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5 de setembro de 2010

Traiçoeiro.


Então é assim que funciona. O tempo foi perdido. Gastei-o com mil palavras em frente ao espelho e cem pensamentos sobre como agir entrelaçados a incontáveis gestos e o que não fazer, não falar. Tudo em vão. Você sempre me puxa o tapete, não é mesmo? Sempre traiçoeiro, cheio de manha e sem nenhum às na manga para me ajudar. Faz o que quer e quando quer, com aquela habilidade aperfeiçoada de meter os pés pelas mãos. Resolve ter amnésia e trazer gagueira aos lábios na hora H. O discurso estava pronto, detalhado em palavras e ações, e você joga-o fora sem mais nem menos usando a tal improvisação. Faz-me corar, trocar as letras, agir errado, sorri de nervoso, tropeçar. Maquiavélico, sem escrúpulos, idiota. Mas não vai ficar barato. Um dia eu arrumo um jeito, levanto poeira, bagunço o peito e te tiro daqui de dentro, coração.

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