- Bom, doutor, eu não sei bem o que está acontecendo comigo. Tem hora que eu acho mesmo que é loucura, mas também pode ser principio de infarto. Meu braço não ficou dormente não, só que minhas pernas... Tem horas que eu nem sinto. E o coração acelera e acelera e acelera.
Começou com aqueles olhos verdes incomuns abrindo as janelas e portas do meu olhar como se tivessem a chave e tocando algo que ninguém, até mesmo eu, não sabia da existência. Achou bonito e sorriu. Ai a gente se beijou. Não sei explicar até hoje o que aconteceu naquele dia, tampouco o que aconteceu depois.
Teve sms, mais beijo na boca e mais olho no olho. Descobri carinho quando nele encontrei todo um mundo além do comum “oi, tudo bem?”. Um dia eu pensei desviar os olhos e esconder a boca e parar de responder os sms. O coração estava pulsando diferente e eu não queria mudar depois que me mostraram que mudar é ruim. No dia seguinte estava deitada na cama depois de olhar para aquela cor verde de novo e pensando “como resistir?”.
Sabe aquela coisa clichê que a gente pensa que nunca vai acontecer com a gente, doutor? Então, estávamos nos chamando de apelidos monossílabos como “mô” e variações. Nos víamos toda semana, nos falávamos todos os dias. Qualquer semáforo vermelho me lembrava dele, pois quando juntos era desculpa para nos beijarmos no carro. Passei a dormir melhor depois de um encontro em que o perfume dele ficava impregnado em minha pele e me causava a impressão que ainda estávamos juntos. Numa noite eu disse que estava com frio e ele me abraçou mais forte, desejei ser inverno o ano todo de todos os anos.
Você sabe o que está acontecendo comigo?
- Não está acontecendo nada. Já aconteceu.
- E o que eu tenho?
- Amor. A senhorita tem amor...
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