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27 de abril de 2011

Não é medo do amor.


Você faz caras e bocas enquanto me conta sobre algum acontecimento cômico da sua semana e me faz rir. Eu cubro meu sorriso com uma das mãos ainda que o som em volume máximo escape por entre os dedos. Sua face ganha um aspecto sério e na proporção que a gargalhada se esvai eu pergunto o que aconteceu. Você pede para eu não esconder meu sorriso alegando esquecer-se do seu quando o meu some. Eu bebo a coca que esta no copo que você trouxe para mim e desconverso como se não tivesse ouvido, ignorando o fato de o meu rosto corado ter me entregado há muito. Pergunto se vamos ou não assistir o filme que alugamos e você vai preparar a pipoca enquanto me jogo no seu sofá. Trinta minutos depois estou me afogando em lágrimas com a suposta morte do mocinho e você me abraça, como se estivesse me protegendo, ainda que apenas do meu sentimentalismo bobo. Eu me afasto mesmo sentindo que teu peito me assegura dos meus medos mais profundos, exceto esse de me envolver demais. Com o final do filme e meus olhos já secos, você liga o rádio e coloca o cd com a música que elegeu ser nossa. Tira-me para uma dança e se arrepende, mesmo sem confessar, assim que meus pés desordenados pisoteiam sem dó os seus que nem parecem tocar o chão. Rio sem graça e você ironiza a dança, a música e a voz do cantor em uma das suas piadas me fazendo gargalhar tão largamente que minhas mãos não conseguiram esconder. Você rir também enquanto me beija e caímos no sofá. O sorriso ganha ar malicioso em combinação com as luzes já apagadas. Acordo com seu sorriso doce de bom dia e percebo ser melhor que qualquer café da manhã. Fico com medo. Porque meus lábios têm ganhado muito mais que contrações-sorrisos, felicidade. E o brilho que eu vejo nos seus olhos ao falar sobre mim é o mesmo que vejo no espelho ao me arrumar para você. Porque você me faz sentir que os dias são mais fáceis com a certeza de te ter no fim deles, seja num telefone, num cinema ou no seu sofá. Porque você pulou meu muro de receios e me mostrou o tanto que eu posso gostar de alguém. E que esse alguém pode ser você. E dá medo, muito medo, não do amor, mas de deixar que ele entre sabendo que um dia você possa não estar mais aqui para eu te amar.

Um comentário:

  1. Opa, passando mais uma vez para acompanhar o blog e confesso, este foi um dos seus textos que mais me tiraram o fôlego haha
    Muito bem narrado e com detalhes bem descritos.
    Como sempre, um ótimo texto!! Parabéns!!

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