Todos os textos deste blog são de minha autoria, quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.

3 de abril de 2012

Quase sete.

Eu tinha resolvido que só te daria um “oi”, no máximo deixaria escapar um “tudo bem?”, mas com uma expressão de pressa na face, para não revelar que eu realmente gostaria de saber sobre você, fingir que era só por educação. Só que eu não aprendi ainda como controlar a língua, pulei o “oi”, o “tudo bem” e acrescentei a parte sobre tomarmos um café qualquer dia desses, “Qual o seu número mesmo? Toma o meu... Me liga!”. Desesperada. Você deve ter pensado isso, pensei. Mas quando cheguei em casa e ouvi seu recado na secretária eletrônica trocando o café por um jantar na sexta a noite concluí que talvez não tivesse falado com tanto desespero assim, ou que você deveria estar pior do que eu. Não ligo. Acho até que se a gente se aproximar poderemos encontrar alguma calma. Só que agora eu não tenho ideia de onde ela está. São quase sete e sete foi a hora que você disse vir me buscar. E eu ainda não escolhi um vestido, me deu dor de barriga e eu não encontro meus brincos. Tá calor. Eu fico estressada com calor e vi no jornal que hoje é o dia mais quente do ano. E se eu não conseguir controlar o estresse e cuspir umas palavras não muito gentis na sua cara? Eu to nervosa, não quero que você conheça esse meu lado logo de cara, se for assim o outro nem vai ter chance, eu sei. Quero vomitar. Minha unha quebrou e minha lixa foi brincar de se esconder junto com os meus brincos. E se eu te arranhar? Tem homem que gosta segundo a Carla, minha colega de trabalho. Mas eu tenho a impressão que arranha-lo no meio de uma conversa em que minhas mãos ficam inquietas demais para permanecerem no meu colo não era o que ela tinha em mente quando fez tal afirmação. Vou desmarcar. Minha avó tá doente, coitada, ou o voo do meu irmão atrasou e ele precisa que eu fique com meus sobrinhos porque a babá não pode ficar em cima da hora. Tudo bem, eu sei que é deselegante te ligar assim sendo quase quase sete e desmarcar não somente esse encontro, mas todos os outros que poderiam vir a existir. Encontrei um vestido preto no fundo do armário. Justo o suficiente para segurar os seios numa posição atraente, mas não ao ponto de marcar aquele pneuzinho que o chocolate da TPM passada me trouxe. O telefone toca e sua voz do outro lado me desnorteia. Você está chegando e eu ainda não encontrei meus brincos, minha unha pode amputar seu braço, meu estresse pode fazer você se arrepender do recado deixado na minha secretária eletrônica e seu tom de voz sedutor impediu qualquer desistência do encontro. Ai eu fico com medo. Porque quando eu encontrar a sua cara de homem, ouvir de novo sua voz de homem e perceber enquanto você me conta dos seus planos de homem que você é bem melhor que todos aqueles meninos com quem eu já saí eu posso gostar ainda mais de você, mas você descobrir que não pode gostar nem um pouquinho de mim. Achei os brincos no banheiro. Aproveitei para olhar no espelho e mandar a menina apavorada que refletia virar mulher, porque só mulheres merecem homens e eu tinha cansado dos meninos. Cortei as unhas e o risco de torná-lo um deficiente físico. Respirei fundo. Uma, duas, três vezes. Já eram sete e o interfone me contava que você estava lá em baixo. Tranquei os meus medos infantis em casa e desci com meu desejo adulto de te encontrar. Não tinha outro jeito, nenhum salto alto me colocaria à sua altura se eu não tivesse coragem suficiente para ignorar minhas paranoias e sair com você.

18 de março de 2012

Como cheguei aqui.

Eu não sei como cheguei aqui. Acho que fui guardando coisas demais. Guardei seu sorriso meigo, seu cheiro gostoso, a quentura das suas bochechas quando recebia um elogio. Sei lá, só sei mesmo que depois de um tempo passei a sentir teu abraço tão aconchegante quanto o meu coberto numa manhã chuvosa em que deveria levantar para trabalhar. O calor do seu corpo passou a me prender feito o coberto, nada fora dos seus braços me interessava mais. Quando eu te vi chorar pela primeira vez então menina, naquele romance bobo que você me convenceu com tua voz doce a assistir, despertou em mim um instinto protetor que até então eu desconhecia. Quis te cuidar, te aninhar com o cuidado de quem segura um objeto precioso de porcelana, com medo de quebrar. Aí pronto, os passos seguintes foram inevitáveis como um carro sem freio numa descida bem alta. No final tudo tinha perdido significativa importância, noites de sono só mesmo para sonhar contigo; comer, beber, até o futebol havia se tornado banal. Só me importava mesmo era te chamar de minha. E acho que foi assim que vim parar aqui, numa igreja, vestido como um pingüim e com as mãos suando como no nosso primeiro encontro. Naquele dia eu não tinha idéia que branco lhe caía tão bem e que um “sim” seria capaz me trazer tanta felicidade ao sair dos seus lábios.

31 de janeiro de 2012

Caminhos.

Foi depois de caminhar por algumas ruas e estradas que eu entendi a importância de cada passo. Comecei só, até que fui persuadida por uma caminhada à dois e então caí e por mais que eu procurasse, não achei uma mão que me ajudasse a levantar. Percebi que retomar uma caminhada solo seria no mínimo menos arriscado. Virando algumas esquinas encontrei caminhos doces que quiseram se unir ao meu e me deparei com uma vontade imensa de aceitar toda doçura que me era oferecida. Mas veja bem, abandonar a solidão que há tanto me acompanhava, por subidas e descidas, sem jamais me deixar na mão, era algo que merecia ser bem pensado e repensado e trepensado se possível. Um passo errado poderia me fazer cair outra vez e o arrependimento que segue uma queda é ainda mais dolorido que as feridas. Então aceitei somente a trajetória que me trazia segurança. Caí mais uma, duas, três, n vezes. Foi assim, pisando em falso e tropeçando que eu percebi que uma mudança no destino deve ser feita por algo que realmente mereça, algo que valha a queda, o peito ralado, os olhos encharcados. Só se deve mudar o curso quando o novo caminho lhe despertar muito mais que desejo ou segurança. Você sabe, desejos são passageiros, mundanos e a segurança é falha. Então eu descobri que eles estavam certos. Todos os poetas. Como disse a Tati B., tem que arrepiar cada centímetro do seu corpo e fazer você sentir o sangue bombear num ritmo charmoso. Caso contrário não vai valer, não vai dar certo. Pois só o que é capaz de lhe roubar o chão é capaz de lhe dar o impulso do vôo. Foi assim que eu descobri que são os caminhos que mais lhe despertam medo que devem ser seguidos. São as sensações mais assustadoramente encantadoras que vão lhe trazer um sorriso quando tua face estiver molhada. Desse modo eu passei a não somente entender, mas seguir fielmente o Caio: olhe os caminhos, o que tiver mais coração, siga!

18 de janeiro de 2012

Aposta.


O melhor de tudo – não há dúvidas – são os detalhes. Esses momentos simples nos quais suas mãos brincam com meus cabelos e meus dedos acariciam seu rosto, contornando cada traço seu. A forma com a qual teus olhos me fitam quando distraída com a TV eu te pego olhando para mim. Os suspiros leves que me escapam ao encontrar conforto no teu peito. São essas minúcias de momentos nossos que ao repousar a cabeça sobre o travesseiro invadem com felicidade os meus lábios. É a essência das coisas mais banais que fazemos quando juntos que me fazem desejar parar o tempo quando o relógio alerta a hora de ir embora. Notei esses dias quando você preparava nosso lanche, que você caí bem na minha cozinha, e que não ligaria te encontrar lá manhã, depois e sempre. Mesmo que eu prefira viver um dia de cada vez, como você sugeriu, confesso cair na tentação de vez ou outra fantasiar um futuro de nós dois. Eu não te contei, mas tenho adorado seguir esse caminho em que seus dedos se entrelaçam com os meus. E todas essas palavras desconexas são de certa forma um jeito de dizer que tenho apostado em nós, de um modo que nunca imaginei que fosse me permitir. Já não sei se acerto ou erro feio, mas quando você me sorri sem jeito se fazem seus os meus sentimentos mais bonitos.

8 de janeiro de 2012

Não há mais volta.

Eu não sei como funciona essa coisa de despedida. Nunca me importei, nunca me despedi. Mas há algo bom em você que desperta algo bom em mim, e eu não queria magoar alguém que me fez tão bem. Deste modo, resolvi que você merecia alguma explicação. Eu não tenho motivo nenhum para acreditar em amor, eternidade, sinceridade. Nunca encontrei uma provinha se quer de que existe mesmo esse lado bonito e bom em amar. Não consigo acreditar no afeto superficial que vejo em mãos dadas desses tantos casais que encontramos em toda esquina. Sempre acho que por trás dos dedos entrelaçados ele trai a confiança dela na cama de outra ou que ela o engana matando aula de inglês para encontrar os lábios de outros. Eu vi tanta mentira que não consigo mais ver verdade. Então quando você diz assim todo meigo que me ama eu imagino quantas já não se encantaram com esse brilhinho nos seus olhos, e que eu não sei ser como elas, mesmo que eu tente. E foi assim que eu decidi ir embora. Porque eu não acredito, não em você, mas nessa coisa de amar. E você merece alguém que acredite. Não estou indo embora porque eu me ache superior com a minha falta de fé. Mas porque você com toda essa fé é mil vezes melhor que eu. Sabe toda a felicidade na qual eu não acredito? Eu quero muito que venha existir para você. Nunca deixe de sentir, uma vez nesse caminho não há mais volta.

Um beijo doce,
se cuida.

5 de janeiro de 2012

Depois do Sid.

Eu tentei me reinventar, para se, ao acaso, te encontrasse pela rua. Dizer que conheci alguém novo naquela boate que você sempre se recusava ir e que as coisas caminhavam para algo mais sério, talvez. Isso de tentar mostrar que eu segui sem você e que tudo andava muito bem obrigada. Só não poderia confessar que desde a nossa última noite eu me encontrava jogada no sofá, chorando com qualquer pequena cena romântica que passasse na TV. É tudo que me lembro além do gosto amargo da vodka toda manhã. Mas então me toquei que para te encontrar eu primeiro teria que sair de casa, o que não fazia a um tempo considerável. Uma amiga veio tentar me salvar do melodrama do nosso fim antes que eu me afogasse em tantos lenços de papel. Eu disse que precisava de você. Ela disse que eu precisava de luz e um pente. Abriu as cortinas e me trouxe um espelho. Não reconheci o reflexo. Mas até que ele estava melhor do que minha parte de dentro. Ela disse que era o álcool, o romantismo hollywoodiano e a minha queda em ser a coitadinha. Quis mandá-la para o mesmo lugar que mandei você quando me contou sobre a Carla. Você, Carla, ela e todo o mundo poderiam ir para lá. Mas ela me trouxe um café e a foto de um tal de Ricardo que estaria super interessado em mim. Ele parecia o Sid da “Era do Gelo”. Ela disse que apertando os olhos e com as luzes da boate eu o acharia parecido com o Tom Cruise. Foi aí que eu percebi que ela merecia ir para um lugar bem pior. Mas tenho que agradecer à ela, a você e a Carla. Depois do episódio do Sid eu tomei um banho e marquei hora no salão. Voltei a trabalhar, bani qualquer gota de álcool e passei a acordar todos os dias buscando ser mais bonita ao ponto de não precisar ficar com uma animação de um bicho preguiça, ter mais amor-próprio para não deixar que existam outras Carlas e ser mais inteligente para não me apaixonar por babacas como você.

24 de dezembro de 2011

Não sei lidar.

Você não estará lá. Assim como não esteve no meu aniversário ou na minha colação de grau. Mas ainda assim eu irei te ver. Nas comidas típicas que nunca serão tão gostosas quanto as suas, na tristeza dos olhos de cada um que sente sua falta, nos sorrisos que se tornaram incompletos sem sua companhia. Eu não sei lidar com isso: a tua ausência, essa saudade. Com isso de ao passar na sua antiga rua ter os pés no automático caminhando para a casa que era tua e sentir os olhos encharcarem de uma tristeza tão doída ao lembrar que se eu tocar a campainha não será você quem virá me atender. Depois que você se foi tudo ficou uma bagunça. Todos nós perdemos o rumo. E por mais que como todos eu acorde pela manhã e tente seguir a vida, toda noite fica um vazio, um não saber o que fazer sem você por perto. E hoje seria o dia no qual eu passaria na sua casa, com um presente doce para você e com o peito reclamando o teu abraço e o nosso sorriso. Mas não terá visita ou abraço com sorriso, só uma saudade absurda banhada em lembranças do que nunca mais irá acontecer. Sabe mãe, hoje quando o relógio badalar meia-noite, em meio à comemoração de tantos, eu só conseguirei ouvir a tua ausência fazendo silêncio em todo lugar.

20 de dezembro de 2011

Conto de fadas.



Não existe príncipe encantado. Não importa quanto o busque, nunca irá encontrá-lo. Ele simplesmente não existe além das palavras que seguem o ‘era uma vez’. Procurá-lo é algo que trará apenas decepções, lágrimas e uma angustia doída sempre que a cabeça repousar sob o travesseiro. Homem encantado é fantasia. O que realmente existe é homem encantador. Aquele que sem esforço irá te agradar, naturalmente. Aquele que colocará um sorriso em seus lábios sem alarde, mas que quando você der por si se encontrará estampando um enorme sorriso bobo no rosto. Aquele que quando te encontrar irá observar seu decote e sua bunda, mas primordialmente te fitará os olhos. Aquele que não irá reparar no cabelo, na roupa, nas unhas, mas que irá notar suas sutis mudanças de humor, sua alegria, tristeza e principalmente sua TPM. Aquele que aprenderá seus traços e manias. Que enxergará seus defeitos e saberá que suas qualidades são bem maiores. Aquele que sairá para beber com os amigos, assistirá futebol aos domingos e mesmo assim saberá dar valor a uma tarde ao seu lado. Aquele que talvez não se lembre do aniversário de vocês, mas que não se esquecerá do sabor do seu suco predileto, rotina de toda manhã. Aquele que não fará declarações de amor ou ficará de pieguices românticas, mas que irá segurar sua mão ao passearem pelo shopping e te ligará antes de dormir desejando boa noite. Aquele que terá a vida dele deixando espaço para que você tenha a sua, apesar de sentir que o dia não foi completo até saber das suas coisas e compartilhar as próprias. Aquele que não chegará montado num cavalo branco com todo o glamour que você esperou, colocando brilho nos seus olhos, mas aquele que chegará sem que você note e que conquistará aos poucos sua admiração. E esse é o homem que deve ser procurado. Vestir alguém com ilusões de príncipes e esperar que este a faça feliz, fará com que se enxergue somente sapos no mundo. Enquanto isso, por trás de cada desilusão, se encontram vários seres humanos assim como você, cheio de defeitos e imperfeições, e com uma capacidade enorme de construir ao seu lado uma história bem melhor que um conto de fadas, uma história real.

12 de dezembro de 2011

Pare ou siga (comigo).

Isso. Faz assim. Vamos, uma lágrima é pouco. Roube-me dez, vinte, cem, mil. Destrua essa minha ilusão. Impeça-me de derrubar esse muro que me protege de sentimentos mais intensos, mais íntimos, mais perigosos. Faça com eu me recomponha, que não me derreta com as tuas recentes palavras doces sobre um sentir gentil que me fez querer sentir também. Não me deixe sentir. Vamos, freie-me. Ainda há tempo para impedir que eu entre num estado de amor por você. Permita somente esse sentimento que há outros foi similar. Que poderá ser desfeito igualmente, indolor. Faça com que eu recupere o plano original: nada de se apaixonar. Sentir complica, somos melhores simples. Quero que faças um sorriso nascer em mim, mas que este não se fixe em meus lábios sempre que uma lembrança de como você é incrível e bobo e meigo e amável se apoderar dos meus pensamentos. Mostre-me que você não é tão incrível assim, que você pode me machucar como os outros. Não faça com que eu me apaixone por você se você não quer se apaixonar de volta. Digo no sentido completo da palavra. Piegas e bem clichê. Se você não pretende segurar minha mão, falar com meus pais, dispor seu ombro amigo, me ligar no fim da noite para saber sobre o meu dia e contar o seu, por favor não me faça querer essas coisas. Eu não queria e você sabe. Não faça com que eu as deseje se não pretende me dar. Para de me olhar dessa forma e falar de sentimentos se você não está disposto a sentir inteiramente. Não estou te cobrando nada, pelo contrário, eu morro de medo de sentir. Então não tente fazer com que eu me esqueça dos meus receios se você tem algum do qual não vá abrir mão. Faz o seguinte: deixe-me seguir o plano original ou crie um junto comigo. Mas, por favor, não me deixe criar um sozinha.

4 de dezembro de 2011

Delírios tepeêmicos.

Capítulo I – Toda Paixão Morre.

- Que cara é essa?
- A única que eu tenho.
- TPM?
-Eu não to de TPM!!
- Tudo bem. Mas me diz: que cara é essa?
- Meu relacionamento acabou!
- Aham, tá bom!
- Sério. Eu te juro. Dessa vez acabou! Não dá mais certo!
- Ok. O que houve?
- Ele falou diferente comigo!
- Como assim diferente?
- Diferente, ué.
- Só isso?
- E tem mais. Tá tudo igual!
- Ué, mas ele não falou diferente com você?
- Não é isso, é que é muito tempo junto. Virou rotina. Tudo ficou igual. O beijo tá igual. Os dias estão iguais. Meus finais de semana são sempre iguais. Até o sexo tá igual! Tá tudo sem graça!
- Então muda. Renove. Experimenta outro jeito de beijar. Vai para outros lugares nos finais de semana. Compra uma lingerie nova e faz uma posição nova na cama. Sei lá!
- Tá, pode ser. Mas...
- Mas o que agora?
- Ah, não quero mudar!
- Aimeudeus!
- É que pensando bem eu acho que não é isso.
- Então o que é?
- Não sei. Esse é o problema. Não sei se quero mais ficar com ele. Sabe, eu nem penso mais em casar. Desisti. Nem sei se estaremos juntos amanhã, imagina no ano que vem. Tá vendo? Meu relacionamento acabou! ACABOU!
- Já entendi tudo.
- O que? Que a gente não se ama mais?
- Não. Que você está de TPM.
- E o que eu faço?
- Espera. Dentro de alguns dias isso passa. Foi a mesma coisa mês passado, lembra?
- Mas dessa vez é diferente!
- Sempre é. No mês seguinte também vai ser. E no outro. E no outro...

Dedicado a Sarah Ferreira.

30 de novembro de 2011

Vou embora.

 Porque no meio de uma comédia romântica que alugamos, você deitado no meu colo se virou para mim e disse: “Quanto tempo você vai demorar a dizer que me ama? Sabe, não quero apressar nada, só queria saber quando o que a gente sente vai ser igual.” E eu olhei para aquela sua pinta perto da sobrancelha que me encanta e para sua mania de mexer no cabelo quando fica nervoso querendo tanto te dizer sem rodeios e ‘poréns’ que te amava. Mas eu não podia, porque eu não sentia. E te disse apenas que não sabia, mesmo tendo certeza que você era a pessoa mais merecedora do amor na face da Terra. Você abre a porta do carro para mim desde o primeiro encontro e me elogia ainda que eu esteja de moletom e com o cabelo preso. Você deixa um ‘bom dia minha linda’ escrito no bloquinho de anotações ao lado da minha cama sempre que sai para trabalhar antes que eu acorde. Você desculpa os meus surtos de TMP ainda que eu não os reconheça e finge que eu tenho a razão para evitar brigas. Você fala “Caralho, Ana”, quando brigamos, de uma forma que me excita e que nos leva resolver os problemas na cama. Você aprendeu a cozinhar o meu prato favorito. Você dorme abraçado comigo quando eu fico com medo de algum filme de terror. Você seca minhas lágrimas e segura a minha mão. Você não diz que vai ficar como os outros. Você fica. E é por isso que eu estou indo embora. Porque eu perdi a parte de mim que se entrega, se envolve, se apega, se apaixona. Porque você merece alguém que faça todas essas coisas de amor por você. Porque você merece ter alguém que te ame de volta. E não sou eu.

Só mais um sonho.


Ele me invadiu com aqueles olhos azuis. Invadiu-me como somente ele sabe fazer. Arrepiou cada centímetro do meu corpo com apenas um olhar. E eu estremeci. Se com olhos ele conseguia me desfazer, a imaginação do estrago que um toque dele me causaria trazia-me um medo absurdo. Medo da dor que faria morada em mim quando o toque cessasse. Medo da solidão que afastaria o sono nas noites em que a ausência dele me lembrasse o quão eu sou infeliz longe daquele abraço. Então ele sussurrou algo que me pareceu ser “sinto sua falta”. Eu só consegui dizer depois de muito esforço que nunca havia saído daqui. Ele que havia me feito querer que ele fosse embora. E ele que foi embora antes mesmo que eu mandasse. Deixou-me com saudades que me destruíam toda vez que uma lembrança do sorriso dele inesperadamente surgia em meus pensamentos. Então eu percebi que na verdade ele nunca havia ido. Eu o encontrava todo dia. Naquele filme que não terminamos de assistir e perdeu a graça sem ele. Na voz do Leoni cantando que depois dele os outros são os outros. No sorvete de baunilha que se fez o sabor das nossas juras. Ele sempre esteve presente em meus dias, de certa forma. Mas com o tempo eu aprendi a ignorar as memórias, deixar de lado a falta. Ele não tinha o direito de reaparecer agora e desajustar tudo o que eu havia demorado tanto para ajustar. Ele se aproximou. Eu me afastei. “Me deixa voltar?”. Ele disse num tom firme. E eu despertei transbordando lágrimas. Foi só mais um sonho. Com os olhos embaçados, mal enxergando os nomes da lista de contatos no celular, procurei o nome dele. “Discar para o número” nunca fora tão convidativo. Não. Você consegue. Pare ele não. Repeti em mantra: Não, não, não. Ligo para outro. E para outro. Quantos forem necessários para suavizar essa minha necessidade dele. Desligo e choro mais um pouco. Eles não têm o mesmo timbre que faz música nos meus ouvidos. Tudo bem, o mundo é grande, tem muitos outros timbres para te encantar. Então levanto, tomo um banho e sigo o dia ligando para o mundo inteiro, menos para a única pessoa que eu gostaria de ligar. 

24 de novembro de 2011

Tão fácil.

É fácil me habituar. Sua presença soa natural, simples, familiar. Como se você sempre tivesse estado aqui. Conhecemo-nos desde sempre, ainda que o sempre tenha começado há pouco mais de dois meses. Então é fácil me acostumar. Com as mensagens de bom dia, com os risos e sorrisos, com o seu timbre. E ainda mais fácil me encantar. Com as suas atitudes, com os seus detalhes. Arrisco até dizer que de certa forma gosto do seu jeito ogrodoce. Isso de não medir palavras e ir direto ao ponto, alegando que a vida é curta demais para fazer novela, mas saber no momento certo banhar a voz em afeto e pôr carinho na ponta dos dedos. Então o seu perfume impregnou minha memória e já não me assusto mais se te encontro vagando pelos meus sonhos em noites inesperadas. Veja que contraditório, minha língua que tinha guardado um “não” para você, hoje não sabe como abandonar o vício no seu gosto. Desisti de entender o que você tem que me faz ter essa sensação de que tudo é diferente e acaba por me prender a você. Deixa estar, tudo bem se nos fizer o bem e você o tem feito como eu não esperava.

"É uma relação bonita, que eu quero preservar e deixar crescer." - Caio F.

16 de novembro de 2011

Sorte.



Não sou nem nunca fui dessas que buscam incansavelmente viver um amor acreditando na felicidade exposta nas histórias hollywoodianas. Acreditava mesmo era na minha sorte por ter escapado da monstruosidade de se apaixonar. Qual a finalidade de cultivar carinho por um desconhecido? Poupa tempo, trabalho e dedicação dar um tiro em si mesmo. No final as duas coisas doerão da mesma forma e deixarão similar cicatriz. Sendo assim sempre dei preferência aos amores dos quais eu decidia o prazo de validade. Uma noite, uma semana, se soubesse afastar o tédio na cama meu interesse se prolongava até um mês. Sexo sem sentimento é mais simples, mais fácil. Eu acreditava. Até conhecer você e descobrir o quão é melhor fazer amor. E lá se foi toda a minha praticidade. Agora tem essa saudade, o abrir da geladeira e pensar em você, uma gaveta de roupas suas na cômoda do meu quarto e esse sorriso idiota no meu rosto sempre que você aparece no olho mágico da minha porta. Quem diria que eu trocaria alguma balada em cima de um salto quinze por uma noite enrolada no edredom assistindo um filme qualquer? Não eu. Mas se hoje você aparecer com aqueles morangos cobertos de chocolate e um DVD não tenho dúvidas que escolheria você. Descobri que eu estava errada o tempo todo. A certeza do não sofrer ao manter o coração intacto não vale os tantos sorrisos quando este é balançado. Tudo bem que a gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar, mas não é justo com você mesmo ignorar os outros 50% de chance de felicidade. É tudo muito clichê, mas não dá para fugir do piegas quando se depara com o amor. Eu me apaixonei e retifico-me, foi a minha maior sorte.

14 de novembro de 2011

Preciso de você, agora.


NEED YOU NOW by LADY ANTELBELLUM on Grooveshark


Nós dois somos o exemplo vivo daquilo que nunca poderia dar certo. Eu sinto que você é a pessoa mais parecida comigo que eu conheço, só que do lado avesso. E acho até poderíamos nos completar, se já não fossemos inteiros. Não nos falta nada. Da mesma forma que você ainda respira e segue sua vida aí eu respiro e sigo a minha aqui. Só que apesar disso, hoje transbordei saudades. Fazia tempo que eu evitava pensar no que se passou. Mas de certa forma o vazio no peito, segundos antes de dormir, me lembrava você. Engoli as gotas salgadas e te liguei. Caio que me disse que voltar era um erro, que o caminho é para frente, reto e sem curvas. Mas o som da sua voz no outro lado da linha tornou inaudível tudo a minha volta. “Alô”. Por quase um segundo senti meu coração parar, e em seguida ele pulsou desnorteante em minha garganta. Forcei a língua dizer. “Oi”. Silêncio. Você reconheceu minha voz. Será que teve o mesmo efeito que a sua? “Como você está? Faz tanto tempo que não nos falamos...”. Quis dizer mais, que esse mesmo tempo se faz pouco quando se trata da estagnação desse sentimento bandido que ainda me faz refém. Mas me calei. “É faz muito tempo. Muito tempo mesmo. Estou bem e você?”. “Bem também.” Acho que estou aprendendo a mentir, as palavras saíram inteiras, sem gagueira ou demora. Mas você me conhece e o choro que invadiu minha voz não ajudou. “Que voz é essa?”. “Nenhuma. Estou gripada.” Disse rápido. Você percebeu a falácia, mas não disse nada. Silêncio. “E sua vida, como vai? Ainda está trabalhando?”. E ainda está me amando? Quase emendei. “Vai bem, mas larguei o emprego. Todo mundo acabou saindo também. E a sua?”. “Nada de novo, tudo igual.”. Tudo igual, até essa vontade irracional de você. “Hum. Entendi.” Ouvi uma voz no fundo. Era de homem. Perguntei-me se seria de um daqueles seus amigos que ignoravam meu nome e me chamavam de sua namorada antes mesmo de você fazer o pedido. Eu os corrigia dizendo o meu nome. E disse não ao seu pedido. Agora eu diria todos os sim que você quisesse. Ainda que amanhecesse achando tudo um erro mais uma vez. Não tem jeito, não fomos feitos para dar certo. Agora só falta esse sentimento insano parar de me fazer insistir em nós. “Você está ocupado?” “Não, to chegando em casa agora.”. “Ah, ta.” Silêncio. A razão aconselhou-me desligar antes que meus lábios reclamassem seus beijos. Meu corpo sente falta do seu. “Bom, era só isso mesmo. Liguei só para saber como você estava. Fazia tanto tempo...”. “Ligou só para isso mesmo?”. Não. Te liguei porque a saudade não me deixa te esquecer. E é um absurdo mesmo, mas eu ainda te amo e queria saber se você também. Porque se for o caso você podia passar aqui mais tarde ou agora mesmo e acalmar meu peito que ficou sem rumo depois que você foi embora. “É, foi só para saber como você estava mesmo.”. Voltar é um erro, o caminho é para frente, reto e sem curvas - lembrei a tempo. “Então tá, estou bem.”. “Que bom. Então se cuida, tá?!”. “Pode deixar. Você também!”. Preferia quando você cuidava de mim. Mas me viro. “Claro. Tchau.”. “Tchau.”. Fui dormir. Com o travesseiro encharcado e com a certeza de uma ressaca daquelas que só você consegue me causar.

11 de novembro de 2011

Como ser o homem da vida dela.



Primeiramente você deve se aproximar com cautela, comentar sobre um livro ou um filme e descobrir quais são os interesses dela. Então você camuflará seu interesse nela no interesse sobre o aquilo que ela disser gostar. Você vai usar sua lábia, conversarão por um tempo razoável, o suficiente para que ela curta a conversa e queira repetir a dose sem que te veja logo como amigo. A lenda de que uma vez na área da amizade jamais em qualquer outra área certas vezes é real. Melhor evitar esse território. Nos dias que seguirem você deve se fazer notar. Puxe novas conversas e aos poucos as vá estendendo à medida que for mostrando sua real intenção. Demonstre interesse sobre ela, a vida dela, os desejos dela. Coloque-a no primeiro plano. Elogie-a. Convide-a para sair. Cinema, restaurante, um barzinho aconchegante. Leve-a para qualquer lugar que vocês possam conversar mais perto, mais vocês dois. Roube sorrisos. Toque a mão dela e aos poucos, à proporção que os olhos se encontrarem com mais freqüência e a postura de corpo dela demonstrar estar à vontade, acaricie-a no rosto. Depois a beije. Faça-a sentir que você está se entregando ao momento. Seja marcante e ela pensará, ainda que brevemente, sobre você antes de ir dormir. Mas lembre-se, você está lidando com uma mulher moderna, um encontro não significa nada. Ligue no dia seguinte! Marque outros. Invente brilho de apaixonado nos olhos e encare os dela. Envolva-a. Seja o último pensamento dela ao repousar a cabeça no travesseiro. Dê carinho, atenção e demonstre se preocupar com ela. Encante-a. Aí então, quando a voz dela se tornar doce e os olhos refletirem estrelas, será a sua chance! O ponto que definirá quem você é para ela. Nesse exato momento você deverá sumir. Isso mesmo. Desapareça! Não ligue. Não procure. Ela irá te ligar sem saber o que aconteceu. Não atenda. Ela irá repassar na mente cada palavra dita. Passará os dias pensando no que fez de errado. Ela vai insistir. Sua caixa postal ficará lotada. Deixe tocar mais um pouco. Atenda. Seja in-di-fe-ren-te. Ela enlouquecerá. Você a roubará lágrimas incontáveis. Aí então você se tornará o mentiroso, o babaca, o insensível, o cara errado e principalmente o homem da vida dela.

O que obviamente não presta, sempre me interessou muito... - Clarice L.

4 de novembro de 2011

O último encontro.

O pior encontro, a meu ver, é aquele que se faz o último. Retifico-me. O pior encontro é aquele que se faz o último e guarda segredo. Eram tantas coisas para serem ditas, feitas, mudadas. Agora se fixaram no desejo que não se realizará. Tornaram-se irremediavelmente perdidas, doídas. E fizeram do último encontro o pior de todos. O depois é dúvida cercada pelas possibilidades de irrealização. Incerto ao tornar oculto se irá existir. Desse modo, invista na certeza que nos oferece o momento imediato. Transforme a dor futura realizando todas as coisas hoje, como se nunca mais fosse ser possível realizá-las. Devemos aprender desde já que quem caracteriza o último encontro somos nós e que se apresenta em nossas mãos, portanto, a alteração da primeira frase.

27 de outubro de 2011

Vamos voltar ao começo?.




"Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito. Você não sabe o quão amável você é.
Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você. E te dizer que eu a escolhi.
Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas.
Oh, vamos voltar ao começo?"

Eu queria te proibir de sorrir dessa forma. Quando teus lábios se contraem espontaneamente renasce em mim todo aquele encantamento de tempos atrás. Sinto falta de causar tais sorrisos. Sinto falta de você. E você sabe. Todo mundo sabe. E eu sei que você prefere fingir não saber. Errei muito, você também, mas nosso maior erro está sendo permanecer separados. Não reclama da vida assim fazendo essa cara de choro, morro de vontade de cuidar de você. Deixa? Seria como nos velhos tempos. Desencana dessa história de nos limitar à amizade, você sabe que podemos ir muito além. Tens meu ombro à tua disposição, assim como o coração. Agora você poderia parar de cerimônia e aceitar. Esse teu argumento de que insistir em nós é errar de novo é desculpa para esconder que ainda me ama. Não há como saber se não tentarmos. O que passou, passou. Eu mudei. Você também. Embora continue extremamente sexy quando faz essa feição de indecisa. Está vendo, eu ainda consigo te fazer rir. O que mais precisamos se já temos amor e felicidade? Te peço um abraço e você nega. Não entendo porque evita maiores aproximações. Tem medo de não resistir? Você alega ser a inocente e eu o culpado. Acusa-me de segundas intenções. É verdade, mas minhas intenções não param nas segundas. Garanto que a primeira é te fazer feliz. Você vacila ao descruzar os braços que desde que eu cheguei agiam como armadura. Chego mais perto, te encaro e você desvia os olhos. É só um abraço. Se você quiser. Você cede. Senti falta disso: você entre meus braços. Você sussurra que também, mas em seguida se afasta. Não dá mais, você insiste. Eu digo que dá sim, basta você se permitir. Você diz que talvez não queira. Rio ao notar que continua sendo uma péssima mentirosa. Trago-te para mais perto e levo meus lábios a um centímetro dos seus. Prove-me que você não quer. Prometo ir embora se você se afastar. Caso contrário, trocaremos esse seu título de ex-namorada que convenhamos não combinar nem um pouco com você. Você não concorda nem discorda, apenas me beija. E eu não preciso de qualquer outra resposta.

25 de outubro de 2011

Por trás de um sorriso.

As feridas sangram e saram, mas as cicatrizes nunca nos deixam. E delas eu obtenho uma considerável coleção. Algumas ainda doem como se estivessem abertas, outras apenas latejam, entretanto todas, sem exceção, se tornaram aviso de alerta, um receio, uma não entrega. Lembrei-me esses dias de um amor adolescente e senti saudade. Senti falta do que se perdeu pelo caminho e deixou um vazio absurdo. Apesar de todas as coisas que de certa forma deixam lembranças banhadas em nostalgia, do que mais me dói a ausência é de mim. Do que era naquela época. Da entrega que não acontecerá mais. Da minha leveza e da doce inocência que irremediavelmente aos poucos foram ficando para traz. Umas das coisas que as cicatrizes melhor sabem fazer é modificar. Uma característica alterada aqui, um sonho perdido ali, um corte nas esperanças daqui, uns sorrisos desfigurados acolá. E você se torna irreconhecível. Eu me tornei. Certas vezes encontra-se pelo caminho alguém que reinvente um sorriso, mas trata-se de plástica superficial, se desfaz sem que demore muito tempo. A cicatriz profunda, a que reclama carícia em noites de chuva, não é exposta, portanto torna-se inalcançável às transformações vindas do toque alheio. Pois quem a gravou faz com que se acredite na impossibilidade de sua remoção. E sendo assim, para que mostrar um corte feio? Permanece desse modo, escondido atrás das horas corridas, dos sorrisos tá-tudo-bem, nem tá doendo tanto assim, eu agüento. Mas eu não agüento nada não. É pura fachada. Eu preciso é de colo. De quem tente tocar ainda que eu fuja. De carinho, preocupação, cuidados. Dedos entrelaçando os meus e outros limpando as gotas fugitivas que de vez enquando percorrem o rosto. De palavras que digam que vai passar e de alguém que fique até que passe. Mas você não vê. Ninguém vê. Porque eu oculto tudo isso quando digo que suporto e que sozinha consigo carregar o mundo. Porque quem vê sorrisos acredita em suposta alegria sem arriscar descobrir o que se esconde por trás deles.

“Light up your face with gladness. Hide every trace of sadness. Altho' a tear may be ever so near. That's the time you must keep on trying. Smile!” - Charles Chaplin

24 de outubro de 2011

Fica mais um pouco?.

Ainda está gravado em memórias o seu primeiro olhar que me tocou. Foi o mesmo que antecipou o nosso primeiro beijo e que me fez perceber que eu corria o risco de te querer. Mas era só um risco, e fazia tanto tempo que eu estava sendo bem sucedida em manter inabalado o esquerdo que acreditei que você seria apenas mais um encontro de lábios, mais uns sorrisos que não chegariam a ocupar meus pensamentos por muito tempo, mais uma história que durasse o suficiente para viver apenas em algumas lembranças. Só pude me dar conta do tamanho do engano noite passada quando fomos mais longe que o pretendido. Quando teus olhos fitaram os meus de uma forma tão mais íntima enquanto eu dividia com você algo tão meu, e teus lábios me encantaram com as palavras mais doces que já pude ouvir. Agora eu estou tentando entender onde foi que vacilei. Não planejei me aproximar tanto e te querer bem mais que os limites físicos. Mas se você continuar me encantando desse jeito não saberei não me apaixonar. Complicada essa coisa de dar o coração para quem nem sabe o que fazer com o próprio. Melhor cada um cuidar do seu. Mas então eu flagro você sorrindo para mim e não consigo evitar o desejo de ter isso por mais tempo que o agora. Até mesmo fantasiei como seria se fôssemos além de apenas curtir o momento. Não via ninguém segurando a minha mão em minhas imaginações de futuro há muito. O que você está fazendo comigo? Não precisa responder, apenas não deixa faltar esses nossos sorrisos, o teu abraço-conforto e os beijos que sempre deixam um gosto de quero mais.

“Fica mais, fica mais um pouco, porque muito de você pra mim ainda é pouco.” - CBJr

Inominável.


Eu sei que não adianta, que eu posso buscar novas palavras ou até mesmo inventá-las, nenhuma jamais será capaz de traduzir fielmente o que somos ou o que sentimos. Mas é tudo tão imenso que não consigo evitar te transcrever por entre as teclas, uma vez que te encontro sempre nos meus dias, seja naquela nossa música ou nas outras tantas que com leveza tentam cantar o amor. E hoje amanheci ouvindo uma dessas, logo me veio uma saudade absurda, daquelas que eu só sinto de você, e quis te ter aqui para te abraçar. Não sei se já te contei, mas o seu abraço é um dos mais sinceros que já tive a oportunidade de receber. Quando inicia não dá vontade de por um fim nunca. Assim como seu sorriso, que é o meu preferido disparado. Sendo assim queria te pedir para nunca deixar que ninguém o roube de você, como recentemente fizeram. Saiba que você merece ter os dentes escancarando a maior felicidade do mundo e não é somente por causar as minhas maiores. Você tem palavras doces que tornam qualquer conversa com você uma das melhores do mundo, além de um olhar acolhedor que sempre me traz a certeza de te ter aqui para mim sempre que eu precisar, feito um porto-seguro. E acho que essa é a tua maior virtude, ter esse conjunto de qualidades tão especiais que me fizeram aprender a gostar até dos teus defeitos. Como teus sumiços que me deixam pelos cantos sentindo saudade da tua companhia e das nossas risadas contagiantes. Lembra o que eu te falei em um dos nossos reencontros? Foi a maior mentira de todas! Você não tem sorte de que eu goste tanto assim de você. Você conquistou isso. Cativou-me com tuas atitudes, com teu ombro amigo, com tua incrível capacidade de fazer nascer um sorriso em mim. E isso que vivemos não se encontra em qualquer lugar, tampouco se ganha de qualquer pessoa. O que temos é tão raro que tantas vezes acredito ser único e por isso guardo você com tanto cuidado cá dentro do esquerdo. Enfim, só queria relembrar o que você já sabe. O que meus gestos sempre te dizem e meus lábios nunca cansam de dizer. Tenho o sentimento mais puro do mundo por você. Único, inominável e totalmente teu.

17 de outubro de 2011

Criando laços.



 
Eu havia decidido não direcionar minhas palavras a você, ou dedilhar entre essas teclas a novidade boa que você tem sido. Não querer esperar absolutamente nada e não “embonitar” demais as sensações foi o único motivo para eu não ter falado ainda sobre esse brilho novo que você colocou nos meus olhos. Eu nunca pensei que conseguiria manter longe do papel algum sentimento, tendo em vista que as palavras sempre foram essenciais para mim, mas ao seu lado deixo de sentir falta delas à medida que as encontro em nossos gestos. Contudo devo confessar que nos últimos dias o amargo das memórias se tornou imperceptível diante do doce dos teus lábios que impregnou os meus. Você não faz idéia das tantas marcas que eu maquio com sorrisos para esconder do mundo os meus medos e sendo assim me surpreende quando você me acaricia com os olhos sem causar dor aonde era sensível a qualquer toque alheio. Ainda há receio diante da intensidade de tudo que estamos vivendo, mas não é de repente que as coisas acontecem. Então, aos pouquinhos você vai afastando essa minha descrença de que o doce possa existir sem trazer o amargo no final. Vai conquistando teu espaço nos meus dias, nos meus pensamentos, me viciando cada vez mais no teu gosto. Até me flagrei com um daqueles sorrisos bobos quando numa noite dessas fui dormir pensando em você. Entre esse turbilhão de sensações que julguei ser loucura, acho gostoso sermos tão nós mesmos um com o outro e tenho me feito de vontade de ter aqui perto por mais tempo. Querer teu riso descontraído causando um similar entre meus lábios e os teus dedos brincando de se entrelaçar com os meus têm virado rotina e o teu gosto o meu sabor predileto.

"Criar laços? - Exatamente - disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... ” (O pequeno príncipe)

1 de outubro de 2011

Sábado à noite.



Onze horas. Você abre a porta como de costume e teu olhar de desejo me invade. Não demora muito até que minhas roupas se espalhem pelo chão do seu apartamento e seus lábios desvendem o meu corpo enquanto os meus te sussurram coisas impróprias ao ouvido. O cansaço mental de um longo dia de trabalho é excedido pelo físico. Nossos corpos relaxam à medida que o encaixe é desfeito e eu suspiro mais uma vez observando o branco do teto do seu quarto. Antes que o sol venha nos comunicar o fim de mais um sábado eu recolho minhas roupas e nos despedimos sem beijos, mantendo distante qualquer romantismo. Minha rotina de fuga da rotina.

Mas uma noite, involuntariamente, foi diferente. Toquei a campainha treze minutos mais tarde. O elevador do seu condomínio estava em manutenção e eu quebrei meu salto ao subir as escadas. E se a diferença se restringisse a tais fatos respiraria aliviada sem que a inquietação me roubasse o fôlego. Você abriu a porta como de costume, mas me recebeu com olhos de saudade. Assustei-me. Procurei desejo no fundo de tuas pupilas e sem encontrar tratei de provocá-lo. Encharcamos os lençóis da sua cama com suor e tesão. Suspirei, dessa vez aliviada, e ao observar seu teto notei o tom amarelado que roubara a brancura. Meus músculos enrijeceram percebendo o passar do tempo e os seus olhos fixos em mim. Vir-me-ei para você e nossos olhares se encontraram. O afeto trasbordava o castanho dos seus olhos gritando-me que você havia quebrado o nosso pacto. Devíamos ser fuga carnal com abandono total de sentimentos doces e não essa contradição estampada em seu rosto. Não havia tempo em nossas agendas nem mesmo para a medida correta de horas de sono, tampouco para complicações emocionais.

Fechei meus olhos para fugir dos seus e busquei meu vestido sem demora. “Eu te amo”. “Você viu onde eu coloquei meu vestido?”. “Você me ouviu? Eu te amo”. Eu havia escutado, ainda que me fizesse de desejos de ter perdido a audição naquele momento. Que maluquice era essa sobre amor? Fiquei muda. Ele também. “Já está tarde, é recomendável que eu vá embora”. “Eu te amo.” Ele repetiu. “E a promessa de sermos simples?” “É bem simples, eu te amo!” “Pare de dizer isso!” Descontrolei-me. Mais silêncio. Custou algum tempo e cicatrizes no peito para eu conseguir separar sexo de amor e agora que enfim eu havia conseguido ele queria juntar as duas coisas de novo? “É perigoso confundir as coisas.”. “Não estou vendo confusão nenhuma.”. “É só sexo.”. “Não mais.”. Mais silêncio. “E o nosso acordo?” Perguntei enquanto buscava na memória quando foi que este havia chegado ao fim. Ele não se demorou em me contar. “Acabou assim que o seu perfume fixou-se em minha memória e meus lábios pronunciaram seu nome num bar qualquer após alguns copos de wisky ou vodka. Não me recordo muito bem da bebida, mas não consigo me esquecer da forma tão mulher que você mordisca o lábio inferior ao sentir desejo e de como fica tão menina ao sorrir.”

Achei meu vestido. “Aonde você vai?”. Não respondi. Continuei indo em direção à porta. “Fica?”. Ele banhou a voz em carinho-tristeza. Eu parei. Questionei-me o porquê de ainda estar ali. Minha hesitação me contou que os laços prometidos haviam sido desfeitos não somente por ele, mas também por mim. Fui embora. Não podia ficar. Mas descobri naquela noite a ainda existência de um músculo que eu pensei não ter mais.

13 de setembro de 2011

O silêncio que pronuncia o fim.





 
O início de tudo é uma simples idéia. Foi assim da outra vez que eu decidi que você devia ir embora de vez. Você estava pela metade numa metade de um dia, de uma hora. Nunca me contentei com pouco, ainda mais quando se trata de amor. Tenho para mim que amor mesmo, não esses gostares que se encontram em muitas esquinas, só existe em pacote completo. Essa coisa de amor em doses de conta gotas não é amor, é engano. E foi a partir da idéia que talvez você estivesse enganado que surgiu o nosso fim. No primeiro momento estávamos próximos de tal forma que não se encontrava espaço para o ar entre nossos lábios. Entretanto não foi necessário muitas voltas no relógio para que nossos olhos obtivessem maior campo de visão sobre o outro, que em seguida os dedos entrelaçados deixassem espaços ocupados apenas por lembranças, até que por fim sua ausência me acompanhasse por toda parte. Eu já obtinha conhecimento da desmedida dor que me afligiria diante de um adeus, parte dela já ofuscava o brilho dos olhos nesses dias nos quais seu amor se fazia escasso feito água no deserto. Então defini que molhar o travesseiro um pouco a cada noite era mais doído que encharcá-lo inteiramente de uma só vez. E sem que você esteja por perto para afastar tal idéia, aos poucos ela vai se enraizando e sendo alimentada pelas gotas do seu aparente equívoco de amor mais uma vez. Talvez tenha sido um erro insistir em nós, uma vez que o fiz sozinha. Presta atenção. Você está ouvindo? É, o telefone continua mudo e o pulsar do esquerdo, que antes zunia acelerado, vai se equiparando ao silêncio.

Não me deixe ir, posso nunca mais voltar. (Clarisse Lispector)

8 de setembro de 2011

Entre lacunas, está tudo bem.




 
Tudo está bem, sabe? Olhando assim: para fora da janela. Não tenho ficado até muito tarde no trabalho, o meu vizinho não me acorda mais às sete da manhã de todos os sábados com o barulho que ele chama de música e eu até voltei a freqüentar as aulas de francês. Mas quando chega a noite e inevitavelmente minhas pálpebras cansadas se fecham, eu vejo a bagunça que está cá dentro. Sem você as coisas não funcionam. Bom, não é isso exatamente. Antes de você as coisas iam bem, mas depois de sua chegada o funcionamento destas se adaptou a sua presença e agora precisa encontrar uma nova organização. É questão de tempo, você sabe. Eu estou querendo saber também. Eu troquei os lençóis da cama impregnados com o seu cheiro, passei a tomar o café mais forte para anular a lembrança do seu gosto e nunca mais olhei as estrelas, porque contá-las sozinha não é a mesma coisa. Ocupei todas as horas dos meus dias, mas ainda encontro tempo para sentir saudade de você. Olhei-me no espelho esses dias e o reflexo me mostrou a cabeça, os braços, as pernas e o tronco, tudo em seu devido lugar. Mas ainda assim tenho aquela sensação de que falta alguma coisa. Falta você. Então eu compreendi que o seu sorriso desarmado de bom dia e o tom da sua voz que diminuía com o avançar da madrugada, me completava de alguma forma. Não que eu seja metade, mas que depois de você eu pude ser mais que completa. Eu fui além dos limites dos nossos corpos, desvendei seu íntimo de tal forma que seus detalhes se misturaram com os meus. Agora que você se foi e levou as suas minúcias que foram tão minhas, ficou um monte de lacunas em mim. E por mais que eu tente preenche-las com novos amigos ou outros amores que contraem os cantos dos meus lábios de novas formas, eles nunca saberão me fazer sorrir como você. Então eu vou seguindo assim mesmo, com sorrisos de uma quase felicidade. E tudo bem se não está nada tão bem assim, vai ficar. Ou pelo menos passarei os dias tentando me convencer de.

28 de agosto de 2011

Enquanto durou, foi infinito.


Você sabe que eu não sou de fazer rodeios, então direi de uma só vez: Não nos amamos mais. Ainda há carinho e bem-querer, mas isso é coisa de amigo. Tudo bem que em noites frias buscamos o calor do corpo do outro enquanto nossas pernas se confundem e nos perdemos entre os lençóis. Mas não há mais nada além de tesão. O que antes era amor agora é só sexo. O nosso eu te amo ficou mais comum que o bom dia do porteiro do condomínio. As borboletas fugiram pela boca enquanto bocejamos pelo tédio que se tornou o nosso relacionamento. Entendo que tudo um dia vira rotina, mas já não sentimos saudades um do outro e confessemos que há uma pitada de alegria quando o trabalho ou alguma outra coisa nos mantém distante por mais tempo que o normal. Sabe, tudo passa. Os dias passam, os momentos passam, as pessoas passam. E nosso amor passou. Não é que não tenhamos dado certo. Demos e muito, por todos esses anos que eu te quis até mais que a mim. Talvez você duvide que tenha sido amor já que não foi para sempre. Mas não temos mais dez anos para nos magoarmos com um fim diferente dos contos de fadas. Amor é ser o chão do outro, gravar os detalhes, dividir as lágrimas e multiplicar sorrisos. Logo, inegavelmente fomos amor. E eu devo a você minhas lembranças mais doces. Contudo agora vivemos apenas disso, de lembranças. Admitir o fim nunca é fácil, então encaremos dessa forma: nós vamos continuar. Serei sua companheira para qualquer hora da mesma forma que venho sendo, teremos apenas vidas separadas. Você terá um apartamento todo para sua bagunça sem minha voz reclamando da toalha molhada na cama e poderá ter o cachorro que sempre quis, mas não teve devido à minha alergia. Seu nome continuará no meu plano de saúde como quem chamar em caso de emergências, porque ainda confio em você mais do que em qualquer outro. Em meio à correria dos dias nos esbarraremos pela rua e almoçaremos de vez enquando para reclamar da vida. Será diferente, mas garanto que melhor. Mesmo não sendo mais “nós”, continuaremos sendo eu e você.

“Eu não sei se rosas vermelhas ou qualquer metáfora podem resumir o amor, mas quando penso em amor, vejo que ele deve ser transformador. Depois de você, eu mudei, isso é fato e como aconteceu ou quanto durou, não importa.” (Gabito Nunes)

27 de agosto de 2011

Desculpe-me pela última vez.





 
“Então aqui estou eu engolindo o meu orgulho
Parada na sua frente dizendo
Que sinto muito por aquela noite”

Não feche a porta. Ainda não. Escute antes o que eu demorei um tempão para admitir e mais um pouco até vir te dizer. Depois eu vou entender se você ainda quiser virar as costas. Eu sinto sua falta. E não há um dia que eu não pense em você ou uma noite em que eu não me arrependa da nossa última. Eu senti medo e o escondi atrás da falta de tempo para algo a mais e das nossas idades de curtir cada momento como se fosse o último. Por favor, não me olhe desse jeito. Eu sei que eu mereço, mas dói feito um corte profundo uma vez que antes seus olhos refletiam alegria-amor. Você ainda me ama? Porque eu ainda sim. Sei que duvidas que houvesse tal sentimento naquela época, imagine agora. Mas se eu não sentisse cada centímetro do meu corpo arrepiar à cada lembrança nossa, se o seu silêncio não ocupasse cada canto do meu quarto, se você não tivesse se apoderado de cada pensamento meu da mesma forma que fizeras com meu peito, eu não estaria aqui. A liberdade não é nada além de saudades de você. Desculpe-me pela falta de tato nessa coisa de amor, é tudo muito novo para mim. Perdoe-me pela burrice de ter deixado o seu amor me escapar pelos dedos enquanto eu te dava adeus. Eu voltaria atrás sem pensar e em todas as vezes que penso se eu pudesse. Prender-te-ia entre meus braços num daqueles abraços tão nossos e te contaria do amor que me assusta. Não há mais aquele medo diante deste de ter te perdido. Eu queria ter percebido antes o quanto eu amo você.

Inverta meu sorriso.


Encare o castanho dos meus olhos e me invada com o azul dos seus, como se penetrasse no meu íntimo, repousando em minha alma e então grite palavras afiadas que me corte inteira por dentro, em mil pedaços, de tal forma que não haja como reconstruir. Não, essas pequenas coisas, como sumir de vez enquando e esquecer-se de ligar, não funcionam. Dessa maneira, você alimenta essa esperança boba que espera você voltar e o telefone tocar. Faça uma coisa muito ruim, que dilacere o peito tão impiedosamente que o perdão se perca. Mostre-me que você não se importa. Vamos, ainda está no início, ainda há tempo. Faça algo logo, sem pensar, que destrua minhas ilusões e que me impeça de sentir todo esse amor por você. Não espere cada milímetro do meu corpo se viciar no seu gosto. Não me encante com suas confissões românticas. Conte-me que estas chegaram aos ouvidos de tantas outras. Não faça com que eu me sinta a única. Você está agindo errado. Está fazendo com que eu pense em você com um sorriso enfeitando os lábios antes de dormir. O travesseiro está seco, não está vendo? Transbordando apenas sonhos e planos nos quais somos protagonistas. Estou em suas mãos e você ao invés de fechá-las e me esmagar, apenas me acaricia como se sentisse amor.

"Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode." (Tati Bernardi)

23 de agosto de 2011

Você me faz querer dizer sim.



Você tem um sorriso lindo e sabe fazer um biquinho tão fofo que me derrete toda. E foi reparando nessas coisas ridículas que só sentimos quando estamos apaixonados que eu me dei conta das tantas porções de coisas que em ti são opostas a mim e da possibilidade de não darmos certo. Não dar certo é a lei da vida, a história de ser igualmente proporcional, que as chances para dar errado são somente 50%, é lenda. 99% explicitariam melhor os fatos. No entanto esse não é o problema, já estou ciente faz tempo de tal probabilidade. O grande caso está em não darmos certo diante desse brilho nos meus olhos quando vejo você. O que eu vou fazer com esse monte de coisas que eu aprendi sobre você? E com isso de eu ter criado um carinho especial por elas? Não sei, não tenho o manual de instruções ou um guia para quando as coisas dão errado. Mas eu sei que vai doer ter que me desfazer dos seus detalhes. Então eu evito pensar em ti, porque sem querer surge aquela vontade de fazer mil coisas com você e a imaginação constrói planos para um futuro doce no qual nossos dedos estão entrelaçados. “Pisa no freio”, alerto-me. Mas estivemos parados tanto tempo, esperando o momento certo, que o acelerador nunca esteve tão atraente. Eu quero você mesmo, não dá mais para esconder ou conter esse sentimento que confessei ser amor. Há algum tempo venho fielmente seguindo a filosofia de liberdade, mas agora me pego com um sorriso nos lábios ao ser tão tua. Está tudo bem, Clarisse me contou que liberdade mesmo é ter um amor para se prender. E eu estou, inegavelmente, algemada.

4 de agosto de 2011

Sobre o que eu não sei te dizer.



Eu tinha a intenção de te ligar agora, pequena, como no fim de toda noite, e te falar coisas que não te contei nas ultimas conversas, embora faça tempo que eu queira te dizer. Toda vez que surge uma brecha entre nossos assuntos cotidianos e o silêncio me sussurra “é agora”, eu respiro fundo e penso em como começar  te falar essas coisas que não se dizem costumeiramente, mas que há tanto vem roubando meus pensamentos e fazendo um nó na minha garganta. Só que eu nunca encontro um começo, entende? Não sei se devo iniciar descrevendo o teu sorriso doce que segue aquele “oi” com uma empolgação tão tua enfatizando o “i” em todos os nossos encontros. Ou se antes devo confessar que ainda não descobri como conter o meu sorriso bobo quando você está por perto. Eu já perdi as contas das tantas vezes que você joga a sua franja para o lado, depois a traz para o mesmo lugar e depois a joga para o lado de novo, não satisfeita com o resultado. Você repete tal ação exatamente da mesma forma inúmeras vezes em poucos minutos, e eu ainda assim fito cada detalhe em cada repetição. Já não sugiro mais que você prenda ou a deixe crescer, você, embora demonstre o contrário, responde todas as vezes que gosta dela assim seguido por um sorriso que impede qualquer contestação. Tudo bem, acredito que sentiria falta dessa sua mania se a franja te deixasse em paz. Não tanto quanto do seu drama, é verdade. Nunca conheci, em todos esses vinte anos de vida, pequena, alguém com tamanha capacidade de dramatização. Você conseguiria emocionar até aquele segurança que não riu do Freddie Mercury Prateado contando a história daquele seu sorvete que caiu no chão assim que sua língua encostou nele. Juro que só não chorei porque me perdi na imaginação de estar do lugar do sorvete, no entanto isso não vem ao caso agora. O que eu estou tentando dizer é simples, mas se complica quando tenta fugir pelos lábios. Não sei se há palavras que traduzam a paz com a qual eu vou dormir quando a última voz a ouvir é a sua, ainda que no telefone, me desejando boa noite. Acho que não. Não há nenhuma que descreva integramente o charme que embala a sua voz quando você quer conseguir alguma coisa, ficando surpreendentemente ainda mais encantadora. Nenhuma que exprima verdadeiramente o quanto me dói quando a tristeza invade teus olhos chocolates profundos. Nenhuma que explique a fuga do ar dos meus pulmões quando você me abraçou pela primeira vez. Nenhuma que revele o fim do meu sossego ao se deparar com um suspiro seu. Nenhuma, nenhuma mesmo, que exponha fielmente o meu amor por cada detalhezinho seu. E talvez seja por isso que eu não consiga nunca te contar que há muito eu me apaixonei e que me apaixono, todo dia, por você, pequena.

29 de julho de 2011

Três pontos.


Tentei tantas vezes pôr um ponto final na nossa história que este virou reticências e agora nós não temos mais fim. Eu não aceitei no início a idéia de não ter mesmo jeito, que eu te amaria longe ou perto. Perder o controle não é algo agradável quando o domínio há muito te acompanha. Desamar sempre foi fácil, doía alguns dias, mas então vinham os amigos, novas distrações e um novo sorriso. A dor assim como o tal amor virava recordação. Mas com você era diferente. Não consegui esquecer o teu beijo que percorrera meu corpo em um arrepio ou o teu perfume que se fixou feito tatuagem nas minhas lembranças mais doces. Não soube encontrar um meio de te apagar dos meus pensamentos, das minhas palavras, do meu desejo. Então eu me rendi à busca dos meus lábios pelo seu gosto, do meu corpo pelo seu abraço, dos meus olhos pela sua luz. Eu ainda não sei explicar a intensidade deste algo que nos une, apenas não tenho mais forças para me manter longe de você...

16 de julho de 2011

Trilha sonora.





Ao cantar aos plenos pulmões “When you’re gone” me dei conta do quanto o medo de você partir outra vez ainda me corrói. Você invadiu meus pensamentos e infectou cada música ligeiramente romântica do meu IPod de tal forma que não consigo mais ouvir minha playlist sem te encontrar passeando pelos refrãos do Owl city, Lifehouse e Jhon Mayer. Já acordo com Jack Jhonson me sussurrando ao ouvido o quanto somos melhores juntos, seguido pelo Leoni me lembrando que depois de você, os outros caras são somente os outros. E isso me causa um medo imenso. Você se dá conta do estrago que minhas músicas favoritas vão fazer se você for embora outra vez? Como se não bastasse os sentimentos que ficarão de ponta cabeça cá dentro, terei que me acolher no silêncio já que cada rima vinda dos meus fones de ouvido serão como afiadas lembranças. É difícil te dizer esse tipo de coisa porque eu teria que admitir que estou me envolvendo, contradizendo minha promessa de ouvir a razão. Mas é que quando você diz que me ama fixando seus olhos nos meus eu não consigo ouvir mais nada. Vesti-me com indiferença e usei batom de beijos sem sentimento como uma proteção contra você, mas bastou um toque seu para eu me despir dessa armadura de gelo e me derreter no calor do seu abraço. Você tem alguma coisa, um segredo por trás do azul dos seus olhos. Não sei, algo que os outro não tem e que me prende a você. Deve estar aí a explicação para o desconcerto do meu peito ao ouvir seu nome independente do tempo que passe. Eu tento não transparecer esse poder que você tem sobre mim, mas Colbie Caillat me canta as tantas coisas que eu não te contei da outra vez e que talvez te fizessem ficar aqui. Então chega mais perto, senta aqui do meu lado e ouve meu peito dizer pro teu nesse pulsar desigual que eu amo você, muito. Caetano me contou que quando a gente ama, a gente cuida. Então cuida de mim enquanto eu cuido de você. Não quero somente a sua mão segurando a minha para atravessarmos a rua ou durante um filme de terror, quero sempre. Quero sua voz sendo trilha sonora dos meus dias e seus sussurros como minha canção preferida. Quero que você fique.

30 de junho de 2011

Quando alguma coisa acontece.


Você conhece alguém e tudo bem, não há nada de errado em conhecer novas pessoas, mas então alguma coisa acontece. Não se sabe exatamente a forma com que acontece, se é rápido ou lento. Sabe-se apenas que é intenso. Penetra teus muros de proteção e destrói o teu mudo de certezas. De repente você não se importa se está sentado num sofá, num banquinho desconfortável de praça, ou até mesmo de pé, desde que esteja com esse alguém. Você começa a sorri sem motivos aparentes, e não somente com os lábios, mas com os olhos que ganharam um brilho estranhamente singular. Então ele passa a ocupar sua mente quando vai dormir, depois também quando você acorda e quando você se dá conta ele esteve na sua cabeça o dia todo, todos os dias. Aí já era. Não adianta fingir que não liga, que é coincidência porque quando o telefone toca o coração quase escapa pela boca e é a voz dele que o seu ouvido busca enquanto seus lábios reaprendem a dizer ‘alô’. E se não for ele do outro lado da linha hoje e amanhã e depois de amanhã e na semana ou mês que vem o pulsar descompassado que te roubava o sono vai se tornar lento, doído e sem outra cura se não a voz, o toque, o olhar dele. Então você se esquece dos conceitos formados, do orgulho e corre atrás do seu sorriso ainda que através do dele. Porque alguma coisa aconteceu quando seus olhos se cruzaram ou quando ele tocou sua mão naquela primeira vez. E quando acontece... Ah, quando acontece: aí já era!

29 de junho de 2011

Deve ser.


Deve ser porque você inventa um sorriso para minhas piadas mesmo sendo ruins. Deve ser porque você veste jeans com all star e me empresta seu abraço quando eu estou com frio. Deve ser porque você não me manda rosas, mas aparece de surpresa numa dessas tardes que eu quero sumir do mundo e faz o mundo sumir. Deve ser porque teu gosto não sai da minha boca. Deve ser porque você segura minha mão ao andar do meu lado. Deve ser porque teu perfume impregnou minhas roupas, minha memória. Deve ser porque você pergunta como foi o meu dia e pára para ouvir. Deve ser porque você não gosta dos mesmos filmes que eu, mas esconde e os assisti comigo. Deve ser porque você diz que eu estou bonita sempre que nos vemos. Deve ser porque você me manda mensagem dizendo que esta com saudade e me liga em seguida para ouvir minha voz. Deve ser porque você diz que vai dar tudo certo e faz de tudo para que dê. Deve ser porque você não sabe fazer se quer um miojo, mas delicia-me com beijos demorados. Deve ser porque você me olha diferente e sem pressa. Deve ser porque numa noite de segunda paramos para olhar as estrelas. Deve ser o porquê eu gosto de você. Deve ser.

16 de junho de 2011

Ponto final.

Publicar um texto é um jeito educado de dizer "me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu".

Eu nunca entendi o porquê do fim. Nunca encontrei ninguém que me explicasse a necessidade de um término. Como um texto que carrega alegria em cada palavra precisaria encontrar um limite? Como você que trazia sorrisos em todos os dias precisou encontrar um triste ponto final? Acredito que depois deste ponto você descubra um recomeço, com felicidades imensuráveis, com o dobro das que você nos proporcionou aqui. Não há dúvidas que você seja merecedora do mais doce brilho nos olhos. Mas para quem fica antes do ponto, neste lugar que por tanto tempo você fez mais belo, um recomeço sem teu carinho e motivação não é somente difícil, é indesejável. Amanhecer sem te encontrar durante o dia ainda é inaceitável. Lembro-me que da última fez que o fim visitou um dos que moravam em meu peito foram os seu braços que me guardaram e suas palavras que aliviaram minha dor. Mas agora não encontro seu abraço, só a sua voz silenciosa que amplifica o grito do esquerdo. Noite passada meu travesseiro não conseguiu ocultar o som das lágrimas incessantes e se não fosse aquela pílula, estas teriam afastado o sono até encontrar o sol. Sua ausência dói e dilacera cada pedacinho de mim. Por mais que nos últimos dias você dormisse ao som do bip daqueles aparelhos, muita esperança me fazia acreditar que seus olhos castanhos chocolates logo me olhariam com a sua luz de sempre. Mas o bip cessou e os seus olhos não abriram. Então eu fui pra sua cozinha por não conseguir respirar na sala entre tantas lágrimas daqueles que assim como eu não aceitavam você partir assim. Lembrei-me da última vez que estivemos ali, no natal. Você havia preparado uma mesa farta e sem esperar o relógio badalar meia-noite, nos havia feito comer cada prato que só você sabia preparar. Ainda estava pendurado na parede o presente que eu te dei naquela noite e foi doído lembrar do seu sorriso ao recebê-lo pois agora eu só o veria novamente em memórias. Vieram-me todas as nossas lembranças, minha infância nessa casa com você brigando comigo e me mimando. Lembra que nessa mesma época, quando eu ainda era um tiquinho de gente, te chamava de mãe e os outros me corrigiam repetindo: ‘diz titia, ela é sua titia’? Então, eles estavam errados. Nosso coração reconhecia aquele amor todo e sabia desde cedo que você era a minha mãe. Hoje eu acordei e a primeira coisa que fiz foi sentir a sua falta. Sei que você sabia disso, mas só queria te dizer mais uma vez: Eu te amo, mãe!


9 de junho de 2011

O brilho que se esqueceu de acontecer.



Venha agora, não espere o músculo, a piada, o botão, o calo, a saudade, o arrependimento, o vazio. Eu preciso sentir que você ainda sente, eu preciso que o seu coração dê um choque no meu. (Tati Bernardi)

Eu queria saber te falar, sem receio algum, meias palavras, rosto corado ou tristeza tornando o peito pequeno, o quanto é imenso esse sei lá o quê que nasceu em mim. Te fazer entender que ele não mudou depois desses caminhos opostos que seguimos e que nos trouxeram aqui, para um caminho similar outra vez. E por último, talvez mais importante, gritar para você que eu não entendo, nem um pouco, esse seu parecer querer agora e daqui a pouco parecer não querer mais. Mas eu não sei como. Quando eu te olho, nessas raras vezes que nos encontramos, fica um nó na garganta impedindo até mesmo o ar entrar. Eu fico um tanto boba e esqueço-me do que sufoca as palavras, já dispensáveis perante o sorriso que você inventa em minha face. Mas então você vai embora, nosso tempo sempre curto, e o nó da garganta aperta também o peito. Lábios amigos sussurram-me para disfarçar o brilho dos meus olhos e alertam a ausência do mesmo nos seus. Você parecia tão alegre. Já não sei mais se era felicidade sua ou a minha, grande demais, sendo suficiente para nós dois. Teu sentimento no papel é tão bonito, entretanto às vezes você se esquece de praticá-lo. Triste, não? Ver tantas possibilidades de sorrisos sendo esquecidas por aí. Estou cansada do que inverte sorrisos, do que traz esse nó e impossibilita o sentimento sair do esquerdo. Há tanto precisando dos meus pensamentos enquanto eles focam no não-brilho do seu olhar. Vou deixar de pensar, de tentar. Acho que algo assim como o que faz morada em mim devia expandir doçuras ao invés de prendê-las.

Que teu olhar acenda ou que o meu enfim se apague.

20 de maio de 2011

Cinza.


O frio invadiu o cobertor por uma fresta e tocou minha pele, arrepiando-me. Já havia me esquecido que além dos limites dos seus braços o inverno se vazia notar. O telefone toca e você sussurra que se eu esquecer o mundo lá fora, ele se esquece da gente aqui dentro. Tudo bem, eu não ia mesmo atender. Abandonar o teu abraço exigia mais forças do que eu tinha no momento. A chuva bate furiosa na janela e eu me concentro nos pingos que percorrem o vidro. Você se lembra de quando nos conhecemos e pergunta se eu lembro também. Faz mais de um ano. Você diz parecer ter sido ontem. Aquele sorriso aberto de menino doce toma seus lábios como naquela noite, me encantando da mesma maneira. Parece que nos conhecemos de longa data, um ano é pouco para tanto sentimento assim. Troveja lá fora e eu te abraço mais forte. Você diz desconhecer meu medo de trovão. Não tenho mesmo, só queria te sentir mais perto. Mas não confesso. Aproveito-me do seu jeito protetor que me envolve no calor do teu corpo e diz estar tudo bem, que estás aqui. Queria que todo dia fosse assim. Esse friozinho de fora me mantendo aquecida dentro do teu abraço. Ficamos calados ouvindo a chuva cair e o nosso pulsar dançar em ritmo igual. Você interrompe o silêncio dizendo que o cinza desse dia chuvoso é bonito. Pensei que não gostasse de cinza. Não normalmente, só quando se misturam com a cor dos seus olhos. Digo-te baixinho que cinza poderia ser minha cor preferida e você sorri. (...)

19 de maio de 2011

Sempre nós.


Confesso que me senti insegura quando vi nos teus olhos o brilho de um novo amor, diferente do nosso, não meu. Essa estranha novidade era assustadora, como se um novo sentimento fosse ocupar o lugar do nosso que há muito está aí. As coisas são substituídas com o passar do tempo, é o normal. Mas nunca nos encaixamos nesse conceito, você me lembrou. Tuas palavras acalmaram o coração que pulsava descompassado cá dentro, imaginando não poder te guardar mais. Independente do novo que te trazia sorrisos, o que eu colocava nos teus lábios você não abriria mão. Foi doce me encaixar no teu abraço sabendo que aquele lugar ainda era meu, esperando para me acolher sempre que se fizesse necessário. E era necessário, porque havia medo, saudade e muito, muito, amor procurando teu peito para repousar. Quem vê de fora não entende, mas te ter, assim como você tem a mim, para guardar confiança e amor é único. É poder baixar o muro contra o mundo e revelar sonhos e desejos; contar os dias e sentir o outro guardar cada detalhe, ainda que bobo; desabafar sentimentos e confessar loucuras sem censura; desfazer os limites impostos pelo externo e mostrar o interno, ferido, cicatrizado, deformado, verdadeiro e não ser somente aceito, mas visto lindo pelos olhos do outro. E sentir de novo essa nossa singularidade me trouxe estrelas aos olhos. Você me relembrou que quando se trata de mim e de você, independente do tempo, somos sempre nós.

”Há em você alguma coisa de mim. Alguma coisa que eu vejo e me acalma. Como se eu pudesse deitar de novo no lugar de onde vim, pois só você sabe que lugar é esse. Então você me entende... E eu não me entendo tanto quanto entendo de ti. Talvez isso seja amor. Talvez não. Seja lá o que for, é incondicional.”
(Fernanda Young)

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