Abafava o som estridente de um grito com um sorriso. Já se encontrava mais convincente, ainda que o grito não tivesse perdido o volume ou o peito descompassado perdido a dor. Era ela que ao passar do tempo fora adquirindo experiência em maquiar sorrisos e imitar sons de risos. Entretanto encontrou entre as pistas da vida um dançarino que possuía timbre-amor, na sua mais pura forma. Ouviu incrédula os doces sons familiares e conforme os acordes iam sendo reconhecidos permitia aos ouvidos maior atenção, para ter certeza. Não havia mais dúvida. O esquerdo ruiu mais alto que a felicidade de fora ao lembrar-se da acústica-amar, que ecoou por dentro. Não guardou as lágrimas, dentro a ausência de espaço a obrigou transbordar. Permitiu que o nó que segurava a falsa alegria se desfizesse em meio ao sal que marcava seu rosto. Ele assistindo as lágrimas dançarem em ritmo progressivo aproximou-se com o olhar preocupado, como se visse além da dança, ouvisse a música melodramática de um Tum-tum-tum quebrado, desafinado, dentro dela. Estendeu-lhe a mão em leves caricias pela face e entrou na dança ao encaixar os passos num abraço. Sussurrou algumas palavras em seu ouvido que soaram como canção. A música vinda de dentro começou a ganhar compassos novos, se moldava aos poucos à que fazia morada nele. O sorriso fugido voltou tímido aos lábios dela conforme a melodia fora a envolvendo. As palavras muitas que surgiram se encontravam incapazes de atravessar os lábios, se fizeram mudas. A harmonia da dança dispensou qualquer som além daquele que em novo ritmo guiava os passos dela. Agora em dupla, representava a arte de sorrir em sentir a felicidade morar dentro.
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