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30 de novembro de 2011

Só mais um sonho.


Ele me invadiu com aqueles olhos azuis. Invadiu-me como somente ele sabe fazer. Arrepiou cada centímetro do meu corpo com apenas um olhar. E eu estremeci. Se com olhos ele conseguia me desfazer, a imaginação do estrago que um toque dele me causaria trazia-me um medo absurdo. Medo da dor que faria morada em mim quando o toque cessasse. Medo da solidão que afastaria o sono nas noites em que a ausência dele me lembrasse o quão eu sou infeliz longe daquele abraço. Então ele sussurrou algo que me pareceu ser “sinto sua falta”. Eu só consegui dizer depois de muito esforço que nunca havia saído daqui. Ele que havia me feito querer que ele fosse embora. E ele que foi embora antes mesmo que eu mandasse. Deixou-me com saudades que me destruíam toda vez que uma lembrança do sorriso dele inesperadamente surgia em meus pensamentos. Então eu percebi que na verdade ele nunca havia ido. Eu o encontrava todo dia. Naquele filme que não terminamos de assistir e perdeu a graça sem ele. Na voz do Leoni cantando que depois dele os outros são os outros. No sorvete de baunilha que se fez o sabor das nossas juras. Ele sempre esteve presente em meus dias, de certa forma. Mas com o tempo eu aprendi a ignorar as memórias, deixar de lado a falta. Ele não tinha o direito de reaparecer agora e desajustar tudo o que eu havia demorado tanto para ajustar. Ele se aproximou. Eu me afastei. “Me deixa voltar?”. Ele disse num tom firme. E eu despertei transbordando lágrimas. Foi só mais um sonho. Com os olhos embaçados, mal enxergando os nomes da lista de contatos no celular, procurei o nome dele. “Discar para o número” nunca fora tão convidativo. Não. Você consegue. Pare ele não. Repeti em mantra: Não, não, não. Ligo para outro. E para outro. Quantos forem necessários para suavizar essa minha necessidade dele. Desligo e choro mais um pouco. Eles não têm o mesmo timbre que faz música nos meus ouvidos. Tudo bem, o mundo é grande, tem muitos outros timbres para te encantar. Então levanto, tomo um banho e sigo o dia ligando para o mundo inteiro, menos para a única pessoa que eu gostaria de ligar. 

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