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22 de abril de 2010

A ponte.

Ela havia acordado após um pesadelo naquele dia e não demorou muito ao descobrir que era sua realidade. Ele não estaria lá para abraçá-la ou para sorri levando o resto do mundo embora. Mas ela tentou ignorar a dor e engolir os sentimentos que ainda estavam em cada parte de seu corpo. Enfrentou mais um dia, no automático, sem nada sentir verdadeiramente, com medo de despertar outros sentimentos. No trabalho quando o café a queimou a língua não sentiu, ou já estava anestesiada ou a dor era pequena demais para ser considerada. No fim do expediente ela pegou o carro e seguiu o mesmo caminho de volta para casa. Mas ela sabia que quando chegasse não haveria ninguém além da solidão. Ela parou na metade e sentou-se onde a placa dizia para não sentar. Ela sentiu o vento nos seus longos cabelos ruivos e pela primeira vez desde o fim ela apenas deixou acontecer. “O que eu não daria agora por uma palavra sua?” ela pensou. Ela deixou tudo escapar. A dor. As lágrimas. A raiva. E o amor. As pessoas olhavam assustadas, certamente pensando que ela iria pular. Mas porque ela não pularia? Sua vida agora não passava de cacos e lembranças mal remendadas do que um dia havia sido felicidade. Ela havia entregado o coração na esperança de receber outro em troca, mas acabou ficando sem nenhum. Ele a deixou, sem pensar nos seus sentimentos, num ato puramente egocêntrico, num momento de sofrimento particular. Ele havia pulado, por que agora ela não pularia?

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