“... acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus.”
(Chico Buarque)
Meus pensamentos têm trazido você com mais freqüência e em similar assiduidade tenho buscado distrações que te afastem ou adormeça essa saudade que embora recente já ocupe grande espaço. Como se fosse errado permitir que você faça morada em mim, por agora. Como se fosse cedo demais para sentir falta do seu olhar repousando no meu. Mas a razão acostumada a limitar o sentir vem tendo dificuldades quando se trata desse querer, no qual você ocupa linhas e entrelinhas. Então eu tenho buscado formas de me desligar do relógio para não contar o tanto de tempo que ainda falta para te encontrar fora dos pensamentos. Mas estas são inválidas assim como o tentar afastar as lembranças ternas que intensificam a diferença dos dias ausentes de você. E assim eu descobri o quão longe chegou esse gostar. Gostar do sabor dos momentos que te tenho perto, dos sorrisos que você me proporciona, do seu gosto, de morar no seu abraço, de você. E eu tenho tanto para te dizer e um tempo tão recente para que as palavras se pronunciem que fico muda, sussurrando vez enquanto o bem grande que você já me faz. Mas isso é pouco, pouquinho, perto de tudo que fica silenciado e só com o tempo ganhará voz. Por agora deixo fazer som esse meu desejo de te ter por mais dias e mais noites, te ter sempre por perto, mais perto. (...)