Eu me perco nesse espaço imenso que sobra em minha cama e me deparo com sua ausência em mais uma manhã. Não que a noite você extinga esse espaço, mas me encontro com embriagues até a alma que não noto ou finjo não notar. As manhãs então se tornam mais difíceis, mais frias, mais cinzas e não há ressaca que doa mais que essa falta de cor. De vez enquanto me permito lembrar em um breve instante de como havia colorido, tons vermelhos que aqueciam e azuis que faziam sonhar. Entretanto nos últimos dias tenho sido mais rígida com as lembranças, uma vez a caixa aberta faz-me desmoronar e dias se passam até que eu consiga me conformar com a variação do branco ao preto. Então tento viver um segundo de cada vez, ignorando lembranças, ignorando a dor, e aspirando encontrar nas esquinas dessas ruas nubladas um raio de sol, de preferência bem amarelo, que traga mesmo que um só tom que ultrapasse as linhas do preto e branco.
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