Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim,
mas guardada em você.
(Caio Fernando Abreu)
Transbordou-me um mar ao ver aquela primeira foto nossa. Ela estava guardando o seu sorriso bobo de quem odeia fotos e aqueles mil momentos de quando você fugia da minha câmera. Nada mais é o mesmo. E soa estranho dizer isso em voz alta. Faz-me sentir saudades das nossas tardes conversando sobre tudo e sobre nada. Dos nossos abraços de despedidas onde nossos braços tentavam evitar que o outro fosse embora. Dos nossos planos para daqui a muitos anos. E os bilhetes, que ainda tenho guardado no peito, que diziam que sempre estaríamos ali, um para o outro. E é ainda mais estranho sentir essas saudades. Pois eu nunca imaginei que escapariam do presente essas coisas tão nossas. Por tanto tempo fomos nós que ser eu e você agora, dói, dilacera as promessas, os planos, o futuro. A verdade é que me sinto perdida sem os seus braços me impedindo de ir. Eu não sei para onde ir. Por tanto tempo fomos nós que agora, sendo somente eu, é como se faltasse uma parte de mim.
Falta você.