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28 de setembro de 2010

Oculto.


O relógio se arrastava com intensidade maior que a de costume. O tic-tac tantas vezes repetido mostrava-me o quanto se passara enquanto eu permanecia, entre mil pensamentos, olhando o teto do meu quarto. O sono não vinha, ainda que um breve cochilo tivesse me envolvido e trazido ele para tão perto de mim. A necessidade do calor do seu toque consumia-me da mente ao peito, até em sonhos. Entretanto a realidade infeliz banhava a ilusão de tê-lo em solidão inerte. Pois em oposição ao meu olhar, o dele cintilava estrelas pertencentes a outro alguém. Trazia dor ao meu peito sonhador, que masoquista, não desistia de sentir por ele tudo o que podia sentir. E ao não resistir à sedução dos sentimentos, eu suspirava em silêncio. Mas o amor oculto é belo assim: possui o charme tantas vezes maior por não ser revelado.

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