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10 de agosto de 2010

Total eclipse do coração.

Por que estes malditos olhos não desistem de lavar-me a alma? O gosto amargo das lágrimas salgadas anula qualquer doce sabor, priva o paladar. E estas pernas cansadas que se recusam a levantar mais uma vez, o que faço com elas? O chão frio nunca se fez tão aconchegante. Não me traz mais medos, já se fez amigo. Entretanto as nuvens traiçoeiras despertam pânico irracional, há pouco tão convidativas e esperançosas trazem-me agora um pesadelo real, nunca tão doído. A linha tênue, tecida no peito numa mistura de sonhar esperançoso e amor irreal, na qual me segurei quando pulei do penhasco, arrebentou e me deixou cair, dilacerar a essência. E cada parte do meu corpo reclama abrigo, abraço. A alma se faz em pedaços. O coração mal remendado não consegue mais fingir pulsar. A garganta traz um grito calado, uma dor refugiada, um nó. Até a razão perdeu forças para dizer que avisou. E o mundo continua girar, num ritmo mais acelerado, fazendo-me tontear. Não enxergo mais um ponto fixo que ajude a me reerguer. As mãos buscam apoio, mas o vazio as devastam dançando entre os dedos. O olhar perdeu o brilho. Tudo se fez tão escuro. Por que o sorriso esqueceu-se de mim?

Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.

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