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4 de setembro de 2010

Inesperado amor.

A noite engolia as estrelas e até a lua se recusava a brilhar. O vento trouxe pela janela uma solidão fria que a arrepiou a pele. A tristeza umedecia o lado de dentro e levava um sorriso inverso aos seus lábios. Os sentimentos gritavam de tal forma que a roubava a voz. Ela tentou fugir pela porta do carro, mas precisava de uma porta pela qual expulsar os sentimentos que sufocavam a alma. Vagou pelas estradas com ausência de luz fora e dentro de si. Encontrou um bar em uma esquina, desejou afogar dor em álcool. Depois de alguns copos descobriu que ela sabia nadar. Esvaziou-se, então, em lágrimas. O sino da porta do bar de bebidas incapazes balançou, fez música. Ela olhou, mas as lágrimas traziam neblina à sua visão. Virou-se, tomou mais uma dose embora o estômago reclamasse. Talvez uma dor maior a fizesse esquecer-se da outra. Virou de uma só vez.

- Calma. Assim você vai se afogar. – disse uma voz masculina irônica, atraente.

Ele não sabia que há tempos ela vinha se afogando, embora a morte não chegasse ou a dor se esvaísse. Ela o ignorou sem escolha, as palavras não estavam sóbrias. Ele insistiu.

- Talvez você precise de um bote salva-vidas. Que tal um café?

Ela o olhou. Como desejava que um café fosse suficiente para salvá-la desta tempestade que havia dentro do peito.

- Se um café resolvesse problemas, todos teriam seu próprio cafezal. – ela o atacou. Apenas estava descontando em alguém a bagunça causada por ela própria.

- E se bebidas fizessem o mesmo, todos teriam sua produção independente. – ele devolveu, com um sorriso no canto dos lábios.

Ela levantou e sentiu sobre suas pernas a dor pesar o dobro. Repensou e por fim aceitou.

- Um café. Nada mais.

Ela esperava um café. Tomou duas xícaras, encontrou a porta da alma, expulsou toda dor e encontrou um
novo amor.

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