Você não estará lá. Assim como não esteve no meu aniversário ou na minha colação de grau. Mas ainda assim eu irei te ver. Nas comidas típicas que nunca serão tão gostosas quanto as suas, na tristeza dos olhos de cada um que sente sua falta, nos sorrisos que se tornaram incompletos sem sua companhia. Eu não sei lidar com isso: a tua ausência, essa saudade. Com isso de ao passar na sua antiga rua ter os pés no automático caminhando para a casa que era tua e sentir os olhos encharcarem de uma tristeza tão doída ao lembrar que se eu tocar a campainha não será você quem virá me atender. Depois que você se foi tudo ficou uma bagunça. Todos nós perdemos o rumo. E por mais que como todos eu acorde pela manhã e tente seguir a vida, toda noite fica um vazio, um não saber o que fazer sem você por perto. E hoje seria o dia no qual eu passaria na sua casa, com um presente doce para você e com o peito reclamando o teu abraço e o nosso sorriso. Mas não terá visita ou abraço com sorriso, só uma saudade absurda banhada em lembranças do que nunca mais irá acontecer. Sabe mãe, hoje quando o relógio badalar meia-noite, em meio à comemoração de tantos, eu só conseguirei ouvir a tua ausência fazendo silêncio em todo lugar.
Todos os textos deste blog são de minha autoria,
quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer
outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.
24 de dezembro de 2011
20 de dezembro de 2011
Conto de fadas.
Não existe príncipe encantado. Não importa quanto o busque, nunca irá encontrá-lo. Ele simplesmente não existe além das palavras que seguem o ‘era uma vez’. Procurá-lo é algo que trará apenas decepções, lágrimas e uma angustia doída sempre que a cabeça repousar sob o travesseiro. Homem encantado é fantasia. O que realmente existe é homem encantador. Aquele que sem esforço irá te agradar, naturalmente. Aquele que colocará um sorriso em seus lábios sem alarde, mas que quando você der por si se encontrará estampando um enorme sorriso bobo no rosto. Aquele que quando te encontrar irá observar seu decote e sua bunda, mas primordialmente te fitará os olhos. Aquele que não irá reparar no cabelo, na roupa, nas unhas, mas que irá notar suas sutis mudanças de humor, sua alegria, tristeza e principalmente sua TPM. Aquele que aprenderá seus traços e manias. Que enxergará seus defeitos e saberá que suas qualidades são bem maiores. Aquele que sairá para beber com os amigos, assistirá futebol aos domingos e mesmo assim saberá dar valor a uma tarde ao seu lado. Aquele que talvez não se lembre do aniversário de vocês, mas que não se esquecerá do sabor do seu suco predileto, rotina de toda manhã. Aquele que não fará declarações de amor ou ficará de pieguices românticas, mas que irá segurar sua mão ao passearem pelo shopping e te ligará antes de dormir desejando boa noite. Aquele que terá a vida dele deixando espaço para que você tenha a sua, apesar de sentir que o dia não foi completo até saber das suas coisas e compartilhar as próprias. Aquele que não chegará montado num cavalo branco com todo o glamour que você esperou, colocando brilho nos seus olhos, mas aquele que chegará sem que você note e que conquistará aos poucos sua admiração. E esse é o homem que deve ser procurado. Vestir alguém com ilusões de príncipes e esperar que este a faça feliz, fará com que se enxergue somente sapos no mundo. Enquanto isso, por trás de cada desilusão, se encontram vários seres humanos assim como você, cheio de defeitos e imperfeições, e com uma capacidade enorme de construir ao seu lado uma história bem melhor que um conto de fadas, uma história real.
12 de dezembro de 2011
Pare ou siga (comigo).
Isso. Faz assim. Vamos, uma lágrima é pouco. Roube-me dez, vinte, cem, mil. Destrua essa minha ilusão. Impeça-me de derrubar esse muro que me protege de sentimentos mais intensos, mais íntimos, mais perigosos. Faça com eu me recomponha, que não me derreta com as tuas recentes palavras doces sobre um sentir gentil que me fez querer sentir também. Não me deixe sentir. Vamos, freie-me. Ainda há tempo para impedir que eu entre num estado de amor por você. Permita somente esse sentimento que há outros foi similar. Que poderá ser desfeito igualmente, indolor. Faça com que eu recupere o plano original: nada de se apaixonar. Sentir complica, somos melhores simples. Quero que faças um sorriso nascer em mim, mas que este não se fixe em meus lábios sempre que uma lembrança de como você é incrível e bobo e meigo e amável se apoderar dos meus pensamentos. Mostre-me que você não é tão incrível assim, que você pode me machucar como os outros. Não faça com que eu me apaixone por você se você não quer se apaixonar de volta. Digo no sentido completo da palavra. Piegas e bem clichê. Se você não pretende segurar minha mão, falar com meus pais, dispor seu ombro amigo, me ligar no fim da noite para saber sobre o meu dia e contar o seu, por favor não me faça querer essas coisas. Eu não queria e você sabe. Não faça com que eu as deseje se não pretende me dar. Para de me olhar dessa forma e falar de sentimentos se você não está disposto a sentir inteiramente. Não estou te cobrando nada, pelo contrário, eu morro de medo de sentir. Então não tente fazer com que eu me esqueça dos meus receios se você tem algum do qual não vá abrir mão. Faz o seguinte: deixe-me seguir o plano original ou crie um junto comigo. Mas, por favor, não me deixe criar um sozinha.
4 de dezembro de 2011
Delírios tepeêmicos.
Capítulo I – Toda Paixão Morre.
- Que cara é essa?
- A única que eu tenho.
- TPM?
-Eu não to de TPM!!
- Tudo bem. Mas me diz: que cara é essa?
- Meu relacionamento acabou!
- Aham, tá bom!
- Sério. Eu te juro. Dessa vez acabou! Não dá mais certo!
- Ok. O que houve?
- Ele falou diferente comigo!
- Como assim diferente?
- Diferente, ué.
- Só isso?
- E tem mais. Tá tudo igual!
- Ué, mas ele não falou diferente com você?
- Não é isso, é que é muito tempo junto. Virou rotina. Tudo ficou igual. O beijo tá igual. Os dias estão iguais. Meus finais de semana são sempre iguais. Até o sexo tá igual! Tá tudo sem graça!
- Então muda. Renove. Experimenta outro jeito de beijar. Vai para outros lugares nos finais de semana. Compra uma lingerie nova e faz uma posição nova na cama. Sei lá!
- Tá, pode ser. Mas...
- Mas o que agora?
- Ah, não quero mudar!
- Aimeudeus!
- É que pensando bem eu acho que não é isso.
- Então o que é?
- Não sei. Esse é o problema. Não sei se quero mais ficar com ele. Sabe, eu nem penso mais em casar. Desisti. Nem sei se estaremos juntos amanhã, imagina no ano que vem. Tá vendo? Meu relacionamento acabou! ACABOU!
- Já entendi tudo.
- O que? Que a gente não se ama mais?
- Não. Que você está de TPM.
- E o que eu faço?
- Espera. Dentro de alguns dias isso passa. Foi a mesma coisa mês passado, lembra?
- Mas dessa vez é diferente!
- Sempre é. No mês seguinte também vai ser. E no outro. E no outro...
- Que cara é essa?
- A única que eu tenho.
- TPM?
-Eu não to de TPM!!
- Tudo bem. Mas me diz: que cara é essa?
- Meu relacionamento acabou!
- Aham, tá bom!
- Sério. Eu te juro. Dessa vez acabou! Não dá mais certo!
- Ok. O que houve?
- Ele falou diferente comigo!
- Como assim diferente?
- Diferente, ué.
- Só isso?
- E tem mais. Tá tudo igual!
- Ué, mas ele não falou diferente com você?
- Não é isso, é que é muito tempo junto. Virou rotina. Tudo ficou igual. O beijo tá igual. Os dias estão iguais. Meus finais de semana são sempre iguais. Até o sexo tá igual! Tá tudo sem graça!
- Então muda. Renove. Experimenta outro jeito de beijar. Vai para outros lugares nos finais de semana. Compra uma lingerie nova e faz uma posição nova na cama. Sei lá!
- Tá, pode ser. Mas...
- Mas o que agora?
- Ah, não quero mudar!
- Aimeudeus!
- É que pensando bem eu acho que não é isso.
- Então o que é?
- Não sei. Esse é o problema. Não sei se quero mais ficar com ele. Sabe, eu nem penso mais em casar. Desisti. Nem sei se estaremos juntos amanhã, imagina no ano que vem. Tá vendo? Meu relacionamento acabou! ACABOU!
- Já entendi tudo.
- O que? Que a gente não se ama mais?
- Não. Que você está de TPM.
- E o que eu faço?
- Espera. Dentro de alguns dias isso passa. Foi a mesma coisa mês passado, lembra?
- Mas dessa vez é diferente!
- Sempre é. No mês seguinte também vai ser. E no outro. E no outro...
Dedicado a Sarah Ferreira.
30 de novembro de 2011
Vou embora.
Porque no meio de uma comédia romântica que alugamos, você deitado no meu colo se virou para mim e disse: “Quanto tempo você vai demorar a dizer que me ama? Sabe, não quero apressar nada, só queria saber quando o que a gente sente vai ser igual.” E eu olhei para aquela sua pinta perto da sobrancelha que me encanta e para sua mania de mexer no cabelo quando fica nervoso querendo tanto te dizer sem rodeios e ‘poréns’ que te amava. Mas eu não podia, porque eu não sentia. E te disse apenas que não sabia, mesmo tendo certeza que você era a pessoa mais merecedora do amor na face da Terra. Você abre a porta do carro para mim desde o primeiro encontro e me elogia ainda que eu esteja de moletom e com o cabelo preso. Você deixa um ‘bom dia minha linda’ escrito no bloquinho de anotações ao lado da minha cama sempre que sai para trabalhar antes que eu acorde. Você desculpa os meus surtos de TMP ainda que eu não os reconheça e finge que eu tenho a razão para evitar brigas. Você fala “Caralho, Ana”, quando brigamos, de uma forma que me excita e que nos leva resolver os problemas na cama. Você aprendeu a cozinhar o meu prato favorito. Você dorme abraçado comigo quando eu fico com medo de algum filme de terror. Você seca minhas lágrimas e segura a minha mão. Você não diz que vai ficar como os outros. Você fica. E é por isso que eu estou indo embora. Porque eu perdi a parte de mim que se entrega, se envolve, se apega, se apaixona. Porque você merece alguém que faça todas essas coisas de amor por você. Porque você merece ter alguém que te ame de volta. E não sou eu.
Só mais um sonho.
Ele me invadiu com aqueles olhos azuis. Invadiu-me como somente ele sabe fazer. Arrepiou cada centímetro do meu corpo com apenas um olhar. E eu estremeci. Se com olhos ele conseguia me desfazer, a imaginação do estrago que um toque dele me causaria trazia-me um medo absurdo. Medo da dor que faria morada em mim quando o toque cessasse. Medo da solidão que afastaria o sono nas noites em que a ausência dele me lembrasse o quão eu sou infeliz longe daquele abraço. Então ele sussurrou algo que me pareceu ser “sinto sua falta”. Eu só consegui dizer depois de muito esforço que nunca havia saído daqui. Ele que havia me feito querer que ele fosse embora. E ele que foi embora antes mesmo que eu mandasse. Deixou-me com saudades que me destruíam toda vez que uma lembrança do sorriso dele inesperadamente surgia em meus pensamentos. Então eu percebi que na verdade ele nunca havia ido. Eu o encontrava todo dia. Naquele filme que não terminamos de assistir e perdeu a graça sem ele. Na voz do Leoni cantando que depois dele os outros são os outros. No sorvete de baunilha que se fez o sabor das nossas juras. Ele sempre esteve presente em meus dias, de certa forma. Mas com o tempo eu aprendi a ignorar as memórias, deixar de lado a falta. Ele não tinha o direito de reaparecer agora e desajustar tudo o que eu havia demorado tanto para ajustar. Ele se aproximou. Eu me afastei. “Me deixa voltar?”. Ele disse num tom firme. E eu despertei transbordando lágrimas. Foi só mais um sonho. Com os olhos embaçados, mal enxergando os nomes da lista de contatos no celular, procurei o nome dele. “Discar para o número” nunca fora tão convidativo. Não. Você consegue. Pare ele não. Repeti em mantra: Não, não, não. Ligo para outro. E para outro. Quantos forem necessários para suavizar essa minha necessidade dele. Desligo e choro mais um pouco. Eles não têm o mesmo timbre que faz música nos meus ouvidos. Tudo bem, o mundo é grande, tem muitos outros timbres para te encantar. Então levanto, tomo um banho e sigo o dia ligando para o mundo inteiro, menos para a única pessoa que eu gostaria de ligar.
24 de novembro de 2011
Tão fácil.
É fácil me habituar. Sua presença soa natural, simples, familiar. Como se você sempre tivesse estado aqui. Conhecemo-nos desde sempre, ainda que o sempre tenha começado há pouco mais de dois meses. Então é fácil me acostumar. Com as mensagens de bom dia, com os risos e sorrisos, com o seu timbre. E ainda mais fácil me encantar. Com as suas atitudes, com os seus detalhes. Arrisco até dizer que de certa forma gosto do seu jeito ogrodoce. Isso de não medir palavras e ir direto ao ponto, alegando que a vida é curta demais para fazer novela, mas saber no momento certo banhar a voz em afeto e pôr carinho na ponta dos dedos. Então o seu perfume impregnou minha memória e já não me assusto mais se te encontro vagando pelos meus sonhos em noites inesperadas. Veja que contraditório, minha língua que tinha guardado um “não” para você, hoje não sabe como abandonar o vício no seu gosto. Desisti de entender o que você tem que me faz ter essa sensação de que tudo é diferente e acaba por me prender a você. Deixa estar, tudo bem se nos fizer o bem e você o tem feito como eu não esperava.
"É uma relação bonita, que eu quero preservar e deixar crescer." - Caio F.
16 de novembro de 2011
Sorte.
Não sou nem nunca fui dessas que buscam incansavelmente viver um amor acreditando na felicidade exposta nas histórias hollywoodianas. Acreditava mesmo era na minha sorte por ter escapado da monstruosidade de se apaixonar. Qual a finalidade de cultivar carinho por um desconhecido? Poupa tempo, trabalho e dedicação dar um tiro em si mesmo. No final as duas coisas doerão da mesma forma e deixarão similar cicatriz. Sendo assim sempre dei preferência aos amores dos quais eu decidia o prazo de validade. Uma noite, uma semana, se soubesse afastar o tédio na cama meu interesse se prolongava até um mês. Sexo sem sentimento é mais simples, mais fácil. Eu acreditava. Até conhecer você e descobrir o quão é melhor fazer amor. E lá se foi toda a minha praticidade. Agora tem essa saudade, o abrir da geladeira e pensar em você, uma gaveta de roupas suas na cômoda do meu quarto e esse sorriso idiota no meu rosto sempre que você aparece no olho mágico da minha porta. Quem diria que eu trocaria alguma balada em cima de um salto quinze por uma noite enrolada no edredom assistindo um filme qualquer? Não eu. Mas se hoje você aparecer com aqueles morangos cobertos de chocolate e um DVD não tenho dúvidas que escolheria você. Descobri que eu estava errada o tempo todo. A certeza do não sofrer ao manter o coração intacto não vale os tantos sorrisos quando este é balançado. Tudo bem que a gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar, mas não é justo com você mesmo ignorar os outros 50% de chance de felicidade. É tudo muito clichê, mas não dá para fugir do piegas quando se depara com o amor. Eu me apaixonei e retifico-me, foi a minha maior sorte.
14 de novembro de 2011
Preciso de você, agora.
Nós dois somos o exemplo vivo daquilo que nunca poderia dar certo. Eu sinto que você é a pessoa mais parecida comigo que eu conheço, só que do lado avesso. E acho até poderíamos nos completar, se já não fossemos inteiros. Não nos falta nada. Da mesma forma que você ainda respira e segue sua vida aí eu respiro e sigo a minha aqui. Só que apesar disso, hoje transbordei saudades. Fazia tempo que eu evitava pensar no que se passou. Mas de certa forma o vazio no peito, segundos antes de dormir, me lembrava você. Engoli as gotas salgadas e te liguei. Caio que me disse que voltar era um erro, que o caminho é para frente, reto e sem curvas. Mas o som da sua voz no outro lado da linha tornou inaudível tudo a minha volta. “Alô”. Por quase um segundo senti meu coração parar, e em seguida ele pulsou desnorteante em minha garganta. Forcei a língua dizer. “Oi”. Silêncio. Você reconheceu minha voz. Será que teve o mesmo efeito que a sua? “Como você está? Faz tanto tempo que não nos falamos...”. Quis dizer mais, que esse mesmo tempo se faz pouco quando se trata da estagnação desse sentimento bandido que ainda me faz refém. Mas me calei. “É faz muito tempo. Muito tempo mesmo. Estou bem e você?”. “Bem também.” Acho que estou aprendendo a mentir, as palavras saíram inteiras, sem gagueira ou demora. Mas você me conhece e o choro que invadiu minha voz não ajudou. “Que voz é essa?”. “Nenhuma. Estou gripada.” Disse rápido. Você percebeu a falácia, mas não disse nada. Silêncio. “E sua vida, como vai? Ainda está trabalhando?”. E ainda está me amando? Quase emendei. “Vai bem, mas larguei o emprego. Todo mundo acabou saindo também. E a sua?”. “Nada de novo, tudo igual.”. Tudo igual, até essa vontade irracional de você. “Hum. Entendi.” Ouvi uma voz no fundo. Era de homem. Perguntei-me se seria de um daqueles seus amigos que ignoravam meu nome e me chamavam de sua namorada antes mesmo de você fazer o pedido. Eu os corrigia dizendo o meu nome. E disse não ao seu pedido. Agora eu diria todos os sim que você quisesse. Ainda que amanhecesse achando tudo um erro mais uma vez. Não tem jeito, não fomos feitos para dar certo. Agora só falta esse sentimento insano parar de me fazer insistir em nós. “Você está ocupado?” “Não, to chegando em casa agora.”. “Ah, ta.” Silêncio. A razão aconselhou-me desligar antes que meus lábios reclamassem seus beijos. Meu corpo sente falta do seu. “Bom, era só isso mesmo. Liguei só para saber como você estava. Fazia tanto tempo...”. “Ligou só para isso mesmo?”. Não. Te liguei porque a saudade não me deixa te esquecer. E é um absurdo mesmo, mas eu ainda te amo e queria saber se você também. Porque se for o caso você podia passar aqui mais tarde ou agora mesmo e acalmar meu peito que ficou sem rumo depois que você foi embora. “É, foi só para saber como você estava mesmo.”. Voltar é um erro, o caminho é para frente, reto e sem curvas - lembrei a tempo. “Então tá, estou bem.”. “Que bom. Então se cuida, tá?!”. “Pode deixar. Você também!”. Preferia quando você cuidava de mim. Mas me viro. “Claro. Tchau.”. “Tchau.”. Fui dormir. Com o travesseiro encharcado e com a certeza de uma ressaca daquelas que só você consegue me causar.
11 de novembro de 2011
Como ser o homem da vida dela.
Primeiramente você deve se aproximar com cautela, comentar sobre um livro ou um filme e descobrir quais são os interesses dela. Então você camuflará seu interesse nela no interesse sobre o aquilo que ela disser gostar. Você vai usar sua lábia, conversarão por um tempo razoável, o suficiente para que ela curta a conversa e queira repetir a dose sem que te veja logo como amigo. A lenda de que uma vez na área da amizade jamais em qualquer outra área certas vezes é real. Melhor evitar esse território. Nos dias que seguirem você deve se fazer notar. Puxe novas conversas e aos poucos as vá estendendo à medida que for mostrando sua real intenção. Demonstre interesse sobre ela, a vida dela, os desejos dela. Coloque-a no primeiro plano. Elogie-a. Convide-a para sair. Cinema, restaurante, um barzinho aconchegante. Leve-a para qualquer lugar que vocês possam conversar mais perto, mais vocês dois. Roube sorrisos. Toque a mão dela e aos poucos, à proporção que os olhos se encontrarem com mais freqüência e a postura de corpo dela demonstrar estar à vontade, acaricie-a no rosto. Depois a beije. Faça-a sentir que você está se entregando ao momento. Seja marcante e ela pensará, ainda que brevemente, sobre você antes de ir dormir. Mas lembre-se, você está lidando com uma mulher moderna, um encontro não significa nada. Ligue no dia seguinte! Marque outros. Invente brilho de apaixonado nos olhos e encare os dela. Envolva-a. Seja o último pensamento dela ao repousar a cabeça no travesseiro. Dê carinho, atenção e demonstre se preocupar com ela. Encante-a. Aí então, quando a voz dela se tornar doce e os olhos refletirem estrelas, será a sua chance! O ponto que definirá quem você é para ela. Nesse exato momento você deverá sumir. Isso mesmo. Desapareça! Não ligue. Não procure. Ela irá te ligar sem saber o que aconteceu. Não atenda. Ela irá repassar na mente cada palavra dita. Passará os dias pensando no que fez de errado. Ela vai insistir. Sua caixa postal ficará lotada. Deixe tocar mais um pouco. Atenda. Seja in-di-fe-ren-te. Ela enlouquecerá. Você a roubará lágrimas incontáveis. Aí então você se tornará o mentiroso, o babaca, o insensível, o cara errado e principalmente o homem da vida dela.
O que obviamente não presta, sempre me interessou muito... - Clarice L.
4 de novembro de 2011
O último encontro.
O pior encontro, a meu ver, é aquele que se faz o último. Retifico-me. O pior encontro é aquele que se faz o último e guarda segredo. Eram tantas coisas para serem ditas, feitas, mudadas. Agora se fixaram no desejo que não se realizará. Tornaram-se irremediavelmente perdidas, doídas. E fizeram do último encontro o pior de todos. O depois é dúvida cercada pelas possibilidades de irrealização. Incerto ao tornar oculto se irá existir. Desse modo, invista na certeza que nos oferece o momento imediato. Transforme a dor futura realizando todas as coisas hoje, como se nunca mais fosse ser possível realizá-las. Devemos aprender desde já que quem caracteriza o último encontro somos nós e que se apresenta em nossas mãos, portanto, a alteração da primeira frase.
27 de outubro de 2011
Vamos voltar ao começo?.
"Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito. Você não sabe o quão amável você é.
Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você. E te dizer que eu a escolhi.
Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas.
Oh, vamos voltar ao começo?"
Eu queria te proibir de sorrir dessa forma. Quando teus lábios se contraem espontaneamente renasce em mim todo aquele encantamento de tempos atrás. Sinto falta de causar tais sorrisos. Sinto falta de você. E você sabe. Todo mundo sabe. E eu sei que você prefere fingir não saber. Errei muito, você também, mas nosso maior erro está sendo permanecer separados. Não reclama da vida assim fazendo essa cara de choro, morro de vontade de cuidar de você. Deixa? Seria como nos velhos tempos. Desencana dessa história de nos limitar à amizade, você sabe que podemos ir muito além. Tens meu ombro à tua disposição, assim como o coração. Agora você poderia parar de cerimônia e aceitar. Esse teu argumento de que insistir em nós é errar de novo é desculpa para esconder que ainda me ama. Não há como saber se não tentarmos. O que passou, passou. Eu mudei. Você também. Embora continue extremamente sexy quando faz essa feição de indecisa. Está vendo, eu ainda consigo te fazer rir. O que mais precisamos se já temos amor e felicidade? Te peço um abraço e você nega. Não entendo porque evita maiores aproximações. Tem medo de não resistir? Você alega ser a inocente e eu o culpado. Acusa-me de segundas intenções. É verdade, mas minhas intenções não param nas segundas. Garanto que a primeira é te fazer feliz. Você vacila ao descruzar os braços que desde que eu cheguei agiam como armadura. Chego mais perto, te encaro e você desvia os olhos. É só um abraço. Se você quiser. Você cede. Senti falta disso: você entre meus braços. Você sussurra que também, mas em seguida se afasta. Não dá mais, você insiste. Eu digo que dá sim, basta você se permitir. Você diz que talvez não queira. Rio ao notar que continua sendo uma péssima mentirosa. Trago-te para mais perto e levo meus lábios a um centímetro dos seus. Prove-me que você não quer. Prometo ir embora se você se afastar. Caso contrário, trocaremos esse seu título de ex-namorada que convenhamos não combinar nem um pouco com você. Você não concorda nem discorda, apenas me beija. E eu não preciso de qualquer outra resposta.
25 de outubro de 2011
Por trás de um sorriso.
As feridas sangram e saram, mas as cicatrizes nunca nos deixam. E delas eu obtenho uma considerável coleção. Algumas ainda doem como se estivessem abertas, outras apenas latejam, entretanto todas, sem exceção, se tornaram aviso de alerta, um receio, uma não entrega. Lembrei-me esses dias de um amor adolescente e senti saudade. Senti falta do que se perdeu pelo caminho e deixou um vazio absurdo. Apesar de todas as coisas que de certa forma deixam lembranças banhadas em nostalgia, do que mais me dói a ausência é de mim. Do que era naquela época. Da entrega que não acontecerá mais. Da minha leveza e da doce inocência que irremediavelmente aos poucos foram ficando para traz. Umas das coisas que as cicatrizes melhor sabem fazer é modificar. Uma característica alterada aqui, um sonho perdido ali, um corte nas esperanças daqui, uns sorrisos desfigurados acolá. E você se torna irreconhecível. Eu me tornei. Certas vezes encontra-se pelo caminho alguém que reinvente um sorriso, mas trata-se de plástica superficial, se desfaz sem que demore muito tempo. A cicatriz profunda, a que reclama carícia em noites de chuva, não é exposta, portanto torna-se inalcançável às transformações vindas do toque alheio. Pois quem a gravou faz com que se acredite na impossibilidade de sua remoção. E sendo assim, para que mostrar um corte feio? Permanece desse modo, escondido atrás das horas corridas, dos sorrisos tá-tudo-bem, nem tá doendo tanto assim, eu agüento. Mas eu não agüento nada não. É pura fachada. Eu preciso é de colo. De quem tente tocar ainda que eu fuja. De carinho, preocupação, cuidados. Dedos entrelaçando os meus e outros limpando as gotas fugitivas que de vez enquando percorrem o rosto. De palavras que digam que vai passar e de alguém que fique até que passe. Mas você não vê. Ninguém vê. Porque eu oculto tudo isso quando digo que suporto e que sozinha consigo carregar o mundo. Porque quem vê sorrisos acredita em suposta alegria sem arriscar descobrir o que se esconde por trás deles.
“Light up your face with gladness. Hide every trace of sadness. Altho' a tear may be ever so near. That's the time you must keep on trying. Smile!” - Charles Chaplin
24 de outubro de 2011
Fica mais um pouco?.
Ainda está gravado em memórias o seu primeiro olhar que me tocou. Foi o mesmo que antecipou o nosso primeiro beijo e que me fez perceber que eu corria o risco de te querer. Mas era só um risco, e fazia tanto tempo que eu estava sendo bem sucedida em manter inabalado o esquerdo que acreditei que você seria apenas mais um encontro de lábios, mais uns sorrisos que não chegariam a ocupar meus pensamentos por muito tempo, mais uma história que durasse o suficiente para viver apenas em algumas lembranças. Só pude me dar conta do tamanho do engano noite passada quando fomos mais longe que o pretendido. Quando teus olhos fitaram os meus de uma forma tão mais íntima enquanto eu dividia com você algo tão meu, e teus lábios me encantaram com as palavras mais doces que já pude ouvir. Agora eu estou tentando entender onde foi que vacilei. Não planejei me aproximar tanto e te querer bem mais que os limites físicos. Mas se você continuar me encantando desse jeito não saberei não me apaixonar. Complicada essa coisa de dar o coração para quem nem sabe o que fazer com o próprio. Melhor cada um cuidar do seu. Mas então eu flagro você sorrindo para mim e não consigo evitar o desejo de ter isso por mais tempo que o agora. Até mesmo fantasiei como seria se fôssemos além de apenas curtir o momento. Não via ninguém segurando a minha mão em minhas imaginações de futuro há muito. O que você está fazendo comigo? Não precisa responder, apenas não deixa faltar esses nossos sorrisos, o teu abraço-conforto e os beijos que sempre deixam um gosto de quero mais.
“Fica mais, fica mais um pouco, porque muito de você pra mim ainda é pouco.” - CBJr
Inominável.
Eu sei que não adianta, que eu posso buscar novas palavras ou até mesmo inventá-las, nenhuma jamais será capaz de traduzir fielmente o que somos ou o que sentimos. Mas é tudo tão imenso que não consigo evitar te transcrever por entre as teclas, uma vez que te encontro sempre nos meus dias, seja naquela nossa música ou nas outras tantas que com leveza tentam cantar o amor. E hoje amanheci ouvindo uma dessas, logo me veio uma saudade absurda, daquelas que eu só sinto de você, e quis te ter aqui para te abraçar. Não sei se já te contei, mas o seu abraço é um dos mais sinceros que já tive a oportunidade de receber. Quando inicia não dá vontade de por um fim nunca. Assim como seu sorriso, que é o meu preferido disparado. Sendo assim queria te pedir para nunca deixar que ninguém o roube de você, como recentemente fizeram. Saiba que você merece ter os dentes escancarando a maior felicidade do mundo e não é somente por causar as minhas maiores. Você tem palavras doces que tornam qualquer conversa com você uma das melhores do mundo, além de um olhar acolhedor que sempre me traz a certeza de te ter aqui para mim sempre que eu precisar, feito um porto-seguro. E acho que essa é a tua maior virtude, ter esse conjunto de qualidades tão especiais que me fizeram aprender a gostar até dos teus defeitos. Como teus sumiços que me deixam pelos cantos sentindo saudade da tua companhia e das nossas risadas contagiantes. Lembra o que eu te falei em um dos nossos reencontros? Foi a maior mentira de todas! Você não tem sorte de que eu goste tanto assim de você. Você conquistou isso. Cativou-me com tuas atitudes, com teu ombro amigo, com tua incrível capacidade de fazer nascer um sorriso em mim. E isso que vivemos não se encontra em qualquer lugar, tampouco se ganha de qualquer pessoa. O que temos é tão raro que tantas vezes acredito ser único e por isso guardo você com tanto cuidado cá dentro do esquerdo. Enfim, só queria relembrar o que você já sabe. O que meus gestos sempre te dizem e meus lábios nunca cansam de dizer. Tenho o sentimento mais puro do mundo por você. Único, inominável e totalmente teu.
17 de outubro de 2011
Criando laços.
Eu havia decidido não direcionar minhas palavras a você, ou dedilhar entre essas teclas a novidade boa que você tem sido. Não querer esperar absolutamente nada e não “embonitar” demais as sensações foi o único motivo para eu não ter falado ainda sobre esse brilho novo que você colocou nos meus olhos. Eu nunca pensei que conseguiria manter longe do papel algum sentimento, tendo em vista que as palavras sempre foram essenciais para mim, mas ao seu lado deixo de sentir falta delas à medida que as encontro em nossos gestos. Contudo devo confessar que nos últimos dias o amargo das memórias se tornou imperceptível diante do doce dos teus lábios que impregnou os meus. Você não faz idéia das tantas marcas que eu maquio com sorrisos para esconder do mundo os meus medos e sendo assim me surpreende quando você me acaricia com os olhos sem causar dor aonde era sensível a qualquer toque alheio. Ainda há receio diante da intensidade de tudo que estamos vivendo, mas não é de repente que as coisas acontecem. Então, aos pouquinhos você vai afastando essa minha descrença de que o doce possa existir sem trazer o amargo no final. Vai conquistando teu espaço nos meus dias, nos meus pensamentos, me viciando cada vez mais no teu gosto. Até me flagrei com um daqueles sorrisos bobos quando numa noite dessas fui dormir pensando em você. Entre esse turbilhão de sensações que julguei ser loucura, acho gostoso sermos tão nós mesmos um com o outro e tenho me feito de vontade de ter aqui perto por mais tempo. Querer teu riso descontraído causando um similar entre meus lábios e os teus dedos brincando de se entrelaçar com os meus têm virado rotina e o teu gosto o meu sabor predileto.
"Criar laços? - Exatamente - disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... ” (O pequeno príncipe)
1 de outubro de 2011
Sábado à noite.
Onze horas. Você abre a porta como de costume e teu olhar de desejo me invade. Não demora muito até que minhas roupas se espalhem pelo chão do seu apartamento e seus lábios desvendem o meu corpo enquanto os meus te sussurram coisas impróprias ao ouvido. O cansaço mental de um longo dia de trabalho é excedido pelo físico. Nossos corpos relaxam à medida que o encaixe é desfeito e eu suspiro mais uma vez observando o branco do teto do seu quarto. Antes que o sol venha nos comunicar o fim de mais um sábado eu recolho minhas roupas e nos despedimos sem beijos, mantendo distante qualquer romantismo. Minha rotina de fuga da rotina.
Mas uma noite, involuntariamente, foi diferente. Toquei a campainha treze minutos mais tarde. O elevador do seu condomínio estava em manutenção e eu quebrei meu salto ao subir as escadas. E se a diferença se restringisse a tais fatos respiraria aliviada sem que a inquietação me roubasse o fôlego. Você abriu a porta como de costume, mas me recebeu com olhos de saudade. Assustei-me. Procurei desejo no fundo de tuas pupilas e sem encontrar tratei de provocá-lo. Encharcamos os lençóis da sua cama com suor e tesão. Suspirei, dessa vez aliviada, e ao observar seu teto notei o tom amarelado que roubara a brancura. Meus músculos enrijeceram percebendo o passar do tempo e os seus olhos fixos em mim. Vir-me-ei para você e nossos olhares se encontraram. O afeto trasbordava o castanho dos seus olhos gritando-me que você havia quebrado o nosso pacto. Devíamos ser fuga carnal com abandono total de sentimentos doces e não essa contradição estampada em seu rosto. Não havia tempo em nossas agendas nem mesmo para a medida correta de horas de sono, tampouco para complicações emocionais.
Fechei meus olhos para fugir dos seus e busquei meu vestido sem demora. “Eu te amo”. “Você viu onde eu coloquei meu vestido?”. “Você me ouviu? Eu te amo”. Eu havia escutado, ainda que me fizesse de desejos de ter perdido a audição naquele momento. Que maluquice era essa sobre amor? Fiquei muda. Ele também. “Já está tarde, é recomendável que eu vá embora”. “Eu te amo.” Ele repetiu. “E a promessa de sermos simples?” “É bem simples, eu te amo!” “Pare de dizer isso!” Descontrolei-me. Mais silêncio. Custou algum tempo e cicatrizes no peito para eu conseguir separar sexo de amor e agora que enfim eu havia conseguido ele queria juntar as duas coisas de novo? “É perigoso confundir as coisas.”. “Não estou vendo confusão nenhuma.”. “É só sexo.”. “Não mais.”. Mais silêncio. “E o nosso acordo?” Perguntei enquanto buscava na memória quando foi que este havia chegado ao fim. Ele não se demorou em me contar. “Acabou assim que o seu perfume fixou-se em minha memória e meus lábios pronunciaram seu nome num bar qualquer após alguns copos de wisky ou vodka. Não me recordo muito bem da bebida, mas não consigo me esquecer da forma tão mulher que você mordisca o lábio inferior ao sentir desejo e de como fica tão menina ao sorrir.”
Achei meu vestido. “Aonde você vai?”. Não respondi. Continuei indo em direção à porta. “Fica?”. Ele banhou a voz em carinho-tristeza. Eu parei. Questionei-me o porquê de ainda estar ali. Minha hesitação me contou que os laços prometidos haviam sido desfeitos não somente por ele, mas também por mim. Fui embora. Não podia ficar. Mas descobri naquela noite a ainda existência de um músculo que eu pensei não ter mais.
13 de setembro de 2011
O silêncio que pronuncia o fim.
O início de tudo é uma simples idéia. Foi assim da outra vez que eu decidi que você devia ir embora de vez. Você estava pela metade numa metade de um dia, de uma hora. Nunca me contentei com pouco, ainda mais quando se trata de amor. Tenho para mim que amor mesmo, não esses gostares que se encontram em muitas esquinas, só existe em pacote completo. Essa coisa de amor em doses de conta gotas não é amor, é engano. E foi a partir da idéia que talvez você estivesse enganado que surgiu o nosso fim. No primeiro momento estávamos próximos de tal forma que não se encontrava espaço para o ar entre nossos lábios. Entretanto não foi necessário muitas voltas no relógio para que nossos olhos obtivessem maior campo de visão sobre o outro, que em seguida os dedos entrelaçados deixassem espaços ocupados apenas por lembranças, até que por fim sua ausência me acompanhasse por toda parte. Eu já obtinha conhecimento da desmedida dor que me afligiria diante de um adeus, parte dela já ofuscava o brilho dos olhos nesses dias nos quais seu amor se fazia escasso feito água no deserto. Então defini que molhar o travesseiro um pouco a cada noite era mais doído que encharcá-lo inteiramente de uma só vez. E sem que você esteja por perto para afastar tal idéia, aos poucos ela vai se enraizando e sendo alimentada pelas gotas do seu aparente equívoco de amor mais uma vez. Talvez tenha sido um erro insistir em nós, uma vez que o fiz sozinha. Presta atenção. Você está ouvindo? É, o telefone continua mudo e o pulsar do esquerdo, que antes zunia acelerado, vai se equiparando ao silêncio.
Não me deixe ir, posso nunca mais voltar. (Clarisse Lispector)
8 de setembro de 2011
Entre lacunas, está tudo bem.
Tudo está bem, sabe? Olhando assim: para fora da janela. Não tenho ficado até muito tarde no trabalho, o meu vizinho não me acorda mais às sete da manhã de todos os sábados com o barulho que ele chama de música e eu até voltei a freqüentar as aulas de francês. Mas quando chega a noite e inevitavelmente minhas pálpebras cansadas se fecham, eu vejo a bagunça que está cá dentro. Sem você as coisas não funcionam. Bom, não é isso exatamente. Antes de você as coisas iam bem, mas depois de sua chegada o funcionamento destas se adaptou a sua presença e agora precisa encontrar uma nova organização. É questão de tempo, você sabe. Eu estou querendo saber também. Eu troquei os lençóis da cama impregnados com o seu cheiro, passei a tomar o café mais forte para anular a lembrança do seu gosto e nunca mais olhei as estrelas, porque contá-las sozinha não é a mesma coisa. Ocupei todas as horas dos meus dias, mas ainda encontro tempo para sentir saudade de você. Olhei-me no espelho esses dias e o reflexo me mostrou a cabeça, os braços, as pernas e o tronco, tudo em seu devido lugar. Mas ainda assim tenho aquela sensação de que falta alguma coisa. Falta você. Então eu compreendi que o seu sorriso desarmado de bom dia e o tom da sua voz que diminuía com o avançar da madrugada, me completava de alguma forma. Não que eu seja metade, mas que depois de você eu pude ser mais que completa. Eu fui além dos limites dos nossos corpos, desvendei seu íntimo de tal forma que seus detalhes se misturaram com os meus. Agora que você se foi e levou as suas minúcias que foram tão minhas, ficou um monte de lacunas em mim. E por mais que eu tente preenche-las com novos amigos ou outros amores que contraem os cantos dos meus lábios de novas formas, eles nunca saberão me fazer sorrir como você. Então eu vou seguindo assim mesmo, com sorrisos de uma quase felicidade. E tudo bem se não está nada tão bem assim, vai ficar. Ou pelo menos passarei os dias tentando me convencer de.
28 de agosto de 2011
Enquanto durou, foi infinito.
Você sabe que eu não sou de fazer rodeios, então direi de uma só vez: Não nos amamos mais. Ainda há carinho e bem-querer, mas isso é coisa de amigo. Tudo bem que em noites frias buscamos o calor do corpo do outro enquanto nossas pernas se confundem e nos perdemos entre os lençóis. Mas não há mais nada além de tesão. O que antes era amor agora é só sexo. O nosso eu te amo ficou mais comum que o bom dia do porteiro do condomínio. As borboletas fugiram pela boca enquanto bocejamos pelo tédio que se tornou o nosso relacionamento. Entendo que tudo um dia vira rotina, mas já não sentimos saudades um do outro e confessemos que há uma pitada de alegria quando o trabalho ou alguma outra coisa nos mantém distante por mais tempo que o normal. Sabe, tudo passa. Os dias passam, os momentos passam, as pessoas passam. E nosso amor passou. Não é que não tenhamos dado certo. Demos e muito, por todos esses anos que eu te quis até mais que a mim. Talvez você duvide que tenha sido amor já que não foi para sempre. Mas não temos mais dez anos para nos magoarmos com um fim diferente dos contos de fadas. Amor é ser o chão do outro, gravar os detalhes, dividir as lágrimas e multiplicar sorrisos. Logo, inegavelmente fomos amor. E eu devo a você minhas lembranças mais doces. Contudo agora vivemos apenas disso, de lembranças. Admitir o fim nunca é fácil, então encaremos dessa forma: nós vamos continuar. Serei sua companheira para qualquer hora da mesma forma que venho sendo, teremos apenas vidas separadas. Você terá um apartamento todo para sua bagunça sem minha voz reclamando da toalha molhada na cama e poderá ter o cachorro que sempre quis, mas não teve devido à minha alergia. Seu nome continuará no meu plano de saúde como quem chamar em caso de emergências, porque ainda confio em você mais do que em qualquer outro. Em meio à correria dos dias nos esbarraremos pela rua e almoçaremos de vez enquando para reclamar da vida. Será diferente, mas garanto que melhor. Mesmo não sendo mais “nós”, continuaremos sendo eu e você.
“Eu não sei se rosas vermelhas ou qualquer metáfora podem resumir o amor, mas quando penso em amor, vejo que ele deve ser transformador. Depois de você, eu mudei, isso é fato e como aconteceu ou quanto durou, não importa.” (Gabito Nunes)
27 de agosto de 2011
Desculpe-me pela última vez.
“Então aqui estou eu engolindo o meu orgulho
Parada na sua frente dizendo
Que sinto muito por aquela noite”
Não feche a porta. Ainda não. Escute antes o que eu demorei um tempão para admitir e mais um pouco até vir te dizer. Depois eu vou entender se você ainda quiser virar as costas. Eu sinto sua falta. E não há um dia que eu não pense em você ou uma noite em que eu não me arrependa da nossa última. Eu senti medo e o escondi atrás da falta de tempo para algo a mais e das nossas idades de curtir cada momento como se fosse o último. Por favor, não me olhe desse jeito. Eu sei que eu mereço, mas dói feito um corte profundo uma vez que antes seus olhos refletiam alegria-amor. Você ainda me ama? Porque eu ainda sim. Sei que duvidas que houvesse tal sentimento naquela época, imagine agora. Mas se eu não sentisse cada centímetro do meu corpo arrepiar à cada lembrança nossa, se o seu silêncio não ocupasse cada canto do meu quarto, se você não tivesse se apoderado de cada pensamento meu da mesma forma que fizeras com meu peito, eu não estaria aqui. A liberdade não é nada além de saudades de você. Desculpe-me pela falta de tato nessa coisa de amor, é tudo muito novo para mim. Perdoe-me pela burrice de ter deixado o seu amor me escapar pelos dedos enquanto eu te dava adeus. Eu voltaria atrás sem pensar e em todas as vezes que penso se eu pudesse. Prender-te-ia entre meus braços num daqueles abraços tão nossos e te contaria do amor que me assusta. Não há mais aquele medo diante deste de ter te perdido. Eu queria ter percebido antes o quanto eu amo você.
Inverta meu sorriso.
Encare o castanho dos meus olhos e me invada com o azul dos seus, como se penetrasse no meu íntimo, repousando em minha alma e então grite palavras afiadas que me corte inteira por dentro, em mil pedaços, de tal forma que não haja como reconstruir. Não, essas pequenas coisas, como sumir de vez enquando e esquecer-se de ligar, não funcionam. Dessa maneira, você alimenta essa esperança boba que espera você voltar e o telefone tocar. Faça uma coisa muito ruim, que dilacere o peito tão impiedosamente que o perdão se perca. Mostre-me que você não se importa. Vamos, ainda está no início, ainda há tempo. Faça algo logo, sem pensar, que destrua minhas ilusões e que me impeça de sentir todo esse amor por você. Não espere cada milímetro do meu corpo se viciar no seu gosto. Não me encante com suas confissões românticas. Conte-me que estas chegaram aos ouvidos de tantas outras. Não faça com que eu me sinta a única. Você está agindo errado. Está fazendo com que eu pense em você com um sorriso enfeitando os lábios antes de dormir. O travesseiro está seco, não está vendo? Transbordando apenas sonhos e planos nos quais somos protagonistas. Estou em suas mãos e você ao invés de fechá-las e me esmagar, apenas me acaricia como se sentisse amor.
"Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode." (Tati Bernardi)
23 de agosto de 2011
Você me faz querer dizer sim.
Você tem um sorriso lindo e sabe fazer um biquinho tão fofo que me derrete toda. E foi reparando nessas coisas ridículas que só sentimos quando estamos apaixonados que eu me dei conta das tantas porções de coisas que em ti são opostas a mim e da possibilidade de não darmos certo. Não dar certo é a lei da vida, a história de ser igualmente proporcional, que as chances para dar errado são somente 50%, é lenda. 99% explicitariam melhor os fatos. No entanto esse não é o problema, já estou ciente faz tempo de tal probabilidade. O grande caso está em não darmos certo diante desse brilho nos meus olhos quando vejo você. O que eu vou fazer com esse monte de coisas que eu aprendi sobre você? E com isso de eu ter criado um carinho especial por elas? Não sei, não tenho o manual de instruções ou um guia para quando as coisas dão errado. Mas eu sei que vai doer ter que me desfazer dos seus detalhes. Então eu evito pensar em ti, porque sem querer surge aquela vontade de fazer mil coisas com você e a imaginação constrói planos para um futuro doce no qual nossos dedos estão entrelaçados. “Pisa no freio”, alerto-me. Mas estivemos parados tanto tempo, esperando o momento certo, que o acelerador nunca esteve tão atraente. Eu quero você mesmo, não dá mais para esconder ou conter esse sentimento que confessei ser amor. Há algum tempo venho fielmente seguindo a filosofia de liberdade, mas agora me pego com um sorriso nos lábios ao ser tão tua. Está tudo bem, Clarisse me contou que liberdade mesmo é ter um amor para se prender. E eu estou, inegavelmente, algemada.
4 de agosto de 2011
Sobre o que eu não sei te dizer.
Eu tinha a intenção de te ligar agora, pequena, como no fim de toda noite, e te falar coisas que não te contei nas ultimas conversas, embora faça tempo que eu queira te dizer. Toda vez que surge uma brecha entre nossos assuntos cotidianos e o silêncio me sussurra “é agora”, eu respiro fundo e penso em como começar te falar essas coisas que não se dizem costumeiramente, mas que há tanto vem roubando meus pensamentos e fazendo um nó na minha garganta. Só que eu nunca encontro um começo, entende? Não sei se devo iniciar descrevendo o teu sorriso doce que segue aquele “oi” com uma empolgação tão tua enfatizando o “i” em todos os nossos encontros. Ou se antes devo confessar que ainda não descobri como conter o meu sorriso bobo quando você está por perto. Eu já perdi as contas das tantas vezes que você joga a sua franja para o lado, depois a traz para o mesmo lugar e depois a joga para o lado de novo, não satisfeita com o resultado. Você repete tal ação exatamente da mesma forma inúmeras vezes em poucos minutos, e eu ainda assim fito cada detalhe em cada repetição. Já não sugiro mais que você prenda ou a deixe crescer, você, embora demonstre o contrário, responde todas as vezes que gosta dela assim seguido por um sorriso que impede qualquer contestação. Tudo bem, acredito que sentiria falta dessa sua mania se a franja te deixasse em paz. Não tanto quanto do seu drama, é verdade. Nunca conheci, em todos esses vinte anos de vida, pequena, alguém com tamanha capacidade de dramatização. Você conseguiria emocionar até aquele segurança que não riu do Freddie Mercury Prateado contando a história daquele seu sorvete que caiu no chão assim que sua língua encostou nele. Juro que só não chorei porque me perdi na imaginação de estar do lugar do sorvete, no entanto isso não vem ao caso agora. O que eu estou tentando dizer é simples, mas se complica quando tenta fugir pelos lábios. Não sei se há palavras que traduzam a paz com a qual eu vou dormir quando a última voz a ouvir é a sua, ainda que no telefone, me desejando boa noite. Acho que não. Não há nenhuma que descreva integramente o charme que embala a sua voz quando você quer conseguir alguma coisa, ficando surpreendentemente ainda mais encantadora. Nenhuma que exprima verdadeiramente o quanto me dói quando a tristeza invade teus olhos chocolates profundos. Nenhuma que explique a fuga do ar dos meus pulmões quando você me abraçou pela primeira vez. Nenhuma que revele o fim do meu sossego ao se deparar com um suspiro seu. Nenhuma, nenhuma mesmo, que exponha fielmente o meu amor por cada detalhezinho seu. E talvez seja por isso que eu não consiga nunca te contar que há muito eu me apaixonei e que me apaixono, todo dia, por você, pequena.
29 de julho de 2011
Três pontos.
Tentei tantas vezes pôr um ponto final na nossa história que este virou reticências e agora nós não temos mais fim. Eu não aceitei no início a idéia de não ter mesmo jeito, que eu te amaria longe ou perto. Perder o controle não é algo agradável quando o domínio há muito te acompanha. Desamar sempre foi fácil, doía alguns dias, mas então vinham os amigos, novas distrações e um novo sorriso. A dor assim como o tal amor virava recordação. Mas com você era diferente. Não consegui esquecer o teu beijo que percorrera meu corpo em um arrepio ou o teu perfume que se fixou feito tatuagem nas minhas lembranças mais doces. Não soube encontrar um meio de te apagar dos meus pensamentos, das minhas palavras, do meu desejo. Então eu me rendi à busca dos meus lábios pelo seu gosto, do meu corpo pelo seu abraço, dos meus olhos pela sua luz. Eu ainda não sei explicar a intensidade deste algo que nos une, apenas não tenho mais forças para me manter longe de você...
16 de julho de 2011
Trilha sonora.
Ao cantar aos plenos pulmões “When you’re gone” me dei conta do quanto o medo de você partir outra vez ainda me corrói. Você invadiu meus pensamentos e infectou cada música ligeiramente romântica do meu IPod de tal forma que não consigo mais ouvir minha playlist sem te encontrar passeando pelos refrãos do Owl city, Lifehouse e Jhon Mayer. Já acordo com Jack Jhonson me sussurrando ao ouvido o quanto somos melhores juntos, seguido pelo Leoni me lembrando que depois de você, os outros caras são somente os outros. E isso me causa um medo imenso. Você se dá conta do estrago que minhas músicas favoritas vão fazer se você for embora outra vez? Como se não bastasse os sentimentos que ficarão de ponta cabeça cá dentro, terei que me acolher no silêncio já que cada rima vinda dos meus fones de ouvido serão como afiadas lembranças. É difícil te dizer esse tipo de coisa porque eu teria que admitir que estou me envolvendo, contradizendo minha promessa de ouvir a razão. Mas é que quando você diz que me ama fixando seus olhos nos meus eu não consigo ouvir mais nada. Vesti-me com indiferença e usei batom de beijos sem sentimento como uma proteção contra você, mas bastou um toque seu para eu me despir dessa armadura de gelo e me derreter no calor do seu abraço. Você tem alguma coisa, um segredo por trás do azul dos seus olhos. Não sei, algo que os outro não tem e que me prende a você. Deve estar aí a explicação para o desconcerto do meu peito ao ouvir seu nome independente do tempo que passe. Eu tento não transparecer esse poder que você tem sobre mim, mas Colbie Caillat me canta as tantas coisas que eu não te contei da outra vez e que talvez te fizessem ficar aqui. Então chega mais perto, senta aqui do meu lado e ouve meu peito dizer pro teu nesse pulsar desigual que eu amo você, muito. Caetano me contou que quando a gente ama, a gente cuida. Então cuida de mim enquanto eu cuido de você. Não quero somente a sua mão segurando a minha para atravessarmos a rua ou durante um filme de terror, quero sempre. Quero sua voz sendo trilha sonora dos meus dias e seus sussurros como minha canção preferida. Quero que você fique.
30 de junho de 2011
Quando alguma coisa acontece.
Você conhece alguém e tudo bem, não há nada de errado em conhecer novas pessoas, mas então alguma coisa acontece. Não se sabe exatamente a forma com que acontece, se é rápido ou lento. Sabe-se apenas que é intenso. Penetra teus muros de proteção e destrói o teu mudo de certezas. De repente você não se importa se está sentado num sofá, num banquinho desconfortável de praça, ou até mesmo de pé, desde que esteja com esse alguém. Você começa a sorri sem motivos aparentes, e não somente com os lábios, mas com os olhos que ganharam um brilho estranhamente singular. Então ele passa a ocupar sua mente quando vai dormir, depois também quando você acorda e quando você se dá conta ele esteve na sua cabeça o dia todo, todos os dias. Aí já era. Não adianta fingir que não liga, que é coincidência porque quando o telefone toca o coração quase escapa pela boca e é a voz dele que o seu ouvido busca enquanto seus lábios reaprendem a dizer ‘alô’. E se não for ele do outro lado da linha hoje e amanhã e depois de amanhã e na semana ou mês que vem o pulsar descompassado que te roubava o sono vai se tornar lento, doído e sem outra cura se não a voz, o toque, o olhar dele. Então você se esquece dos conceitos formados, do orgulho e corre atrás do seu sorriso ainda que através do dele. Porque alguma coisa aconteceu quando seus olhos se cruzaram ou quando ele tocou sua mão naquela primeira vez. E quando acontece... Ah, quando acontece: aí já era!
29 de junho de 2011
Deve ser.
Deve ser porque você inventa um sorriso para minhas piadas mesmo sendo ruins. Deve ser porque você veste jeans com all star e me empresta seu abraço quando eu estou com frio. Deve ser porque você não me manda rosas, mas aparece de surpresa numa dessas tardes que eu quero sumir do mundo e faz o mundo sumir. Deve ser porque teu gosto não sai da minha boca. Deve ser porque você segura minha mão ao andar do meu lado. Deve ser porque teu perfume impregnou minhas roupas, minha memória. Deve ser porque você pergunta como foi o meu dia e pára para ouvir. Deve ser porque você não gosta dos mesmos filmes que eu, mas esconde e os assisti comigo. Deve ser porque você diz que eu estou bonita sempre que nos vemos. Deve ser porque você me manda mensagem dizendo que esta com saudade e me liga em seguida para ouvir minha voz. Deve ser porque você diz que vai dar tudo certo e faz de tudo para que dê. Deve ser porque você não sabe fazer se quer um miojo, mas delicia-me com beijos demorados. Deve ser porque você me olha diferente e sem pressa. Deve ser porque numa noite de segunda paramos para olhar as estrelas. Deve ser o porquê eu gosto de você. Deve ser.
16 de junho de 2011
Ponto final.
Publicar um texto é um jeito educado de dizer "me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu".
Eu nunca entendi o porquê do fim. Nunca encontrei ninguém que me explicasse a necessidade de um término. Como um texto que carrega alegria em cada palavra precisaria encontrar um limite? Como você que trazia sorrisos em todos os dias precisou encontrar um triste ponto final? Acredito que depois deste ponto você descubra um recomeço, com felicidades imensuráveis, com o dobro das que você nos proporcionou aqui. Não há dúvidas que você seja merecedora do mais doce brilho nos olhos. Mas para quem fica antes do ponto, neste lugar que por tanto tempo você fez mais belo, um recomeço sem teu carinho e motivação não é somente difícil, é indesejável. Amanhecer sem te encontrar durante o dia ainda é inaceitável. Lembro-me que da última fez que o fim visitou um dos que moravam em meu peito foram os seu braços que me guardaram e suas palavras que aliviaram minha dor. Mas agora não encontro seu abraço, só a sua voz silenciosa que amplifica o grito do esquerdo. Noite passada meu travesseiro não conseguiu ocultar o som das lágrimas incessantes e se não fosse aquela pílula, estas teriam afastado o sono até encontrar o sol. Sua ausência dói e dilacera cada pedacinho de mim. Por mais que nos últimos dias você dormisse ao som do bip daqueles aparelhos, muita esperança me fazia acreditar que seus olhos castanhos chocolates logo me olhariam com a sua luz de sempre. Mas o bip cessou e os seus olhos não abriram. Então eu fui pra sua cozinha por não conseguir respirar na sala entre tantas lágrimas daqueles que assim como eu não aceitavam você partir assim. Lembrei-me da última vez que estivemos ali, no natal. Você havia preparado uma mesa farta e sem esperar o relógio badalar meia-noite, nos havia feito comer cada prato que só você sabia preparar. Ainda estava pendurado na parede o presente que eu te dei naquela noite e foi doído lembrar do seu sorriso ao recebê-lo pois agora eu só o veria novamente em memórias. Vieram-me todas as nossas lembranças, minha infância nessa casa com você brigando comigo e me mimando. Lembra que nessa mesma época, quando eu ainda era um tiquinho de gente, te chamava de mãe e os outros me corrigiam repetindo: ‘diz titia, ela é sua titia’? Então, eles estavam errados. Nosso coração reconhecia aquele amor todo e sabia desde cedo que você era a minha mãe. Hoje eu acordei e a primeira coisa que fiz foi sentir a sua falta. Sei que você sabia disso, mas só queria te dizer mais uma vez: Eu te amo, mãe!
9 de junho de 2011
O brilho que se esqueceu de acontecer.
Venha agora, não espere o músculo, a piada, o botão, o calo, a saudade, o arrependimento, o vazio. Eu preciso sentir que você ainda sente, eu preciso que o seu coração dê um choque no meu. (Tati Bernardi)
Eu queria saber te falar, sem receio algum, meias palavras, rosto corado ou tristeza tornando o peito pequeno, o quanto é imenso esse sei lá o quê que nasceu em mim. Te fazer entender que ele não mudou depois desses caminhos opostos que seguimos e que nos trouxeram aqui, para um caminho similar outra vez. E por último, talvez mais importante, gritar para você que eu não entendo, nem um pouco, esse seu parecer querer agora e daqui a pouco parecer não querer mais. Mas eu não sei como. Quando eu te olho, nessas raras vezes que nos encontramos, fica um nó na garganta impedindo até mesmo o ar entrar. Eu fico um tanto boba e esqueço-me do que sufoca as palavras, já dispensáveis perante o sorriso que você inventa em minha face. Mas então você vai embora, nosso tempo sempre curto, e o nó da garganta aperta também o peito. Lábios amigos sussurram-me para disfarçar o brilho dos meus olhos e alertam a ausência do mesmo nos seus. Você parecia tão alegre. Já não sei mais se era felicidade sua ou a minha, grande demais, sendo suficiente para nós dois. Teu sentimento no papel é tão bonito, entretanto às vezes você se esquece de praticá-lo. Triste, não? Ver tantas possibilidades de sorrisos sendo esquecidas por aí. Estou cansada do que inverte sorrisos, do que traz esse nó e impossibilita o sentimento sair do esquerdo. Há tanto precisando dos meus pensamentos enquanto eles focam no não-brilho do seu olhar. Vou deixar de pensar, de tentar. Acho que algo assim como o que faz morada em mim devia expandir doçuras ao invés de prendê-las.
20 de maio de 2011
Cinza.
O frio invadiu o cobertor por uma fresta e tocou minha pele, arrepiando-me. Já havia me esquecido que além dos limites dos seus braços o inverno se vazia notar. O telefone toca e você sussurra que se eu esquecer o mundo lá fora, ele se esquece da gente aqui dentro. Tudo bem, eu não ia mesmo atender. Abandonar o teu abraço exigia mais forças do que eu tinha no momento. A chuva bate furiosa na janela e eu me concentro nos pingos que percorrem o vidro. Você se lembra de quando nos conhecemos e pergunta se eu lembro também. Faz mais de um ano. Você diz parecer ter sido ontem. Aquele sorriso aberto de menino doce toma seus lábios como naquela noite, me encantando da mesma maneira. Parece que nos conhecemos de longa data, um ano é pouco para tanto sentimento assim. Troveja lá fora e eu te abraço mais forte. Você diz desconhecer meu medo de trovão. Não tenho mesmo, só queria te sentir mais perto. Mas não confesso. Aproveito-me do seu jeito protetor que me envolve no calor do teu corpo e diz estar tudo bem, que estás aqui. Queria que todo dia fosse assim. Esse friozinho de fora me mantendo aquecida dentro do teu abraço. Ficamos calados ouvindo a chuva cair e o nosso pulsar dançar em ritmo igual. Você interrompe o silêncio dizendo que o cinza desse dia chuvoso é bonito. Pensei que não gostasse de cinza. Não normalmente, só quando se misturam com a cor dos seus olhos. Digo-te baixinho que cinza poderia ser minha cor preferida e você sorri. (...)
19 de maio de 2011
Sempre nós.
Confesso que me senti insegura quando vi nos teus olhos o brilho de um novo amor, diferente do nosso, não meu. Essa estranha novidade era assustadora, como se um novo sentimento fosse ocupar o lugar do nosso que há muito está aí. As coisas são substituídas com o passar do tempo, é o normal. Mas nunca nos encaixamos nesse conceito, você me lembrou. Tuas palavras acalmaram o coração que pulsava descompassado cá dentro, imaginando não poder te guardar mais. Independente do novo que te trazia sorrisos, o que eu colocava nos teus lábios você não abriria mão. Foi doce me encaixar no teu abraço sabendo que aquele lugar ainda era meu, esperando para me acolher sempre que se fizesse necessário. E era necessário, porque havia medo, saudade e muito, muito, amor procurando teu peito para repousar. Quem vê de fora não entende, mas te ter, assim como você tem a mim, para guardar confiança e amor é único. É poder baixar o muro contra o mundo e revelar sonhos e desejos; contar os dias e sentir o outro guardar cada detalhe, ainda que bobo; desabafar sentimentos e confessar loucuras sem censura; desfazer os limites impostos pelo externo e mostrar o interno, ferido, cicatrizado, deformado, verdadeiro e não ser somente aceito, mas visto lindo pelos olhos do outro. E sentir de novo essa nossa singularidade me trouxe estrelas aos olhos. Você me relembrou que quando se trata de mim e de você, independente do tempo, somos sempre nós.
”Há em você alguma coisa de mim. Alguma coisa que eu vejo e me acalma. Como se eu pudesse deitar de novo no lugar de onde vim, pois só você sabe que lugar é esse. Então você me entende... E eu não me entendo tanto quanto entendo de ti. Talvez isso seja amor. Talvez não. Seja lá o que for, é incondicional.”
(Fernanda Young)
13 de maio de 2011
Palavras não ditas.
Eu queria te dizer que se você sumiu das minhas ligações recebidas, da minha caixa de mensagens, da minha vida, eu entendo que tenha sido porque era o melhor para você depois das minhas palavras em nossa última noite. E que eu nem deveria estar te escrevendo ou tentando revirar sentimentos revirados como disse Ana Carolina, mas.. Eu sinto sua falta. Muita. Aquele sentimento de quatro anos, o mesmo que eu julguei ter multiplicado e depois diminuído, parece não ter se modificado. Eu sempre tento o medir e talvez o erro seja este: medir o que se encontra além de proporções. Então quando digo que ele está igual, quero dizer que ainda se encontra enraizado cá dentro, na cabeça ou no coração, o que seja, ele ainda está aqui. E vez enquando, nos últimos dias com freqüência assustadora, ele tem me sussurrado, ou gritado, o quanto o azul dos seus olhos faz falta em meio esse preto e branco dos meus dias corriqueiros. Pode ser que sejam os hormônios que fazem festa em certas épocas do mês, confesso, mas como eu explico te encontrar nos últimos pensamentos de cada noite? Não espero que você me ligue ou apareça aqui no meu portão dizendo que eu estava errada na última conversa e que a saudade é prova disso, que você quer ficar e que o sentimento nestas linhas ocupa as suas linhas também. Na verdade eu nem saberia o que fazer caso você fizesse isso. Você se afastou, eu me afastei e evitei que você se aproximasse quando me disse as palavras ‘para sempre’. Foi medo, foi não querer te amar. Mas ainda sinto as borboletas entende? Nem eu entendo. É que eu queria, muito muito, continuar. Mas eu não podia. E ainda não posso. Mas eu sinto saudades de você. Sempre.Mesmo sem te contar.
11 de maio de 2011
Não sei, talvez.
Não sei se era você, veja bem, te vejo a todos os instantes saindo e entrando de todo e qualquer lugar e nunca, nunca, é você. Às vezes são até mesmo umas pessoas bem feias e diferentes e impossíveis de te lembrar. Mas tudo lembra e assim sigo te vendo por toda parte a todos os instantes. (Tati Bernardi)
Eu vi um homem, com características similares às suas, passar no ônibus e questionei se poderia ser você. Era tão idêntico. Comentei com minha amiga ao lado, mas ela negou qualquer semelhança. Tudo bem, talvez não fosse tão parecido assim. Enquanto fazia algumas anotações liguei o IPod e ao acaso tocou uma música que te descrevia bem, as ações avessas e os sentimentos complicados. Parecia até que o cantor te conhecia e fizera a música sobre você. Impossível, ele mora em outro continente e você nunca nem saiu desse estado. O telefone tocou e eu pude jurar que a voz do outro lado era a sua. Fiquei quieta até a pessoa repetir “alô” mais cinco vezes e ficar claro a ausência de qualquer semelhança. Ela desligou sem que eu descobrisse quem era. No intervalo da novela a propaganda de um filme resgatou a lembrança do primeiro que vimos. A batata frita que comi durante o jantar trouxe à mente aquele nosso almoço de tanto tempo. Os exercícios de matemática me lembraram o quão bom você é com os números. A foto da revista trouxe a lembrança de não ter revelado fotos nossas. E vem sido assim já há algum tempo. Eu te lembrando em muitos momentos. Ou todos. E num desses momentos, que nunca nunca pausam, eu descobri que não são os detalhes, todos e quaisquer, que preenchem os meus dias, o que me faz lembrar de você. Mas esse sentimento, que não se encontra no meu corpo todo como eu supunha, mas em minha cabeça, que faz com que eu relacionasse as pequenas e grandes coisas a minha volta, ainda que inconscientemente, a você. Foi quando eu entendi que não é doença, obsessão ou imaginação. É apenas a minha mente que havia gravado seus traços e um algo, que ainda se encontra inominável, que os revivia em memória por um motivo que eu ainda não sei. Falaram-me que é amor. Não. Não acredito que seja. Talvez... Talvez.
28 de abril de 2011
Vem!
Baby, você é como fogos de artifício
Venha e deixe as suas cores explodirem
Deixe todos boquiabertos falando "oh, oh, ooooh"
Você vai deixá-los todos supresos (Katy Perry)
Acorda. Você aí com esse sorriso inverso e olhos foscos. Expõe esse brilho, essa vontade, essa alegria que está escondida dentro de você. Eu sei que há tristeza encharcando o travesseiro em noites frias e que a melancolia do fim não te deixa ver os novos começos. Mas permita que as lágrimas sequem, ou que alguém as seque, e olha pro mundo de novo com curiosidade, com vontade e sorria. Que mal há em mostrar o que de mais belo há em você? Não apague sua luz por um brilho falso. Ele não te roubou a felicidade, ela está bem aí debaixo dessa ilusão de que ele era tudo, que sem ele você é nada. Você é sim, e bem mais que antes. O doce dessa dor, dessa perda, é saber que você agüenta, que está aqui ainda e pode sorrir. Faça com que ele se pergunte por que você ainda está sorrindo. Ele não era sua única chance de ser feliz como parece ser. Abra a janela e veja que aqui fora há mil possibilidades de felicidades, felicidades possíveis, reais. Vem! Venha viver essa felicidade toda, ter novas paixões, conhecer novas pessoas e descobrir o quão babaca você está sendo por deixá-lo borrar sua maquiagem.
27 de abril de 2011
Não é medo do amor.
Você faz caras e bocas enquanto me conta sobre algum acontecimento cômico da sua semana e me faz rir. Eu cubro meu sorriso com uma das mãos ainda que o som em volume máximo escape por entre os dedos. Sua face ganha um aspecto sério e na proporção que a gargalhada se esvai eu pergunto o que aconteceu. Você pede para eu não esconder meu sorriso alegando esquecer-se do seu quando o meu some. Eu bebo a coca que esta no copo que você trouxe para mim e desconverso como se não tivesse ouvido, ignorando o fato de o meu rosto corado ter me entregado há muito. Pergunto se vamos ou não assistir o filme que alugamos e você vai preparar a pipoca enquanto me jogo no seu sofá. Trinta minutos depois estou me afogando em lágrimas com a suposta morte do mocinho e você me abraça, como se estivesse me protegendo, ainda que apenas do meu sentimentalismo bobo. Eu me afasto mesmo sentindo que teu peito me assegura dos meus medos mais profundos, exceto esse de me envolver demais. Com o final do filme e meus olhos já secos, você liga o rádio e coloca o cd com a música que elegeu ser nossa. Tira-me para uma dança e se arrepende, mesmo sem confessar, assim que meus pés desordenados pisoteiam sem dó os seus que nem parecem tocar o chão. Rio sem graça e você ironiza a dança, a música e a voz do cantor em uma das suas piadas me fazendo gargalhar tão largamente que minhas mãos não conseguiram esconder. Você rir também enquanto me beija e caímos no sofá. O sorriso ganha ar malicioso em combinação com as luzes já apagadas. Acordo com seu sorriso doce de bom dia e percebo ser melhor que qualquer café da manhã. Fico com medo. Porque meus lábios têm ganhado muito mais que contrações-sorrisos, felicidade. E o brilho que eu vejo nos seus olhos ao falar sobre mim é o mesmo que vejo no espelho ao me arrumar para você. Porque você me faz sentir que os dias são mais fáceis com a certeza de te ter no fim deles, seja num telefone, num cinema ou no seu sofá. Porque você pulou meu muro de receios e me mostrou o tanto que eu posso gostar de alguém. E que esse alguém pode ser você. E dá medo, muito medo, não do amor, mas de deixar que ele entre sabendo que um dia você possa não estar mais aqui para eu te amar.
25 de abril de 2011
Junto das lembranças bonitas, ficaram as saudades.
“... hoje me peguei com uma saudade enorme de você.. da gente!”
(Tati Bernardi)
Flagrei-me com um brilho nos olhos ao relembrar o doce que era te encontrar em meus dias e do tanto que eu gostava de você pro pouco tempo que tínhamos. Mas perdi o sorriso ao notar o tanto de carinho que ainda tenho por ti e o quão distante estamos. Tento me ensinar a querer menos, esperar menos e sentir menos já que agora somos menos. Mas parece ser uma inteira contradição, tendo em vista que quero mais, e uma pena, uma grande pena, mesmo sendo necessário. Ainda te desejo um bem enorme, e não acredito que isso mude com o tempo, mas tenho limitado os meus desejos a este querer bem. E tudo tem funcionado em conjunto com essa distância progressiva e dias corridos, entretanto as palavras e a saudade vieram de surpresa me despertar pela manhã. Acordei pensando em você, assim como fui dormir noite passada. E senti falta de momentos nossos, embora pareça ser tão errado. Tentei te deixar de lado e ignorar as lembranças bonitas que agora me vêm apenas de vez enquanto, e que mesmo de vez enquanto despertam desejo de serem mais do que recordações...
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