Todos os textos deste blog são de minha autoria, quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.

13 de setembro de 2011

O silêncio que pronuncia o fim.





 
O início de tudo é uma simples idéia. Foi assim da outra vez que eu decidi que você devia ir embora de vez. Você estava pela metade numa metade de um dia, de uma hora. Nunca me contentei com pouco, ainda mais quando se trata de amor. Tenho para mim que amor mesmo, não esses gostares que se encontram em muitas esquinas, só existe em pacote completo. Essa coisa de amor em doses de conta gotas não é amor, é engano. E foi a partir da idéia que talvez você estivesse enganado que surgiu o nosso fim. No primeiro momento estávamos próximos de tal forma que não se encontrava espaço para o ar entre nossos lábios. Entretanto não foi necessário muitas voltas no relógio para que nossos olhos obtivessem maior campo de visão sobre o outro, que em seguida os dedos entrelaçados deixassem espaços ocupados apenas por lembranças, até que por fim sua ausência me acompanhasse por toda parte. Eu já obtinha conhecimento da desmedida dor que me afligiria diante de um adeus, parte dela já ofuscava o brilho dos olhos nesses dias nos quais seu amor se fazia escasso feito água no deserto. Então defini que molhar o travesseiro um pouco a cada noite era mais doído que encharcá-lo inteiramente de uma só vez. E sem que você esteja por perto para afastar tal idéia, aos poucos ela vai se enraizando e sendo alimentada pelas gotas do seu aparente equívoco de amor mais uma vez. Talvez tenha sido um erro insistir em nós, uma vez que o fiz sozinha. Presta atenção. Você está ouvindo? É, o telefone continua mudo e o pulsar do esquerdo, que antes zunia acelerado, vai se equiparando ao silêncio.

Não me deixe ir, posso nunca mais voltar. (Clarisse Lispector)

8 de setembro de 2011

Entre lacunas, está tudo bem.




 
Tudo está bem, sabe? Olhando assim: para fora da janela. Não tenho ficado até muito tarde no trabalho, o meu vizinho não me acorda mais às sete da manhã de todos os sábados com o barulho que ele chama de música e eu até voltei a freqüentar as aulas de francês. Mas quando chega a noite e inevitavelmente minhas pálpebras cansadas se fecham, eu vejo a bagunça que está cá dentro. Sem você as coisas não funcionam. Bom, não é isso exatamente. Antes de você as coisas iam bem, mas depois de sua chegada o funcionamento destas se adaptou a sua presença e agora precisa encontrar uma nova organização. É questão de tempo, você sabe. Eu estou querendo saber também. Eu troquei os lençóis da cama impregnados com o seu cheiro, passei a tomar o café mais forte para anular a lembrança do seu gosto e nunca mais olhei as estrelas, porque contá-las sozinha não é a mesma coisa. Ocupei todas as horas dos meus dias, mas ainda encontro tempo para sentir saudade de você. Olhei-me no espelho esses dias e o reflexo me mostrou a cabeça, os braços, as pernas e o tronco, tudo em seu devido lugar. Mas ainda assim tenho aquela sensação de que falta alguma coisa. Falta você. Então eu compreendi que o seu sorriso desarmado de bom dia e o tom da sua voz que diminuía com o avançar da madrugada, me completava de alguma forma. Não que eu seja metade, mas que depois de você eu pude ser mais que completa. Eu fui além dos limites dos nossos corpos, desvendei seu íntimo de tal forma que seus detalhes se misturaram com os meus. Agora que você se foi e levou as suas minúcias que foram tão minhas, ficou um monte de lacunas em mim. E por mais que eu tente preenche-las com novos amigos ou outros amores que contraem os cantos dos meus lábios de novas formas, eles nunca saberão me fazer sorrir como você. Então eu vou seguindo assim mesmo, com sorrisos de uma quase felicidade. E tudo bem se não está nada tão bem assim, vai ficar. Ou pelo menos passarei os dias tentando me convencer de.

28 de agosto de 2011

Enquanto durou, foi infinito.


Você sabe que eu não sou de fazer rodeios, então direi de uma só vez: Não nos amamos mais. Ainda há carinho e bem-querer, mas isso é coisa de amigo. Tudo bem que em noites frias buscamos o calor do corpo do outro enquanto nossas pernas se confundem e nos perdemos entre os lençóis. Mas não há mais nada além de tesão. O que antes era amor agora é só sexo. O nosso eu te amo ficou mais comum que o bom dia do porteiro do condomínio. As borboletas fugiram pela boca enquanto bocejamos pelo tédio que se tornou o nosso relacionamento. Entendo que tudo um dia vira rotina, mas já não sentimos saudades um do outro e confessemos que há uma pitada de alegria quando o trabalho ou alguma outra coisa nos mantém distante por mais tempo que o normal. Sabe, tudo passa. Os dias passam, os momentos passam, as pessoas passam. E nosso amor passou. Não é que não tenhamos dado certo. Demos e muito, por todos esses anos que eu te quis até mais que a mim. Talvez você duvide que tenha sido amor já que não foi para sempre. Mas não temos mais dez anos para nos magoarmos com um fim diferente dos contos de fadas. Amor é ser o chão do outro, gravar os detalhes, dividir as lágrimas e multiplicar sorrisos. Logo, inegavelmente fomos amor. E eu devo a você minhas lembranças mais doces. Contudo agora vivemos apenas disso, de lembranças. Admitir o fim nunca é fácil, então encaremos dessa forma: nós vamos continuar. Serei sua companheira para qualquer hora da mesma forma que venho sendo, teremos apenas vidas separadas. Você terá um apartamento todo para sua bagunça sem minha voz reclamando da toalha molhada na cama e poderá ter o cachorro que sempre quis, mas não teve devido à minha alergia. Seu nome continuará no meu plano de saúde como quem chamar em caso de emergências, porque ainda confio em você mais do que em qualquer outro. Em meio à correria dos dias nos esbarraremos pela rua e almoçaremos de vez enquando para reclamar da vida. Será diferente, mas garanto que melhor. Mesmo não sendo mais “nós”, continuaremos sendo eu e você.

“Eu não sei se rosas vermelhas ou qualquer metáfora podem resumir o amor, mas quando penso em amor, vejo que ele deve ser transformador. Depois de você, eu mudei, isso é fato e como aconteceu ou quanto durou, não importa.” (Gabito Nunes)

27 de agosto de 2011

Desculpe-me pela última vez.





 
“Então aqui estou eu engolindo o meu orgulho
Parada na sua frente dizendo
Que sinto muito por aquela noite”

Não feche a porta. Ainda não. Escute antes o que eu demorei um tempão para admitir e mais um pouco até vir te dizer. Depois eu vou entender se você ainda quiser virar as costas. Eu sinto sua falta. E não há um dia que eu não pense em você ou uma noite em que eu não me arrependa da nossa última. Eu senti medo e o escondi atrás da falta de tempo para algo a mais e das nossas idades de curtir cada momento como se fosse o último. Por favor, não me olhe desse jeito. Eu sei que eu mereço, mas dói feito um corte profundo uma vez que antes seus olhos refletiam alegria-amor. Você ainda me ama? Porque eu ainda sim. Sei que duvidas que houvesse tal sentimento naquela época, imagine agora. Mas se eu não sentisse cada centímetro do meu corpo arrepiar à cada lembrança nossa, se o seu silêncio não ocupasse cada canto do meu quarto, se você não tivesse se apoderado de cada pensamento meu da mesma forma que fizeras com meu peito, eu não estaria aqui. A liberdade não é nada além de saudades de você. Desculpe-me pela falta de tato nessa coisa de amor, é tudo muito novo para mim. Perdoe-me pela burrice de ter deixado o seu amor me escapar pelos dedos enquanto eu te dava adeus. Eu voltaria atrás sem pensar e em todas as vezes que penso se eu pudesse. Prender-te-ia entre meus braços num daqueles abraços tão nossos e te contaria do amor que me assusta. Não há mais aquele medo diante deste de ter te perdido. Eu queria ter percebido antes o quanto eu amo você.

Inverta meu sorriso.


Encare o castanho dos meus olhos e me invada com o azul dos seus, como se penetrasse no meu íntimo, repousando em minha alma e então grite palavras afiadas que me corte inteira por dentro, em mil pedaços, de tal forma que não haja como reconstruir. Não, essas pequenas coisas, como sumir de vez enquando e esquecer-se de ligar, não funcionam. Dessa maneira, você alimenta essa esperança boba que espera você voltar e o telefone tocar. Faça uma coisa muito ruim, que dilacere o peito tão impiedosamente que o perdão se perca. Mostre-me que você não se importa. Vamos, ainda está no início, ainda há tempo. Faça algo logo, sem pensar, que destrua minhas ilusões e que me impeça de sentir todo esse amor por você. Não espere cada milímetro do meu corpo se viciar no seu gosto. Não me encante com suas confissões românticas. Conte-me que estas chegaram aos ouvidos de tantas outras. Não faça com que eu me sinta a única. Você está agindo errado. Está fazendo com que eu pense em você com um sorriso enfeitando os lábios antes de dormir. O travesseiro está seco, não está vendo? Transbordando apenas sonhos e planos nos quais somos protagonistas. Estou em suas mãos e você ao invés de fechá-las e me esmagar, apenas me acaricia como se sentisse amor.

"Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode." (Tati Bernardi)

23 de agosto de 2011

Você me faz querer dizer sim.



Você tem um sorriso lindo e sabe fazer um biquinho tão fofo que me derrete toda. E foi reparando nessas coisas ridículas que só sentimos quando estamos apaixonados que eu me dei conta das tantas porções de coisas que em ti são opostas a mim e da possibilidade de não darmos certo. Não dar certo é a lei da vida, a história de ser igualmente proporcional, que as chances para dar errado são somente 50%, é lenda. 99% explicitariam melhor os fatos. No entanto esse não é o problema, já estou ciente faz tempo de tal probabilidade. O grande caso está em não darmos certo diante desse brilho nos meus olhos quando vejo você. O que eu vou fazer com esse monte de coisas que eu aprendi sobre você? E com isso de eu ter criado um carinho especial por elas? Não sei, não tenho o manual de instruções ou um guia para quando as coisas dão errado. Mas eu sei que vai doer ter que me desfazer dos seus detalhes. Então eu evito pensar em ti, porque sem querer surge aquela vontade de fazer mil coisas com você e a imaginação constrói planos para um futuro doce no qual nossos dedos estão entrelaçados. “Pisa no freio”, alerto-me. Mas estivemos parados tanto tempo, esperando o momento certo, que o acelerador nunca esteve tão atraente. Eu quero você mesmo, não dá mais para esconder ou conter esse sentimento que confessei ser amor. Há algum tempo venho fielmente seguindo a filosofia de liberdade, mas agora me pego com um sorriso nos lábios ao ser tão tua. Está tudo bem, Clarisse me contou que liberdade mesmo é ter um amor para se prender. E eu estou, inegavelmente, algemada.

4 de agosto de 2011

Sobre o que eu não sei te dizer.



Eu tinha a intenção de te ligar agora, pequena, como no fim de toda noite, e te falar coisas que não te contei nas ultimas conversas, embora faça tempo que eu queira te dizer. Toda vez que surge uma brecha entre nossos assuntos cotidianos e o silêncio me sussurra “é agora”, eu respiro fundo e penso em como começar  te falar essas coisas que não se dizem costumeiramente, mas que há tanto vem roubando meus pensamentos e fazendo um nó na minha garganta. Só que eu nunca encontro um começo, entende? Não sei se devo iniciar descrevendo o teu sorriso doce que segue aquele “oi” com uma empolgação tão tua enfatizando o “i” em todos os nossos encontros. Ou se antes devo confessar que ainda não descobri como conter o meu sorriso bobo quando você está por perto. Eu já perdi as contas das tantas vezes que você joga a sua franja para o lado, depois a traz para o mesmo lugar e depois a joga para o lado de novo, não satisfeita com o resultado. Você repete tal ação exatamente da mesma forma inúmeras vezes em poucos minutos, e eu ainda assim fito cada detalhe em cada repetição. Já não sugiro mais que você prenda ou a deixe crescer, você, embora demonstre o contrário, responde todas as vezes que gosta dela assim seguido por um sorriso que impede qualquer contestação. Tudo bem, acredito que sentiria falta dessa sua mania se a franja te deixasse em paz. Não tanto quanto do seu drama, é verdade. Nunca conheci, em todos esses vinte anos de vida, pequena, alguém com tamanha capacidade de dramatização. Você conseguiria emocionar até aquele segurança que não riu do Freddie Mercury Prateado contando a história daquele seu sorvete que caiu no chão assim que sua língua encostou nele. Juro que só não chorei porque me perdi na imaginação de estar do lugar do sorvete, no entanto isso não vem ao caso agora. O que eu estou tentando dizer é simples, mas se complica quando tenta fugir pelos lábios. Não sei se há palavras que traduzam a paz com a qual eu vou dormir quando a última voz a ouvir é a sua, ainda que no telefone, me desejando boa noite. Acho que não. Não há nenhuma que descreva integramente o charme que embala a sua voz quando você quer conseguir alguma coisa, ficando surpreendentemente ainda mais encantadora. Nenhuma que exprima verdadeiramente o quanto me dói quando a tristeza invade teus olhos chocolates profundos. Nenhuma que explique a fuga do ar dos meus pulmões quando você me abraçou pela primeira vez. Nenhuma que revele o fim do meu sossego ao se deparar com um suspiro seu. Nenhuma, nenhuma mesmo, que exponha fielmente o meu amor por cada detalhezinho seu. E talvez seja por isso que eu não consiga nunca te contar que há muito eu me apaixonei e que me apaixono, todo dia, por você, pequena.

29 de julho de 2011

Três pontos.


Tentei tantas vezes pôr um ponto final na nossa história que este virou reticências e agora nós não temos mais fim. Eu não aceitei no início a idéia de não ter mesmo jeito, que eu te amaria longe ou perto. Perder o controle não é algo agradável quando o domínio há muito te acompanha. Desamar sempre foi fácil, doía alguns dias, mas então vinham os amigos, novas distrações e um novo sorriso. A dor assim como o tal amor virava recordação. Mas com você era diferente. Não consegui esquecer o teu beijo que percorrera meu corpo em um arrepio ou o teu perfume que se fixou feito tatuagem nas minhas lembranças mais doces. Não soube encontrar um meio de te apagar dos meus pensamentos, das minhas palavras, do meu desejo. Então eu me rendi à busca dos meus lábios pelo seu gosto, do meu corpo pelo seu abraço, dos meus olhos pela sua luz. Eu ainda não sei explicar a intensidade deste algo que nos une, apenas não tenho mais forças para me manter longe de você...

16 de julho de 2011

Trilha sonora.





Ao cantar aos plenos pulmões “When you’re gone” me dei conta do quanto o medo de você partir outra vez ainda me corrói. Você invadiu meus pensamentos e infectou cada música ligeiramente romântica do meu IPod de tal forma que não consigo mais ouvir minha playlist sem te encontrar passeando pelos refrãos do Owl city, Lifehouse e Jhon Mayer. Já acordo com Jack Jhonson me sussurrando ao ouvido o quanto somos melhores juntos, seguido pelo Leoni me lembrando que depois de você, os outros caras são somente os outros. E isso me causa um medo imenso. Você se dá conta do estrago que minhas músicas favoritas vão fazer se você for embora outra vez? Como se não bastasse os sentimentos que ficarão de ponta cabeça cá dentro, terei que me acolher no silêncio já que cada rima vinda dos meus fones de ouvido serão como afiadas lembranças. É difícil te dizer esse tipo de coisa porque eu teria que admitir que estou me envolvendo, contradizendo minha promessa de ouvir a razão. Mas é que quando você diz que me ama fixando seus olhos nos meus eu não consigo ouvir mais nada. Vesti-me com indiferença e usei batom de beijos sem sentimento como uma proteção contra você, mas bastou um toque seu para eu me despir dessa armadura de gelo e me derreter no calor do seu abraço. Você tem alguma coisa, um segredo por trás do azul dos seus olhos. Não sei, algo que os outro não tem e que me prende a você. Deve estar aí a explicação para o desconcerto do meu peito ao ouvir seu nome independente do tempo que passe. Eu tento não transparecer esse poder que você tem sobre mim, mas Colbie Caillat me canta as tantas coisas que eu não te contei da outra vez e que talvez te fizessem ficar aqui. Então chega mais perto, senta aqui do meu lado e ouve meu peito dizer pro teu nesse pulsar desigual que eu amo você, muito. Caetano me contou que quando a gente ama, a gente cuida. Então cuida de mim enquanto eu cuido de você. Não quero somente a sua mão segurando a minha para atravessarmos a rua ou durante um filme de terror, quero sempre. Quero sua voz sendo trilha sonora dos meus dias e seus sussurros como minha canção preferida. Quero que você fique.

30 de junho de 2011

Quando alguma coisa acontece.


Você conhece alguém e tudo bem, não há nada de errado em conhecer novas pessoas, mas então alguma coisa acontece. Não se sabe exatamente a forma com que acontece, se é rápido ou lento. Sabe-se apenas que é intenso. Penetra teus muros de proteção e destrói o teu mudo de certezas. De repente você não se importa se está sentado num sofá, num banquinho desconfortável de praça, ou até mesmo de pé, desde que esteja com esse alguém. Você começa a sorri sem motivos aparentes, e não somente com os lábios, mas com os olhos que ganharam um brilho estranhamente singular. Então ele passa a ocupar sua mente quando vai dormir, depois também quando você acorda e quando você se dá conta ele esteve na sua cabeça o dia todo, todos os dias. Aí já era. Não adianta fingir que não liga, que é coincidência porque quando o telefone toca o coração quase escapa pela boca e é a voz dele que o seu ouvido busca enquanto seus lábios reaprendem a dizer ‘alô’. E se não for ele do outro lado da linha hoje e amanhã e depois de amanhã e na semana ou mês que vem o pulsar descompassado que te roubava o sono vai se tornar lento, doído e sem outra cura se não a voz, o toque, o olhar dele. Então você se esquece dos conceitos formados, do orgulho e corre atrás do seu sorriso ainda que através do dele. Porque alguma coisa aconteceu quando seus olhos se cruzaram ou quando ele tocou sua mão naquela primeira vez. E quando acontece... Ah, quando acontece: aí já era!

29 de junho de 2011

Deve ser.


Deve ser porque você inventa um sorriso para minhas piadas mesmo sendo ruins. Deve ser porque você veste jeans com all star e me empresta seu abraço quando eu estou com frio. Deve ser porque você não me manda rosas, mas aparece de surpresa numa dessas tardes que eu quero sumir do mundo e faz o mundo sumir. Deve ser porque teu gosto não sai da minha boca. Deve ser porque você segura minha mão ao andar do meu lado. Deve ser porque teu perfume impregnou minhas roupas, minha memória. Deve ser porque você pergunta como foi o meu dia e pára para ouvir. Deve ser porque você não gosta dos mesmos filmes que eu, mas esconde e os assisti comigo. Deve ser porque você diz que eu estou bonita sempre que nos vemos. Deve ser porque você me manda mensagem dizendo que esta com saudade e me liga em seguida para ouvir minha voz. Deve ser porque você diz que vai dar tudo certo e faz de tudo para que dê. Deve ser porque você não sabe fazer se quer um miojo, mas delicia-me com beijos demorados. Deve ser porque você me olha diferente e sem pressa. Deve ser porque numa noite de segunda paramos para olhar as estrelas. Deve ser o porquê eu gosto de você. Deve ser.

16 de junho de 2011

Ponto final.

Publicar um texto é um jeito educado de dizer "me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu".

Eu nunca entendi o porquê do fim. Nunca encontrei ninguém que me explicasse a necessidade de um término. Como um texto que carrega alegria em cada palavra precisaria encontrar um limite? Como você que trazia sorrisos em todos os dias precisou encontrar um triste ponto final? Acredito que depois deste ponto você descubra um recomeço, com felicidades imensuráveis, com o dobro das que você nos proporcionou aqui. Não há dúvidas que você seja merecedora do mais doce brilho nos olhos. Mas para quem fica antes do ponto, neste lugar que por tanto tempo você fez mais belo, um recomeço sem teu carinho e motivação não é somente difícil, é indesejável. Amanhecer sem te encontrar durante o dia ainda é inaceitável. Lembro-me que da última fez que o fim visitou um dos que moravam em meu peito foram os seu braços que me guardaram e suas palavras que aliviaram minha dor. Mas agora não encontro seu abraço, só a sua voz silenciosa que amplifica o grito do esquerdo. Noite passada meu travesseiro não conseguiu ocultar o som das lágrimas incessantes e se não fosse aquela pílula, estas teriam afastado o sono até encontrar o sol. Sua ausência dói e dilacera cada pedacinho de mim. Por mais que nos últimos dias você dormisse ao som do bip daqueles aparelhos, muita esperança me fazia acreditar que seus olhos castanhos chocolates logo me olhariam com a sua luz de sempre. Mas o bip cessou e os seus olhos não abriram. Então eu fui pra sua cozinha por não conseguir respirar na sala entre tantas lágrimas daqueles que assim como eu não aceitavam você partir assim. Lembrei-me da última vez que estivemos ali, no natal. Você havia preparado uma mesa farta e sem esperar o relógio badalar meia-noite, nos havia feito comer cada prato que só você sabia preparar. Ainda estava pendurado na parede o presente que eu te dei naquela noite e foi doído lembrar do seu sorriso ao recebê-lo pois agora eu só o veria novamente em memórias. Vieram-me todas as nossas lembranças, minha infância nessa casa com você brigando comigo e me mimando. Lembra que nessa mesma época, quando eu ainda era um tiquinho de gente, te chamava de mãe e os outros me corrigiam repetindo: ‘diz titia, ela é sua titia’? Então, eles estavam errados. Nosso coração reconhecia aquele amor todo e sabia desde cedo que você era a minha mãe. Hoje eu acordei e a primeira coisa que fiz foi sentir a sua falta. Sei que você sabia disso, mas só queria te dizer mais uma vez: Eu te amo, mãe!


9 de junho de 2011

O brilho que se esqueceu de acontecer.



Venha agora, não espere o músculo, a piada, o botão, o calo, a saudade, o arrependimento, o vazio. Eu preciso sentir que você ainda sente, eu preciso que o seu coração dê um choque no meu. (Tati Bernardi)

Eu queria saber te falar, sem receio algum, meias palavras, rosto corado ou tristeza tornando o peito pequeno, o quanto é imenso esse sei lá o quê que nasceu em mim. Te fazer entender que ele não mudou depois desses caminhos opostos que seguimos e que nos trouxeram aqui, para um caminho similar outra vez. E por último, talvez mais importante, gritar para você que eu não entendo, nem um pouco, esse seu parecer querer agora e daqui a pouco parecer não querer mais. Mas eu não sei como. Quando eu te olho, nessas raras vezes que nos encontramos, fica um nó na garganta impedindo até mesmo o ar entrar. Eu fico um tanto boba e esqueço-me do que sufoca as palavras, já dispensáveis perante o sorriso que você inventa em minha face. Mas então você vai embora, nosso tempo sempre curto, e o nó da garganta aperta também o peito. Lábios amigos sussurram-me para disfarçar o brilho dos meus olhos e alertam a ausência do mesmo nos seus. Você parecia tão alegre. Já não sei mais se era felicidade sua ou a minha, grande demais, sendo suficiente para nós dois. Teu sentimento no papel é tão bonito, entretanto às vezes você se esquece de praticá-lo. Triste, não? Ver tantas possibilidades de sorrisos sendo esquecidas por aí. Estou cansada do que inverte sorrisos, do que traz esse nó e impossibilita o sentimento sair do esquerdo. Há tanto precisando dos meus pensamentos enquanto eles focam no não-brilho do seu olhar. Vou deixar de pensar, de tentar. Acho que algo assim como o que faz morada em mim devia expandir doçuras ao invés de prendê-las.

Que teu olhar acenda ou que o meu enfim se apague.

20 de maio de 2011

Cinza.


O frio invadiu o cobertor por uma fresta e tocou minha pele, arrepiando-me. Já havia me esquecido que além dos limites dos seus braços o inverno se vazia notar. O telefone toca e você sussurra que se eu esquecer o mundo lá fora, ele se esquece da gente aqui dentro. Tudo bem, eu não ia mesmo atender. Abandonar o teu abraço exigia mais forças do que eu tinha no momento. A chuva bate furiosa na janela e eu me concentro nos pingos que percorrem o vidro. Você se lembra de quando nos conhecemos e pergunta se eu lembro também. Faz mais de um ano. Você diz parecer ter sido ontem. Aquele sorriso aberto de menino doce toma seus lábios como naquela noite, me encantando da mesma maneira. Parece que nos conhecemos de longa data, um ano é pouco para tanto sentimento assim. Troveja lá fora e eu te abraço mais forte. Você diz desconhecer meu medo de trovão. Não tenho mesmo, só queria te sentir mais perto. Mas não confesso. Aproveito-me do seu jeito protetor que me envolve no calor do teu corpo e diz estar tudo bem, que estás aqui. Queria que todo dia fosse assim. Esse friozinho de fora me mantendo aquecida dentro do teu abraço. Ficamos calados ouvindo a chuva cair e o nosso pulsar dançar em ritmo igual. Você interrompe o silêncio dizendo que o cinza desse dia chuvoso é bonito. Pensei que não gostasse de cinza. Não normalmente, só quando se misturam com a cor dos seus olhos. Digo-te baixinho que cinza poderia ser minha cor preferida e você sorri. (...)

19 de maio de 2011

Sempre nós.


Confesso que me senti insegura quando vi nos teus olhos o brilho de um novo amor, diferente do nosso, não meu. Essa estranha novidade era assustadora, como se um novo sentimento fosse ocupar o lugar do nosso que há muito está aí. As coisas são substituídas com o passar do tempo, é o normal. Mas nunca nos encaixamos nesse conceito, você me lembrou. Tuas palavras acalmaram o coração que pulsava descompassado cá dentro, imaginando não poder te guardar mais. Independente do novo que te trazia sorrisos, o que eu colocava nos teus lábios você não abriria mão. Foi doce me encaixar no teu abraço sabendo que aquele lugar ainda era meu, esperando para me acolher sempre que se fizesse necessário. E era necessário, porque havia medo, saudade e muito, muito, amor procurando teu peito para repousar. Quem vê de fora não entende, mas te ter, assim como você tem a mim, para guardar confiança e amor é único. É poder baixar o muro contra o mundo e revelar sonhos e desejos; contar os dias e sentir o outro guardar cada detalhe, ainda que bobo; desabafar sentimentos e confessar loucuras sem censura; desfazer os limites impostos pelo externo e mostrar o interno, ferido, cicatrizado, deformado, verdadeiro e não ser somente aceito, mas visto lindo pelos olhos do outro. E sentir de novo essa nossa singularidade me trouxe estrelas aos olhos. Você me relembrou que quando se trata de mim e de você, independente do tempo, somos sempre nós.

”Há em você alguma coisa de mim. Alguma coisa que eu vejo e me acalma. Como se eu pudesse deitar de novo no lugar de onde vim, pois só você sabe que lugar é esse. Então você me entende... E eu não me entendo tanto quanto entendo de ti. Talvez isso seja amor. Talvez não. Seja lá o que for, é incondicional.”
(Fernanda Young)

13 de maio de 2011

Palavras não ditas.

Eu queria te dizer que se você sumiu das minhas ligações recebidas, da minha caixa de mensagens, da minha vida, eu entendo que tenha sido porque era o melhor para você depois das minhas palavras em nossa última noite. E que eu nem deveria estar te escrevendo ou tentando revirar sentimentos revirados como disse Ana Carolina, mas.. Eu sinto sua falta. Muita. Aquele sentimento de quatro anos, o mesmo que eu julguei ter multiplicado e depois diminuído, parece não ter se modificado. Eu sempre tento o medir e talvez o erro seja este: medir o que se encontra além de proporções. Então quando digo que ele está igual, quero dizer que ainda se encontra enraizado cá dentro, na cabeça ou no coração, o que seja, ele ainda está aqui. E vez enquando, nos últimos dias com freqüência assustadora, ele tem me sussurrado, ou gritado, o quanto o azul dos seus olhos faz falta em meio esse preto e branco dos meus dias corriqueiros. Pode ser que sejam os hormônios que fazem festa em certas épocas do mês, confesso, mas como eu explico te encontrar nos últimos pensamentos de cada noite? Não espero que você me ligue ou apareça aqui no meu portão dizendo que eu estava errada na última conversa e que a saudade é prova disso, que você quer ficar e que o sentimento nestas linhas ocupa as suas linhas também. Na verdade eu nem saberia o que fazer caso você fizesse isso. Você se afastou, eu me afastei e evitei que você se aproximasse quando me disse as palavras ‘para sempre’. Foi medo, foi não querer te amar. Mas ainda sinto as borboletas entende? Nem eu entendo. É que eu queria, muito muito, continuar. Mas eu não podia. E ainda não posso. Mas eu sinto saudades de você. Sempre.Mesmo sem te contar.

11 de maio de 2011

Não sei, talvez.

Não sei se era você, veja bem, te vejo a todos os instantes saindo e entrando de todo e qualquer lugar e nunca, nunca, é você. Às vezes são até mesmo umas pessoas bem feias e diferentes e impossíveis de te lembrar. Mas tudo lembra e assim sigo te vendo por toda parte a todos os instantes. (Tati Bernardi)

Eu vi um homem, com características similares às suas, passar no ônibus e questionei se poderia ser você. Era tão idêntico. Comentei com minha amiga ao lado, mas ela negou qualquer semelhança. Tudo bem, talvez não fosse tão parecido assim. Enquanto fazia algumas anotações liguei o IPod e ao acaso tocou uma música que te descrevia bem, as ações avessas e os sentimentos complicados. Parecia até que o cantor te conhecia e fizera a música sobre você. Impossível, ele mora em outro continente e você nunca nem saiu desse estado. O telefone tocou e eu pude jurar que a voz do outro lado era a sua. Fiquei quieta até a pessoa repetir “alô” mais cinco vezes e ficar claro a ausência de qualquer semelhança. Ela desligou sem que eu descobrisse quem era. No intervalo da novela a propaganda de um filme resgatou a lembrança do primeiro que vimos. A batata frita que comi durante o jantar trouxe à mente aquele nosso almoço de tanto tempo. Os exercícios de matemática me lembraram o quão bom você é com os números. A foto da revista trouxe a lembrança de não ter revelado fotos nossas. E vem sido assim já há algum tempo. Eu te lembrando em muitos momentos. Ou todos. E num desses momentos, que nunca nunca pausam, eu descobri que não são os detalhes, todos e quaisquer, que preenchem os meus dias, o que me faz lembrar de você. Mas esse sentimento, que não se encontra no meu corpo todo como eu supunha, mas em minha cabeça, que faz com que eu relacionasse as pequenas e grandes coisas a minha volta, ainda que inconscientemente, a você. Foi quando eu entendi que não é doença, obsessão ou imaginação. É apenas a minha mente que havia gravado seus traços e um algo, que ainda se encontra inominável, que os revivia em memória por um motivo que eu ainda não sei. Falaram-me que é amor. Não. Não acredito que seja. Talvez... Talvez.

28 de abril de 2011

Vem!


Baby, você é como fogos de artifício
Venha e deixe as suas cores explodirem
Deixe todos boquiabertos falando "oh, oh, ooooh"
Você vai deixá-los todos supresos (Katy Perry)

Acorda. Você aí com esse sorriso inverso e olhos foscos. Expõe esse brilho, essa vontade, essa alegria que está escondida dentro de você. Eu sei que há tristeza encharcando o travesseiro em noites frias e que a melancolia do fim não te deixa ver os novos começos. Mas permita que as lágrimas sequem, ou que alguém as seque, e olha pro mundo de novo com curiosidade, com vontade e sorria. Que mal há em mostrar o que de mais belo há em você? Não apague sua luz por um brilho falso. Ele não te roubou a felicidade, ela está bem aí debaixo dessa ilusão de que ele era tudo, que sem ele você é nada. Você é sim, e bem mais que antes. O doce dessa dor, dessa perda, é saber que você agüenta, que está aqui ainda e pode sorrir. Faça com que ele se pergunte por que você ainda está sorrindo. Ele não era sua única chance de ser feliz como parece ser. Abra a janela e veja que aqui fora há mil possibilidades de felicidades, felicidades possíveis, reais. Vem! Venha viver essa felicidade toda, ter novas paixões, conhecer novas pessoas e descobrir o quão babaca você está sendo por deixá-lo borrar sua maquiagem.

27 de abril de 2011

Não é medo do amor.


Você faz caras e bocas enquanto me conta sobre algum acontecimento cômico da sua semana e me faz rir. Eu cubro meu sorriso com uma das mãos ainda que o som em volume máximo escape por entre os dedos. Sua face ganha um aspecto sério e na proporção que a gargalhada se esvai eu pergunto o que aconteceu. Você pede para eu não esconder meu sorriso alegando esquecer-se do seu quando o meu some. Eu bebo a coca que esta no copo que você trouxe para mim e desconverso como se não tivesse ouvido, ignorando o fato de o meu rosto corado ter me entregado há muito. Pergunto se vamos ou não assistir o filme que alugamos e você vai preparar a pipoca enquanto me jogo no seu sofá. Trinta minutos depois estou me afogando em lágrimas com a suposta morte do mocinho e você me abraça, como se estivesse me protegendo, ainda que apenas do meu sentimentalismo bobo. Eu me afasto mesmo sentindo que teu peito me assegura dos meus medos mais profundos, exceto esse de me envolver demais. Com o final do filme e meus olhos já secos, você liga o rádio e coloca o cd com a música que elegeu ser nossa. Tira-me para uma dança e se arrepende, mesmo sem confessar, assim que meus pés desordenados pisoteiam sem dó os seus que nem parecem tocar o chão. Rio sem graça e você ironiza a dança, a música e a voz do cantor em uma das suas piadas me fazendo gargalhar tão largamente que minhas mãos não conseguiram esconder. Você rir também enquanto me beija e caímos no sofá. O sorriso ganha ar malicioso em combinação com as luzes já apagadas. Acordo com seu sorriso doce de bom dia e percebo ser melhor que qualquer café da manhã. Fico com medo. Porque meus lábios têm ganhado muito mais que contrações-sorrisos, felicidade. E o brilho que eu vejo nos seus olhos ao falar sobre mim é o mesmo que vejo no espelho ao me arrumar para você. Porque você me faz sentir que os dias são mais fáceis com a certeza de te ter no fim deles, seja num telefone, num cinema ou no seu sofá. Porque você pulou meu muro de receios e me mostrou o tanto que eu posso gostar de alguém. E que esse alguém pode ser você. E dá medo, muito medo, não do amor, mas de deixar que ele entre sabendo que um dia você possa não estar mais aqui para eu te amar.

25 de abril de 2011

Junto das lembranças bonitas, ficaram as saudades.

“... hoje me peguei com uma saudade enorme de você.. da gente!”
(Tati Bernardi)

Flagrei-me com um brilho nos olhos ao relembrar o doce que era te encontrar em meus dias e do tanto que eu gostava de você pro pouco tempo que tínhamos. Mas perdi o sorriso ao notar o tanto de carinho que ainda tenho por ti e o quão distante estamos. Tento me ensinar a querer menos, esperar menos e sentir menos já que agora somos menos. Mas parece ser uma inteira contradição, tendo em vista que quero mais, e uma pena, uma grande pena, mesmo sendo necessário. Ainda te desejo um bem enorme, e não acredito que isso mude com o tempo, mas tenho limitado os meus desejos a este querer bem. E tudo tem funcionado em conjunto com essa distância progressiva e dias corridos, entretanto as palavras e a saudade vieram de surpresa me despertar pela manhã. Acordei pensando em você, assim como fui dormir noite passada. E senti falta de momentos nossos, embora pareça ser tão errado. Tentei te deixar de lado e ignorar as lembranças bonitas que agora me vêm apenas de vez enquanto, e que mesmo de vez enquanto despertam desejo de serem mais do que recordações...

22 de abril de 2011

Era um momento, agora é para sempre.


“Eu quis ele por uma aventura, uma risada, uma distração. Depois quis o colo dele para sempre.”
(Tati Bernardi)

Nunca me encaixei no grupo daquelas que buscam viver uma grande paixão. Na verdade sempre dei valor ao sono que me visita todas as noites e as certezas que me cercam para trocá-los por coraçõezinhos que dia menos dia se partem e seguem caminhos distintos. Mas é impressionante como me esqueço facilmente de respirar na sua presença. Lembro, ainda que vagamente, que era apenas uma transa, ou duas, por distração, por diversão. E agora me deparo com essa bomba-relógio sentimental, como se a qualquer segundo um eu te amo fosse explodir por entre meus lábios. Era atração e desejo, roupas no chão e lençóis molhados de suor e mais. Beijos sem abraço e sorrisos falhos de ingenuidade. Tudo espontaneamente desfeito com a luz do sol. Então algumas horas passaram a ser a noite inteira, e não sabia como reclamar enquanto a cama me prendia com um devaneio ou um truque novo. Mas passei a dormir em seu peito e seus dedos brincarem com meus cabelos. E não precisou de muito tempo para que da noite você me viesse de dia. Convidou-me para um café e eu não entendi o porquê de não ter conseguido dizer não. Suponho ter sido aquela sua cara de cão sem dono, pedindo “por favor”, alegando ser apenas um café. Naquela época eu não sabia o que mais poderia vir se tudo já tinha vindo antes. Mas hoje te ter constantemente em pensamentos deixa claro que sexo nunca fora a questão, mas o que nascia além, crescendo com rapidez sem igual. E agora, já ocupando tanta parte de mim, as noites se tornaram um detalhe e te ter, mesmo que em um sorriso, se tornou desejo em todas as horas e todos os dias.

17 de abril de 2011

Mulher de fases.


“Minhas vontades, sempre infinitas, passam muito rápido.” (Tati Bernardi)
Eu que sei que no fim, ou mesmo daqui a algum tempo, eu vou te fazer sofrer. Muito. Porque manter-me interessada nunca ultrapassa algumas semanas, com muita sorte alguns meses. Foi assim com os outros e por mais que você diga ser diferente, não é. Eu sinto as borboletas em festa, o sorriso brilhando nos olhos e um eu te amo persuadindo meus lábios. Mas é sempre assim. Hoje eu quero, mas um dia eu acordo não querendo mais. Vou roubar teu sono para me divertir em noites de insônia, cantarei palavras em timbre de eternidade e durabilidade momentânea. Vou te ligar manhosa, pedir abraço e dizer que senti saudades com apenas um dia de distância. Você virá me ver e a voz carente de agora pouco terá ganhado um timbre envolvente e sedutor, porque a menina que queria colo cedeu lugar à mulher com desejos mais exasperados e urgentes. A cama se tornará pequena e não demorará muito para que a casa também adquira adjetivo similar. E quando o sol ocupar o céu te acordarei sem beijos alertando que o relógio diz que você já devia ter ido há muito. Você não vai entender minhas novas palavras em paradoxo com a última noite e me terá em mente entre confusão e desejo. Vai me ligar e eu reclamarei independência. Vai sumir e eu ligarei chorando abandono. Ficaremos nesse jogo de quero-agora-mas-depois-não-quero até que eu me entedie e te diga que não quero nunca mais. Você vai achar que é mais uma fase minha e vai esperar a próxima que nunca chegará. Devolver-te-ei seu coração pelo correio embrulhado em lembranças que preencherão seus pensamentos com melancolia por um tempo que eu não sei. Até que o tempo passe e você veja que as reticências que te fizeram esperar sempre foram o ponto final que suas lágrimas multiplicaram, e que minhas palavras iniciais eram, inegavelmente, verdadeiras.

12 de abril de 2011

Inesperado.



Contaram-me que o amor surge assim: na distração.
E eu andava tão atenta para tantas coisas que me distraí dele.

Pronuncio o seu nome sempre com um sorriso nos lábios, como se a felicidade acompanhasse cada letra, fazendo-me cócegas na ponta da língua ao pronunciá-las. Ou talvez sejam só as lembranças de risos leves, que você trouxe em meio a um turbilhão de confusões. O momento não era um dos mais certo, não havia lua no céu como nos contos banhados de romance, e você não ligou me avisando que viria agora, assim no meio da minha distração. O relógio apressava os dias e roubava-me a noite, não havia tempo para mim, tampouco para você. E eu estava muito bem assim, obrigada. Mas você veio em um sussurro me convencer que amar é uma coisa boa, e pode dar certo. Descontinuou os segundos de uma noite sem estrelas me envolvendo em seus braços, feito protetor, quando eu mais precisava de proteção. Eu receosa e teimosa, ainda tentei te evitar e fingir não te ter em pensamentos mesmo em dias corridos. Entretanto já se via inevitável sua presença crescente em telefonemas, visitas surpresas e dentro de mim. Certas vezes até te comparava com um livro bom: a gente não consegue parar de ler, se atropela nas páginas, esquece do mundo... De vez em quando até promete ''Só mais essa e eu vou dormir'' e lá se vai a madrugada inteira.* Mas se fosse para contar palavras para quem viesse perguntar, mentiria dizendo preferir os dias certos de antes, sem esse monte de sentimentos ocupando espaço demais no meu peito e que nem há tanto sentimento assim ocupando meu peito. Porque revelar amor é difícil e traduzi-lo, sendo tão puro e inesperado assim, é muito mais. Entretanto confesso que toda noite me delicio com lembranças dos tantos momentos nossos enquanto em sonho você vem me visitar.

*Má Midlej

Perdeu-se.


"Não sei onde foram parar aquelas minhas fantasias adolescentes sobre o amor. Acho que elas foram se despedaçando e indo embora junto com cada uma das pessoas que - perdoem-me pelo clichê piegas - partiram meu coração. E o mais ridículo é que mesmo sabendo que elas não passavam de fantasias adolescentes, no fundo eu ainda espero que alguém apareça e me diga "ei, olha o que eu achei na rua, suas fantasias adolescentes; quer de volta?"
(Natalia Klein - Adorável Psicose)

Costumava ter outros olhos, outro coração. Observava a vida através de uma janela com vidro desfocado. Via sorrisos em lábios amargos, amizade em simples conveniência, verdades em palavras invertidas, alma em corpos vazios. E sem desconfiar que a imagem obtida viesse de uma janela caluniadora, confiei meus sonhos aos que com doces sorrisos trouxeram-me salgadas lágrimas. Doei-me e os acolhi. Permitir que a inventiva realidade me cativasse, crescesse em mim. Sentimentos meus foram revelados à ouvidos iméritos e depositados em peitos com ausência de coração. Perdi-me tantas vezes entre abismos aleivosos sem dar-me conta e esta quando se fazia trazia rachaduras ao vidro, ao peito. Com o avançar do relógio e com as folhas do calendário caindo lentamente sobre o chão, a janela acumulou muitas pedras e se quebrou. Junto à ela foram estilhaçados os sonhos, as ilusões, os sentimentos. Houve chuva. Muita chuva até que tudo fosse limpo e os tantos estilhaços fossem jogados fora. E mesmo depois de chover rios, mares e oceanos, nada voltou a brilhar como antes. Depois que um objeto é muito arranhado, independente do quanto você limpe ou tente polir, ele não volta a ser o mesmo. E de tal forma se encontrava a alma, meio fosca, com um, ou dois, ou três cacos de sentimentos perdidos. Depois que a janela-inocência fora quebrada e a visão encontrou o verdadeiro foco, parte do que eu era se perdeu. Fora levada embora pelos que tacaram pedras e fragmentaram a fé, a esperança, o tanto amor. E em dias assim, quando não encontro tais sentimentos ou apenas alguma lasca deles, sinto uma falta doída de mim. Da parte de mim que se perdeu.

10 de abril de 2011

O melhor.


“E no meio da noite, quando eu decido que estou ótima afinal de contas tenho uma vida incrível e nem amava mesmo você, eu me lembro de umas coisas de mil anos e começo a amar você de um jeito que, infelizmente, não se parece em nada com pouco amor e não se parece em nada com algo prestes a acabar.” (Tati Bernardi)

Acredito que assim é melhor. Guardo as saudades num canto do peito já que não consigo jogá-las fora e abro a geladeira como se fosse encontrar lá dentro algo que afastasse o você que há tanto faz morada em mim, ou até mesmo você fora de mim entre a garrafa de coca-cola e a de água dizendo que não vai embora só porque eu disse que seria melhor. É o melhor, mas não é o que eu queria. Num impulso quando a razão se distrai eu digito seu número no visor do meu celular e apago quando a cabeça se dá conta das conseqüências que viriam ao ouvir sua voz, ao você ouvir a minha. Não te queria longe, mas você disse não saber ficar perto quando não seria tão perto quanto o que queríamos e não podíamos. Então ocupo a mente com dias cheios, mas acabo te encontrando vagando meus sonhos em noites vazias. Acordo procurando o abraço que você levou embora e a sua luz azul que me iluminava, mas tua ausência dormindo ao meu lado desperta melancolia. Questiono-me porque a falta transborda pelos olhos se foi o melhor. Repito para o escuro que foi o melhor, é o melhor, enquanto o peito sussurra que esse melhor seja ao contrário.

5 de abril de 2011

Volume.


O ditado de que tudo um dia passa tem se firmado nesses dias curtos. Esta passando, se já não passou. Mas eu confesso que ainda penso em você. Não com a mesma freqüência, já que o tempo se encontra apressado e você desaparecido do cotidiano. Mas ainda penso. E entre esses pensares desatinados quando te encontro numa frase solta ou num filme que você comentou que queria assistir e está preste a estrear, recordo que há pouco coisas assim trariam uma euforia entresorrisos ao saber que te veria em breve, mas agora trazem apenas uma saudadezinha inquieta que martela lembranças. Tudo tem andado muito quieto. O celular, o computador, a sua voz, o peito. E o silêncio, dizem, é o princípio do esquecimento. Havia gritos de palavras acarinhadas e estas foram se aquietando, perdendo o tom, o timbre, virando murmúrios e agora se encontram quase inaudíveis. Não te ouço e nem sei se me ouves mais. Sussurros não alcançam longa distância. E os centímetros do inicio já completam quilômetros. Sobra apenas silêncio e mais silêncio. E é uma pena nos deixar silenciar. Percebi, então, que nos encontrávamos na encruzilhada de que tanto fala Caio Fernando: aumente o volume, ou desligue para sempre...

2 de abril de 2011

Ela é forte, já passou por cada uma, vai sair dessa. Claro que sim, eu pensei, mas em súbito lembrei que um dia, os fortes também desabam.

:'(

29 de março de 2011

Somente o sorriso dela faz o meu nascer.

 "Mesmo depois de conhecer vários e novos sorrisos, o dela ainda é o meu preferido" 
Eu tenho pensado muito nela. Não sei se isso se deve ao fato de tê-la encontrado há alguns dias ou por nunca tê-la esquecido. Sim, meu mundo deu muitas voltas e é fato que nesse tempo de quilômetros as distrações tenham feito muito bem sua função, entretanto não importa quantos giros a vida dê ou o quanto a visão turva ocasionada pelos mesmos me afaste brevemente dela, sempre retorno ao mesmo lugar. Com o amanhecer dos amores-distração é o gosto dela que me toma os lábios em saudade, e a vodka há muito tenta provar que independente da minha persistência nenhum sabor sobreporá o que ela gravou em mim, nem mesmo o salgado que em seguida foge pelos olhos. Embora eu já soubesse, somente agora eu tenho aceitado que ela tenha ido e ao mesmo tempo permanecido, em mim. Encontro-a em tudo e todos. Nas lembranças de travesseiro em noites, nos dias que tenho vontade de levar aos ouvidos dela, nos sonhos que quando com ela tive e que agora sem ela tornaram-se tê-la, no verso daquela música, no olhar de outra que não brilha tanto quanto, nos risos muitos que não sabem me fazer rir como. E nesses dias de aceitação, depois de ter lamentado os muitos erros e me arrependido de tantos feitos, me tomou essa vontade de mudar. Querer corrigir os meus defeitos e aprimorar os meus detalhes falhos. Querer ser melhor. Por ela, para ela. Para fazê-la sentir também esse misto contraditório que acelera meu peito toda vez que a vejo sorrir.

22 de março de 2011

Chegue mais perto.

Mas hoje em especial me bateu uma saudade grande de você. Quando te procurei por todos os lados e não te encontrei aqui fora e muito pouco aqui dentro. As lembranças estão ficando vagas e sua voz quase um sussurro. Não ecoa mais na minha mente o teu timbre único, nem aquece mais a recordação do seu toque. Sua ausência foi te roubando aos poucos de mim, mas deixou teus detalhes em angustiante saudade. Ainda me deparo com você em versos de algumas músicas, numa lembrança solta pelo dia e nesse desejo de você que às vezes me visita, mas o que antes constantemente me roubava o sono já permite esquecer-me da insônia. Como se meu corpo estivesse se moldando a essa lacuna de você, me acostumando a não te encontrar sempre que os olhos se fecham ou quando eles se abrem. Mas eu não quero te perder de vista, tampouco adormecer o que você causou em mim. Deixar o tempo transformar centímetros em quilômetros e acomodar a saudade até que ela se perca no esquerdo. Chegue mais perto, traz seu pulsar pra junto do meu. Deixe-me sentir seu gosto mais uma vez, e outra, e outra. Não deixe de existir aqui fora, e aqui dentro de mim...

18 de março de 2011

Meu mais sincero obrigado.


“Caiu finalmente a minha ficha
do quanto você é, tão e somente,
um cara burro.”
Tati Bernardi

Eu estava ficando cega. O brilho que fazia morada nos olhos aos poucos ia me cegando e aos poucos o real ia se ofuscando perto da ilusão que se formava. Feito aqueles que amam cegamente, porque não acredito em outra forma de amar se não cego, ou pior, míope. Estava acreditando no engano que a miopia trazia à minha vista, como se fosse realidade. E os sentimentos irracionais começaram a brotar cá dentro, junto às borboletas que aprenderam a voar ao ouvir sua voz e o coração que se inquietava sempre que o seu pulsar se encontrava audível. E nem o meu não querer foi capaz de deter esse querer crescente que me fazia buscar-te a todo o momento. A saudade já grande me engolia em noites que sua ausência trazia frio à minha cama. O seu nome surgia muitas vezes em meus lábios, e em mil vezes mais em minha mente. Os teus detalhes passaram a existir em tudo e todos para quem eu olhava. As músicas chegaram ao ponto de me trazer tuas mensagens de amor. E parando agora para analisar, acho que além de míope eu também estava ficando surda. Mas passou. Da mesma forma que tudo um dia passa, a visão turva e os enganos auditivos passaram. Antes até que criassem raízes profundas, que doesse muito ou ferisse demais. E isso eu devo inteiramente e somente a você. Que me emprestou o casaco, mas levou embora o abraço quando mais senti frio. Que me trouxe sorrisos e os ausentou sem mais. Que me cantou verdades falsas como se fosse poeta, me encantando em versos para me desiludir no final. Que lavou meus olhos com chuva de mar e levou embora o brilho, o engano. À você que se mostrou ser mais um na pilha dos ‘outros’, meu mais sincero obrigado.

16 de março de 2011

Encantamento.



E foi quase impossível eu não me encantar. Você me olhando com aquela cara de confuso ao me decifrar em contradições. Sem me entender, mas sem conseguir não de se encantar também. Falando dos meus detalhes feito poesia e com estrelas nos olhos. Que estrelas eram aquelas? Você sorriu dizendo que me refletiam e eu corei. Eram minhas afinal, deslumbre por você me ler assim tão bem, em tão pouco tempo. E se encantar com as minhas linhas, como se fossem um livro do Caio Fernando. Foi quando seus olhos ficaram tristes ao encontrar meus medos e assustados ao ver tantas cicatrizes, feito páginas arrancadas. Tocou-as sem que eu recuasse e isso era tão novo. Sempre fui boa em escondê-las em maquiagens-sorrisos e você as encontrou sem dificuldade, vendo além da calúnia dos lábios. Tocou-me sem fazer doer e foi mágico não sentir pela primeira vez após tanto tempo o toque não queimar. Você sussurrou com a expressão confusa lhe roubando a face outra vez que dentre todas as minhas contradições essa era a que você menos entendia. Como com tantas marcas eu continuava sendo tão bela. E foi quase impossível eu não me encantar.

...fazia muito tempo que eu não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém,
então era extraordinário que ele conseguisse perturbar assim os cantos de meus lábios.
(Caio Fernando Abreu)

“Não falta homem. Falta amor!”

Vez ou outra ela sentia um vazio no peito. Quando a correria desacelerava e o pulsar se encontrava audível longe do transito da cidade. A mente ao repousar sob o travesseiro se dividia em mil pensamentos, que se encontravam sempre em um alguém, ou na falta do mesmo. Fazia tempo que este havia se ausentado e cedido lugar a saudade. Este que ao longo da vida muda o físico, o cheiro, o gosto, o jeito, a voz, entretanto sempre traz similar paz, conforto, confiança. Ocupa o lugar que antes dúvidas e medos faziam morada. Possui o toque que não encontra somente a pele, te encontra por dentro. O abraço que não ausenta somente o frio, liquefaz a camada de gelo que envolveu o esquerdo. O olhar que desvenda a essência. O encontrar dos corpos que ultrapassa a anatomia e entrelaça a alma. Este que vive nos dias além de noites onde o beijo arrepia a pele, mas mantém intacto o interior.

14 de março de 2011

Noites de sexta.


A imagem dela mordiscando o lábio inferior ao se deparar com a indecisão de qual filme veriam levava um sorriso malicioso aos lábios dele. Encontravam-se todas as sextas à noite depois do trabalho. Eram um para o outro como a fuga do mundo. E tinham somente aquele intervalo de tempo entre as realidades, as noites de sexta. ‘Nenhum’, ela decidiu depois de meio minuto. ‘Não quero desperdiçar nosso pouco tempo com filmes’, disse certa e um tanto insegura à reação dele. ‘Concordo’ ele disse em seguida. Não achava que o filme seria um desperdício, da mesma forma que qualquer coisa ao lado dela não seria, mas sabia uma melhor forma de aproveitar aquela noite. Um beijo selou a decisão de irem para a casa dele. As horas giraram os ponteiros com velocidade de coisas boas, rápidas demais. Com o fim já próximo ela confessou entre rodeios e meias palavras que quando em quando pensava nele. Todos os dias. Ele sorriu aliviado ao constatar que não vivia aquela loucura sozinho, que ter ela nos pensamentos não era ao todo tão incomum. Ela mantinha os olhos mergulhados com timidez num nada menos intimidador. Já era difícil permitir o sentimento fugir pelos lábios, entregá-los no olhar se encontrava fora de cogitação. Ele disse, sem muito enfeite, que não tinha dúvidas que com ela daria certo. Ela sorriu ao dizer ‘um dia’. ‘Um dia’, ele repetiu. E se despediram, com aquele amor ainda não dito comprimindo o peito e um beijo doce que os lábios guardariam por muitos dias e muitas noites, até a próxima sexta.

13 de março de 2011

Me deixa ir?.


Eu acordaria pela manhã, abriria a janela e veria o mesmo sol de todos os dias. Encontraria os amigos e os sorrisos de sempre. Gastaria as horas da semana estudando e as dos fins de semana saindo como o costume. Dormiria com a velha música me cantando paz aos ouvidos. A vida seria a mesma de antes de você. Assim como continuou sendo depois dos outros. Então me diz por que eu não consigo ir embora? Se já disse adeus outras vezes, por que minha voz esta muda agora? Por que quando olho em seus olhos desejo dizer sim se a razão grita não? O combinado era retroceder mil passos ao chegar perto demais da linha-limite, mas eu a perdi de vista. Os pensamentos antes eram tantos e agora quase sempre são você. As lembranças, antes visita e agora de casa, são as nossas. Mas tudo é tão mais complicado do que te encontrar uma vez e outra também em minha mente. E dá medo. Gostar é começar o inferno todo de novo. Então me deixa driblar esse seu sorriso convidativo e ir embora, mais uma vez...

11 de março de 2011

Questão de cálculo.

Tudo tem haver com matemática, medidas. O amor não pode ocupar todo e qualquer espaço. Deve-se calcular os prós e os contras, avaliar as suas limitações e impor limitações a ele. Ponderar cautelosamente o quanto aí dentro se encontra disponível e ajustar o amor ao espaço oferecido, não o contrário. Afinal quem ele pensa que é para ocupar seus pensamentos? No máximo se acomodar entre uma lembrança e outra, aquelas que surgem em momentos vagos. Não é permitido atravessar a linha, brincar com o pulsar, fazer morada em devaneios. É necessário medir até onde vai a realidade, separá-la do sonho. Não pode misturar. Cada qual em seu espaço, devidamente ajustado. Você sempre como prioridade, em maior extensão, o que sobrar divide-se entre as distrações. Assim ao deixar de existir não abandona grande vazio, facilmente se ocupa. Percebe? Tudo é cálculo. Agora basta saber calcular.

Das conversas sobre amor, sobre amar.


S: Como foi que você descobriu que estava apaixonado por ela?
R: Nossa, que pergunta...
S: Desculpa. É que eu estava pensando... Sempre escrevi sobre, mas quando acontece além de fantasias eu fico sem palavras, sem explicações...
R: Na verdade eu não sou apaixonado por ela. Eu a amo.
S: E quando começou? Quando você se deu conta?
R: Não tem como se dar conta. É involuntário. É mais ou menos assim: você pensa na pessoa direto, ai fica olhando fotos dela, sentindo aquele aperto gotoso no coração. Basta estar ao lado dela pra que todos os seus problemas desapareçam. Quando esta perto da pessoa é como se recarregasse sua bateria e sua vontade de ir além. É difícil falar. É algo que te faz correr e engatinhar. É algo que te faz dar as mais altas gargalhadas lotadas dos mais sinceros choros. Não tem como saber. É diferente de tudo. Diferente de todos. Sei lá. É amor. Vai entender.
S: Eu não quero me apaixonar, mas tudo é tão fora do meu controle. E eu fico com esse medo, de acontecer. Se apaixonar é foda.
R: Paixão realmente é algo muito difícil. Ela vem avassaladora. Te faz a pessoa mais feliz do mundo e com a maior facilidade te reduz a nada. Mas isso que eu sinto não. É estranho. É algo que me tira o sono. E se alguém esta com ela e a faz feliz, eu digo que bom. Por mais que eu saiba que meu desejo é ser feliz ao lado dela, acho que meu desejo de vê-la feliz é maior.
S: O amor podia ser mais fácil não acha?
R: Mas é a realidade. É difícil, muito difícil mesmo.
S: E se você pudesse escolher? Escolheria não amá-la?
R: Não. Escolheria saber amá-la! Nem todo mundo sabe amar. E eu acho que ainda não sei...
S: É, eu também não...

Postagem coletiva - Participação especial : R.V.

Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis. Meu coração tá ferido de amar errado. Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos. É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado. Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém. Ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza. (Caio Fernando Abreu)

8 de março de 2011

É carnaval!.

A música alta invadia os ouvidos, acelerava o pulsar e transbordava animação-sorriso. O bloco percorria as ruas com alegria esfuziantes em máscaras diversas. Entre a agitação e a música que despertava certos sentidos enquanto o álcool adormecia outros um pierrô esbarrou numa colombina. – Desculpe. – Tudo bem. Ela não reparou nele e o desculpou sem desviar o olhar do trio que dispersava música. Ele se encantou ao ver o sorriso dela. O trio andou e ele fora atrás, mas agora seguia a colombina. Não desviou os olhos dela até o bloco se desfazer na Praça XV, quando notou que ela seguiria outro caminho e buscou coragem para lhe falar. – “Oi.” Sorriu incerto. – “Oi.” Dessa vez ela levou os olhos até a face dele, buscando em memória se o conhecia. – “Eu esbarrei em você mais cedo no bloco...” – “Tudo bem, aconteceu o tempo todo. É carnaval.” Ela sorriu. Ele se sentiu mais um entre tantos pierrôs, mas se encantou mais uma vez por aquele sorriso. – “Você tem um sorriso lindo”. – “Ah, obrigada.” Ela corou e sorriu de novo. – “Vamos comer alguma coisa? Depois de pular tanto você deve estar precisando repor as energias.” – “Não sei.” Ela recuou incerta. – “Vamos, é um pedido de desculpas por ter esbarrado em você.” – “Mas eu já te desculpei.” – “Então qual o problema em aceitar meu convite?” – “Eu não te conheço.” – “ Ótima oportunidade não acha?” – “Tudo bem. É carnaval!” Ela sorriu. Comeram numa lanchonete de calçada e trocaram risos muitos. A cada novo sorriso o pierrô se encantava mais pela colombina. A cada palavra que a fazia sorrir a colombina se encantava mais pelo pierrô. O relógio avisou a pressa do tempo fazendo com que a colombina tivesse que se despedir. – “Me dá seu telefone?” Pediu o pierrô choroso com a separação. Ela anotou num guardanapo e o entregou. –“Tenho que ir.” Disse ela distraída procurando a rua que devia seguir. O pierrô a roubou um beijo. Ela se surpreendeu e o olhou sem saber como se sentir. – “É carnaval”. Ele sorriu. Ela corou. Ao voltar para casa suspirou ao sentir o gosto dele ainda em seus lábios e sorriu. O celular vibrou com uma mensagem. “Não sei seu nome colombina” dizia. “É carnaval!” respondeu. E naquela noite fora dormir pensando no pierrô.

1 de março de 2011

Depois que o sol se pôs.

Querido A.

Não sei exatamente o que nos trouxe até aqui. Na verdade não sei nem onde estamos. Tantos anos com sua amizade doce ao lado, multiplicando minhas alegrias e dividindo as minhas dores, que o peito aperta ao cogitar amanhecer sem sua voz me cantando o bom dia rouco de sempre. Você sempre foi especial para mim, desde aquela noite em que seu sorriso tímido pediu permissão para fazer o meu surgir, sem saber que há muito meus sorrisos vinham refletindo o seu. E fomos nos tornando essenciais um para o outro sem nos darmos conta, mesmo que a saudade em poucos dias de separação viesse nos contar que já morávamos um dentro do outro. Mas só agora vendo a distância crescer entre nós que notamos o quão somos importantes e acredito que esse pulsar doído que habita meu peito também faça morada no seu. Eu não sei o que nos levou àquilo. Se foi o termino do seu namoro mesclado com minha carência acentuada. Se foi nossa conversa sobre relacionamentos complicados em contraste com a nossa relação simples de sorrisos fáceis. Ou se foi o sol que resolveu se pôr bem ali na nossa frente enquanto as palavras cediam lugar ao silêncio. Mas também não creio que agora importe. Só queria que você soubesse que não ausentarei a distancia entre nossos lábios outra vez, desde que você ausente esta que nasceu entre nós. Eu consigo ignorar a inquietação das borboletas e o ‘e se’ que tem roubado meus pensamentos ao nos fantasiar de outra forma, mas é impossível ignorar a falta enorme que você faz nos meus dias, na minha vida...

Com o esquerdo comprimido
sua eterna bailarina.

PS.: Não ligue para a saudade que marca o papel com sal, quando reli a carta ela atravessou os olhos inevitavelmente. E vê se volta logo, por favor.

27 de fevereiro de 2011

Te quero por perto, mais perto.

“... acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus.”
(Chico Buarque)

Meus pensamentos têm trazido você com mais freqüência e em similar assiduidade tenho buscado distrações que te afastem ou adormeça essa saudade que embora recente já ocupe grande espaço. Como se fosse errado permitir que você faça morada em mim, por agora. Como se fosse cedo demais para sentir falta do seu olhar repousando no meu. Mas a razão acostumada a limitar o sentir vem tendo dificuldades quando se trata desse querer, no qual você ocupa linhas e entrelinhas. Então eu tenho buscado formas de me desligar do relógio para não contar o tanto de tempo que ainda falta para te encontrar fora dos pensamentos. Mas estas são inválidas assim como o tentar afastar as lembranças ternas que intensificam a diferença dos dias ausentes de você. E assim eu descobri o quão longe chegou esse gostar. Gostar do sabor dos momentos que te tenho perto, dos sorrisos que você me proporciona, do seu gosto, de morar no seu abraço, de você. E eu tenho tanto para te dizer e um tempo tão recente para que as palavras se pronunciem que fico muda, sussurrando vez enquanto o bem grande que você já me faz. Mas isso é pouco, pouquinho, perto de tudo que fica silenciado e só com o tempo ganhará voz. Por agora deixo fazer som esse meu desejo de te ter por mais dias e mais noites, te ter sempre por perto, mais perto. (...)

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