Ela tinha ansiedade mordiscando seu lábio inferior, olhando o celular a cada cinco minutos, trazendo sorrisos bobos, imaginando sonhos ilusórios. Tinha também aquelas borboletas que a desconcertava os passos enquanto corria para atender a campainha, numa esperança que brilhava nos olhos, esperando ser alguém em especial. Carregava na mente cenas que se repetiam milhares de vezes e no peito aquela sensação da pele arrepiando. Na boca ela escondia o gosto de quero mais, a mesma que se via em caps lock escrita nos olhos escuro-luz. Nas palavras encontrava sempre o mesmo nome. Na música uma relação quase-mística com o que passara. Os perfumes se viam neutros e as vozes comuns perto da que a memória revivia a cada avançar do ponteiro. E o ponteiro se arrastava, a fazia reviver lentamente em lembranças sensações únicas enquanto esperava com o coração percorrendo cada parte do corpo até escapar pela boca quando pudesse reviver além de sonhos todos os sentimentos ímpares que somente ele a fazia sentir.
"Que medo alegre, o de te esperar."
(Clarice Lispector)
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