

16 de julho de 2010

Ciclo.

Nascemos, crescemos. Saímos mundo a fora. Uns aspirando conquistá-lo, outros aspirando melhorá-lo e outros, talvez, aspirando salvá-lo. Vagamos trilhas escuras buscando uma luz, seguimos caminhos novos na tentativa de encontrar algo renovador, continuamos na mesma estrada a fim de não se deparar com algo diferente. Conhecemos novas pessoas, novos lugares, novas idéias, novos princípios, novos conceitos, novas razões. Amamos, deixamos de amar, amamos novamente, deixamos de amar novamente. Sussurramos, falamos, gritamos. Criticamos tudo e o elogiamos em seguida e vise-versa. Conhecemos o bem e o bom, o mal e mau. Experimentamos, nos assustamos. Mudamos. Choramos, sorrimos. Magoamos e somos magoados. Aprendemos. Amadurecemos. E no fim, desejamos o mesmo: que voltemos para algum lugar que possamos chamar de lar e que lá encontremos alguém para nos abraçar e dizer que ficará tudo bem. Afinal, precisaremos de força para começar tudo de novo.

Nós, eu e você.

Sem data exata tivemos um começo eterno. Completamo-nos como nenhum outro um dia poderia nos completar. Houve então uma ligação única, sincera e terna chamada por muitos de amor, entretanto sabíamos que ia muito além. Nasceram aqueles sorrisos verdadeiros, a felicidade no olhar, a explosão de mil sentimentos, a inexistência de tudo quando juntos, o abraço de parar o mundo, os momentos convertidos em lembranças jamais apagadas, as palavras relembradas segundos antes de dormir, a razão irracional. E até então tudo se tratava da terceira pessoa do plural, até então se tratava do plural e sem que se notasse este se extinguiu. O brilho no olhar, o sorriso, a felicidade, a preocupação, os sentimentos, os momentos não deixaram de existir, permaneceram, mas presente apenas na primeira pessoa do singular. Surgiu um eu e um você, e eu não sabia quando ou por que, porém eles estavam lá. Um eu tão ferido quanto um você desconhecido, tão diferentes quanto já tinham sido iguais, mas uma semelhança se fazia clara entre os dois: eram aparentemente inalteráveis. Os caminhos opostos que antes eram invisíveis se tornaram mais palpáveis ao passar dos dias. Novas estradas passaram a ser consideradas a trilhar. E se fez necessário esclarecer que por mais que fosse eu quem estava indo embora, era você quem estava deixando que eu fosse.

14 de julho de 2010

Apaixonar-se.

Tonteou com a união dos lábios. Sentiu a pele arrepiar com um toque quente. Brigou com as pernas por bambearem tão descaradamente. Ela queria ser discreta, não entregar os sentimentos de cara, não deixar-se dominar por eles. Mas eles já haviam se instalados em todos os cantos e centro, de seu corpo e alma. Criaram raízes no músculo principal, coração. Não havia volta. Era paixão, amor, desejo e tudo mais. Possuía escrito no olhar um eu te amo sincero, em caps lock, gritante. Então fechou os olhos, não queria se entregar mesmo já entregue. As palavras dele voaram de forma suave e como música encontraram os ouvidos dela. O corpo estremeceu e os olhos se abriram. Bastou um olhar dele e o coração ganhou uma batida descompassada e acelerada. Permaneceu, então, em silêncio apenas o admirando, entretanto não era por falta de palavras e sim por excesso de sentimentos. Talvez se abrisse a boca, o coração saltasse.

Foi o medo de amar.

Talvez o que eu sempre tenha sentido fosse medo. Medo desse sentimento incomum que nascia e crescia tão rápido em mim. Assustava-me com essa maravilha de encantar os olhos. Então lhe disse não, esperando que quando você se fosse, levasse este sentimento junto. Entretanto são de surpresas que a vida se preenche. Este sentimento permaneceu intacto no meu peito, mesmo eu tentando expulsá-lo a tapas e gritos. Então eu voltei. Voltei, pois na verdade nunca fui embora, sempre estive aqui por ser sua e somente sua. Desta vez com o coração aberto e com o ‘não’ cedendo lugar ao ‘sim’, voltei para lhe dizer que te amo. Pedir-lhe desculpas, perdão, por todo sofrer que lhe causei. Mas vi seus olhos brilharem felicidade, esta, que iluminava o mundo através de seus sorrisos, por mim não era causada. Você havia trilhado outro caminho, visitado novas paixões e encontrado um novo amor. Este notoriamente melhor que o meu, já que lhe trazia sorrisos à face enquanto o meu lhe trouxe lágrimas. Tornei-me assim incapaz de lhe dizer o que o meu coração há muito sentia. Não pude, depois de tanta chuva que lhe dei, lhe estremecer diante de um amor tão puro assim. Então lhe deixe amar um amor bom, encantador, e desta vez sinceramente fui embora. Levei junto aquilo que meu peito guardava e até hoje me encontro à espera do esquecimento trazido pelo tempo, que para mim nunca chega.

Precisamente tudo.

O seu perfume que ficou impregnado em minha roupa. A batida do coração desconcertada por você. O seu gosto que permanece em minha boca. O brilho dos seus olhos que cegaram os meus. As músicas que trazem a lembrança dos seus sussurros. A paz que seu abraço trouxe à minha alma. O calor do sol que se faz morno ao lado do calor dos seus abraços. O luar que se assemelha a luz do seu sorriso. A chuva que cai lá fora e que você ausentou aqui dentro. A imensidão do universo que se resume a um grão ao ser comparada com o sentimento que você fez nascer aqui, em meu peito. A absurda conta de telefone feita de ligações para você. O arrepio que minha pele guarda após um toque seu. O rosto corado seguido de uma declaração. As fotos em que estais escrito em meus sorrisos. O medo de perder-te. A realização de um conto de fadas. A perda da razão. O encontro da alma. A raiva do tempo corrido. O desejo por mais um beijo teu. Tudo, precisamente tudo, me traz saudades, imensuráveis, de você.

Aposiopeses.

Como tantas outras vezes eu me flagro quebrando a promessa de não pensar mais em você. É que quando as estrelas invadem a noite desta forma eu não vejo como não dizer a elas que o brilho de teus olhos é tantas vezes mais intenso. Perco-me assim em pensamentos infinitos sobre você, sobre o nós que não fomos, sobre o nós que poderíamos ter sido. Por mais que em minha face você veja sorrisos na minha alma você verá lágrimas. Meus lábios dirão que está tudo bem e que saudades não me visitam há muito, mas a verdade que preenche meu coração é que sua ausência me faz em cacos cada segundo mais e sinto que jamais encontrarei todos os fragmentos. Quando um ponto declarou o fim do que na verdade nunca fomos, o sonho repleto de ilusões se desfez e as fantasias, que se encontravam nas nuvens, me derrubaram de uma altura fatal. Hoje a dor que me toma anestesia qualquer outro sentimento além do amor focado inteiramente a você, o mesmo que vez ou outra surge intenso demais fazendo com que meus olhos tentem, sem sucesso, lavar-me a alma. E aquele ponto, que se fez final, se multiplica, traz reticências aos sentimentos, faz com que a dor não possua fim.

10 de julho de 2010

Aquele amor ainda vive em mim.

São em momentos como esse, no qual o silêncio invade minha alma, que a sua ausência traz dor ao meu coração. Desperta a fome de tua presença, que a muito se encontrava adormecida em meu peito. Então envolvo o travesseiro em lágrimas e me permito trazer sua face à mente. Transbordo, encho-me de vontade de te ter aqui, em meus braços. Entretanto só te encontro em meus pensamentos. Sinto a frieza da solidão me acolhendo e não sinto o calor de teu corpo a afastando de mim. Nunca imaginei que após tanto tempo aquele sentimento faria morada em meu peito. E que este doeria tanto ao sentir sua ausência. A verdade é que ao seu lado o amor traz vida e longe de você ele me faz morrer.

That love still lives in me.

Are in moments like that, in which the silence takes my soul, your absence brings pain to my heart. Awakens the hunger for your presence, which has long been asleep in my chest. Then I wrap the pillow in tears and allow myself to bring your face to my mind. I overflow, fill me with desire to have you, here, in my arms. However I just find you in my thoughts. I feel the coldness of loneliness and I don’t feel the welcoming warmth of your body doing it away from me. I never imagined that after so long would address that feeling in my chest. And it would hurt so much to feel your absence. The truth is that beside you the love brings life and away from you it makes me die.
I dedicate to Alberto Alejandro.

9 de julho de 2010

Duas palavras.

Deixo a taça de vinho cair no tapete branco formando uma mancha vermelho intenso similar a cor sangue. Sinto o peito transbordar, o coração em cacos, a alma desfalecida. Desmorono ao lado do vinho que escorre pela sala, assim como a vida que escorre pelos meus dedos. Busco alguma razão em meus pensamentos, entretanto o nome dele preenche minha mente por completo. O telefone ainda traz uma voz preocupada, chamando meu nome, mas as palavras fugiram de meus lábios. Não sei como responder. Permaneço envolvida pelo silêncio e destruída por um vazio que me tomou a alma. Nunca havia pensando no poder que as palavras possuem, entretanto agora o corpo padecia por apenas duas. A escuridão penetrava a sala através da janela e me acolhia em seus braços frios enquanto me trazia chuva. Ela já havia me visitado antes, mas agora era diferente. Eu sabia que não haveria uma manhã ensolarada que trouxesse luz e me devolvesse o sorriso, pois a voz preocupada no telefone tinha dito: “ele morreu” e eu senti ter morrido junto.

6 de julho de 2010

Daqui até a eternidade.

Ela lutou contra o peso de suas pálpebras cansadas e não se permitiu fechar os olhos mesmo que por um segundo. Fitou cada movimento dele, cada piscar daqueles olhos cor de céu. Apaixonava-se mais a cada expressão inusitada, as mesmas que seriam lembradas em todas as noites que ele não se fizesse presente. Guardava cada palavra, cada gesto, cada olhar em memórias do peito. E quando ele repousou sua mão quente em sua face há muito fria, fez com que o peito dela estremecesse. A chama a pouco nascida sempre faz o coração agir assim: palpitar forte, acelerado. Ela não protestou, deixou então que esse ritmo os embalasse. Já fazia tempo que tinha aberto os braços e acolhido o amor. – Vai ser para sempre? Ela disse encarando o nada enquanto se fazia incapaz de encarar aquele céu. – Duvido muito. Levando em conta a forma com a qual esses sentimentos me dominaram, acredito que vá além. Ele respondeu enquanto seus dedos levavam caricias à face dela. Os olhares se encontraram e os lábios se uniram fazendo com que sentissem o estômago esquisito e o coração quase escapar pela boca.

Amar cada vez mais.

Éramos feitos de sorrisos quando estávamos juntos. Era gostoso. Encantador. Víamo-nos pouco no início, mas sem que eu percebesse se tornou regularmente e em um pulo excessivamente. Não que houvesse uma necessidade da presença alheia e sim um bem estar mútuo e um assentimento óbvio pelo brilho nos olhos. As palavras surgiam fáceis e as contrações nos lábios mais ainda. Felicidade expulsa pelos pulmões sem protestos e reposta em segundos seguintes em intensidade maior. Era assim que respirávamos quando juntos, em ritmo similar. Tudo em nós ia além de complemento e então eu me dei conta do amor. Ele poderia ter feito morada em outro lugar. As opções eram muitas. Entretanto ele escolheu aqui, em meu peito, e permitiu que eu me acolhesse no dele. Sem obrigações. Apenas por bel-prazer de amar, amar cada vez mais.

A chave.

Fiz-me de uma necessidade tão grande de saber sobre você, sobre seus dias, sobre seu bem estar. Meus olhos mantinham um deserto e minha garganta uma indiferença ao mencionar teu nome. Já me via neutra em relação ao te encontrar, sem risco de desabamentos quero dizer, pois neutra mesmo eu nunca fui e sinto que jamais poderei ser quando se tratar de você. Os sentimentos insistem em fazer festa em mim, entretanto não me bagunçam mais. Atrevo-me até dizer que minha maturidade de hoje me permite organizar a confusão. Concedo-me então saber de ti, dar espaço a esse desejo que há muito se faz inquilino do meu peito. A lua dos seus olhos me fez falta, principalmente em noites chuvosas, mas aprendi a andar com a luz das estrelas. Talvez agora dê certo com tudo estando em seu devido lugar. Você deixou de ser necessário e se tornou um querer, indispensável, enquanto me fizer feliz. E talvez essa sempre tenha sido a chave.

Independentemente, feliz.

Vê-lo caminhar de volta para casa após um dia 'deles' foi o que a fez abandoná-lo. Foi a dor a cada passo, que aumentava a distância entre os dois, que a fez perceber que estava tudo errado. Ela o amava, dúvidas se ausentavam desta verdade, entretanto este amor já não lhe fazia bem. Não há nada errado em você se sentir bem ao lado da pessoa amada e por conta disso desejá-la ao seu lado a cada segundo. Tampouco sentir o coração mudar de ritmo quando a saudade o toma por inteiro. É gostoso sentir saudade e pressentir o peito explodir em mil sensações distintas quando reencontra o seu amor. Mas há um limite, uma linha, muitas vezes ignorada, entre sentir saudade e necessitar da pessoa. E ela sabia. Quando, naquela noite, ele caminhou em direção contrária ao coração dela, e este se permitiu chover, ela soube que havia ultrapassado a linha. Ela sempre se entregara inteiramente ao amor, mas nunca permitiu que este se fizesse imprescindível para a felicidade. Tornou então aquela noite em última, pois precisava ensinar o coração a ser feliz sozinho e transformar amor apenas em alegria.

4 de julho de 2010

O que mais poderia ser?.

E este ponteiro enlouquece quando eu menos desejo. Apressa-se, corre incansavelmente e busca alcançar o amanhecer através de seu ‘tic-tac’ frenético. Logo agora que perco o mundo e me encontro em seus olhos profundos, alma. Sinto que o tempo poderia desfazer seus segundos e descontinuar o girar do mundo. Fazer-me viver eternamente o ofuscante brilho das estrelas perto do seu sorriso. Esta sensação de andar a palmos do chão é tão inédita que me tira o ar. E quando te olho, encontro no silêncio que nos envolve as palavras mudas que, tão nossas, me levam ao infinito. É nessa loucura que afoga minhas palavras que encontro a certeza de que o que sinto verdadeiramente é amor. Pois o que mais poderia ser tão colidente que me fizesse tão feliz ao ponto de fazer os olhos transbordarem?.

2 de julho de 2010

Acabou!?.

Eu me lembro das noites que passamos acordados conversando sobre nada e sobre tudo. Daquele friozinho que eu sentia na barriga sempre que te via no fim da rua caminhando ao meu encontro. E do sabor doce que seus beijos traziam aos meus lábios que deixava sempre com um gostinho de ‘quero mais’. Então me doeu no peito um sofrer intenso e destruidor, pois as minhas frases se encontram no pretérito e eu apenas lembro, não vivo. Por quê? Eu te pergunto. Por que você deixou que todas essas sensações se fossem? Hoje eu faço das lembranças o desejo do hoje, do amanhã. Tento reacender uma faísca que seja daquele fogo que aquecia meu peito nas madrugadas frias. Busco no pretérito que ronda nossa história algo que escreva um belo futuro. E faço sozinha, pois eu não sei quando, eu não sei por quê você deixou sua ausência ocupar um lugar que era seu e somente seu.


Você gosta dele?
Ficamos nos olhando por um longo tempo em silêncio.
- Não sei. – murmurou ela por fim. - Não sei.
- Alguém disse uma vez que na hora em que se pára para pensar
se gosta de alguém, já se deixou de gostar da pessoa para sempre.

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