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25 de setembro de 2010

No último segundo.


Ela havia conhecido e vivido sentimentos diversos. Havia sentido transbordar os olhos, sugar-lhe o estômago, asfixiar os pulmões, conflitar a mente, roubar-lhe a língua e até explodir o peito. Comprovou a existência de cada sentimento, dos mais vaporosos aos mais intensos, em si. Entretanto nunca havia encontrado a existência, mais breve que fosse, do tal amor em qualquer lugar além das palavras alheias. Duvidava, portanto, de sua veracidade. Claro que a paixão por tantas vezes fez morada e tomou seu corpo e alma, mas nunca nada que se comparasse aos adjetivos aplicados aos românticos Best-Sellers. Então, com amores de esquina preenchia o peito e a cama. Dava-se por satisfeita. De repente, porém, numa rua sem esquina encontrou brilho nos olhos que encantaram a alma. As letras, palavras dos livros, ainda a pouco desacreditados, ecoaram em sua mente. Sentiu o estômago revirar de forma inédita assim como o coração, desde sempre estagnado. O conflito interno, tão novo e renovador, fora demais para lidar e perdendo a ação fugiu. Correu até seus pés implorarem por descanso. Parou. O pulsar descontrolado no lado esquerdo desnorteava a visão e desconcertava a respiração. Ela não havia percebido onde estava até que o caminhão com faróis altos se encontrasse em sua frente. Naquele momento ela não vira sua vida inteira passar em um flash, nem as coisas em sua volta ficarem em preto e branco, tampouco tudo se passar em câmera lenta. Naquele momento sua mente se fixara naqueles olhos de brilho que encantaram a alma e no último segundo de vida sentiu percorrer suas veias a certeza de que o amor existia.

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