Despiu-se de todos os medos em um ato súbito de coragem e ignorando qualquer fator externo ao presente seguiu até o início da ponte e o estendeu a mão. Nunca fora corajosa ou de bravura invejável, pelo contrário. Ela era dona de predicados banhados de timidez e rosa, que quase sempre a enfeitava as bochechas junto a um sorriso no canto dos lábios. Mas havia algo diferente naqueles olhos castanhos profundos, algo convidativo, encorajador. De tanto olhar se perdeu nas profundezas enigmáticas e envolventes, se esqueceu do mundo, dos ‘poréns’ e ‘todavias’. Seguiu com ausência de cautela nos passos, sorriu com confiança e o convidou para fazer a travessia, juntos. A ponte era longa, com pedras e buracos no caminho, seria difícil chegar ao outro lado ileso ou ainda sem ao logo do caminho considerar desistência. Mas ela oferecia apoio em caso de tropeços, cuidados em caso de quedas e amor, de imensidão sem fim, a cada passo, querendo em troca apenas o mesmo. Ainda que o amanhã fosse feito de incertezas, enquanto os dedos estivessem entrelaçados ela sabia (sentia) que doce seria o caminhar.
Todos os textos deste blog são de minha autoria,
quaisquer textos, frases, ou expressões de qualquer
outra pessoa, virão em itálico ou com créditos.
30 de janeiro de 2011
25 de janeiro de 2011
Entre sonho e realidade.
O calor do seu toque despertou um arrepio que percorreu-me a espinha e levou aos meus lábios um suspiro. O sono me abadonou. Permaneci com os olhos fechados buscando maior intensidade ao sentir seus beijos em minhas costas como leves carícias, sedutoras. O vento frio que envolvia minha pele trazia a necessidade de encontrar o calor da sua. Senti seus braços me puxarem para mais perto e em um impulso meu corpo se moldou ao seu, completando cada contorno. Com voracidade única meus lábios exploraram sua pele, buscando sua boca. As pontas dos dedos levaram carícias as suas costas seguidas pela intensidade que minhas unhas deixaram marcadas. Em sintonia sigular a química antes nunca sentida envolveu cada movimento, cada toque. Nos olhos se encontrou desejo explícito, registrado na forma intensa que eles fitavam os detalhes um do outro. O frio que há pouco se fez notar, agora se via ausente diante do calor irradiado pelos nossos corpos que se entrelaçavam, se completavam. Tendo a união como conseqüência inevitável minha boca, ainda que relutante, contrariou a atração que mantia o beijo e os dedos aos poucos foram se acalmando. Meu coração ainda acelerado se distanciou do seu pulsar tentando conter as batidas desconcertadas. O ar ocupou o que antes eram contornos completos e o calor foi se ausentando. A respiração voltava ao estado regular ainda que se fizesse oposto ao desejo que ainda se mantia escrito nos nossos olhares. Temendo o quase inevitável o sono foi ganhando espaço mais uma vez e tudo passou a se perder entre sonho e realidade.
Fragmentos seus em mim.
Decidi não escrever sobre você, ou sobre essa novidade contraditória que me ganhou quando olhei em seus olhos naquela noite quase nossa. Ainda que eu sinta tudo isso transbordar em pensamentos que perderam o fim, prefiro guardar cá dentro as linhas sobre seu sorriso, seu olhar, seu perfume, seu gosto. Ainda que o desejo caracterize-se como imenso quando trata-se de traduzir-te em palavras para te ter sempre à vista, tão meu, escolho guardar cada adjetivo, mesmo sendo muitos, em silêncio que agora ganha significado maior que as palavras que à ti nunca seriam justas, fieis. Então deixo que as palavras registrem apenas fragmentos do que você causou em mim, como o girar desconcertante da minha cabeça em movimentos nunca antes experimentados, quando o seu gosto dominou meus lábios e agitou o meu estômago. Da eletricidade única que passou lentamente do seu corpo para o meu em arrepios singulares. Da sintonia que envolveu cada toque, cada movimento. Da química que te traz em memória com gosto de quero mais. De como eu me perdi em você e esqueci do mundo, esqueci de mim…
Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros.Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno.Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor... (CFA)
13 de janeiro de 2011
De espetacular, nada tem o fim.
“Chegue bem perto de mim. Me olhe , me toque, me diga qualquer coisa, ou não diga nada, mas chegue mais perto.
Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada.”

9 de janeiro de 2011
27ª.
When you're gone
The pieces of my heart are missing you
When you're gone
The face I came to know is missing too
When you're gone
The words I need to hear will always get me through the day
And make it ok
I miss you’’
27ª vez. Olhei para o visor do celular e o papel de parede me sorriu irônico mostrando-me nenhuma chamada (sua) perdida, pela vigésima sétima vez no dia. Nenhuma chamada, nenhuma mensagem. Nada. Suspirei. Joguei o corpo na cama e respirei fundo ao tentar conter os sentimentos inquietos. Fui embalada pelo triste vento frio que anunciava a fim do dia. Completava mais uma noite sem noticias suas, sem você irradiando calor contraditório a dona do céu negro. Levantei-me ainda envolvida pela ausência de sorrisos e busquei a lua na varanda. Nem as estrelas encontrei. Há pouco parecia tão improvável maior tristeza e agora esta me tomava os sentidos. Não encontrava nenhum pequeno elo que me ligasse a você, como o observar das estrelas que tantas vezes fizemos juntos e que agora minha imaginação se encontrava incapaz de fazer-me acreditar que onde estivesse estaria olhando-as e pensando em mim. Realidade, lembrei-me. Vigésima oitava vez. Busquei sinais teus no visor e senti as esperanças escaparem-me pelos dedos ao ver o mesmo sorriso irônico no papel de parede. Em um impulso digitei seu número e antes que a ligação se completasse vi a razão apagá-lo. Meu peito tem tido a necessidade de ao menos uma vez sentir as suas saudades ao invés das minhas.
7 de janeiro de 2011
Novos contornos.
Enquanto o sol penetrava a pequena fresta deixada pela cortina e ia iluminando lentamente a sua pele nua que repousava sobre os lençóis da cama, meus pensamentos se perdiam entre as tantas formas que eu poderia te amar, assim, ao mesmo tempo. Já não era novidade o impacto que cada toque seu causava em mim, tampouco a dor que a abstinência do mesmo trazia, entretanto se tornava mais claro a cada sorriso que nascia em meus lábios ao te olhar, que o sentimento havia ultrapassado as linhas do desejo, da pele. A aventura que fora nosso relacionamento no inicio me envolvera de tal forma que agora, com o sol já no céu, com o relógio badalando o dia, o sentimento adquiria contornos contraditórios à simples paixão. Não houve abandono carnal, este ainda acendia desejos, entretanto cedia o lugar principal ao som do seu riso, à sua respiração leve, agora, perdido em sonhos e às batidas do seu peito. E quando paro para pensar sobre essa novidade que vem ganhando mais espaço em mim, vejo que já me acostumei com sua presença ao lado esquerdo da cama, crescendo gradualmente em lado similar no peito. Que o corpo abandona a tensão em um suspiro ao sentir sua presença, como se fosse sinônimo de estar tudo bem ter você por perto. E admito gostar disso, de me apaixonar pelos seus detalhes e admirar os seus atos. De aos poucos me torna tua. Tão tua.
Ponto branco.
Olhava fixamente através da janela de vidro aquele ponto branco, ainda pouco maior que ela, ir diminuindo conforme se perdia por entre as nuvens. Transbordou-lhe do azul-céu após um piscar de pálpebras cansadas, uma gota transparente que levou-lhe aos lábios o sal. Engoliu um grito que ecoou seco no peito e perdendo de vista o objeto de observação, fechou os olhos deixando transbordar mais gotas do líquido salgado. Após quase um minuto, deixou o azul-céu enfeitar-lhe a face, ainda que apagados, e secou sem demoras a face encharcada de dor. Olhou mais uma vez o bilhete em sua mão, analisou aquelas três únicas palavras, guardou-as cuidadosamente no peito e, com quase igual cuidado, guardou o bilhete no bolso. Virou as costas para a janela e caminhou para fora do aeroporto encolhendo-se dentro do casaco. Embora a temperatura externa fosse agradável, sentia o inverno se acomodar por dentro. Sabia que teria que esperar o ponto branco se tornar maior que ela outra vez para trazer de volta o verão de abraços que acabara de levar embora.
6 de janeiro de 2011
Do que os humanos são capazes.
Está aí uma coisa que nunca saberei nem compreenderei — do que os humanos são capazes.
(A Menina que roubava livros)
Sem tremer as palavras, com suavidade e convicção, sem desviar o olhar e com os dentes enfeitando os lábios, são capazes de dizer, sem ao menos hesitar, mentiras que variam entre conseqüências de algumas lágrimas e abandono da vida. São capazes de deitar a cabeça no travesseiro e ser invadido por sono tranqüilo ainda que anteriormente tenham sujado a água do banho com sangue que impregnava o corpo que não pertencia, que de forma violenta tenha abandonado seu local de origem. São capazes de permitir que o ódio tome conta do corpo, das palavras, das ações. São capazes de ignorar os sentimentos alheios ao atingir com facilidade sem igual o egoísmo, o egocentrismo. São capazes de assistir o mal de camarote e preferir adaptar-se, acostumar-se ao fazer algo para mudar. São capazes de chorar compulsivamente enquanto um sorriso malicioso se esconde atrás do sal que percorre a face. E quando o medo veste-me o corpo ao sentir o quão ruins são capazes de ser, veste-me à alma a fé ao sentir a capacidade do bem. Ao ver que são capazes de se permitir sentir a contrariedade de amar incondicionalmente ainda que esta fira, magoe, e abrir mão da vida que lhe abita o corpo pela mesma contradição, sem pensar duas vezes. São capazes de abandonar a sua própria dor e ir cuidar da dor do outro em nome da amizade. São capazes de acreditar depois de ter o peito estilhaçado por falsas-verdades. São capazes de sonhar mesmo que ao amanhecer tenham que sentir a dor da realidade. São capazes de sentir as mudanças do corpo, as dores e ainda assim amar aquele ser que ao longo dos meses vai crescendo dentro dele, sem conhecê-lo. São capazes de perdoar mesmo que a ferida ainda doa. São capazes de ter esperança em meio às incertezas do amanhã. São capazes de buscar o bem enquanto tantos se acomodam e promovem o mal. São capazes de encontrar felicidade em detalhes, em sorrisos. São capazes de sorrir e rir enquanto a alma falece a cada lágrima guardada...
5 de janeiro de 2011
Falso-real.
“É triste quando pessoas que você conhece
se tornam pessoas que você conhecia”
Cacos de ilusão espalham-se pelo chão e uma foto no porta-retrato guarda uma imagem que não reconheço mais. Sorriso inventivo registrado num papel emoldurado, questiono enquanto me perco entre o que seria falso e real. As palavras que atravessaram seus lábios roubam-me a mente em medo. A facilidade de vestir mentiras em atos e palavras assusta. Torna difícil, quase, se não totalmente, impossível a inocência, a fé. E sendo assim, sem muito que fazer, sem haver no que acreditar, as mãos se abrem e permitem que tudo o vento venha levar. Linha tênue tantas vezes é do que se faz o falso-real, arrebenta-se com os leves assopros do tempo. E aquele que existia, ainda que em ilusão, ia se desmanchando pelo ar.
4 de janeiro de 2011
Que seja doce.
“Então, que seja doce. (...) repito sete vezes para dar sorte:
que seja doce que seja doce que seja doce...”
Que nesse ano o sorriso nasça na alma, reflita nos olhos e por fim enfeite os lábios. Que a sinceridade se encontre em cada palavra e em cada ação. Que o medo de ser feliz seja substituído por excesso de garra e determinação. Que o amor deixe de ocupar apenas o peito e faça morada nos atos, nos gestos. Que tristeza seja conhecida apenas através do dicionário. Que confiar seja possível, seja comum. Que o hoje seja enfim reconhecido como presente e não mais deixado para depois. Que as borboletas em seu estômago façam festa diariamente. Que sonhar alto tenha como conseqüência a realização do vôo e não do tombo. Que dor seja exclusiva à barriga, de tanto rir. Que água salgada se encontre apenas no mar e não nos olhos. Que ocorra o novo, o inovar, o inventar e o reinventar. Que haja vida e que esta seja doce.
“O Ano Novo, sempre vem. O FELIZ acontece por conta sua!”
26 de dezembro de 2010
Falta.
Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim,
mas guardada em você.
(Caio Fernando Abreu)
Transbordou-me um mar ao ver aquela primeira foto nossa. Ela estava guardando o seu sorriso bobo de quem odeia fotos e aqueles mil momentos de quando você fugia da minha câmera. Nada mais é o mesmo. E soa estranho dizer isso em voz alta. Faz-me sentir saudades das nossas tardes conversando sobre tudo e sobre nada. Dos nossos abraços de despedidas onde nossos braços tentavam evitar que o outro fosse embora. Dos nossos planos para daqui a muitos anos. E os bilhetes, que ainda tenho guardado no peito, que diziam que sempre estaríamos ali, um para o outro. E é ainda mais estranho sentir essas saudades. Pois eu nunca imaginei que escapariam do presente essas coisas tão nossas. Por tanto tempo fomos nós que ser eu e você agora, dói, dilacera as promessas, os planos, o futuro. A verdade é que me sinto perdida sem os seus braços me impedindo de ir. Eu não sei para onde ir. Por tanto tempo fomos nós que agora, sendo somente eu, é como se faltasse uma parte de mim.
Falta você.
E depois?.
Encarava as nuvens que lentamente iam mudando de forma enquanto delicadamente passava o dedo pela cicatriz no lado esquerdo do peito. Imaginava se ele seria tão inconstante como esses algodões-doces que enfeitavam o céu, capaz de mudar de forma com leves assopros do vento. E se fosse, se ela também seria capaz de ser, reconstruir-se após uma tempestade, como se não tivesse sido destruída. Trazia mais uma vez à mente as três palavras que ele guardou no fundo dos olhos dela, as oito letras banhadas em voz-veludo e timbre-canção e se perguntava se estas seriam mutáveis, inexistentes além de lembranças no amanhã. Se aquele sorriso doce que ele embrulhou com luz e deu de presente a ela poderia amargar em contato com fatores externos. E até mesmo se a corrente elétrica que percorrera o corpo dos dois naquele beijo que fugiu ao conceito do tempo, poderia se dissipar com o passar dos segundos inquietos. Embora a alma se agarrasse a cada resquício de amor, se via difícil a total entrega. A cicatriz lembrava a fácil confusão entre ilusão e realidade. E a dúvida sobre vida após outra queda se mantinha inalterável ainda que sobrevivência fosse garantida. Sobreviver é fácil. Manter o oxigênio entrando e saindo do pulmão. O difícil é sustentar vida. Pulsar do peito depois de uma parada cardíaca.
24 de dezembro de 2010
Quando você não vem.
“Porque se você não vem é como se o tempo fosse passado em branco, como se as coisas não chegassem a se cumprir porque você não soube delas. (...) E se você vem. fica tudo maior, mais amplo, sei lá mas é como se eu existisse dum jeito mais completo, compreende?” (Caio F. Abreu)
O dia torna-se sem graça, o sol se esquece de aquecer e a noite, banhada por lembranças nossas, mantém o sono distante impedindo que mesmo em sonhos possa te encontrar. Minhas ações seguem uma rotina automática interrompida apenas pelo pulsar desigual do peito a cada SMS da operadora ao destruir a ilusão de ser um ‘eu te amo’ seu. O desejo de te ter ao meu lado, com aquele abraço do tamanho exato, o sorriso que me rouba o ar, as palavras ao pé do ouvido e os seus olhos desvendando os meus, vai se tornando saudades que não cabem, que transbordam. Pelos cantos eu vou me encontrando com suspiros muitos e sorrisos bobos ao lembrar você. E em cada música com palavras românticas o peito vai comprimindo, ouvindo em memória o seu timbre a cada palavra de amor. Vou seguindo os dias assim, sem encontrar palavras para expressar esse sentimento urgente que te busca em cada parte do dia e lembrando você em segundos tantos que só posso acreditar que durante o dia todo não houve nenhum momento que minha mente tenha se perdido de ti. Resumo-me, então, em um desejo único de estar envolvida no seu abraço, outra vez, te sussurrando: ‘quantas saudades, amor’.
22 de dezembro de 2010
Mais um ano.
Sentaram-se na areia perto do mar conforme anos atrás. Ele envolveu a mão dela em carícias que não perderam o calor singular com o passar do tempo e em resposta ao arrepio que surgiu nos dedos e percorreu o corpo inteiro, ela sorriu. Os cabelos dele, outrora cor-de-sol, estavam ganhando tom grisalho e a face refletia os anos em marcas da vida, entretanto os olhos porfundo-mar, há tanto desvendado por ela, mantinham a mesma luz que vinha iluminando a vida dela. Por outro lado, ela possuía ossos menos fortes e sorrisos que marcavam os cantos dos lábios e olhos, entretanto guardava em similar batida o pulsar do peito, que há muito vinha sendo a trilha sonora da vida dele. Anos haviam se passado desde a primeira noite que fora deles, mas a magia que os envolvera e os unira naquela época não. Olhavam-se com o mesmo amor que os enfeitara a face há tanto, enquanto deixavam-se dominar pela felicidade de compartilhar a companhia um do outro na noite que marcava mais um ano de muitos.
Não mais.
- Você não vai voltar?
- Não.
- Por quê?
- Não tem mais vida lá.
- Como assim?
- Brilho nos olhos, sorriso nos lábios, madrugada clara, palavras no silêncio, toque quente, arrepio frio e o pulsar do coração. O coração não pulsa. Não mais.
- Então antes ele pulsava?
- De tal forma que o peito parecia explodir.
- E não há como recuperar isso?
- Acho que não. Eu ainda lembro, mas não consigo resgatar o que vive na memória, o que eu não sinto mais.
21 de dezembro de 2010
Agora.
"Eu não quero pensar no que virá: quero pensar no que é agora. No que está sendo."
Caio Fernando Abreu
As palavras me fogem quando tento falar de você, os detalhes muitos do seu sorriso e do seu olhar me roubam a mente em frações de segundos e me perco em lembranças acesas, esqueço-me da existência do mundo além de você, de nós. Nos últimos dias tem sido dias assim, dias de você, aqui ao lado ou em memórias que te trazem a todo o momento. Mantenho um sorriso delicioso nos lábios sem perceber e vou me perdendo e me encontrando entre momentos nossos. Após tanto tempo evitando tal entrega, ocultando sentimentos gritantes, que agora a intensidade vivida se encontra sendo singular. E embora ainda sinta aquela cicatriz no lado esquerdo do peito, que vez enquanto na sua ausência ainda queima, e o medo dormindo ao lado, tudo se encontra de forma mais amena, quase, se não totalmente, inexistentes quando encontro o seu olhar. Já não vejo as coisas da mesma forma, dou espaço para razão sem anular o pulsar do peito. Hoje eu me entrego, deixo o tal amor dominar-me sem resistir. Entretanto amanhã é outro dia, qualquer sinal de queda das nuvens os olhos vão se abrir. E vai estar tudo bem se for somente outro sonho. Mas agora... Agora eu não quero acordar.
"Deixa eu mimar você, adorar você
Agora, só agora
Porque um dia eu sei
Vou ter que deixá-lo ir" (Pitty)
17 de dezembro de 2010
Caminhos.
Há tantos, mais tantos, sentimentos aqui dentro, palavras, devaneios, questionamentos, desejos, e um rio que me faz perguntar como eu ainda não transbordei, como ainda mantenho esse sorriso está-tudo-bem do lado de fora enquanto cá dentro aos poucos eu desmorono e me perco nessa confusão. Uma contradição infinita guerreando para ver quem vai sobressair, quem vai pulsar mais forte o peito e impulsionar o corpo, que de tão impulsivo se encontra com marcas incontáveis. Caminhos distintos se oferecem e oferecem aquela felicidade inalcançável, com a condição da escolha de trilhar somente um, já que a trilha se faz oposta. E se a direção é contrária questiono-me como se encontra possível o mesmo resultado. Felicidade ilusória logo concluo. E então fica martelando a mente, transtornando os pensamentos: qual dos caminhos traz a felicidade real?
“— Que caminho devo seguir? — perguntou Alice.
— Depende aonde você quer chegar — respondeu o gato.”
16 de dezembro de 2010
Não me lembro mais.

15 de dezembro de 2010
Sinal.
‘’Você não sabe, mas quando eu chego em casa eu repasso cada palavra que você disse,
cada gesto que você fez, cada beijo seu e me pergunto se vale mesmo a pena.” (Tati Bernardi)
Eu venho pedido tanto um sinal, tanto e tanto. Pois meu corpo e alma se vestem de medo quando eu penso, apenas imagino, em outra vez me entregar. Os segredos do teu peito são tão ocultos que me encontro cega quando tento trilhar nesse labirinto nomeado amor. Sabe, na outra vez eu me perdi e caí tão feio que as marcas, com finalidade única de relembrar, ainda se encontram em mim, feito cicatriz. Ainda assim o desejo as ignora ao encontrar com o mar dos teus olhos, leva a minha mente nestas suposições de como seria se houvesse uma nova chance, se meus lábios encontrassem os seus mais uma vez. O coração pulsa forte querendo fugir daqui de dentro e a pele se arrepia com as lembranças que nunca se deixaram esquecer. E no final eu fico me perguntando: Meus Deus, será que esse aperto no peito, essa reviravolta no estômago e esses pensamentos que me traz ele a todo instante não são o bendito sinal?
Decifrar-te.
Trago seus detalhes à mente, seus atos e palavras em lembranças que dançam entre meus pensamentos, não há outra conclusão. Você me é tão indecifrável. Em certos dias me trás rosas em palavras, sorriso na voz e aquele sentimento similar ao que abriga meu peito no timbre que me envolve, eleva. Em outros me trás palavras que se limitam as mesmas, meio gélidas, meio duras, sem mais. Encontro-me tantas vezes no meio de tal bipolaridade, perdida entre tentativas de entender, de decifrar-te e ler as entrelinhas. E quando minha mente se convence de que tenha começado a desvendar-te, você surge com novos traços e características singulares, que unicamente trabalham para confundir-me os sentidos, os sentimentos. Toda essa confusão e busca por meios de ler seus reais desejos levam-me ao cansaço, a exaustão. Eu me encontro aqui, toda sua, em linhas e entrelinhas, enquanto te vejo coberto por mistérios e enigmas indecifráveis que acompanham reticências ao invés do ponto que tanto procuro. Eu só queria mesmo saber o que você quer. Se você vem ou se você vai. Se você quer ficar.
14 de dezembro de 2010
Quase enlouquecendo.
Há muito eu perdi a razão, digo, apenas metade dela, entretanto já fora mais que o suficiente para desandar tudo aqui dentro e tremer as paredes do meu estômago, feito terremoto. Anda tudo desorganizado, embora eu tenha me esforçado para arrumar tal confusão. Para cada coisa que eu ponho no lugar, são duas, três, quatro que viram de ponta cabeça, se misturam e se perdem nesse infinito confuso que se tornou meu peito. E fica assim, metade da razão que eu ainda tenho quase enlouquecendo, buscando a saída, mantendo um dos pés no chão, enquanto a outra que se perdeu sorri para a destruição como se esta fosse fantástica, mantendo o outro pé na nuvem e puxando o que ainda se agarra a realidade. Eu nunca imaginei que fosse este conflito interrupto, essa loucura que vai tomando a gente aos poucos. Pensei que fosse exagero dos poetas quando qualificavam o que era se apaixonar.
“Amor? Não sei. É meio paranóico.
Parece uma coisa para enlouquecer a gente devagar.”
(Caio F. Abreu)
13 de dezembro de 2010
Questiono.
‘And I wonder if I ever cross your mind
For me it happens all the time’
O vento frio da noite me trouxe você, em saudades. Arrepiou-me sem prévio aviso, assim como seus toques, fazendo-me sorrir com lábios e olhos ao me lembrar de você. Segurei o celular entre as mãos mirando teu nome, a última ligação, desejando ouvir sua voz. Entretanto no fim coloquei-o ao meu lado, fingindo não ligar. Encarei o nada por um tempo que desconheço, enquanto lembranças nossas me roubavam a mente e o peito. Sempre tão fácil me tornar alheia ao mundo ao pensar em ti que constantemente me flagro perdida no tempo, com seu sorriso rondando meus pensamentos, meus desejos. E me pergunto se alguma vez, hoje, eu tenha lhe roubado a mente. Se alguma música, perfume ou palavra me levou até você, assim como invariavelmente te trazem para mim. Se o teu peito apertou de saudades ao ouvir meu nome, similar ao meu desde quando você atravessou a porta. Ou se teu dia fica meio cinza quando não me encontro nele. Questiono-me se o teu peito sente esse vazio como o meu sempre que o pulsar do seu fica muito longe para ser sentido.
12 de dezembro de 2010
Continuo viva.
Eu continuo viva. Embora cada parte de mim doa e a cicatriz no peito queime. Minha respiração não cessou. Embora o ar que invade o pulmão corroa e o sangue que corre pela veia seja similar a veneno. Os meus olhos ainda se abrem pela manhã. Ainda que não aja luz e como na noite me encontre perdida. As palavras atravessam os lábios. Mesmo que o nó na minha garganta pareça me sufocar. Os pés ainda caminham. Embora o caminho circular não me leva a lugar algum e permaneça tudo igual. O automático abandonou os movimentos. Mesmo que reinventar novas ações não altere as antigas. O coração ainda pulsa. Ainda que fira levar o sentimento incessante a todo o corpo. E eu continuo viva, embora a dor aparente me matar. Eu continuo viva.
"Não importa o quão ruim eu me sinta,
meu coração não para de bater e meus olhos se abrem pela manhã."
(Preciosa)
11 de dezembro de 2010
Quando bate a saudade.
Tocou uma música no rádio e eu me lembrei de você. Talvez seja imaginação minha, mas cada palavra traduziu você e seus detalhes. Tentei aliviar com distrações da TV, mas te encontrei naquele ator que só não se torna igual por não ter o seu brilho singular. Então eu me lembrei da sua luz, que enfeita seus sorrisos únicos, que me rouba o ar. E se tornou impossível impedir que invadisses os meus pensamentos outra vez. E bateu saudade daquele seu abraço único, que do tamanho exato, me acolhe e permite que meu coração converse com o seu. E dos seus carinhos entre meus cabelos. Da sua respiração no meu ouvido nos intervalos de palavras doces. Do seu beijo na ponta do meu nariz. Do seu olhar no meu, dizendo tudo que minhas palavras não conseguiam dizer. Do seu sorriso no canto dos lábios. Os sentimentos impetuosos se tornaram nó na minha garganta, e eu desejei te ter aqui outra vez, para traduzir em um beijo o quanto eu amo você.
“Tô com saudades de você, na varanda em noite quente
E o arrepio frio que dá na gente”
10 de dezembro de 2010
Por amar.
Ela via sua alma e encontrava sinceridade em cada palavra, em todo o arrependimento. Mas a doía muito mais que uma mentira, esta nunca tão desejada. Seria tantas vezes mais fácil se ele tentasse enganá-la, quebrasse o encanto. Seria tantas vezes menos dolorido abandonar o sentimento.
- Olhe para mim. Me perdoa. Eu errei, mas se eu pudesse voltar atrás...
- Você não pode. – ela o interrompeu, curta, ainda encarando o nada.
- Olha para mim, por favor.
- Eu já olhei, mas me dói. – ela sussurrou com lágrimas na voz.
- Por quê? Estou te dizendo a verdade, Evy. Eu te amo.
- Eu sei. Eu acredito em você. Mas..
- Mas o que então? Por que você não me dá outra chance? Você não me ama mais? – a dor envolveu a voz dele.
- Seria mais fácil se assim fosse. A todos os outros, tão menos importantes, eu dei uma segunda chance, um recomeço. Entretanto a você eu não vou dar. Eu te amo, e isso te dá o poder de me magoar. E eu sinceramente não agüento essa dor mais uma vez.
E assim ela foi embora, com chuva nos olhos e coração na mão.
7 de dezembro de 2010
Sobre ausências e saudades.
“Yo tan cerca de ti
Tú tan lejos de aquí” (Thalía)

3 de dezembro de 2010
O que é o amor?
Eu nunca conheci melhor forma ou qualquer outra que não fosse senti-lo para enfim entendê-lo. Não há uma expressão matemática, explicação literária ou formula química, pois para cada um ele assume uma forma, embora, sempre, possua a característica ímpar de tocar nossas almas.
"O amor é como andar nos espinhos, você pode se furar, mas se vier comigo te dou minhas pantufas, me furo por você."
- Jason, 7 anos, declaração para July, 5 anos
“Amor é como uma velhinha e um velhinho que ainda são muito amigos, mesmo conhecendo há muito tempo”
- Tommy, 6 anos
“Quando alguém te ama, a forma de falar seu nome é diferente”
- Billy, 4 anos
“Amor foi quando meu namorado disse: Eu vou enfrentar seu papai.”
- July, 4 anos
“Amor é quando você sai para comer e oferece suas batatinhas fritas, sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela”
- Chrissy, 6 anos
“Amor é quando minha mãe faz café para o meu pai e toma um gole antes, para ter certeza que está do gosto dele”
- Danny, 6 anos
“Amor é o que está com a gente no natal, quando você pára de abrir os presentes e o escuta”
-Bobby, 5 anos
“Amor é quando seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você deixa ele sozinho o dia inteiro”
- Mary Ann, 4 anos
“Deus poderia ter dito palavras mágicas para que os pregos caíssem do crucifixo, mas ele não disse isso. Isso é amor”
- Max, 5 anos”.
30 de novembro de 2010
Precipitado.
Eu queria te falar sobre as músicas que eu ouço e me lembram você, sobre a noite que me remete à momentos nossos, sobre o meu desejo ainda não realizado de uma foto contigo, sobre o nosso futuro que vez enquanto me pego fantasiando e sobre, mesmo que repetitivamente, o meu amor imenso por você. Mas ultimamente sempre que falo de você, o sofrer, ainda que precipitado, envolve minhas palavras com rapidez sem igual. E eu não sei explicar, só sei que me dói saber que você não vai estar mais aqui do lado quando eu precisar, quando sentir vontade de conversar ou quando a saudade bater. Que você não vai vir aqui no meu portão com aquele sorriso lindo, que não vai tomar açaí comigo só porque eu te disse que estava com desejo e ficar sem graça quando eu ri de você todo sujo, que não vai me dar aquele abraço ou o beijo espoleta que eu gosto tanto. Por mais que eu saiba que a sua ausência em meus dias será por pouco tempo, me dói. Pode ser bobeira minha, mas eu já me faço de saudades apenas em pensar em não te ter aqui. Mais uma prova do quão essencial você é na minha vida.
26 de novembro de 2010
Platônico.

Eu já deveria ter me curado da minha ridícula obsessão pelo amor.
(Chico Buarque – 1977)
25 de novembro de 2010
Sem título.
E eu procurei em cada palavra sua já dita, em cada dança de olhar e sorrisos ocultos. Revivi lembranças nossas em detalhes, cada pequeno toque, movimento. Trouxe ao pé do meu ouvido a memória do timbre de sua voz que mudava a cada letra, vírgula, ponto. Senti outra vez a intensidade de cada abraço, cada beijo, cada olhar. Reli as entrelinhas. Investiguei os sentimentos. Procurei, procurei, procurei. E nada. Por mais que eu buscasse em cada momento nomeado nosso, em cada sentimento dito por ti meu, em cada linha oculta vista no encontro das almas já perdidas entre minha e sua, eu não encontrei vestígio que me levasse a um nome. Não descobri organização para as letras que diriam o que temos. Inominável ficou, então, o sentimento invisível que nos envolvia. E, por fim, achei melhor assim ficar. Seria somente meu e seu, somente nosso, enquanto não houvesse nome, sendo assim impossível o conhecimento do mesmo por outra via que não fosse o sentir.
“E poderia simplesmente não se chamar
Para não significar nada e dar sentido a tudo”
(Paulinho Moska)
O que importa.
E o que vai importar no final? Se não esse nosso começo torto, que de tão torto se entrelaçou e nos levou a um enredo, a um meio? Se não esse nosso meio que travesso nos roubou o coração, que nos levou a um fim? Se não o nosso fim avesso, que contrariou as lágrimas e as palavras amargas com sorrisos e lábios doces? E o que vai importar no final, se não o nosso amor?
E depois da felicidade?
Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois?
(Clarice Lispector)
“E até quando tudo vai ser assim?” Ela se perguntava enquanto sentia o sorriso lhe roubar os lábios, percorrer o corpo e adormecer as pontas dos dedos. Fechou os olhos abandonando o resto do mundo e permitindo-se sentir inteiramente a energia que corria nas veias, a mesma nomeada felicidade. Respirava através de logos suspiros com os dedos entrelaçados nos dele, que ao seu lado, também com os olhos fechados, partilhava o momento, a sensação, o sentimento. Entregue, os dois, ali, naquele momento único, a um sentimento proporcionado pelo dividir da presença, pelo ouvir do pulsar alheio, pelo sentir dos arrepios incessantes, descobriam juntos, verdadeiramente, o sabor doce do que era ser feliz. E mais, o sabor único de proporcionar em igual intensidade tal felicidade. E se perguntavam: “Até quando tudo vai ser assim?”.
Que tal contrariar o fim e dar continuidade a felicidade?
18 de novembro de 2010
Quando há ao lado a amizade.
O mundo às vezes resolve ser avesso ou sou eu que fico o contrário do mundo sem perceber, mas a dor que o oposto causa é de intensidade que não se explica, que mal se consegue sentir. Um dia de sol seguido por um de chuva a gente agüenta, o vôo seguido pelo tombo também. Mas como se sobrevive, mantém os cacos, recém criados, unidos, depois que o antagônico à vida inesperadamente te empurra em um abismo? Eu não sabia e dividia com ele tal ausência de saber. Entretanto ele continuava ali, do meu lado. Ficamos calados. Eu com um nó de sentimentos mal-entrelaçados na garganta e um rio que ia me afogando, que mal cabia em mim. Ele do meu lado, segurando a minha mão enquanto eu me fazia represa, prendia tudo. Perdíamos nossos olhos no horizonte até que os dele me encontraram. Eu permaneci com o olhar perdido, sem forças para encontrar. Prender o que fazia tempestade para sair consumia-me ao todo. Então ele me disse:
- Tudo bem se você chorar, sabe?! Teus olhos ainda que tristes não vão perder esse brilho só teu.
E eu desagüei, por fim, nos braços salva-vidas dele, que me impediam de me afogar.
A dor que se faz imensa já não me engole mais, pois ele está ao meu lado,
dividindo-a comigo, roubando-a aos pouco de mim.
Bastam sete letras e tudo aos poucos vai ficando bem.
a-m-i-z-a-d-e
15 de novembro de 2010
Era você.

No início eu não entendia muito bem. O frio, o cinza, a ausência de sorrisos, o desinteresse nas pessoas. Tudo havia mudado de forma singular e eu não encontrava, ou não queria encontrar, o porquê. Vaguei pelas ruas em passos automáticos, percorri os olhos com desespero em tudo e qualquer coisa que pudesse prender minha atenção e por fim me sentei na calçada enquanto um grupo de crianças brincava em ria no fim da rua. Estranhei o movimento dos lábios em contrações-sorrisos e tentei imitar, mas não encontrei brilho e purpurina não caía bem. Desisti. Voltei para casa ainda sem entender. Deitei no sofá da sala e permaneci ali até o cair da noite, passando pelos mesmos canais da TV em segundos, sem parar, como se o botão do controle-remoto pudesse me dar o que eu procurei o dia inteiro, mesmo sem saber o que era. Com o relógio já avisando que a hora de dormir havia se passado há muito, resolvi buscar o sono que não me encontrava. Deitei na cama. Virei para um lado e depois para o outro. Deitei de ponta cabeça, de bruços. Abracei um travesseiro, dois. E então, no meio da madrugada, eu entendi. Desagüei. O que eu tanto procurei o dia inteiro, e que nenhum travesseiro conseguia substituir, era você.
Virava pra lá, e pra cá na cama, estava impaciente, até me senti no escuro,
pensei: Não era uma posição o que eu procurava. Era você.
(Caio Fernando Abreu)
Por trás das minhas palavras. II
- O que foi?
Enquanto minha face ia ganhando cor rosa - timidez, eu te sorri. A luz dos seus olhos estavam me invadindo com aquela sua forma ímpar, inaceitável. Desviei o olhar tentando evitar que lesse minha alma e encontrasse em cada parte de mim você, seus detalhes, amor. As borboletas agitavam-se de forma incontrolável ao cogitar que descobrisse a intensidade de todo esses sentimentos que há tanto vêm sendo pulsado para todo o corpo. Era medo da entrega, mesmo já estando entregue sem saber.
- Nada. E que quando você me olha assim... Eu fico com vergonha.
- Vergonha de mim?
(Não, mas é claro que não. Você já me conhece há tanto. Minhas lágrimas e sorrisos já foram seus tantas vezes. Seus sonhos já foram meus outras tantas. Como poderia ter vergonha de você? O que eu sinto mesmo é receio de te contar os segredos do meu peito, os que se ligam diretamente a ti, pois os outros, você já conhece, já acolheu. O que eu sinto mesmo é amor que não sei explicar, que em silêncio me torna tua e em voz alta se esconde nas entrelinhas, na minha timidez.)
- Ah, sei lá.
- Não precisa ter vergonha de mim, você sabe né?!
E você me puxou para um abraço e ali todo o amor foi entregue, mesmo sem querer.
12 de novembro de 2010
Cedo ou tarde ele sempre vem.
Hoje você me trouxe o primeiro. Cedo ou tarde ele sempre vem, segundo o que dizem. Entretanto eu ainda assim me surpreendi. Não esperava, de verdade, que pudesse ocorrer, ou pelo menos não agora. Mas talvez seja culpa minha. Por viver nesse mundo de ilusões e sonhos, sofro um choque surpreso sempre que toco os pés no chão. E as minhas expectativas talvez tenham sido demais. Acreditar e esperar que fosses diferente, que correspondesses ao que eu esperava, que lesses em meus olhos os sentimentos gritantes e que de forma gentil me confortasse com reciprocidade, um abraço ou um beijo. Mas eu não pude evitar o desejo de que fosses o tal príncipe que há tanto espero. Afinal os muitos sinais apontavam para você. Ou era somente eu que via assim? Mas de nada vale agora. Cedo ou tarde o primeiro sorriso inverso sempre vem. E você me trouxe o primeiro hoje.
Quando é a pessoa certa.
"Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa."
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa."
(Carlos Drummond de Andrade)
10 de novembro de 2010
Direção oposta.
Entre pensamentos sobre você eu desagüei. Não que você me traga sorrisos inversos ou molhados, mas pela luz convidativa dos seus olhos que contraria o medo de te olhar tanto e me perder em você. Cada detalhe seu tem completado as lacunas em mim, os cacos perdidos pelo caminho, a contração dos lábios que se ausentou. E é exatamente isso que traz chuva. O medo de me envolver com tal perfeição. O medo de me tornar dependente dos seus sorrisos e um dia perde-los. Então vêm as dúvidas. As inseguranças. E eu recuo. Dou um passo para traz, embora certa parte do corpo insista em ir para frente. Como conseqüência meu peito parece explodir com essas batidas frenéticas, que em oposição aos meus pés, buscam outra direção. Buscam você.
Quatro letras.
Depois de uma noite inteira de você em lembranças eu percebi que seu olhar havia ficado gravado em mim. Seu perfume, suas caras, sua voz, suas manias e tudo aquilo pertencente, de forma singular, a você. E através de buscas, sem sucesso, de encontrar outro pensamento, te encontrei em cada parte de mim. Então a respiração abandonou-me por segundos enquanto o resto do corpo entendia o que há muito o coração já havia sentido. Uma palavra, quatro letras e um sentimento. Um sorriso nos lábios e uma lágrima nos olhos. Simplicidade complexa. Paz conturbada. A-M-O-R.
8 de novembro de 2010
Eu não sei.
Eu não sei por que eu não consigo tirar os meus olhos de você.
Você tem um brilho no olhar que reflete felicidade, encanta. E o buquê de sorrisos em sua face faz florescer grandes botões em mim. Você possui uma energia gostosa que irradia luz. E uma voz aveludada que canta para os meus ouvidos. Seus lábios soam ternas palavras que há tanto só possuíam significado no papel, entretanto ganham essência ao atravessarem as linhas suaves que me atraem inevitavelmente. Suas lágrimas, embora mar, trazem sonhos doces, que em cacos ou não, ainda carregam vida. Você espelha vida. A mesma que, há tanto, eu abandonei.
E eu não sei por que eu não consigo tirar os meus olhos de você.
6 de novembro de 2010
Sem querer.
Ela fechou os olhos, respirou fundo, contou até dez e nada.

- Não vai passar, já era, já aconteceu. – a amiga respondeu rindo.
- Por que você está rindo? Como assim não vai passar? – perguntou com os olhos arregalados.
- Você se preocupa demais, isso é normal. Uma hora acontece.
- Por quê? Se eu não deixei, se eu não queria... – fechou os olhos e sacudiu a cabeça.
- Mas quem foi que disse que precisa de permissão ou querer para que aconteça?
- Meu peito vai explodir. Sério, eu vou morrer.
- Deixa de drama, é só amor.
Então ela deitou na cama, suspirou e sem entender procurou na memória quando aconteceu.
“Foi só um sorriso e um olhar. Ou a maneira de falar. Nem sei dizer. Fui pensando mais em você. (...)
Sem querer. Fui pensar em você. Sem querer. Já queria te ter. Sem querer. Veio ao meu coração. Sem querer. Foi assim (...)
E já era tarde para voltar. Você já tinha em mim seu lugar. E eu me apaixonei. Quando dei por mim .Já gostava de você.”
Assinar:
Postagens (Atom)