Todos os textos deste blog são de minha autoria, quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.

31 de agosto de 2010

Tentar [des]amar.

O vento frio transformava em cristais de gelo a tristeza que a percorria a face. Já havia decidido que o esqueceria. Gritou aos quatro ventos que não o amava mais, todavia o coração a contradizia. Não que ele não desejasse transformar as palavras falsas dita pelos lábios em verdade acolhida pela alma, pois ele já estava exausto e úmido demais. Mas ele não sabia esquecer os sorrisos, apagar os momentos e abandonar os sentimentos enraizados. Era como abrir mão da vida, e doía a cada pulsar. Doía o amar e o tentar desamar. O pulmão rejeitava qualquer ar que não fosse o mesmo respirado pelo causador do amor e obrigá-lo a respirar se tornava mais difícil a cada avançar do relógio. Os olhos se apertavam e escondiam da visão as fotos, as cartas, mas as lembranças permaneciam vívidas. O sono se ausentara por muitas noites e nos breves momentos que surgia era para trazê-la sonhos incapazes de serem reais. E a angustia crescia na mesma proporção da saudade, do não poder saciá-la. Entretanto ela tentava criar vida a cada dia, maquiava um sorriso no rosto que negava toda a destruição que trazia no peito e esperava que nessa nova manhã conseguisse matar o amor dentro de si e renascer.


Depois daquela noite.

A lua iluminava o céu e a música alta fazia o corpo vibrar. Você me trazia sorrisos imutáveis e um sentimento voraz que eu tentava esconder atrás de um rosto corado. Mas o brilho no olhar me entregava sempre que nossos lábios se uniam naquela sintonia única e perfeita. As horas correram e o nascer do sol te levou com a lua que há muito não brilhava tanto. Nas noites que se seguiram meu coração te trouxe em sonhos através de cada instante registrado em lembranças. Cada palavra, cada olhar, cada toque gravado no peito. Entretanto as folhas do calendário foram passando e o coração sentindo que aqueles sentimentos escapavam por entre os dedos e que não voltariam fazer morada em mim. A estação mudou e nossos passos seguiram caminhos oposto onde a ausência só se preenchia por memórias. O corpo se adaptou à falta da sensação de estar nas nuvens e os pés voltaram a sentir o chão. Mas de repente sua voz trouxe de volta música aos meus ouvidos e despertam lembranças de uma noite além de palavras, estas mesmas que fogem sempre que tento traduzir tudo aquilo que você causou em mim. Os sentimentos inexplicáveis aceleraram o coração no mesmo ritmo de antes e vida se fez presente em cada parte do corpo.

29 de agosto de 2010

Em mais uma tarde.


Eu abro a porta e vejo você, como de costume, sentado na nossa mesa de sempre, bebendo um milk-shake de chocolate e me oferecendo aquele sorriso encantador que apaga o mundo. Sem intervir deixo meus passos me guiarem até você, não lembro quando, mas já faz tempo que meus pés me levam automaticamente a caminhos que se cruzam com os seus. Você me puxa para um abraço e me faz desejar permanecer envolvida por essa segurança para sempre. Conversamos sobre nossos dias, sobre as saudades que sentimos, sobre o tempo, sobre o amor que nunca nos abandona. E eu sinto o rosto ficar quente em resposta ao seu olhar invasor. Sempre é difícil sentir você ler todo esse amor em minha alma e ouvir suas palavras mudas no olhar dizendo que é recíproco. Sempre fica fácil quando você une nossos lábios e eleva minha mente a um paraíso singular, nosso. Como de costume nos perdemos assim, um no outro, em mais uma tarde, com os dedos entrelaçados e os corações unidos pelos lábios.

Eu gosto.

Eu gosto do som da sua risada. Da forma engraçada que ela surge, surpreendente, e da forma calma como ela se esvai. Gosto do seu olhar, de me perder nele e encontrar o mesmo alguém de anos atrás, aquele amigo com quem eu chorei e a essência de imperfeições perfeitas pela qual me apaixonei. Eu gosto da sua voz. Do som musical quando me chama e diz que estava com saudades. Gosto também das suas palavras. Da forma mágica que elas me envolvem e me fazem viajar. Eu gosto do seu abraço. Você tem uma forma única de me envolver em seus braços e fazer tudo externo a nós desaparecer. Eu gosto, muito, de como me sinto quando estou com você. Sabe aquela história de borboletas no estômago, mãos suando, coração na boca? Então, ela se ausenta inteiramente quando seus dedos ocupam o vazio entre os meus. Eu me sinto leve. Sinto aquela paz tomando meu corpo e elevando meus pensamentos. Não preciso de mais nada, não quero mais nada. Tudo pára, dentro e fora de mim. É ímpar. E eu gosto disso em você, do que você causa em mim.

Talvez, seja verdade e, eu realmente goste, tanto assim, de você.

Infeliz falta de sorrisos.

Eu tenho escrito tanto, reparado tanto, falado tanto sobre o sorriso alheio. Talvez seja por causa da chuva. Há tanta dentro de mim que talvez eu esteja buscando nos sorrisos alheios algo que me faça sorrir. Não muda muita coisa. Surge aquela faísca de empolgação pela felicidade, mesmo não pertencente a mim, e logo se apaga. Fica apenas a fumaça de lembrança, de esperança desfalecida. Dizem que esta é a última a morrer, como me encontro então? Sem vida assim como a alma aparenta e o corpo tenta esconder atrás de sorrisos mal maquiados. Ultimamente só acho que há vida, mesmo breve, pela raiva que ainda impulsiona esse coração. Raiva que percorre o corpo, faz correr o vermelho das veias. Raiva dessa busca inalcançável, superestimada imposta pela vida. Aquela interminável pela tal almejada felicidade.

26 de agosto de 2010

Vitória.


Eu venci. E eu precisava te contar. Na verdade apenas para você, pois é sobre você, sobre o que você causava em mim. Sim é o pretérito presente nas minhas palavras. Palavras, sentimentos e pensamentos. Essa é a vitória, meu bem. Eu consegui aplicar o tempo verbal adequado, guardar o que se foi a sete chaves e perdê-la por aí. Eu consegui ajustar as vírgulas, apagar as reticências e pôr um ponto final. Também consegui ler lembranças sem sentir os olhos transbordarem e entender errado por conta da visão embaçada. Eu consegui mudar a música, o ritmo e a dança dos meus pensamentos, eles ganharam novos pares. E no coração eu consegui fazer festa com direito a risos e gargalhadas. Festa de despedida, de re-começo, de novo(s) amor(es). Eu consegui. Eu venci. Eu te esqueci.

25 de agosto de 2010

Demais você.


Eu ando pensando demais você. Mais do que o aceitável, além do já imaginado. Como se cada parte do meu dia estabelecesse uma conexão automática com o que passamos. Eu sempre fecho os olhos, eu tento ignorar, sem sucesso. Eu ando sonhado demais você. Mergulhando em ilusões sem fim, revivendo aquela noite, imaginando tantas outras. Eu ando sentindo demais você. Sentindo o seu abraço gravado no peito, o seu beijo nos lábios, a sua voz na memória. Sentindo saudades, intermináveis. E eu ando escrevendo demais você. Todas as minhas palavras tem se resumido compulsivamente em ti, como se a minha capacidade de inventar histórias e reinventar sentimentos tivesse se ausentado de mim para dar espaço à todo esse sentimento sobre você. Talvez seja por isso que eu tenho evitado tanto transcrever o peito no papel. É difícil admitir que exista algo tão intenso assim aqui dentro, e que este se direcione totalmente a você.

Eu ando amando demais você.

24 de agosto de 2010

Alô?.


“Eu estava aqui tentando não pensar no seu sorriso,
mas me peguei sonhando com a sua voz ao pé do ouvido
e te liguei.” ( Isabella Taviani – Digitais )

- Alô?
(- Desculpa pela hora, sei que você devia estar dormindo, mas desde aquela (nossa) noite que a insônia tem invadido minhas noites e roubado o meu sono. Os meus pensamentos não deixam os seus olhos saírem da minha cabeça, ou o seu gosto dos meus lábios. Não, eu não estou apaixonada se é o que você pensa, (espero, ou não), eu apenas sinto falta dos meus sorrisos que só você sabe causar. E ultimamente tenho lembrado de ti com uma freqüência inédita, em cada música, em cada livro. Acho que são saudades. Eu sei que só se passaram dois dias, e que nos telefonamos todas as tardes desde então, ainda assim não é a mesma coisa de quando o mundo pára para eu me perder nos seus olhos e me encontrar em seus lábios. Bom, eu acho que já falei demais, não quero roubar-te o sono, já basta uma com noites de sol. Só queria ouvir sua voz mais uma vez... Boa noite. )
- Alô?
- Tu, tu , tu , tu (...)

Ela desligou o telefone em silêncio. As palavras se mantiveram emboladas com sentimentos no coração que vez ou outra se encontrava na garganta. Ainda assim ela tinha um sorriso enorme enfeitando a face. Ela havia ouvido a voz dele. Motivo de sobra para doces ilusões, coração acelerado e mais algumas noites em claro.

Quando surge a felicidade.


Ela andara por muitas ruas, esquinas, avenidas e nunca achara algo que a aquecesse, tremia de frio. Seus pensamentos se perdiam entre os céus sem estrela e o peito guardava aquele vazio esmagador. Era incomum passar por tantas pessoas e apenas passar. Sem aquele sentimento belo nascer no peito. Era sempre ausência, ausência, ausência. Passou a se ocupar com muitas coisas e qualquer coisa, deixou para lá o desejo incoerente por sentir. Havia muitas distrações, aquelas que ocupam vagamente a mente e deixam espaço, este que ela preenchia com vazios e mais do mesmo. Ela tentou se contentar e um dia até pensou ter encontrado a borboleta colorida de quando se é feliz. Equivocada foi. Um dia, um qualquer, daqueles que tem tudo para ser nublado, ele surgiu. Ele a sorriu. O frio passou e a pele estranhou o calor em um arrepio, surgiram estrelas no céu, o vazio se esvaiu de mãos dadas com o tentar se contentar. Ela conheceu a felicidade, sorriu, amou. Não queria nada menos.

Eterna primavera.

Ando me flagrando com os olhos fechados relembrando o seu rosto e todos os seus detalhes fixados na memória. Tantos invernos se passaram desde a concretização daquele sentimento e tanta coisa mudou. Hoje é paz que você me traz ao respirar, alma leve. E ainda sim sinto o sentimento de antes incendiar a cada abraço. Você está voltando a ser protagonista de meus pensamentos. É até estranha a forma que te vejo em tudo a minha volta. Conspiração do universo eu suporia, se não soubesse que já estava escrito muito antes de nos encontrarmos que nos completaríamos assim. Você apaga passado e futuro quando estamos juntos. Tudo muda. É tudo novo, tudo único. Surge aquele desejo de que dure para sempre fazendo festa em mim, me fazendo trocar palavras e gritar sorrisos. Com você eu me sinto assim, em eterna primavera. Os olhos brilham, eu confesso. Você sempre teve esse dom de fazê-los brilhar. As horas passam corridas sem se pronunciarem e eu sempre fico desejando ter mais tempo, ter mais você.

Eu não sei muito bem o que vou fazer em seguida, mas por enquanto olha pra mim e me ama.
(Clarice Lispector)

Logo você volta.!?

Já faz tempo que estou sentada aqui tentando avançar os minutos, horas e dias para ver se te encontro no meu futuro, pois meu coração não se alimenta mais de passado vivo em memória e não te ter aqui no presente faz com que as saudades corroam-me. É estranho esse vazio entre meus dedos e esse abraço de lembrança. O frio se aproxima a cada segundo que te procuro e não encontro. O silêncio grita ausência que fere. Suas desculpas ridículas para não sairmos da cama nunca pareceram tão certas. Eu passaria o resto dos tempos com você na cama agora, mas só encontro seu perfume entre os lençóis. A chuva bate lá fora, mas mantenho a porta fechada repetindo que você logo volta, mas sinto como se esta fosse se abrir a qualquer momento. Eu só preciso ouvir sua voz me dizendo que está tudo bem (que o amor continua fazendo morada em você assim como em mim) e que logo você volta. Logo você volta.!?

23 de agosto de 2010

Querido você,.

O que eu realmente queria era te dizer estas palavras bonitas que surgem quando penso em você, no seu olhar, no seu sorriso, entretanto não saem do papel. Na verdade quando você me envolve em seus braços as sinto nas linhas dos lábios, a um segundo de se pronunciarem, mas então elas voltam se embolam e formam um nó na minha garganta. Eu tenho medo. Eu tenho medo de dizê-las a você, entregá-las sem aviso e elas não causarem em você o mesmo que causam em mim. Pois há uma grande chance de que o que elas traduzem existir somente aqui, nessa confusão de sentimentos que me constituem e me dão vida. E mesmo sendo assim tão complicado tratar de ‘você’ e ‘eu’, sinto fácil imaginar ‘nós’. Sendo assim, sentindo tudo o que poderíamos ser juntos, passo a te odiar em tudo. Nessa forma que você tem de me abraçar, tão intensa que parece que não haverá fim e então você me solta. Desse jeito que usa as palavras para dizer que sente minha falta e em seguida desaparece. Com essa voz ao me chamar e com o silêncio que prossegue. Passo a te odiar demais. Ou quase. Talvez eu até pudesse se eu não te amasse tanto assim.

"E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca. E que entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz”

22 de agosto de 2010

De certa forma, ele traz vida.

Então ele me sorriu com ar de veludo me roubando o fôlego. Seria loucura tentar evitar. Sorri em resposta automática. Ele causava isso em mim, felicidade de graça, nascente em cada parte do corpo. Conversamos várias voltas do ponteiro menor. Ele segurando meu olhar levou-me por aí. Entre céus azuis e arco-íris-alegria, palavras que expeliam vida. Era como se uma eternidade tivesse passado desde o último encontro, fazia-me gravar cada instante. No fim, anterior a mais uma partida que minha alma desejava ser breve, eu dei a volta ao mundo, num segundo que se eternizava em lembranças do peito, quando um último abraço ele me deu. Senti a distância de cada passo que ele dava, ao se aproximar do fim da rua, trazer um gosto de quero mais aos lábios, um desejo interminável de um segundo a mais imersa no sorriso dele. Entretanto ao ver sua imagem sumir na noite me satisfiz com o sorriso que ele deixou gravado no meu rosto.
"O sentimento do irreparável gelou-me de novo.
E eu compreendi que não podia suportar
a idéia de nunca mais escutar esse riso.
Ele era para mim como uma fonte no deserto".
(O Pequeno Príncipe)

Espera.

Ela tinha ansiedade mordiscando seu lábio inferior, olhando o celular a cada cinco minutos, trazendo sorrisos bobos, imaginando sonhos ilusórios. Tinha também aquelas borboletas que a desconcertava os passos enquanto corria para atender a campainha, numa esperança que brilhava nos olhos, esperando ser alguém em especial. Carregava na mente cenas que se repetiam milhares de vezes e no peito aquela sensação da pele arrepiando. Na boca ela escondia o gosto de quero mais, a mesma que se via em caps lock escrita nos olhos escuro-luz. Nas palavras encontrava sempre o mesmo nome. Na música uma relação quase-mística com o que passara. Os perfumes se viam neutros e as vozes comuns perto da que a memória revivia a cada avançar do ponteiro. E o ponteiro se arrastava, a fazia reviver lentamente em lembranças sensações únicas enquanto esperava com o coração percorrendo cada parte do corpo até escapar pela boca quando pudesse reviver além de sonhos todos os sentimentos ímpares que somente ele a fazia sentir.
"Que medo alegre, o de te esperar."
(Clarice Lispector)

20 de agosto de 2010

Ao contrário.

Eu olhava nos olhos dele e via o amor presente nos meus refletido no castanho profundo. Havia um vazio, um nada que só sabia refletir, sem sentir fazendo lágrimas nascerem no canto do espelho da minha alma. Aquele brilho de sorriso que antes radiava alegria em seu rosto, dava espaço a uma dor que eu não entendia. Era estranho olhá-lo e não sentir vontade de sorrir, era como concretização do que há muito se via impossível. E quando os lábios dele se abriram, um balde de água fria congelou-me trazendo sons opostos ao de costume. Sua voz era ríspida, forte, destruidora. Via-a claramente na minha feição que se fazia espelho e se despedaçava em mil cacos irreparáveis. Meus lábios se apertaram na tentativa de segurar a chuva nascente, transbordante. O silêncio abraçou a dor, tornou-a mais sufocante. Um grito fez-se nó na minha garganta. O coração debatia-se entre as paredes do meu peito querendo fugir, querendo refúgio, entretanto só havia vazio indiferente nos braços que se cruzavam na frente do peito dele. Era um muro reforçado com mil sentimentos devastadores que separava-nos, afastava-me mais e mais. E tudo ficou sem sentido. O calor congelou, o sorriso chorou, o amor machucou. E eu perguntei inocente, por que ele estava fazendo meu mundo girar ao contrário.

19 de agosto de 2010

Amor bandido.

Já faz tempo que todos os desejos que habitam meu ser se resumem a você e a este sentimento insaciável que me roubou o peito. Meu coração enlouquece num pulsar acelerado quando escuta seu nome, sua voz ou qualquer coisa que se relacione a você. E quando estás por perto perco o controle sobre palavras, atos e o coração comanda o ritmo que nos embala. Entretanto tal perca de controle traz conflitos internos quando a razão grita com o coração ferido no dia seguinte perante o telefone que se faz mudo. Vem aquela indiferença, vazio intenso que traz consigo uma dor imensa. É um vício a mente afirma. Quando seu olhar não está perto para alimentar as ilusões o corpo sofre abstinência de solidão profunda, que machuca e dilacera. Um vazio que engole os sentimentos e vontades como um buraco negro. Deixa-me sem saídas, sem alternativas. Amar-te foi lindo, foi bom, entretanto não saciava além das linhas de um coração iludido. Sendo assim devo-lhe dizer que mesmo doendo-me no peito abandono, ou tento, esse amor bandido.

Adeus.

17 de agosto de 2010

Ainda sinto você.

Ainda consigo sentir sua boca na minha, seu gosto, o calor daquele beijo. Ainda lembro-me de casa sorriso seu naquela noite, dos seus olhares e palavras ocultas. Ainda está marcado em mim o seu abraço inigualável. Quando fecho os olhos ainda vejo os seus olhos, ainda me afogo na lembrança deles. Ainda ouço seus sussurros encantadores que me arrepiavam de uma forma gostosa. Ainda revivo em sonhos o que vivemos ou quase-vivemos. Ainda sinto a doce/amarga ilusão me envolver, me levar. E eu ainda deixo. Deixo as lembranças, a dor, o amor. Deixo eles me entorpecerem até me afogar, até que eu transborde sentimentos. De certa forma te encontro neles, e te tenho mais perto, mesmo que na ilusão e no querer de
voltar naquela noite e te ter mais uma vez.

Eu to com raiva. Raiva de mim, dos meus pensamentos, dos meus sentimentos. To com raiva das palavras. Pois tudo que eu penso, sinto e escrevo se relaciona inteiramente com você. Com o que você causou em mim. Dá raiva admitir que exista tanto de você aqui dentro e que talvez não exista nada de mim aí.

Avesso.

Eles eram completamente diferentes. Avessos. Opostos em cada traço, físico e psicológico. Ele loiro, olhos azuis, alto, errado. Ela morena, olhos negros, baixa, certa. O estilo de música de um sendo rock e o do outro reggae. O gosto para filme ação contra romance. Um apaixonado por animais e o outro alérgico. Madrugada em shows e tarde em casa. Comida picante e comida sem sal. Verão e inverno. Calar e falar. Sorrir e chorar. Racionalizar e sentir. Tão opostos, tão díspares, que se encaixavam como quebra-cabeça. Sintonia, química perfeita. Daquelas que tiram o ar, eleva a mente, rouba o controle corporal e vira de ponta cabeça o emocional. Coisa de louco: loucura, diziam por aí. Mas eles entendiam, sentiam. Era perfeito e ímpar, da maneira deles.

Num abraço, num momento qualquer, eles extinguiam a disparidade e se tornavam um. Achavam o similar na forma de amar.
Bastava.

13 de agosto de 2010

O nosso inverno ensolarado.

Hoje encontrei em memórias antigas um inverno que pertenceu a nós. Surpreendi-me com os sorrisos constantes que você havia trazido aos meus lábios e ficaram guardados. Tanta coisa ficou guardada. Aquele sentimento inocente, bobo, contraditório e feliz também. Empoeirado, mas ainda sim bonito. Quando lembro, ele, ainda, traz aquele brilho aos olhos. E quando falo de brilho aquele dia ensolarado no meio do inverno me rouba os pensamentos. O céu estava nublado com nuvens que escondiam maquiavelicamente o sol, entretanto os seus olhos traziam vida, radiavam tudo em volta. Era incrível a capacidade que tinhas de me fazer sorrir com o olhar. E naquele dia na sorveteria do Sr. João, aconteceu nosso primeiro beijo. Foi enquanto você me olhava que eu me perdi no vermelho que cobriam minhas bochechas que, sem sucesso, tentava esconder o quão grande era o amor que eu tinha no peito e o quão era difícil admitir que fosse inteiramente dedicado a você.

Em silêncio nos olhávamos por cinco, dez minutos
Ela com as mãos na altura dos quadris
Agarrando, torcendo a própria saia
E corava pouco à pouco até ficar bem vermelha
Como se em dez minutos passasse por seu rosto uma tarde de sol
A um palmo de distância dela, eu era o maior homem do mundo
Eu era o sol. (Chico Buarque)

11 de agosto de 2010

Vida em palavras: história.

Em noites sem fim nasciam certas histórias e versos entre linhas tortas ao experimentar melodias não ideais ao lado de um copo com Johnny Walker até a boca, o mesmo que vestia a tristeza em traje de gala alegre. O Tempo havia se perdido entre dias, foi abandonado no caminho que se fazia tão extenso como tal. Então surgia a primeira letra, as primeiras palavras e o inicio de uma história que vagava por entre linhas que não lhe davam pista de quando/como viria/seria o fim. E este alfabeto reorganizado certas vezes encontrava gotas salgadas que borravam a tinta vinda da caneta azul e manchavam o papel há pouco branco. A emoção era trazida aos olhos pela embriaguez clara, a visão se tornava turva e as palavras atravessavam as linhas em curvas e espirais angustiantes. Era a história da vida a ser escrita. Destino mesclado com decisões. Ápices de felicidades seguidos por tristeza profunda. Era uma montanha russa incerta, altos e baixos eloqüentes, embrulho no estômago e palavras em voz entre lábios certa horas ríspidos e outras doces. Vôo sem asas, mas com alguns pára-quedas. Linhas e mais linhas preenchidas, transbordando sentimentos. E quando o fim da folha a palavra descobriu, as letras mudaram e se reorganizaram. A vida encontrou o fim da linha, tornou-se morte. Sem vírgulas. Com ponto. Era o fim de mais uma história.

Erro[s].

O meu erro foi ter confiado em você todos os meus sentimentos, meu amor. Meu erro foi ter depositado em você tantas expectativas, esperanças, ilusões. O erro foi ter esperado que você me fizesse feliz, quando na verdade a felicidade deveria vir der mim e os sorrisos leves, alegria momentânea ou até mesmo eterna, se tornasse conseqüência de estarmos juntos, lado a lado, abraçados. Deveria ter sido assim, mas não foi. Eu lhe entreguei de forma intensa, rápida, todo o amor que havia em mim, mesmo que não fosse causado ou pertencente a você. No fim toda aquela intensidade dilacerou as pétalas de rosa, meu coração em cacos ficou. Eu lhe fiz príncipe, moldei-te em meus sonhos ou os meus sonhos até caberem em você, enfim te fiz de quimeras, irreal. Quando a fantasia caiu e o devaneio se desfez veio aquela decepção úmida, sorrisos inversos. O que restou foi solidão, felicidade escapando pelos dedos, medo de sonhar. As nuvens densas esconderam o sol, trouxeram chuvas. E desde então nas madrugadas onde o calor se ausenta eu me encontro no canto do quarto olhando todo o vazio que sempre existiu, mas que por tanto tempo se escondeu. Nasce aquela necessidade de reinventar a felicidade, mas sem que eu encontre uma brecha se quer para a alegria. E eu relembro o que a memória guardou e vejo que o maior erro foi ter te feito único, pois agora, sem você, nada restou.

10 de agosto de 2010

Pelo olhar.

Era dia ensolarado, com nuvens leves que enfeitavam o céu. A brisa corria em câmera lenta e fazia as árvores dançarem. Carol sentava num banco no parque e sentia toda vida em cada parte do dia, acolhida nos braços dele. As palavras surgiam em enxurrada, naturalmente. Eles já estavam horas a conversar. Ela adorava o brilho que surgia nos olhos dele a cada nova história e ele adorava o sorriso dela quando ele falava. Uma sintonia inquebrável. Eram eles dois e bastava. Era além do suficiente para trazer vida à alma, felicidade ao coração. As três palavras que exporiam o que sentiam nunca haviam atravessado os lábios, entretanto se encontravam evidentes em cada gesto, que se completavam. E eles se liam, se entendiam, embora ninguém mais. Mas era aí que se encontrava a mágica que envolvia eles dois. Eles agiam vendo a alma um do outro, a essência de sentimentos se encontrava lá. As palavras que surgiam eram supérfluas, coisas sobre o tempo, clima. E entre estas as pessoas se perdiam em como eles se entendiam, não viam que o amor falava pelo olhar.

A pessoa certa.

- Você já sentiu a pessoa certa?
- Como assim?
- Os sentimentos irracionais, inéditos, que apenas aquela pessoa lhe traz. Já?
- Acho que não. E você?
- Eu senti.
- E como foi?
- De repente eu estava perdida nos olhos dele. Meu olhar mudou, o ritmo presente no meu peito também. Tudo a minha volta, o tempo, o mundo, deixaram de existir. E os meus lábios foram atraídos como imãs pelos dele, inevitavelmente, por uma força intensa. E quando eu me dei conta, percebi a incoerência do momento, eu parei. Há menos de um centímetro de um beijo. Próximo o suficiente para ouvir e sentir o coração dele pulsar.
- E o que aconteceu?
- Eu deixei passar.
- E como você está?
- Não sei. Desde então, não há mais vida.

"Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa." (Carlos Drummond de Andrade)

Numa eterna espera.

Os seus dedos passavam lentamente entre meus cabelos, passeavam pela minha face e puxavam-me para mais um beijo. Cada gesto com intensidade singular, profunda. Ele me olhava nos olhos como se repousasse seu amor em minh’alma, como se fosse a última chance de fazê-lo e o meu corpo estremeceu. Ele sentiu meu medo, leu-o em mim e sorriu, como quem diz que está tudo bem. Juntou nossos corações em um abraço de igual pulsar e me aqueceu com segurança, eu eternizei aquele momento além da memória. E como tantas outras vezes o abraço teve que ser quebrado, ele precisou partir. E na despedida amargar no portão guardei o beijo doce nos lábios, gravei o toque nas mãos que se desgrudaram lentamente, numa tentativa, inválida, de prolongar, mesmo que em segundos, o que estava prestes a acabar. E quando o fim se fez presente repeti em mente “Ele logo volta. Sempre volta.”. Os segundos se fizeram minutos, os minutos horas, as horas dias, os dias anos, e tudo se passou. Quase tudo. Meu coração desesperado, com o amor em igual estado: enraizado, voltava sempre, com esperança nos olhos, ao portão, esperando vê-lo voltar, esperando-o voltar. Após tantos ciclos dias-e-noites votei mais uma vez ao portão, com o medo da nossa última noite ainda aceso, o corpo faleceu e o amor se manteve vivo e a esperar. Ele era, na mais simples hipótese, eterno.
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será que você está agora?
(Adriana Calcanhoto – metade)

Total eclipse do coração.

Por que estes malditos olhos não desistem de lavar-me a alma? O gosto amargo das lágrimas salgadas anula qualquer doce sabor, priva o paladar. E estas pernas cansadas que se recusam a levantar mais uma vez, o que faço com elas? O chão frio nunca se fez tão aconchegante. Não me traz mais medos, já se fez amigo. Entretanto as nuvens traiçoeiras despertam pânico irracional, há pouco tão convidativas e esperançosas trazem-me agora um pesadelo real, nunca tão doído. A linha tênue, tecida no peito numa mistura de sonhar esperançoso e amor irreal, na qual me segurei quando pulei do penhasco, arrebentou e me deixou cair, dilacerar a essência. E cada parte do meu corpo reclama abrigo, abraço. A alma se faz em pedaços. O coração mal remendado não consegue mais fingir pulsar. A garganta traz um grito calado, uma dor refugiada, um nó. Até a razão perdeu forças para dizer que avisou. E o mundo continua girar, num ritmo mais acelerado, fazendo-me tontear. Não enxergo mais um ponto fixo que ajude a me reerguer. As mãos buscam apoio, mas o vazio as devastam dançando entre os dedos. O olhar perdeu o brilho. Tudo se fez tão escuro. Por que o sorriso esqueceu-se de mim?

Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.

5 de agosto de 2010

Atrás de um sorriso.

Eu tentei manter a calma e ser indiferente. Mas os sentimentos me corroíam por dentro, faziam em estilhaços a ilusão que há pouco estava sólida em meu peito. Inventei uma expressão que me tomasse a face, sem avaliar se condizia com como eu deveria reagir ao que ele me dizia. É que eu me sentia desmoronar em segundos, qualquer outra reação passava longe dos meus pensamentos. Foi um balde de água fria. Doeu-me, queimou-me. Trouxe chuva a mim, mas a deixei escondia atrás da máscara que me cobria. Era quase uma fantasia, uma mentira presa a um sorriso está-tudo-bem. E eu calei as palavras que fariam o disfarce cair. Sorri mais uma vez. Engoli seco e senti o nó impedir o oxigênio fazer-me respirar. Asfixiei-me em desilusões de sentimentos imutáveis. E desfaleci ali mesmo, embora meu corpo aparentasse vida.

Conflito interno.


- Mas quem é você para dizer o que eu devo, posso, ou não?
- Eu sou quem está pensando, racionalizando as conseqüências.
- E eu estou sentindo, e é tão intenso que merece ser vivido.
- Não, não merece. Você vai sofrer.
- Você não pode ter certeza.
- Nem você!
- Mas eu o amo, aquele amor que consome, que eleva.
- Eu também.
- Deixa eu arriscar então.
- Não posso.
- Por quê?
- Porque você não esta pensando, emoção, só sentindo.
- E você não esta sentindo, razão, apenas pensando.

É só um cara.

É só um cara. Como qualquer outro que te para na rua para perguntar as horas, ou o padeiro da esquina com o qual de vez enquanto você compra. Ele tem um sorriso comum, sem aquele brilho espetacular, e um olhar como tantos outros, que escondem tanto e não mostram nada. A voz dele é tão normal quanto à de uma pessoa sem talento vocal. O abraço dele nem faz o mundo parar de girar, o tempo descontinuar os segundos ou todo o resto deixar de existir. Os lábios dele não possuem aquela atração magnética de imãs. E a beleza dele não é biologicamente de parar o trânsito e não possui aquela química extraordinariamente intensa. O jeito dele não te encanta. O toque dele nem ao menos te traz aquelas famosas borboletas ao estomago. Ele nem se faz presente em seus pensamentos, sonhos e desejos. Ele é só um cara. Só um cara. E isso tudo, realmente, seria verdade se você não estivesse, inexplicavelmente, perdidamente, apaixonada.

No vermelho amor da noite.

E ás vezes, daquelas que ocorrem quase sempre, eu acordava no meio da noite e te assistia dormir. Sentir sua respiração enquanto te via perdido entre mil sonhos era de um fascínio tão grande que me trazia brilho ao olhar. E por tantas vezes eu me deitava sobre o seu peito, apenas para ouvir o pulsar. Certos momentos eu pude jurar que o meu coração estava conversando com o seu. Talvez tudo isso fosse loucura. Mas me fazia um bem além de palavras. Principalmente quando no escuro de algumas noites te ouvia sussurrar meu nome, como quem procurar e deseja alguém. Uma felicidade me trazia um sorriso tão enorme que às vezes eu até desconfiava que fosse amor. E talvez, realmente, fosse.

4 de agosto de 2010

Desejo desamar-te.

"Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e, se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? " (Caio Fernando Abreu - O Ovo Apunhalado)

Sendo assim eu desejo desamar-te. Ver-te além dos meus sentimentos e de tais fantasias que estes criam e vestem você. Eu quero desamar-te para te amar depois do desamor. Amar-te na essência que só um desamor vê e que esta traga tanta fascinação que de forma instantânea o amor surja com raízes profundas pelo encanto trazido aos olhos, pelo querer, prazer de amar. Eu quero desamar-te para amar quem você é e não quem eu queira que seja. Para amar sua alma nua e tornar eterno o instante que durar esse amor. Eu quero desamar-te, mas apenas para te amar com sinceridade e pureza irrevogáveis. Para fechar os olhos e te ver com alma, além de sentimento. Eu quero desamar-te para, de fato, te amar.

2 de agosto de 2010

Ter amor não é amar.

E como tudo que é novo, que nos enche de incerteza, faz-nos caminhar lentamente, ficar próximo à porta caso algo nos pegue de surpresa e seja necessário fugir, aquele sentimento a trazia inseguranças, medo de ir longe de mais e não saber como voltar. Agia de forma que retroceder fosse sempre uma opção. Sempre com metades. Com receio. E aquele sentimento com tamanho infinito e felicidade desigual se via limitado, preso entre linhas reforçadas com temores capazes de segurá-lo em momentos de intensidade inigualável. Nunca se encontrava em totalidade, apenas em fragmentos que mal fazem sorrir e chorar. Sendo assim, ela nunca pode dizer eu te amo, pois por mais que o amor se abrigasse em cada parte de seu corpo ele se via proibido de se manifestar como tal. Não se ama pela metade, não se ama pouco. Ela possuía o maior amor já sentido, mesmo assim não amava. Não se permitia amar.
Eu não amo ninguém, parece incrível
Não amo ninguém
E é só amor que eu respiro.

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