Os seus dedos passavam lentamente entre meus cabelos, passeavam pela minha face e puxavam-me para mais um beijo. Cada gesto com intensidade singular, profunda. Ele me olhava nos olhos como se repousasse seu amor em minh’alma, como se fosse a última chance de fazê-lo e o meu corpo estremeceu. Ele sentiu meu medo, leu-o em mim e sorriu, como quem diz que está tudo bem. Juntou nossos corações em um abraço de igual pulsar e me aqueceu com segurança, eu eternizei aquele momento além da memória. E como tantas outras vezes o abraço teve que ser quebrado, ele precisou partir. E na despedida amargar no portão guardei o beijo doce nos lábios, gravei o toque nas mãos que se desgrudaram lentamente, numa tentativa, inválida, de prolongar, mesmo que em segundos, o que estava prestes a acabar. E quando o fim se fez presente repeti em mente “Ele logo volta. Sempre volta.”. Os segundos se fizeram minutos, os minutos horas, as horas dias, os dias anos, e tudo se passou. Quase tudo. Meu coração desesperado, com o amor em igual estado: enraizado, voltava sempre, com esperança nos olhos, ao portão, esperando vê-lo voltar, esperando-o voltar. Após tantos ciclos dias-e-noites votei mais uma vez ao portão, com o medo da nossa última noite ainda aceso, o corpo faleceu e o amor se manteve vivo e a esperar. Ele era, na mais simples hipótese, eterno.
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será que você está agora?
(Adriana Calcanhoto – metade)
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