Foi depois de caminhar por algumas ruas e estradas que eu entendi a importância de cada passo. Comecei só, até que fui persuadida por uma caminhada à dois e então caí e por mais que eu procurasse, não achei uma mão que me ajudasse a levantar. Percebi que retomar uma caminhada solo seria no mínimo menos arriscado. Virando algumas esquinas encontrei caminhos doces que quiseram se unir ao meu e me deparei com uma vontade imensa de aceitar toda doçura que me era oferecida. Mas veja bem, abandonar a solidão que há tanto me acompanhava, por subidas e descidas, sem jamais me deixar na mão, era algo que merecia ser bem pensado e repensado e trepensado se possível. Um passo errado poderia me fazer cair outra vez e o arrependimento que segue uma queda é ainda mais dolorido que as feridas. Então aceitei somente a trajetória que me trazia segurança. Caí mais uma, duas, três, n vezes. Foi assim, pisando em falso e tropeçando que eu percebi que uma mudança no destino deve ser feita por algo que realmente mereça, algo que valha a queda, o peito ralado, os olhos encharcados. Só se deve mudar o curso quando o novo caminho lhe despertar muito mais que desejo ou segurança. Você sabe, desejos são passageiros, mundanos e a segurança é falha. Então eu descobri que eles estavam certos. Todos os poetas. Como disse a Tati B., tem que arrepiar cada centímetro do seu corpo e fazer você sentir o sangue bombear num ritmo charmoso. Caso contrário não vai valer, não vai dar certo. Pois só o que é capaz de lhe roubar o chão é capaz de lhe dar o impulso do vôo. Foi assim que eu descobri que são os caminhos que mais lhe despertam medo que devem ser seguidos. São as sensações mais assustadoramente encantadoras que vão lhe trazer um sorriso quando tua face estiver molhada. Desse modo eu passei a não somente entender, mas seguir fielmente o Caio: olhe os caminhos, o que tiver mais coração, siga!
Todos os textos deste blog são de minha autoria,
quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer
outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.
31 de janeiro de 2012
18 de janeiro de 2012
Aposta.
O melhor de tudo – não há dúvidas – são os detalhes. Esses momentos simples nos quais suas mãos brincam com meus cabelos e meus dedos acariciam seu rosto, contornando cada traço seu. A forma com a qual teus olhos me fitam quando distraída com a TV eu te pego olhando para mim. Os suspiros leves que me escapam ao encontrar conforto no teu peito. São essas minúcias de momentos nossos que ao repousar a cabeça sobre o travesseiro invadem com felicidade os meus lábios. É a essência das coisas mais banais que fazemos quando juntos que me fazem desejar parar o tempo quando o relógio alerta a hora de ir embora. Notei esses dias quando você preparava nosso lanche, que você caí bem na minha cozinha, e que não ligaria te encontrar lá manhã, depois e sempre. Mesmo que eu prefira viver um dia de cada vez, como você sugeriu, confesso cair na tentação de vez ou outra fantasiar um futuro de nós dois. Eu não te contei, mas tenho adorado seguir esse caminho em que seus dedos se entrelaçam com os meus. E todas essas palavras desconexas são de certa forma um jeito de dizer que tenho apostado em nós, de um modo que nunca imaginei que fosse me permitir. Já não sei se acerto ou erro feio, mas quando você me sorri sem jeito se fazem seus os meus sentimentos mais bonitos.
8 de janeiro de 2012
Não há mais volta.
Eu não sei como funciona essa coisa de despedida. Nunca me importei, nunca me despedi. Mas há algo bom em você que desperta algo bom em mim, e eu não queria magoar alguém que me fez tão bem. Deste modo, resolvi que você merecia alguma explicação. Eu não tenho motivo nenhum para acreditar em amor, eternidade, sinceridade. Nunca encontrei uma provinha se quer de que existe mesmo esse lado bonito e bom em amar. Não consigo acreditar no afeto superficial que vejo em mãos dadas desses tantos casais que encontramos em toda esquina. Sempre acho que por trás dos dedos entrelaçados ele trai a confiança dela na cama de outra ou que ela o engana matando aula de inglês para encontrar os lábios de outros. Eu vi tanta mentira que não consigo mais ver verdade. Então quando você diz assim todo meigo que me ama eu imagino quantas já não se encantaram com esse brilhinho nos seus olhos, e que eu não sei ser como elas, mesmo que eu tente. E foi assim que eu decidi ir embora. Porque eu não acredito, não em você, mas nessa coisa de amar. E você merece alguém que acredite. Não estou indo embora porque eu me ache superior com a minha falta de fé. Mas porque você com toda essa fé é mil vezes melhor que eu. Sabe toda a felicidade na qual eu não acredito? Eu quero muito que venha existir para você. Nunca deixe de sentir, uma vez nesse caminho não há mais volta.
Um beijo doce,
se cuida.
5 de janeiro de 2012
Depois do Sid.
Eu tentei me reinventar, para se, ao acaso, te encontrasse pela rua. Dizer que conheci alguém novo naquela boate que você sempre se recusava ir e que as coisas caminhavam para algo mais sério, talvez. Isso de tentar mostrar que eu segui sem você e que tudo andava muito bem obrigada. Só não poderia confessar que desde a nossa última noite eu me encontrava jogada no sofá, chorando com qualquer pequena cena romântica que passasse na TV. É tudo que me lembro além do gosto amargo da vodka toda manhã. Mas então me toquei que para te encontrar eu primeiro teria que sair de casa, o que não fazia a um tempo considerável. Uma amiga veio tentar me salvar do melodrama do nosso fim antes que eu me afogasse em tantos lenços de papel. Eu disse que precisava de você. Ela disse que eu precisava de luz e um pente. Abriu as cortinas e me trouxe um espelho. Não reconheci o reflexo. Mas até que ele estava melhor do que minha parte de dentro. Ela disse que era o álcool, o romantismo hollywoodiano e a minha queda em ser a coitadinha. Quis mandá-la para o mesmo lugar que mandei você quando me contou sobre a Carla. Você, Carla, ela e todo o mundo poderiam ir para lá. Mas ela me trouxe um café e a foto de um tal de Ricardo que estaria super interessado em mim. Ele parecia o Sid da “Era do Gelo”. Ela disse que apertando os olhos e com as luzes da boate eu o acharia parecido com o Tom Cruise. Foi aí que eu percebi que ela merecia ir para um lugar bem pior. Mas tenho que agradecer à ela, a você e a Carla. Depois do episódio do Sid eu tomei um banho e marquei hora no salão. Voltei a trabalhar, bani qualquer gota de álcool e passei a acordar todos os dias buscando ser mais bonita ao ponto de não precisar ficar com uma animação de um bicho preguiça, ter mais amor-próprio para não deixar que existam outras Carlas e ser mais inteligente para não me apaixonar por babacas como você.
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