"Se você ao menos partisse e se levasse inteiro, mas ficou tanto de você aqui, fazendo morada no meu lado de dentro."
(Gabriela Castro)
Nunca mais o viu. Nem mesmo em sonhos, como tantas vezes teve a esperança de encontrar. Mas sonho desde sempre foi indomável. Nunca o guiamos, ele sempre nos guia. E sendo assim encontrou mil pessoas em noites quase sem fim, entretanto ele, ainda que fosse encontrado em cada esquina de desejo do subconsciente dela, nunca fora visto. Ela não se lembrava mais da última vez que o vira, mas lembrava que não sabia que seria a última. E nesses dias de céu nublado e previsão de chuva interna ela vasculhava cada lembrança, revirava o baú de memórias e resgatava o melhor sorriso que ele a havia oferecido. O peito se encontrava pequeno demais nessas horas, mas o sorriso dele, ainda que apenas em mente, como de costume trazia paz aos descompasses do esquerdo. E recordando assim, dele sorrindo, sorria molhado, por saudade, por vontade. O tempo que passara desde o último sorriso seco fora muito, pois sorriso quando junto trazia estrela aos olhos e agora tão só via-se nublado com chuvisco silencioso, doloroso. E mesmo depois de assistir o tempo desfilar pelos dias e a dor acomodar-se até tornar-se amiga, sentia falta dele. Sentia falta do som da voz dele, falta das brincadeiras dele, falta do abraço dele, falta dos sorrisos dele e falta dos sorrisos dela, que desde a ausência do dele não brilhou mais.
Dedilhado numa noite onde a saudade, em gotas, marcou o papel.
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