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1 de setembro de 2010

Carta II.

Rio de janeiro, 2 de setembro de 2010.

Querida Pâm,

A vida, que é tão frágil, muitas vezes nos fragiliza com surpresas que há muito conhecemos e propositalmente fingimos esquecer. Ela chega para nós assim como se vai: sem nenhuma resposta para nossas inúmeras perguntas. E deixa a dor pulsando em nós, entretanto é necessário transformar tal dor em garra para continuar vivendo, buscar novos sóis a cada dia.

Eu conheci de perto o amor entre você e o Ronaldo, presenciei o começo de tão belo sentimento e afirmo com total certeza que ninguém jamais verá o fim. Pois o que permaneceu presente em seu peito, mais vivo que nunca, nunca será apagado pela separação física que a vida impôs a vocês. Sei que hoje dói, machuca e dilacera, mesmo não imaginando o quanto. Que os dias sem sorrisos se tornam quase impossíveis. E que o sentido da vida se esvaiu junto à dele. Mas toda vida é um milagre e abandonar a sua não trará a dele de volta, e por mais que cesse brevemente está dor que você carrega nos olhos, trará muito mais aos que continuam tentando acordar a cada manhã.

Quero que saiba que estou aqui para que compartilhe comigo toda essa dor e alivie a alma. Ofereço-te meu ombro para lágrimas que seu travesseiro não agüentar e meu ouvido para qualquer desabafo e gritos que necessitem sair. Hoje a razão para persistir na vida se encontra invisível por conta das lágrimas, mas logo o tempo virá secá-las. Ainda há muita felicidade para ser vivida e caminhos a serem trilhados por você. Ronaldo desejava-te isso assim como eu desejo. Não desista, Pâm, eu estou aqui.

Com todo meu carinho e amor,
Fê.

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