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30 de janeiro de 2011

Travessia.

Despiu-se de todos os medos em um ato súbito de coragem e ignorando qualquer fator externo ao presente seguiu até o início da ponte e o estendeu a mão. Nunca fora corajosa ou de bravura invejável, pelo contrário. Ela era dona de predicados banhados de timidez e rosa, que quase sempre a enfeitava as bochechas junto a um sorriso no canto dos lábios. Mas havia algo diferente naqueles olhos castanhos profundos, algo convidativo, encorajador. De tanto olhar se perdeu nas profundezas enigmáticas e envolventes, se esqueceu do mundo, dos ‘poréns’ e ‘todavias’. Seguiu com ausência de cautela nos passos, sorriu com confiança e o convidou para fazer a travessia, juntos. A ponte era longa, com pedras e buracos no caminho, seria difícil chegar ao outro lado ileso ou ainda sem ao logo do caminho considerar desistência. Mas ela oferecia apoio em caso de tropeços, cuidados em caso de quedas e amor, de imensidão sem fim, a cada passo, querendo em troca apenas o mesmo. Ainda que o amanhã fosse feito de incertezas, enquanto os dedos estivessem entrelaçados ela sabia (sentia) que doce seria o caminhar.

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