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16 de junho de 2010

Ladrão.

O caderno está fechado. As linhas estão em branco, sem letras, sem sentimento, sem teu nome. As palavras nunca se ausentaram destas linhas, mas hoje faz duas luas cheias que elas fogem de mim. Faz duas luas cheias que você também se foi por aquela porta. Talvez você tenha as roubado de mim, as arrancado, como já havia feito com meu coração, e ido para um lugar que desconheço. O piano está empoeirado. As teclas estão ali, esperando serem tocadas com a esperança de formarem notas e levarem música ao coração de quem estiver por perto. Mas o sentimento gostoso deixa lacunas e aquele que traz lágrimas insiste em não abandonar meu peito. Os dias transbordam saudades, estas que falam bem mais alto à noite ao encontrarem o vazio no seu lado da cama, que combina perfeitamente com o que você deixou dentro de mim. Ou melhor, devo dizer o que você não deixou, pois levou tudo: minha poesia, minha música, minha felicidade, meu amor próprio e você. Fez-se ladrão do pior tipo, aquele que rouba a vida, mas que ainda deixa a vítima ‘viva’.

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