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22 de julho de 2010

Caminhada.

Ela sentia o peito doído, as pernas cansadas, a alma pesada. Fugir do escuro e buscar luz se fazia rotina, mas seus pés não agüentavam mais correr. Seguia apenas com passos cansados, lentos, buscando, agora, descanso. Trazia no rosto o mesmo sorriso nos lábios, mas nos olhos uma lágrima oculta declarando não agüentar. Apoiava-se em algumas árvores ao decorrer da caminhada, mas o acalmo era breve, sempre breve demais. Obrigava os pés a voltar a trilhar. Nas curvas da estrada quase sempre caía, com aqueles tombos feios de ralar o coração, entretanto de vez enquanto tinha quem a ajudasse a se reerguer. Entre uma curva e outra, um tombo leve e um grave, perdeu a esperança. O cansaço era grande, preencheu-se, então, de desilusão. E foi quando surgiu alguém que lhe trouxe de volta o que havia se perdido, deu lhe muito mais do que ajuda para se levantar. Sem que ela pedisse, lhe deu abrigo em seus braços calorosos, sem data marcada, sem pressa para que voltasse a caminhar. Tantas vezes o que precisamos é apenas isso: colo, um lugar onde repousar a alma e renascer.
"Dá-me beijos, dá-me tantos
Que, enleado nos teus encantos, Preso nos abraços teus,
Eu não sinta a própria vida, Nem minha alma, ave perdida
No azul-amor dos teus céus." (Fernando Pessoa)

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