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16 de junho de 2011

Ponto final.

Publicar um texto é um jeito educado de dizer "me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu".

Eu nunca entendi o porquê do fim. Nunca encontrei ninguém que me explicasse a necessidade de um término. Como um texto que carrega alegria em cada palavra precisaria encontrar um limite? Como você que trazia sorrisos em todos os dias precisou encontrar um triste ponto final? Acredito que depois deste ponto você descubra um recomeço, com felicidades imensuráveis, com o dobro das que você nos proporcionou aqui. Não há dúvidas que você seja merecedora do mais doce brilho nos olhos. Mas para quem fica antes do ponto, neste lugar que por tanto tempo você fez mais belo, um recomeço sem teu carinho e motivação não é somente difícil, é indesejável. Amanhecer sem te encontrar durante o dia ainda é inaceitável. Lembro-me que da última fez que o fim visitou um dos que moravam em meu peito foram os seu braços que me guardaram e suas palavras que aliviaram minha dor. Mas agora não encontro seu abraço, só a sua voz silenciosa que amplifica o grito do esquerdo. Noite passada meu travesseiro não conseguiu ocultar o som das lágrimas incessantes e se não fosse aquela pílula, estas teriam afastado o sono até encontrar o sol. Sua ausência dói e dilacera cada pedacinho de mim. Por mais que nos últimos dias você dormisse ao som do bip daqueles aparelhos, muita esperança me fazia acreditar que seus olhos castanhos chocolates logo me olhariam com a sua luz de sempre. Mas o bip cessou e os seus olhos não abriram. Então eu fui pra sua cozinha por não conseguir respirar na sala entre tantas lágrimas daqueles que assim como eu não aceitavam você partir assim. Lembrei-me da última vez que estivemos ali, no natal. Você havia preparado uma mesa farta e sem esperar o relógio badalar meia-noite, nos havia feito comer cada prato que só você sabia preparar. Ainda estava pendurado na parede o presente que eu te dei naquela noite e foi doído lembrar do seu sorriso ao recebê-lo pois agora eu só o veria novamente em memórias. Vieram-me todas as nossas lembranças, minha infância nessa casa com você brigando comigo e me mimando. Lembra que nessa mesma época, quando eu ainda era um tiquinho de gente, te chamava de mãe e os outros me corrigiam repetindo: ‘diz titia, ela é sua titia’? Então, eles estavam errados. Nosso coração reconhecia aquele amor todo e sabia desde cedo que você era a minha mãe. Hoje eu acordei e a primeira coisa que fiz foi sentir a sua falta. Sei que você sabia disso, mas só queria te dizer mais uma vez: Eu te amo, mãe!


2 comentários:

  1. Sensacional!!
    Sarah, acho que este é o melhor texto que você já produziu, querida.
    Que surpresa!! No começo eu pensei que você falava sobre um amor de casal, mas no final você estava falando sobre um amor totalmente diferente, um amor que é único e o mais belo de todos: o amor de mãe.
    Li este texto hoje pela manhã e agora à noite... Simplesmente lindo. Triste... porém lindo. O jeito que você se expressa nesse texto... não tem comparação!!

    Você com certeza tem o dom da escrita, amore!!
    Possui a habilidade de falar sobre qualquer tipo de amor. Admirável!!!

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  2. sinto muito, todos nós sentimos, apesar de distantes !
    não poderia deixar de comentar de seu talento bárbaro para lidar com as palavras, parabéns .

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