Todos os textos deste blog são de minha autoria, quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.

29 de março de 2011

Somente o sorriso dela faz o meu nascer.

 "Mesmo depois de conhecer vários e novos sorrisos, o dela ainda é o meu preferido" 
Eu tenho pensado muito nela. Não sei se isso se deve ao fato de tê-la encontrado há alguns dias ou por nunca tê-la esquecido. Sim, meu mundo deu muitas voltas e é fato que nesse tempo de quilômetros as distrações tenham feito muito bem sua função, entretanto não importa quantos giros a vida dê ou o quanto a visão turva ocasionada pelos mesmos me afaste brevemente dela, sempre retorno ao mesmo lugar. Com o amanhecer dos amores-distração é o gosto dela que me toma os lábios em saudade, e a vodka há muito tenta provar que independente da minha persistência nenhum sabor sobreporá o que ela gravou em mim, nem mesmo o salgado que em seguida foge pelos olhos. Embora eu já soubesse, somente agora eu tenho aceitado que ela tenha ido e ao mesmo tempo permanecido, em mim. Encontro-a em tudo e todos. Nas lembranças de travesseiro em noites, nos dias que tenho vontade de levar aos ouvidos dela, nos sonhos que quando com ela tive e que agora sem ela tornaram-se tê-la, no verso daquela música, no olhar de outra que não brilha tanto quanto, nos risos muitos que não sabem me fazer rir como. E nesses dias de aceitação, depois de ter lamentado os muitos erros e me arrependido de tantos feitos, me tomou essa vontade de mudar. Querer corrigir os meus defeitos e aprimorar os meus detalhes falhos. Querer ser melhor. Por ela, para ela. Para fazê-la sentir também esse misto contraditório que acelera meu peito toda vez que a vejo sorrir.

22 de março de 2011

Chegue mais perto.

Mas hoje em especial me bateu uma saudade grande de você. Quando te procurei por todos os lados e não te encontrei aqui fora e muito pouco aqui dentro. As lembranças estão ficando vagas e sua voz quase um sussurro. Não ecoa mais na minha mente o teu timbre único, nem aquece mais a recordação do seu toque. Sua ausência foi te roubando aos poucos de mim, mas deixou teus detalhes em angustiante saudade. Ainda me deparo com você em versos de algumas músicas, numa lembrança solta pelo dia e nesse desejo de você que às vezes me visita, mas o que antes constantemente me roubava o sono já permite esquecer-me da insônia. Como se meu corpo estivesse se moldando a essa lacuna de você, me acostumando a não te encontrar sempre que os olhos se fecham ou quando eles se abrem. Mas eu não quero te perder de vista, tampouco adormecer o que você causou em mim. Deixar o tempo transformar centímetros em quilômetros e acomodar a saudade até que ela se perca no esquerdo. Chegue mais perto, traz seu pulsar pra junto do meu. Deixe-me sentir seu gosto mais uma vez, e outra, e outra. Não deixe de existir aqui fora, e aqui dentro de mim...

18 de março de 2011

Meu mais sincero obrigado.


“Caiu finalmente a minha ficha
do quanto você é, tão e somente,
um cara burro.”
Tati Bernardi

Eu estava ficando cega. O brilho que fazia morada nos olhos aos poucos ia me cegando e aos poucos o real ia se ofuscando perto da ilusão que se formava. Feito aqueles que amam cegamente, porque não acredito em outra forma de amar se não cego, ou pior, míope. Estava acreditando no engano que a miopia trazia à minha vista, como se fosse realidade. E os sentimentos irracionais começaram a brotar cá dentro, junto às borboletas que aprenderam a voar ao ouvir sua voz e o coração que se inquietava sempre que o seu pulsar se encontrava audível. E nem o meu não querer foi capaz de deter esse querer crescente que me fazia buscar-te a todo o momento. A saudade já grande me engolia em noites que sua ausência trazia frio à minha cama. O seu nome surgia muitas vezes em meus lábios, e em mil vezes mais em minha mente. Os teus detalhes passaram a existir em tudo e todos para quem eu olhava. As músicas chegaram ao ponto de me trazer tuas mensagens de amor. E parando agora para analisar, acho que além de míope eu também estava ficando surda. Mas passou. Da mesma forma que tudo um dia passa, a visão turva e os enganos auditivos passaram. Antes até que criassem raízes profundas, que doesse muito ou ferisse demais. E isso eu devo inteiramente e somente a você. Que me emprestou o casaco, mas levou embora o abraço quando mais senti frio. Que me trouxe sorrisos e os ausentou sem mais. Que me cantou verdades falsas como se fosse poeta, me encantando em versos para me desiludir no final. Que lavou meus olhos com chuva de mar e levou embora o brilho, o engano. À você que se mostrou ser mais um na pilha dos ‘outros’, meu mais sincero obrigado.

16 de março de 2011

Encantamento.



E foi quase impossível eu não me encantar. Você me olhando com aquela cara de confuso ao me decifrar em contradições. Sem me entender, mas sem conseguir não de se encantar também. Falando dos meus detalhes feito poesia e com estrelas nos olhos. Que estrelas eram aquelas? Você sorriu dizendo que me refletiam e eu corei. Eram minhas afinal, deslumbre por você me ler assim tão bem, em tão pouco tempo. E se encantar com as minhas linhas, como se fossem um livro do Caio Fernando. Foi quando seus olhos ficaram tristes ao encontrar meus medos e assustados ao ver tantas cicatrizes, feito páginas arrancadas. Tocou-as sem que eu recuasse e isso era tão novo. Sempre fui boa em escondê-las em maquiagens-sorrisos e você as encontrou sem dificuldade, vendo além da calúnia dos lábios. Tocou-me sem fazer doer e foi mágico não sentir pela primeira vez após tanto tempo o toque não queimar. Você sussurrou com a expressão confusa lhe roubando a face outra vez que dentre todas as minhas contradições essa era a que você menos entendia. Como com tantas marcas eu continuava sendo tão bela. E foi quase impossível eu não me encantar.

...fazia muito tempo que eu não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém,
então era extraordinário que ele conseguisse perturbar assim os cantos de meus lábios.
(Caio Fernando Abreu)

“Não falta homem. Falta amor!”

Vez ou outra ela sentia um vazio no peito. Quando a correria desacelerava e o pulsar se encontrava audível longe do transito da cidade. A mente ao repousar sob o travesseiro se dividia em mil pensamentos, que se encontravam sempre em um alguém, ou na falta do mesmo. Fazia tempo que este havia se ausentado e cedido lugar a saudade. Este que ao longo da vida muda o físico, o cheiro, o gosto, o jeito, a voz, entretanto sempre traz similar paz, conforto, confiança. Ocupa o lugar que antes dúvidas e medos faziam morada. Possui o toque que não encontra somente a pele, te encontra por dentro. O abraço que não ausenta somente o frio, liquefaz a camada de gelo que envolveu o esquerdo. O olhar que desvenda a essência. O encontrar dos corpos que ultrapassa a anatomia e entrelaça a alma. Este que vive nos dias além de noites onde o beijo arrepia a pele, mas mantém intacto o interior.

14 de março de 2011

Noites de sexta.


A imagem dela mordiscando o lábio inferior ao se deparar com a indecisão de qual filme veriam levava um sorriso malicioso aos lábios dele. Encontravam-se todas as sextas à noite depois do trabalho. Eram um para o outro como a fuga do mundo. E tinham somente aquele intervalo de tempo entre as realidades, as noites de sexta. ‘Nenhum’, ela decidiu depois de meio minuto. ‘Não quero desperdiçar nosso pouco tempo com filmes’, disse certa e um tanto insegura à reação dele. ‘Concordo’ ele disse em seguida. Não achava que o filme seria um desperdício, da mesma forma que qualquer coisa ao lado dela não seria, mas sabia uma melhor forma de aproveitar aquela noite. Um beijo selou a decisão de irem para a casa dele. As horas giraram os ponteiros com velocidade de coisas boas, rápidas demais. Com o fim já próximo ela confessou entre rodeios e meias palavras que quando em quando pensava nele. Todos os dias. Ele sorriu aliviado ao constatar que não vivia aquela loucura sozinho, que ter ela nos pensamentos não era ao todo tão incomum. Ela mantinha os olhos mergulhados com timidez num nada menos intimidador. Já era difícil permitir o sentimento fugir pelos lábios, entregá-los no olhar se encontrava fora de cogitação. Ele disse, sem muito enfeite, que não tinha dúvidas que com ela daria certo. Ela sorriu ao dizer ‘um dia’. ‘Um dia’, ele repetiu. E se despediram, com aquele amor ainda não dito comprimindo o peito e um beijo doce que os lábios guardariam por muitos dias e muitas noites, até a próxima sexta.

13 de março de 2011

Me deixa ir?.


Eu acordaria pela manhã, abriria a janela e veria o mesmo sol de todos os dias. Encontraria os amigos e os sorrisos de sempre. Gastaria as horas da semana estudando e as dos fins de semana saindo como o costume. Dormiria com a velha música me cantando paz aos ouvidos. A vida seria a mesma de antes de você. Assim como continuou sendo depois dos outros. Então me diz por que eu não consigo ir embora? Se já disse adeus outras vezes, por que minha voz esta muda agora? Por que quando olho em seus olhos desejo dizer sim se a razão grita não? O combinado era retroceder mil passos ao chegar perto demais da linha-limite, mas eu a perdi de vista. Os pensamentos antes eram tantos e agora quase sempre são você. As lembranças, antes visita e agora de casa, são as nossas. Mas tudo é tão mais complicado do que te encontrar uma vez e outra também em minha mente. E dá medo. Gostar é começar o inferno todo de novo. Então me deixa driblar esse seu sorriso convidativo e ir embora, mais uma vez...

11 de março de 2011

Questão de cálculo.

Tudo tem haver com matemática, medidas. O amor não pode ocupar todo e qualquer espaço. Deve-se calcular os prós e os contras, avaliar as suas limitações e impor limitações a ele. Ponderar cautelosamente o quanto aí dentro se encontra disponível e ajustar o amor ao espaço oferecido, não o contrário. Afinal quem ele pensa que é para ocupar seus pensamentos? No máximo se acomodar entre uma lembrança e outra, aquelas que surgem em momentos vagos. Não é permitido atravessar a linha, brincar com o pulsar, fazer morada em devaneios. É necessário medir até onde vai a realidade, separá-la do sonho. Não pode misturar. Cada qual em seu espaço, devidamente ajustado. Você sempre como prioridade, em maior extensão, o que sobrar divide-se entre as distrações. Assim ao deixar de existir não abandona grande vazio, facilmente se ocupa. Percebe? Tudo é cálculo. Agora basta saber calcular.

Das conversas sobre amor, sobre amar.


S: Como foi que você descobriu que estava apaixonado por ela?
R: Nossa, que pergunta...
S: Desculpa. É que eu estava pensando... Sempre escrevi sobre, mas quando acontece além de fantasias eu fico sem palavras, sem explicações...
R: Na verdade eu não sou apaixonado por ela. Eu a amo.
S: E quando começou? Quando você se deu conta?
R: Não tem como se dar conta. É involuntário. É mais ou menos assim: você pensa na pessoa direto, ai fica olhando fotos dela, sentindo aquele aperto gotoso no coração. Basta estar ao lado dela pra que todos os seus problemas desapareçam. Quando esta perto da pessoa é como se recarregasse sua bateria e sua vontade de ir além. É difícil falar. É algo que te faz correr e engatinhar. É algo que te faz dar as mais altas gargalhadas lotadas dos mais sinceros choros. Não tem como saber. É diferente de tudo. Diferente de todos. Sei lá. É amor. Vai entender.
S: Eu não quero me apaixonar, mas tudo é tão fora do meu controle. E eu fico com esse medo, de acontecer. Se apaixonar é foda.
R: Paixão realmente é algo muito difícil. Ela vem avassaladora. Te faz a pessoa mais feliz do mundo e com a maior facilidade te reduz a nada. Mas isso que eu sinto não. É estranho. É algo que me tira o sono. E se alguém esta com ela e a faz feliz, eu digo que bom. Por mais que eu saiba que meu desejo é ser feliz ao lado dela, acho que meu desejo de vê-la feliz é maior.
S: O amor podia ser mais fácil não acha?
R: Mas é a realidade. É difícil, muito difícil mesmo.
S: E se você pudesse escolher? Escolheria não amá-la?
R: Não. Escolheria saber amá-la! Nem todo mundo sabe amar. E eu acho que ainda não sei...
S: É, eu também não...

Postagem coletiva - Participação especial : R.V.

Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis. Meu coração tá ferido de amar errado. Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos. É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado. Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém. Ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza. (Caio Fernando Abreu)

8 de março de 2011

É carnaval!.

A música alta invadia os ouvidos, acelerava o pulsar e transbordava animação-sorriso. O bloco percorria as ruas com alegria esfuziantes em máscaras diversas. Entre a agitação e a música que despertava certos sentidos enquanto o álcool adormecia outros um pierrô esbarrou numa colombina. – Desculpe. – Tudo bem. Ela não reparou nele e o desculpou sem desviar o olhar do trio que dispersava música. Ele se encantou ao ver o sorriso dela. O trio andou e ele fora atrás, mas agora seguia a colombina. Não desviou os olhos dela até o bloco se desfazer na Praça XV, quando notou que ela seguiria outro caminho e buscou coragem para lhe falar. – “Oi.” Sorriu incerto. – “Oi.” Dessa vez ela levou os olhos até a face dele, buscando em memória se o conhecia. – “Eu esbarrei em você mais cedo no bloco...” – “Tudo bem, aconteceu o tempo todo. É carnaval.” Ela sorriu. Ele se sentiu mais um entre tantos pierrôs, mas se encantou mais uma vez por aquele sorriso. – “Você tem um sorriso lindo”. – “Ah, obrigada.” Ela corou e sorriu de novo. – “Vamos comer alguma coisa? Depois de pular tanto você deve estar precisando repor as energias.” – “Não sei.” Ela recuou incerta. – “Vamos, é um pedido de desculpas por ter esbarrado em você.” – “Mas eu já te desculpei.” – “Então qual o problema em aceitar meu convite?” – “Eu não te conheço.” – “ Ótima oportunidade não acha?” – “Tudo bem. É carnaval!” Ela sorriu. Comeram numa lanchonete de calçada e trocaram risos muitos. A cada novo sorriso o pierrô se encantava mais pela colombina. A cada palavra que a fazia sorrir a colombina se encantava mais pelo pierrô. O relógio avisou a pressa do tempo fazendo com que a colombina tivesse que se despedir. – “Me dá seu telefone?” Pediu o pierrô choroso com a separação. Ela anotou num guardanapo e o entregou. –“Tenho que ir.” Disse ela distraída procurando a rua que devia seguir. O pierrô a roubou um beijo. Ela se surpreendeu e o olhou sem saber como se sentir. – “É carnaval”. Ele sorriu. Ela corou. Ao voltar para casa suspirou ao sentir o gosto dele ainda em seus lábios e sorriu. O celular vibrou com uma mensagem. “Não sei seu nome colombina” dizia. “É carnaval!” respondeu. E naquela noite fora dormir pensando no pierrô.

1 de março de 2011

Depois que o sol se pôs.

Querido A.

Não sei exatamente o que nos trouxe até aqui. Na verdade não sei nem onde estamos. Tantos anos com sua amizade doce ao lado, multiplicando minhas alegrias e dividindo as minhas dores, que o peito aperta ao cogitar amanhecer sem sua voz me cantando o bom dia rouco de sempre. Você sempre foi especial para mim, desde aquela noite em que seu sorriso tímido pediu permissão para fazer o meu surgir, sem saber que há muito meus sorrisos vinham refletindo o seu. E fomos nos tornando essenciais um para o outro sem nos darmos conta, mesmo que a saudade em poucos dias de separação viesse nos contar que já morávamos um dentro do outro. Mas só agora vendo a distância crescer entre nós que notamos o quão somos importantes e acredito que esse pulsar doído que habita meu peito também faça morada no seu. Eu não sei o que nos levou àquilo. Se foi o termino do seu namoro mesclado com minha carência acentuada. Se foi nossa conversa sobre relacionamentos complicados em contraste com a nossa relação simples de sorrisos fáceis. Ou se foi o sol que resolveu se pôr bem ali na nossa frente enquanto as palavras cediam lugar ao silêncio. Mas também não creio que agora importe. Só queria que você soubesse que não ausentarei a distancia entre nossos lábios outra vez, desde que você ausente esta que nasceu entre nós. Eu consigo ignorar a inquietação das borboletas e o ‘e se’ que tem roubado meus pensamentos ao nos fantasiar de outra forma, mas é impossível ignorar a falta enorme que você faz nos meus dias, na minha vida...

Com o esquerdo comprimido
sua eterna bailarina.

PS.: Não ligue para a saudade que marca o papel com sal, quando reli a carta ela atravessou os olhos inevitavelmente. E vê se volta logo, por favor.

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