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7 de janeiro de 2011

Ponto branco.


Olhava fixamente através da janela de vidro aquele ponto branco, ainda pouco maior que ela, ir diminuindo conforme se perdia por entre as nuvens. Transbordou-lhe do azul-céu após um piscar de pálpebras cansadas, uma gota transparente que levou-lhe aos lábios o sal. Engoliu um grito que ecoou seco no peito e perdendo de vista o objeto de observação, fechou os olhos deixando transbordar mais gotas do líquido salgado. Após quase um minuto, deixou o azul-céu enfeitar-lhe a face, ainda que apagados, e secou sem demoras a face encharcada de dor. Olhou mais uma vez o bilhete em sua mão, analisou aquelas três únicas palavras, guardou-as cuidadosamente no peito e, com quase igual cuidado, guardou o bilhete no bolso. Virou as costas para a janela e caminhou para fora do aeroporto encolhendo-se dentro do casaco. Embora a temperatura externa fosse agradável, sentia o inverno se acomodar por dentro. Sabia que teria que esperar o ponto branco se tornar maior que ela outra vez para trazer de volta o verão de abraços que acabara de levar embora.

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