Faz sete noites que estou dormindo na casa dos meus pais. O perfume dele está impregnada nos lençóis, nos livros, no ar do meu apartamento. Eu não quero me lembrar. Semana passada entrei na academia decidida a fazer minhas roupas se tornarem grades demais para mim. Para ver se assim tomo coragem de doar todas as que ele me deu. Eu não quero me lembrar. Primeiro de
agosto uma borboleta pousou na minha janela. Tenho quase certeza que foi um sinal de mudança sobre o desgosto que ele me deixou nos lábios. Eu não quero me lembrar. A turma do colegial marcou um reencontro. Sítio, ar puro, churrascão, o pessoal chegando acompanhado e eu sem ele. Não vou. Eu não quero me lembrar. Fui ao pet shop comprar ração pro gato de mamãe e me deparei com um labrador idêntico ao que ele me deu. Vendi o gato para não voltar mais lá. Eu não quero me lembrar. Mamãe achou loucura e pagou o dobro para ter o gato de volta. Puro egoísmo dela, muito similar ao dele. Fui pra casa da Carol. Eu não quero me lembrar. Carol é muito minha amiga, demais para me deixar na mão. Mas quando eu joguei fora o brigadeiro dela por me fazer lembrar dele foi definitivo para nossa amizade. Ela me mandou de volta pra casa. Eu só não queria me lembrar. Mas não me dei conta que não querer lembrar já é lembrar.
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