Eu não sei como cheguei aqui. Acho que fui guardando coisas demais. Guardei seu sorriso meigo, seu cheiro gostoso, a quentura das suas bochechas quando recebia um elogio. Sei lá, só sei mesmo que depois de um tempo passei a sentir teu abraço tão aconchegante quanto o meu coberto numa manhã chuvosa em que deveria levantar para trabalhar. O calor do seu corpo passou a me prender feito o coberto, nada fora dos seus braços me interessava mais. Quando eu te vi chorar pela primeira vez então menina, naquele romance bobo que você me convenceu com tua voz doce a assistir, despertou em mim um instinto protetor que até então eu desconhecia. Quis te cuidar, te aninhar com o cuidado de quem segura um objeto precioso de porcelana, com medo de quebrar. Aí pronto, os passos seguintes foram inevitáveis como um carro sem freio numa descida bem alta. No final tudo tinha perdido significativa importância, noites de sono só mesmo para sonhar contigo; comer, beber, até o futebol havia se tornado banal. Só me importava mesmo era te chamar de minha. E acho que foi assim que vim parar aqui, numa igreja, vestido como um pingüim e com as mãos suando como no nosso primeiro encontro. Naquele dia eu não tinha idéia que branco lhe caía tão bem e que um “sim” seria capaz me trazer tanta felicidade ao sair dos seus lábios.
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