Esse meu desviar dos olhos não é ausência de sinceridade em minhas palavras e atos, é apenas medo. E por medo eu fujo, dos seus olhos, de você. Há tanto, de tantos eu tenho fugido. Incansavelmente buscado desculpas por trás das quais eu me escondo, com as quais eu vou embora. E nessa fuga é necessário quebrar a atração dos olhares, permitir que as pálpebras se fechem antes que me perca na essência que os olhos guardam, antes que o motivo da fuga seja esquecido e inevitavelmente me destrua ao ser lembrado no final. Confuso, concordo. Mas o que não é confuso quando tratamos de sentimentos? Os olhos se encontram e a cada novo encontro atraem os lábios. O coração vai ganhando novo ritmo, a vida novos passos. A euforia domina seu estômago assim como a voz do outro acelera a batida presente em seu peito. Os sonhos abandonam a noite e passam a viver de dia, em seus pensamentos, feito realidade. Mas não são. Um dia, logo ou depois, a euforia dá espaço ao peito comprimido e os sonhos escapam pelos olhos até que sejam sentidos nos lábios em sal-realidade. Aquele sorriso que a pouco lhe roubava a face se faz oposto, contrário. E a dor se faz imensa, como nunca antes, te trazendo um sentir tão díspar ao ‘felizes para sempre’ dos contos de fadas. Então você passa a fugir do encontro dos olhares, onde tudo começou. Evita o envolvimento que trouxe como conseqüência a dor. E eu sigo assim, fugindo dos olhos que me cercam, que me fitam. Fugindo do início. Mas os seus olhos são os primeiros desde o fim que me trazem um início tão convidativo, tão fácil de aceitar. Vasculho as palavras e tento formar novas desculpas, dessa vez não para os olhos que me fitam, mas para os meus, que excepcionalmente não desejam ser fechados.
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