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1 de setembro de 2010

Carta I.

Rio de janeiro, 1 de setembro de 2010.

Querida Fê,

Socorro! Eu tenho vagado tão perdida por essas noites escuras e dias sem sol que sinto que a qualquer momento posso cair desse precipício. Tenho trazido no peito uma dor sem remédio, que o coração faz questão de expulsar para todo o corpo a cada pulsar. E a cada respirar vai se tornando mais difícil manter a vida, dói demais. Desde a noite que as pálpebras de Ronaldo se fecharam, impedindo o brilho dos olhos irradiarem luz, tenho me sentido cega para qualquer outra coisa além da dor. A ausência, a saudade e até o amor têm me dilacerado. Eu não vejo motivos para a vida, para viver.

Hoje a tristeza se encontra percorrendo cada traço da minha face e obrigando os lábios esconderem os dentes. É que em cada cômodo da casa eu sinto o perfume dele, em cada música eu me lembro das suas palavras, em cada filme eu revivo nossa história, e já se tornou mais do que insuportável só encontrá-lo em memória e não em abraços. A minha mente preenche o vazio do peito com porquês que não sei e raiva da vida por ter separado nossos dedos entrelaçados. O psicólogo disse-me que está recente e tais sentimentos e recordações são normais, entretanto parece que nunca irá se ausentar. Eu o sinto mais vivo que nunca aqui dentro, mesmo assim não basta, não supri quando o contrário se faz aqui na realidade física.

Eu estou abandonando tudo, Fê. Assim como a felicidade vez comigo. Não suporto mais dizer por ai que está tudo bem quando do lado de dentro o coração encontra-se revirado e estilhaçado. O travesseiro não agüenta mais minhas lágrimas tanto quanto eu não agüento essa espera pelo tempo que aliviará minha alma. A vida não se faz mais vida diante dos meus olhos depois que a dele se foi. E as lembranças apenas me matam mais, assim como aquele sentimento do coração que antes trazia vida e hoje a tira de mim.

Com desespero e solidão,
Pâm.

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